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23 março 2024

"Desespero Profundo" é aflição, medo e luta pela sobrevivência

Suspense recheado de tubarões assassinos deixa espectador ansioso para o desfecho final (Fotos: Diamond Films)


Filipe Matheus
Comentando Sucessos


Um filme forte e autêntico, com efeitos especiais notáveis e uma atuação convincente do elenco. Este é "Desespero Profundo” ("No Way Up"), dirigido por Cláudio Fäh com roteiro de Andy Mayson, que pode ser conferido nos cinemas. 

O longa é bem trabalhado, permitindo que o espectador sinta empatia por passageiros e tripulantes que lutam pela sobrevivência após um acidente aéreo.

O enredo revela a história de desconhecidos que acabam tendo suas vidas interligadas após ficarem presos dentro de um avião, nas profundezas do Oceano Pacífico. O filme se torna mais instigante quando tubarões ameaçam a vida dos sobreviventes. A situação, que parece impossível de escapar, provoca medo e desespero em todos.


Sophie Mcintosh interpreta a protagonista do filme, Ava, filha de um importante político dos EUA. A jovem está em viagem de férias com o namorado e o amigo, mas sempre acompanhada de perto por seu segurança Brandon, vivido por Colm Meaney ("The Banker" - 2020), que tem papel crucial no filme. 

A aeronave cai no Oceano Pacífico e fica à beira de um precipício submarino. Ana e os demais ocupantes se mantêm vivos graças a uma bolsa de ar dentro do avião. Agora, ela terá que mostrar coragem e força para ajudar os amigos e superar traumas enquanto buscam uma salvação.


Phyllis Logan ("O Último Ônibus" - 2023) é Nana, uma das passageiras, viajando com o marido e a neta. Ela percebe que, apesar de sua experiência anterior no exército, o medo pode paralisar uma pessoa, levando-a a considerar desistir da vida e da família.

O elenco de “Desespero Profundo” conta ainda com nomes como a estreante Grace Nettle (Rosa), Will Attenborough (Kyle), Manuel Pacific (Danilo) e Jeremias Amoore (Jed), que entregam boas interpretações. Apesar de o roteiro deixar bem óbvio quais serão seus destinos.


Destaque para as cenas nas profundezas do mar, onde o medo e a aflição e tomam conta dos sobreviventes e do espectador. Tudo parece muito real, levando o público a torcer para que todos saiam vivos, apesar das condições improváveis. Especialmente por terem tubarões assassinos ao redor do avião como desafio.

Mesmo com baixo orçamento, a proposta de “Desespero Profundo” é interessante. O suspense é o destaque positivo, porém é perceptível a necessidade de explorar mais os personagens. 

Entre as falhas, estão as situações clichês, como as cenas de ataques dos tubarões, e o roteiro, que de tão simples, acabou ficando confuso e vago. Vá ao cinema e vivencie essa história de suspense e drama, que fará você ficar longe dos mares por um bom tempo.


Ficha técnica:
Direção: Cláudio Fäh
Distribuição: Diamond Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, suspense

31 janeiro 2024

Destaque em premiações, “Anatomia de uma Queda” apresenta trama densa e arrebatadora

Ao suscitar reflexões complexas sobre a busca pela verdade, longa de Justine Triet vai muito além de um clássico drama de tribunal (Fotos: Diamond Films)


Carolina Cassese


Palma de Ouro em Cannes, duas estatuetas do Globo de Ouro e cinco indicações ao Oscar - inclusive o de Melhor Filme. "Anatomia de uma Queda" ("Anatomie d’une Chute"), o longa mais recente da francesa Justine Triet, definitivamente conquistou a aprovação da crítica e tem sido um dos destaques da atual temporada de premiações. Centrado na investigação de um crime, o drama, que já pode ser visto nos cinemas brasileiros, surpreende por reunir atuações ímpares e uma história arrebatadora.

Na primeira cena, vemos a autora Sandra Voyter (Sandra Hüller) falar sobre seu trabalho para Zoé (Camille Rutherford), uma estudante de pós-graduação. Enquanto isso, Samuel (Samuel Theis), o marido da escritora, está no andar de cima do chalé rústico, ouvindo música num volume ensurdecedor. Tal interferência é bastante reveladora: ele não está fisicamente na sala de estar, mas impõe sua presença ao atrapalhar a conversa das duas com o som. 


