Mostrando postagens com marcador #JohnBoyega. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #JohnBoyega. Mostrar todas as postagens

22 setembro 2022

"A Mulher Rei" - Viola Davis e suas guerreiras negras com um Oscar na mão

Filme conta a história das Agojie que defenderam o Reino do Daomé, na África, contra a escravidão (Fotos: CTMG/Divulgação)


Maristela Bretas


Espetacular em todos os quesitos e imperdível. Estou falando de "A Mulher Rei" ("The Woman King"), produção que estreia nesta quinta-feira (22), trazendo Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues" - 2020, "Um Limite Entre Nós" - 2017, que lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) como protagonista e um elenco que a acompanhou à altura. 

Isso sem falar na direção de Gina Prince-Bythewood ("The Old Guard" - 2020), que divide o ótimo roteiro com Dana Stevens. As mulheres negras são o brilho, a força, o poder e a emoção da história, que foi inspirada em fatos reais. 


Viola é a general Nanisca, comandante das Agojie, uma unidade de guerreiras africanas composta apenas por mulheres com habilidades e força diferenciadas. Elas protegeram o Reino do Daomé do final de 1600 até o final dos anos 1800 contra a escravidão, defendendo o rei Ghezo. Nanisca, enquanto treinava uma nova geração de recrutas, se preparava para a batalha contra um poderoso inimigo.


A cultura Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e progressiva para a época. Todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher, que recebia do monarca o título de "Kpojito", ou Mulher Rei, com quem dividia o reinado. 


E sim, as Agojie existiram e a última faleceu em 1979 e recebeu como homenagem no filme a personagem Nawi, interpretada pela atriz sul-africana Thuso Mbedu, que apesar de seus 31 anos, tem cara e corpo de uma menina de 15. Dividir as cenas com a veterana foi um desafio, muito bem cumprido, a jovem brilhou. 

Nawi é uma jovem órfã que resistiu a todas as tentativas de seu pai adotivo de casá-la, até ser entregue por ele ao palácio para se tornar uma guerreira.


Em entrevista, Viola Davis diz que sempre sonhou em atuar em um filme como “A Mulher Rei”. Seu personagem envolve o público, provocando raiva e empatia pela mulher que não pode demonstrar emoção e luta por uma causa justa. 

“Senti que "A Mulher Rei" era uma história importante, porque me vi nela. Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes". A atriz se encantou tanto com a proposta do filme que também é uma das produtoras.




“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher. Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas”, disse a diretora Gina Prince-Bythewood.


São quase 2h30 de filme que passam sem que o público perceba. As lutas das guerreiras são memoráveis, mais parecem uma dança, apesar da violência exposta na tela. A diretora carrega o peso na mão ao mostrar o sangue e os abusos sofridos por mulheres e homens africanos nos anos de 1800. 

E como as Agojie tratavam seus inimigos, a maioria homens de outras aldeias, que viviam do tráfico de escravos negros para os colonizadores.


No elenco de guerreiras, que deixam muito "Vingador" no chinelo, destaque também para a britânica Lashana Lynch (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" – 2022, "007 - Sem Tempo Para Morrer" - 2021 e "Capitã Marvel" - 2019), como a poderosa Izogie, a mais valente e forte depois de Nanisca. E a atriz ugandense/britânica Sheila Atim, que trabalhou com Lashana em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Em "A Mulher Rei, ela faz o papel de Amenza que, além de brigar muito, é a guia espiritual da tribo e confidente de Nanisca. 

John Boyega ("Star Wars: A Ascensão Skywalke" - 2019) foi contemplado com o papel do rei Ghezo, uma figura histórica real que teve grande parte da sua história no filme extraída de acontecimentos verídicos.


Não bastasse a boa escolha do elenco, a diretora Gina Prince-Bythewood ainda abusou nas belas locações, explorando a beleza, a cultura e os costumes dos povos africanos. O figurino e a reconstituição de época também foram tratados com carinho especial, além do roteiro, baseado numa longa pesquisa da produtora Maria Bello em suas viagens à África Ocidental.

Quando você acha que já viu tudo, surge uma novidade que pode mudar o contexto. Imperdível, merece levar o Oscar em várias categorias. Na minha opinião, o melhor filme do ano até o momento.


Ficha técnica:
Direção: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Gina Prince-Bythewood e Dana Stevens
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico

22 dezembro 2019

"Star Wars" encerra 40 anos de saga aparando pontos e emocionando ao conectar passado e presente

Rey, Poe, Finn, Chewbacca e os robôs C3PO, BB8 e R2D2 retornam a jornada para encontrar e derrotar o Imperador Palpatine (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


Como falar de uma saga que marcou parte da minha vida, inspirou gerações e se encerra deixando uma sensação de que o dever foi quase cumprido? "Star Wars - A Ascensão Skywalker" ("Star Wars - The Rise of Skywalker") é um bom filme, bem ágil, com muita ação e esclarece várias dúvidas surgidas ao longo da saga, além de ótimos efeitos visuais, como era esperado de uma produção dirigida por J.J. Abrams. No entanto, o nono e último episódio da terceira fase e também de toda a franquia, iniciada em 1977 com "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança", é o menos impactante desta trilogia, apesar de ter um ritmo frenético.


