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03 março 2022

Novo filme do Batman é mais sobre Gotham do que sobre Bruce Wayne

Robert Pattinson interpreta o Homem-Morcego, com pouco diálogo, mais violento e usando uma armadura à prova de balas (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Jean Piter Miranda


Está em cartaz nos cinemas brasileiros o novo filme do Batman (“The Batman”, no original), dirigido por Matt Reeves, de “Planeta dos Macacos: O Confronto” (2014) e “Planeta dos Macacos: A Guerra” (2017). O protagonista da vez é Robert Pattinson, da saga “Crepúsculo” e dos longas “The Rover  - A Caçada” (2014) e "O Farol'' (2019). O longa conta com um elenco cheio de estrelas: Andy Serkis como o mordomo Alfred; o tenente James Gordon, é interpretado por Jeffrey Wright; Zoë Kravitz faz a Mulher Gato; e a turma de vilões fica por conta de Colin Farrell (Pinguim), John Turturro (Falcone) e Paul Duno (Charada).

A história se passa nos dias atuais e não mostra como Bruce Wayne se tornou o Batman. Ele já é o vigilante mascarado desde as primeiras cenas. É o segundo ano em que ele surgiu em Gotham City, combatendo a criminalidade. O homem-morcego tem o ideal de limpar a cidade como forma de vingança pela morte de seus pais. 


Só que agora, o vilão da vez está sempre um passo à frente, cometendo assassinatos e deixando mensagens e pistas, o que exige do herói todas as suas habilidades de detetive. É aí que ele começa a descobrir uma rede de corrupção que, inclusive, envolve até o nome da família Wayne.

Apesar da luta de Batman contra o crime, isso não fez de Gotham uma cidade melhor, mais segura. Há muita violência nas ruas. Roubos, assaltos, tráfico de drogas e guerras entre gangues. Tudo num clima de muito medo. O vigilante mascarado pode estar em qualquer lugar e aparecer de surpresa. Ele pode estar observando tudo. 

Há uma tensão cobrindo toda a cidade, que parece estar prestes a explodir. E se não bastasse tudo isso, em poucos dias o povo deverá ir às urnas escolher o novo prefeito. Claro, todos os candidatos estão fazendo promessas de colocar os bandidos na cadeia e trazer a paz e a prosperidade que Gotham tanto sonha. 


É aí que surge o Charada, cometendo assassinatos de autoridades e deixando mensagens enigmáticas sobre os seus próximos alvos. Isso exige do Batman todas as suas habilidades de investigação. Um lado do herói muito forte nos quadrinhos que até então não havia sido tão explorado nas produções cinematográficas. 

O Batman de Pattinson fala muito pouco. É focado no trabalho de combater o crime. Não tem pinta de galã, não tem charme nem carisma, nem é aquele playboy esbanjador. Muito diferente das outras versões que chegaram ao cinema. Sem o uniforme, e se não fosse o homem mais rico da cidade (o grande herdeiro da família Wayne), ele passaria completamente despercebido na multidão. É um homem-morcego muito diferente do que já foi visto. 


Há outras grandes diferenças também entre o novo Batman e seus antecessores. Esse usa uma armadura à prova de balas. Isso torna bem mais crível que ele consiga enfrentar cinco, seis ou dez adversários armados ao mesmo tempo. Ele mantém o código de não matar, mas quando pega na porrada, bate sem dó. É muito violento. O mais violento até agora. Muito próximo de algumas de suas versões nos quadrinhos. 

O contraponto de toda essa violência é o vilão principal, o Charada. O jogo dele é psicológico. Embora cometa assassinatos e tenha planos maiores, sua figura é de uma pessoa comum, nada ameaçadora. Ele é inteligente, sagaz e calculista. Um ser humano. E a palavra é essa: humano. Se na recente produção da “Liga da Justiça” os inimigos eram alienígenas com superpoderes, agora são apenas humanos, como o próprio Batman, os policiais e os mafiosos. 


A complexidade da história se dá pela rede de corrupção formada em Gotham, ligada a homicídios, ao tráfico de drogas e às autoridades. Ao passado e ao presente. Tudo vai se interligando aos poucos. À medida que Batman vai desvendando as charadas, ele consegue conectar os fatos às pessoas e as coisas vão fazendo sentido. Para muitos, pode ficar a impressão de que pontas estão ficando soltas. Mas, ao que parece, o diretor vai apenas deixando de lado aquilo que não é essencial. O que parece muito acertado. 