Pouco tempo depois, o marido é encontrado morto na neve, após ter aparentemente caído do sótão onde trabalhava. Porém, após investigações da polícia local, uma pergunta passará a ecoar por todo o longa: Sandra matou Samuel ou ele se jogou pela janela?

Não demoramos a ficar sabendo que o marido havia sido diagnosticado com depressão e vivia angustiado. O casal chegou a atravessar um significativo drama familiar: enquanto Samuel deveria estar vigiando o próprio filho, o menino Daniel (Milo Machado-Graner) sofreu um acidente e passou a ter complicações na visão. 


Considerando a importância do conceito de justiça para a narrativa, podemos, quem sabe, associar a limitação visual do garoto com a imagem desse princípio, que carrega uma venda nos olhos - simbolizando a imparcialidade. Mas é realmente possível (e até mesmo desejável) ser “neutro”? Ou, ao julgarmos uma situação, precisamos constantemente tomar decisões, que acabam nos comprometendo com determinado lado? 

Essas são apenas algumas das muitas perguntas que emergem a partir dos desdobramentos da trama, cujo título remonta ao clássico "Anatomia de um Crime" (1959), de Otto Preminger.

Ao longo do filme, vamos descobrindo outras informações que deixam a narrativa mais intrincada e repleta de nuances. Esse, aliás, é um dos principais méritos da produção de Triet: a história é realmente complexa e não pretende apresentar respostas prontas ou reviravoltas sem propósito. 


Muitos filmes de Hollywood nos viciaram em esperar por plot twists incessantes e extremamente reveladores; essa narrativa francesa, no entanto, nos obriga a fazer as pazes com várias camadas do indecifrável.

Nesse sentido, se os filmes "Vidas Passadas" e "Folhas de Outono" (produções que também têm se destacado na presente temporada de premiações deste ano) subvertem clichês da comédia romântica, podemos dizer que "Anatomia de uma Queda" também não se encaixa num mero estereótipo do gênero, já que o longa é muito mais do que uma típica disputa de tribunal. 

Por sinal, os franceses parecem ter uma habilidade especial para conduzirem narrativas intensas e complexas sobre julgamentos: o recente filme "A Acusação" (2022), de Yvan Attal, também apresenta cenas de tirar o fôlego e é bastante eficiente em capturar a atenção do espectador. Nos dois casos, os respectivos casos analisados servem como ponto de partida para a discussão de temas mais amplos.


Como já foi mencionado, "Anatomia de uma Queda" tem marcado presença nas premiações. No caso do Oscar, o filme foi indicado às categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição. É válido assinalar ainda que a produção levou um par de estatuetas do Gotham Awards (roteiro e longa-metragem internacional) e conquistou o prêmio internacional no New York Film Critics Circle Awards. 

Boa parte da crítica destacou o trabalho de Sandra Hüller e, vale dizer, a atriz de fato impressiona ao entregar uma personagem que consegue ser, ao mesmo tempo, impetuosa e significativamente indecifrável.

A duração do filme extrapola muito as duas horas, mas há boas chances de que o público sinta esse tempo passar num piscar de olhos. O tribunal chega a um veredito, mas o espectador não necessariamente irá se convencer de que tem todas as respostas. No entanto, tal sensação não faz com que o longa seja menos satisfatório - ao embarcarmos na intensa jornada de "Anatomia de uma Queda", logo entendemos que não saber faz parte do processo.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Justine Triet
Produção: MK2 Films, Les Films Pelléas e France 2 Cinéma
Distribuição: Diamond Films Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: crime, suspense, policial, drama

11 janeiro 2024

Jason Statham deixa rastro de sangue em "Beekeeper - Rede de Vingança"

Ator interpreta um apicultor que faz justiça com as próprias mãos e passa o filme inteiro ferindo e matando quem atravessa seu caminho (Fotos: Leonine)


Maristela Bretas


Pancadaria, explosões, tiros e muita violência marcam o mais novo filme de ação e suspense de Jason Statham, "Beekeeper - Rede de Vingança" ("The Beekeeper"), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. O ator é um dos produtores (o que virou rotina em seus longas), juntamente com o roteirista Kurt Wimmer e o diretor David Ayer.

