25 março 2015

“O Amor é Estranho” é um drama sobre união homoafetiva, família, igreja e preconceito

George e Ben, após viverem 40 anos juntos, terão de morar em casas separadas devido à crise (Fotos Pandora Films/Divulgação)

Jean Piter


Ben (John Lithgow) e George (Alfred Molina) decidem se casar, depois de estarem juntos há 40 anos. A cerimônia é simples e singela, com a presença de amigos e familiares. Um dia muito feliz. Realização. O dia seguinte é de crise. George perde o emprego de professor de música que tinha na igreja. Sem dinheiro para manter as despesas, o casal vai morar em casas separadas de amigos até conseguir vender o apartamento e comprar um novo imóvel mais barato. 

Amor e outros conflitos

É difícil imaginar uma situação assim. Dividir a casa com uma pessoa por quatro décadas e, de uma hora pra outra, ter que se separar por dificuldades financeiras. O amor continua o mesmo; carinho, cuidado, amizade, afinidade... Esse é o maior drama do filme, contado de forma linear e com um ar bastante melancólico.

Embora ainda seja polêmica a união de pessoas do mesmo sexo, esse não é o único tema abordado na história. As dificuldades financeiras apontam para a fragilidade do modo de vida americano. Onde as pessoas gastam tudo ganham para manter um bom padrão de vida. Sem direitos trabalhistas, como no Brasil, a vida fica bastante complicada quando se perde o emprego. Coisas do capitalismo de países liberais. 

Há também uma crítica à igreja, que, assim como o povo de Minas Gerais, permite tudo, menos um escândalo. Todo mundo sempre soube que George era gay e que morava com outro homem. Mas, ao se casar e tornar isso público, ele se torna indigno de trabalhar em uma instituição religiosa tradicional. Nessa hora, deixar os alunos que viu crescer é como ver os filhos serem tomados à força. 

Sobram críticas também para a família e para os amigos. Há os que estão dispostos a ajudar de bom coração e os que viram as costas nos momentos de dificuldade. Mesmo os que estendem a mão, por vezes são insensíveis. Principalmente os mais jovens. O que não chega a ser incompreensível. É difícil morar de favor e não ter privacidade. Ao mesmo tempo, é incômodo mudar a rotina da casa por conta de um hospede. 

Vale o ingresso

Não há beijos calorosos dos protagonistas, nem cenas sexo. A história se concentra na cumplicidade e na falta que faz a pessoa amada, quando está distante. É um filme sobre preconceito e aprendizado. Emociona sem forçar a barra. E ainda tem Marisa Tomei, bonita como sempre e atuando com primor. O amor é mesmo estranho, mas, em meio a tantos pequenos conflitos nossos de cada dia, a gente nem se dá conta disso.




Ficha técnica:
Direção: Ira Sachs
Produção: Parts and Labor / Charlie Guidance
Distribuição: Pandora Filmes 
Duração: 1h35
Gênero: Drama
Países: EUA, França
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: O Amor é Estranho; John Lithgow, Alfred Molina, Marisa Tomei; Pandora Filmes; drama; Cinema no Escurinho

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