As cenas se passam quase todas à noite. Há sempre muita sombra e pouca luz. Tudo é muito sombrio. Praticamente não há cores. Isso deixa a obra bem característica. Lembra um pouco o “Coringa” (2019). Não só na questão das imagens mais escuras, mas também no gênero. É um filme de herói, baseado em quadrinhos, mas não tem comédia. É drama, tem ação e violência moderada e dificilmente arranca algum sorriso do espectador. 


A trama é completada com uma ótima trilha sonora entregue ao premiado compositor Michael Giacchino que, assim como Andy Serkis, trabalhou com o diretor Matt Reeves em  “Planeta dos Macacos: O Confronto” e “Planeta dos Macacos: A Guerra”.

Ao que parece, essa vai ser a aposta da DC. Fazer produções independentes, sem a obrigação de que elas estejam ligadas a um universo, como tem sido a fórmula do sucesso da Marvel. Sabendo que não dá pra competir, por ter saído muito atrás, a DC deve continuar fazendo filmes que não se conectam com os anteriores. O novo Batman deixou possibilidades de continuação, mas nada que dê indícios de que haja conexão com os outros longas. E isso é muito bom. 


Voltando ao filme, Zoë Kravitz está ótima como a Mulher-Gato. Muito fiel aos quadrinhos. Talvez a melhor adaptação feita da personagem até o momento. Colin Farrell está irreconhecível como Pinguim e faz uma bela interpretação. Há quem possa dizer que ele foi mal aproveitado como vilão. Mas, dentro da história proposta, cumpriu muito bem o seu papel. 

Colin Farrell interpreta Pinguim

Andy Serkis dá vida a um Alfred aparentemente mais jovem com mais habilidades para auxiliar o Batman. John Turturro não deixa a desejar como o mafioso Falcone e Paul Duno está demais como o Charada. Ele tá muito bom mesmo!

O diretor Matt Reeves acerta muito em tudo isso, ao deixar a história mais crível, mais humana e mais realista. Ele peca em dois pontos: já que se dispôs a aumentar a carga de violência, deveria também permitir mais mortes, principalmente nas cenas de destruição. É difícil acreditar que em trocas de tiro e explosões ninguém seja morto. 


Outra questão é o preconceito implícito, visto na maioria das produções americanas. Um detalhe muito difícil de ser percebido no caso do novo Batman. Os vilões são sempre estrangeiros. Podem até ser cidadãos americanos, mas quando são brancos, todos têm nomes e sobrenomes italianos e irlandeses. Os demais são sempre russos, árabes, latinos, entre outros. Nunca é um Ford ou um Johnson. Nunca é um “cidadão de bem” dos EUA. 

Colocando tudo isso no pacote, podemos dizer que o Batman de Pattinson é muito bom. Não foca tanto no herói e não é só sobre ele. Envolve tantos pontos que passa a ser mais sobre Gotham do que sobre Bruce Wayne. E uma nova proposta e uma nova aposta da DC. Filmes sombrios independentes, com roteiros mais complexos, mais dramáticos e mais violentos. Tem tudo pra fazer sucesso e se consolidar como um gênero próprio. 


Ficha técnica:
Direção:
Matt Reeves
Produção e distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h57
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação/ policial / suspense

22 fevereiro 2018

"Pantera Negra" apresenta bem o super-herói negro da Marvel e valoriza a força das mulheres

Adaptação dos quadrinhos, produção explora a luta entre o bem e o mal com outra perspectiva (Fotos: Walt Disney/Marvel/Divulgação)


Maristela Bretas


O filme apresentou muito bem o super-herói negro de um país imaginário na África, que quase parece o reino de Asgard, de Thor. Mas são as mulheres que fazem a diferença em "Pantera Negra" ("Black Panther"), a superprodução da Marvel Studios que muda a cara de tudo o que foi apresentado no cinema desde o lançamento de "Os Vingadores" em 2012. Se nos filmes dos demais super-heróis a aposta tem sido nas batalhas e poderes dos integrantes do famoso grupo, em "Pantera Negra" a força está na discussão política, na valorização do negro e na importância das mulheres para que este herói exista.