Beekeeper em português significa apicultor. Como bom cuidador de abelhas que lhe garantem o sustento com a extração do mel, nosso astro vai muito além e dá um novo significado na proteção de sua colmeia. Mesmo que para isso seja preciso matar a rainha.


Jason Statham, conhecido principalmente por seus papeis em "Infiltrado" (2021) e nas franquias "Mercenários" (de 2010 a 2023) e "Velozes e Furiosos", incluindo "Hobbs & Shaw" (2013 a 2023) é Adam Clay, um ex-integrante da Beekeepers, uma organização especial poderosa e clandestina de "resolvedores de pendências impossíveis". Ele vive no anonimato e leva uma vida pacata, cuidando de um apiário numa área remota no interior dos EUA.

Após perder uma pessoa muito próxima e querida, Clay parte em busca dos responsáveis e sai deixando um rastro de sangue e destruição pelo país, capaz de movimentar outras organizações, agências nacionais e até o governo. 

O protagonista passa o filme inteiro ferindo, matando ou deixando desacordado quem tenta impedi-lo de chegar ao cabeça dos crimes cibernéticos que estão lesando milhares de pessoas, especialmente os idosos.


Nesta caçada, ele terá de enfrentar a persistente agente do FBI, Verona Parker (Emmy Raver-Lampman), e o parceiro dela, Matt Wiley (Bobby Naderi) que estão em seu encalço. Tem também o rico e mimado empresário da tecnologia, Derek Danforth (Josh Hutcherson, de "Five Night At Freedy´s - O Pesadelo Sem Fim" - 2023). O ator está bem, apesar de o seu personagem ser bem caricato. 

Já o assessor dele e ex-diretor da CIA, Wallace Westwyld, é vivido pelo ótimo Jeremy Irons ("Operação Red Sparrow" - 2018), que merecia maior destaque, como o papel de vilão, por exemplo.


O público não poderá reclamar da efeitos visuais, especialmente nas cenas de violência. Adam Clay é uma máquina de moer adversários nas artes marciais, mas sem dispensar facas, pistolas, metralhadoras e explosivos quando necessário. 

"Beekeeper - Rede de Vingança" é bem previsível desde o início: o mocinho bombado foda, charmoso com cara de mal, que luta muito, bate e apanha muito também para defender os mais fracos (suas abelhas e a colmeia). Trata-se de um filme sobre a jornada sangrenta de um homem só, que explora ao máximo a capacidade de luta do ator e de seus dublês.


E é seguindo essa cartilha que está dando certo que Statham fatura milhões e entrega o esperado por seu público, mesmo com furos no roteiro e violência exagerada. Não espere momentos amenos nem romance. Essa não é a linha de atuação do ator, que vem desempenhando papéis muito semelhantes nos últimos anos em seus filmes de ação e suspense.

Confesso que gosto de seus longas, até mesmo dos ruins, o que não é o caso de "Beekeeper". O enredo, já usado em vários filmes do gênero, especialmente nos de Statham, está amarrado direitinho e agrada. Nada excepcional, não deixa de ser o novo do mesmo, com mais tecnologia, tiro, porrada, bomba e classificação para 18 anos - o sangue espirra na tela. Indico para quem gosta do ator e destes gêneros.


Ficha técnica
Direção: David Ayer
Produção: Miramax Films
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h45
Exibição: nos cinemas
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense
Nota: 3,5 (0 a 5)

25 outubro 2023

"Hypnotic - Ameaça Invisível" é uma trama cheia de suspense e reviravoltas, mas com final previsível

Ben Affleck e Alice Braga se unem contra um vilão que use hipnose para dominar as pessoas 
(Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Pode até parecer um filme complexo, mas "Hypnotic - Ameaça Invisível" ("Hypnotic"), que estreia quinta-feira (26) nos cinemas, é fácil de compreender ainda na primeira parte, mesmo com todas as reviravoltas. A produção ainda conta com dois bons atores como protagonistas - Ben Affleck e a brasileira Alice Braga. 

Com direção e roteiro de Robert Rodriguez ("Alita: Anjo de Combate" - 2019), o longa promete muito, mas entrega uma abordagem mediana para o tema escolhido - pessoas com alta capacidade hipnótica que usam a hipnose para controlar outras pessoas e praticar crimes. Nenhuma novidade, há várias produções que já usaram e abusaram disso, como "A Origem" (2010), "Hypnotic" (da Netflix - 2021) e até mesmo na franquia "X-Men".


O filme tem muita ação, suspense e boas perseguições, com boas atuações de Ben Affleck, sempre mantendo a mesma expressão facial de todos os seus filmes. O destaque fica para Alice Braga, que tem crescido e sendo mais requisitada em produções de Hollywood. 

O restante do elenco entrega o esperado para um roteiro que poderia ter sido melhor desenvolvido se mantivesse as reviravoltas e surpresas até o final. Mas isso não acontece e ele se torna bem previsível.


Os efeitos visuais foram bem empregados na maior parte da trama, porém o diretor errou a mão na distorção de imagens quando mostra a visão alterada do protagonista sob hipnose. Ficaram bem aquém dos que foram empregados em "A Origem" e "Dr. Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), tirando o impacto esperado das cenas.

Na história, Ben Affleck é o detetive Danny Rourke, que teve a filha Minnie (Hala Finley) sequestrada no parque quando ela tinha 8 anos. Mesmo já tendo passado quatro anos, ele nunca deixou de procurá-la. Em seu trabalho na polícia acaba enfrentando um misterioso homem, Dellrayne (William Fichtner), um poderoso hipnótico que consegue dominar outras pessoas e pode estar ligado ao desaparecimento de Minnie. 


Começa um jogo de gato e rato entre Dellrayne e Rourke, que vai contar com a ajuda de Diana Cruz (Alice Braga), outra hipnótica, para descobrir o que pretende seu inimigo.

"Hypnotic - Ameaça Invisível", apesar de ter sido selecionado para o Festival de Cannes deste ano, é daqueles filmes fáceis de serem esquecidos e nem pode ser considerado entre os melhores de Ben Affleck. Vale uma sessão da tarde, sem muita exigência, e para conferir o trabalho de Alice Braga como protagonista.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Robert Rodriguez
Produção: Solstice Studios, Ingenius, Double R Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, ação

16 agosto 2023

"Fale Comigo" mostra as aterrorizantes consequências de ir ao encontro do sobrenatural

Terror australiano chega aos cinemas como uma das melhores apostas do gênero para este ano
(Fotos: Diamond Films)


Carolina Cassese
Colunista do Zint


Como lidar com uma perda? Essa é uma pergunta importante para o desenrolar de "Fale Comigo" ("Talk To Me"), filme de estreia dos irmãos youtubers australianos, Danny e Michael Philippou, que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (17). E com a marca de 95% de aprovação no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, após exibições internacionais.

A história é centrada em Mia (Sophie Wilde), adolescente que sofre com a morte da mãe. Por não saber conviver com o luto do pai Max (Marcus Johnson), a garota acaba se aproximando da família de Jade (Alexandra Jensen), sua melhor amiga.


No aniversário da morte de sua mãe, Mia convoca Jade e o irmão dela Riley (Joe Bird) para a atração do momento: uma festa onde adolescentes são possuídos por espíritos e se comportam das maneiras mais inusitadas. Jade insiste que é tudo uma farsa, mas Mia quer descobrir por si mesma. Depois de muita insistência, os três se dirigem para a festa.

O ritual funciona dessa maneira: ao agarrarem a mão decepada de um médium, embalsamada e envolta em cerâmica, eles entram em contato com os mortos assim que dizem a frase “fale comigo”.  A personagem Hayley (Zoe Terakes), uma das guardiãs da mão, explica que o contato não pode durar mais do que 90 segundos, ou então os espíritos “podem querer permanecer”. 


Os jovens se divertem e ficam viciados na brincadeira, repetindo-a por dias e dias. Até que, em determinado momento, algo dá errado. Muito errado. Ao realizar a experiência da mão, um deles (não diremos qual para evitar spoilers) fica gravemente ferido e precisa ser hospitalizado às pressas. Ele não é o único a sentir os efeitos do contato com o sobrenatural.

A partir desse momento, acompanhamos a luta dos personagens para se livrarem da influência dos espíritos. O filme ganha um ritmo eletrizante e, como esperado, se torna ainda mais assustador.