O príncipe T'Challa (Chadwick Boseman), que incorpora o personagem Pantera Negra ao assumir o reino de Wakanda, seria só mais um sem as fortes mulheres a sua volta: a irmã Shuri (Letitia Wright, da série de TV "Black Mirror"), que coordena a área tecnológica do país e cria seus trajes e "brinquedinhos" de combate ao crime; Nakia (a sempre excelente Lupita Nyong'o, de "12 Anos de Escravidão"- 2014 e StarWars VII e Star Wars VIII), grande paixão de T´Challa; e Okoye (Danai Gurira, da série de TV "The Walking Dead"), a arrasadora guerreira e chefe da guarda de Wakanda. Elas são a força, a inteligência, o poder e a essência de Wakanda e da história de "Pantera Negra".

O herói Pantera Negra já havia aparecido em "Capitão América: Guerra Civil" (2016) e estará de volta em "Os Vingadores - Guerra infinita", com estreia marcada para 26 de abril. E Chadwick Boseman ("Deuses do Egito" - 2016) incorporou bem o papel e deixa sua marca em personagem que é o diferencial. Mas fica em segundo plano quando contracena com alguma das mulheres fortes de sua vida.

Outro com ótima participação foi Michael B. Jordan ("Creed - Nascido para Lutar" - 2016, do mesmo diretor Ryan Coogler), que não chega a ser um vilão, uma vez que luta para que o povo africano seja respeitado pelo restante do mundo. Mas prefere o conflito armado para impor seu poder, ao contrário do novo rei que adota a negociação, como seu pai. 

Mas vilão mesmo é Andy Serkis (o intérprete do gorila Cesar, de "Planeta dos Macacos - A Guerra" - 2017), que está ótimo como o mercenário Ulysses Klaue. Ele é cruel, sem escrúpulos, racista, machista,com uma risada que beira a histeria. Merecia ter mais tempo no filme. No elenco estão também outros ótimos nomes conhecidos como Daniel Kaluuya (que concorre ao Oscar 2018 de Melhor Ator por "Corra!" - 2017), Martin Freeman (“O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" - 2014), Forest Whitaker ("A Chegada"- 2016) e Angela Bassett (da série de TV "American Horror Story").

"Pantera Negra" é um filme de super- herói onde o branco não tem voz. E a produção soube explorar muito bem os figurinos, a trilha sonora e a fotografia, com belíssimas paisagens e locações deste novo universo Marvel. E a questão política e racial é o forte do enredo, mostrando que nem Wakanda escapa desta ferida. Enquanto o restante da África sofre com guerras, fome e abandono, o reino de T´Challa está isolado e protegido sob uma capa invisível, mantendo seus rituais e dividido em tribos que tentam preservar suas origens, tirando proveito dos benefícios que o vibranium, um material raro, pode proporcionar.

Na história, o príncipe T'Challa assume a coroa de Wakanda após a morte do rei, seu pai, e se transforma no novo Pantera Negra, guardião do reino. Das cinco tribos, apenas os jabari não apoiam o novo governo. A nova missão do Pantera Negra é encontrar e levar para Wakanda o mercenário Ulysses Klaue, que anos atrás roubou uma grande quantidade de um metal raro, o vibranium. Ele terá ao seu lado nesta luta, as guerreiras Okoye e Nakia, além da irmã, especialista em tecnologia avançada. E terá de enfrentar outros inimigos ainda mais perigosos para preservar Wakanda e evitar uma guerra mundial.

"Pantera Negra" vale muito a pena. Assisti duas vezes - como um filme de super-herói Marvel, que eu gosto bastante, e como uma produção preocupada em fazer uma abordagem mais séria, destacando a força das mulheres e, principalmente dos negros. Em vários países, principalmente na África, de onde saíram alguns atores como Lupita Nyong'o foram muitas as manifestações de orgulho ao herói negro após as sessões. Wakanda Forever! Como postou meu amigo Marcelo Seabra em sua crítica no blog "Pipoqueiro", "Pantera Negra" chegou fazendo história. 



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/ Buena Vista
Duração: 2h15
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,2 (0 a 5)

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