Em relação à atmosfera de terror, vale destacar que os diretores utilizam recursos variados. Sim, há jump scares, mas o medo também é construído por meio da trilha sonora de Cornel Wilczek e do design de som de Emma Bortignon. Além disso, a trama explora os anseios mais profundos dos personagens.

A protagonista, por exemplo, se encontra muito debilitada por causa da morte da mãe. Tal estado emocional a deixa ainda mais vulnerável no contato com os espíritos, já que ela busca respostas no mundo sobrenatural. Nesse sentido, o filme mostra como é mais fácil cair em armadilhas quando estamos fragilizados.


Outro tema abordado na história é a cultura das redes sociais. Os vídeos divulgados em aplicativos são uma parte importante da experiência realizada pelos adolescentes. Qual é o limite para conseguir uma filmagem surpreendente, viralizar na internet e impressionar os colegas? Os jovens da trama definitivamente não medem as consequências e vão longe demais. 

Ao longo do filme, os diretores não chegam a dar muita atenção para essa problemática, e, diante de tantos acontecimentos arrebatadores, o espectador também acaba se voltando para outros pontos: ele quer saber o que acontece a seguir. 


Além do ritmo dinâmico e tenso, um dos principais destaques do longa diz respeito às atuações, em especial a de Sophie Wilde, responsável por cenas intensas. A atriz se mostra versátil e transita muito bem entre diferentes estados emocionais. A veterana Miranda Otto, que interpreta Sue, a mãe de Jade, também entrega cenas excelentes.

Nesse sentido, "Fale Comigo" é um filme repleto de revelações: jovens atores talentosos, uma protagonista impecável e uma dupla de diretores que surpreende positivamente com o trabalho de estreia. 

O longa anda agradando os fãs de carteirinha do gênero terror, ao passo que também pode ser uma boa pedida para os que simplesmente gostam de explorar as profundezas da mente humana. Afinal de contas, a obra é também sobre luto, culpa e, claro, sobre nossos medos mais entranhados.


Ficha técnica:
Direção:
Danny e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou
Produção: A24, The South Australian Film Corp, Causeway Films, Metrol Technology
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: Austrália
Gêneros: terror, suspense

02 maio 2019

"Tudo o Que Tivemos" - Ótimas interpretações para tratar de um drama familiar sobre Alzheimer

Filme aborda a história de uma idosa que sofre da doença e as consequências para quem precisa conviver com a doença (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Somente quem vive diariamente de perto o problema do Alzheimer vai conseguir perceber como este tema afeta relações familiares e o que isso pode representar para o paciente quando ainda lhe restam flashs de lembranças. "Tudo o Que Tivemos" ("What They Had") abordar este assunto, mas de uma maneira mais branda e só não se torna um drama simples de família graças às ótimas interpretações do pequeno elenco. Entre idas e vindas, ou melhor, entre crises e momentos de quase lucidez, Ruth (Blythe Danner) é o centro da discussão familiar e desencadeia toda a ação que pode determinar seu destino.


Numa noite de forte nevasca em Chicago, Ruth sofre um surto da doença e sai de casa sem rumo e sem avisar ninguém. Desesperado, o marido Burt (Robert Forster) aciona o filho Nicky (Michael Shannon), que mora ao lado, e este avisa a irmã Bridget (Hilary Swank, que também é uma das produtoras executivas do filme), uma chef de cozinha que mora na Califórnia. Ela se vê obrigada a voltar à casa dos pais para resolver o que é preciso fazer com a mãe, diagnosticada com Alzheimer. Acompanhada da filha adolescente Emma (Taissa Farmiga), Bridget terá de decidir de que lado deve ficar - do pai, que acha que a mulher está bem, ou do irmão, que deseja enviar a mãe para uma casa de repouso.


Além deste conflito, Bridget enfrenta problemas no casamento com Eddie (Josh Lucas) e na relação com a única filha, além de ressentimentos passados que podem tornar a decisão quase impossível. O drama é o que se pode chamar de uma questão familiar, para ser resolvida entre quatro paredes. Ou seja, concentra a maior parte das cenas na casa de Ruth e Burt e os diálogos entre os cinco integrantes da família. Cada um dos atores entrega uma ótima interpretação, em especial Robert Foster, o marido que jurou nunca se separar da mulher, seguindo à risca os mandamentos do casamento tradicional - "Na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe". 


Já Michael Shannon, para muitos, pode representar o filho cruel, insensível, que quer internar a mãe para se livrar de um problema. Na verdade, Nick ama os pais e sempre foi aquele que cuidou de tudo e agora quer tentar recomeçar a vida. Ele culpa Bridget por ter ido embora e deixado a responsabilidades dos pais para ele. Ela, por sua vez, guarda rancores dos pais, mas ao mesmo tempo se culpa por não ter ficado mais próxima deles. Ao tentar fazer isso agora com a doença da mãe, arrasta a filha adolescente numa tentativa de reaproximação. Bons momentos entre Hilary Swank e Taissa Farmiga. 


Elizabeth Chomko, diretora e roteirista, entrega um longa bom e correto, sem ousadias no roteiro ou na produção, com clichês esperados, mas que não interferem na trama. As abordagens são bem colocadas, tanto nos momentos de tensão, quando nos simples diálogos familiares e vão de posturas conservadora e machistas a uma quebra de barreiras, "Tudo o Que Tivemos" entrega um final emocionante e libertador para todos.

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Ficha técnica:
Direção: Elizabeth Chomko
Produção: Bona Fide Productions / June Pictures
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h38
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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21 dezembro 2018

Incrivelmente atual, "Colette" é oportuno, instigante, sensual e feminista

Keira Knightley está ótima interpretando a escritora francesa libertária dos anos de 1900 (Fotos: Mars Films/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Para se ter uma ideia do pioneirismo da escritora francesa Sidonie Gabrielle Colette, basta citar dois títulos dos seus quase 50 livros: "A ingênua libertina", de 1909, e "A vagabunda", de 1910. Sem falar da sua série mais famosa sobre Claudine, personagem baseada na própria autora, libertária, moderna e à frente do seu tempo. 

Para completar, ela se casa com Willy, escritor picareta que assina todos os escritos da mulher, convencendo-a de que ele, como homem, é o único que tem alguma chance no mercado literário. Ou seja, sua vida é praticamente um roteiro pronto. 

E como viveu a vida real como se fosse um personagem - mulher atrevida e corajosa - a história de Gabrielle só podia mesmo resultar em um filme instigante, cheio de nuances e rico como ela. E a atriz Keira Knightley interpreta isso muito bem. Impressionante como lhe caem bem os trajes de época e sua cara de menina/mulher. Não deve ser por acaso que ela atuou também em "Orgulho e Preconceito" (2005), "Desejo e Reparação" (2007), "Anna Karenina" (2012), entre outros. 

Dominic West enriquece seu Willy, dando-lhe tons sedutores, ambíguos, quase malandros. Eleanor Tomlinson como a bela Georgie, e Denise Gouggh como a masculinizada Missy, brilham como amantes da escritora, imprimindo uma sensualidade delicada e bonita nas cenas mais ousadas. Tudo na medida. Estranho é que essa boa história, contada num filme chamado "Colette", dirigido por Wash Westmoreland ("Para Sempre Alice") e produzido em parceria com a Grã-Bretanha, Hungria e Estados Unidos, seja falado em inglês. 


Embora Gabrielle Collete seja uma escritora tipicamente francesa e tenha vivido o auge da loucura e da boemia parisiense, não há nenhuma participação da França na produção, o que, por vezes, soa falso. São muitas e lindas as cenas que mostram a Paris dos anos de 1900, quase se chocando com o idioma dos personagens, todo mundo só falando inglês.


Sidonie Gabrielle Collete nasceu no interior da França em 1893 e morreu em 1954. No entanto, por incrível que possa parecer, o filme sobre sua vida permanece atual. Não são tão raros assim, nos dias de hoje, homens que exploram o talento e/ou o trabalho de suas mulheres, outras vezes depreciando-as para subjugá-las e tornarem-se eles os donos da relação. Se fosse hoje, seria correto dizer que ela viveu, durante muitos anos, um relacionamento abusivo. Por essas e outras, "Colette" é um filme oportuno e exemplar. Imperdível.
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
Distribuição: Diamond Films Brasil



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