Os momentos de emoção surgem quando alguns personagens e locações de filmes anteriores retornam à saga, conectando passado e presente na luta entre o lado bom e o lado sombrio da Força. As eletrizantes batalhas espaciais não ficaram de fora, assim como o local escolhido como palco para a derradeira disputa entre Rey e Kylo Ren - a destruída, mas não esquecida Estrela da Morte, do Episódio IV.


Também foi muito boa a ideia de utilizar cenas inéditas da General Leia Organa feitas para o episódio VII - "O Despertar da Força" (2015), inserindo as falas e trabalhando a parte técnica. Funcionou bem para compor uma das mais importantes personagens desta nova fase e permitir que ela participasse da história que encerra a saga, como estava previsto. Mas a morte prematura da atriz Carrie Fisher em dezembro de 2016, antes da estreia do Episódio VIII, exigiu uma modificação completa nas partes em que ela deveria aparecer.


A trilha sonora original, especialmente a música-tema composta por John Williams, é sempre um prazer à parte e ainda causa arrepios quando tocada. Daisy Ridley (Rey) está ótima, segura e é a melhor do trio principal. É em cima do mistério da história de Rey que gira quase toda a trama. Adam Driver também foi melhorando a cada filme e compõe bem o vilão Kylo Ren, que jurava que poderia superar o insuperável Darth Vader, seu avô. E são eles os responsáveis por uma das batalhas mais empolgantes deste filme.


Outro vilão que faz uma volta triunfal é o Imperador Palpatine, com boa interpretação do ator Ian McDiarmid, outro veterano da franquia. John Boyega (Finn) e Oscar Isaac (Poe Dameron) entregam bons papéis, mas nada excepcional. Ficou a impressão de que o trio de heróis, apesar de mais unido, não estava mais com a mesma emoção e euforia nesse encerramento como em "O Despertar da Força" quando contracenaram pela primeira vez com seus ídolos do passado.


Muito bom rever Billy Dee Williams pilotando a Millennium Falcon como Lando Calrissian ao lado de Chewbacca, que ficou mais conhecido na saga interpretado por Peter Mayhew e hoje é vivido pelo jovem ator finlandês Joonas Suotamo. Destaque também para C3PO (o robô dourado eternizado pelo ator Anthony Daniels), cuja atuação foi essencial neste episódio. Também foram inseridos novos personagens, o que ajudou a não deixar a história repetitiva.


Neste último episódio da saga, com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Mesmo com todo o treinamento recebido de Leia e Luke para se tornar uma Jedi, Rey ainda quer respostas sobre seu passado e o porquê de ter sido abandonada pelos pais. Sua ligação com Kylo Ren está cada vez mais forte e a coloca em dúvida sobre qual lado da Força deve seguir.

A franquia

Criada e dirigida pelo grande George Lucas, a franquia Star Wars foi sucesso desde o primeiro episódio, que na verdade é o quarto - "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança". E se superou com o excelente "Episódio V: O Império Contra-Ataca" (1980), encerrando a primeira trilogia com o "Episódio VI: O Retorno de Jedi" (1983). Foi o suficiente para criar e arrastar uma legião de fãs, que acompanhou a saga de Luke Skywalker, Princesa Leia, Yoda, Chewbacca, Han Solo, mestres Jedi como Obi-Wan Kenobi, os robôs R2D2 e o tagarela C3PO, as forças do mal comandadas pelo assustador Imperador Palpatine e o mais insuperável vilão de todos os tempos, Darth Vader.


O sucesso foi tão grande que inspirou seu criador a retomar a saga 16 anos depois, invertendo a ordem da história para contar, a cada três anos, a origem de tudo numa segunda trilogia, começando com o "Episódio I: A Ameaça Fantasma" (1999), seguida pelo "Episódio II: Star Wars: O Ataque dos Clones" (2002) e o "Episódio III: A Vingança dos Sith" (2005).


Dez anos se passaram até que a saga retornasse com o Episódio VII - O Despertar da Força". Era a vez de Rey, Finn e Poe Dameron se tornarem os novos heróis e Darth Vader dar lugar a um sucessor no lado sombrio - seu neto Kylo Ren. Mas foram as marcantes figuras de Han Solo (Harrison Ford), Princesa Leia Organa (Carrie Fisher), Luke Skywalker (Mark Hamill), Chewbacca (Peter Mayhew) que levaram às lágrimas fãs como eu, cada vez que surgiam na tela.


Entre spin-offs, alguns muito bons, como "Rogue One" (2016) e outros bem fracos, como "Han Solo" (2018), nasceu a terceira trilogia que, como as demais, conquistou uma nova geração e também as passadas. Em 2017 foi a vez de Rey iniciar seu treinamento com o mestre Luke, ao mesmo tempo que Kylo Ren ganhava força e poder em "Os Últimos Jedi". Com "A Ascensão Skywalker" a saga se encerra, mas vai sempre permanecer na lembrança do milhões de fãs que "Há muito tempo, em galáxias muito, muito distantes..." seguiram com paixão o mundo de Star Wars.


Ficha técnica:
Direção: J.J.Abrams
Produção: LucasFilm / Walt Disney Studios
Distribuição: Disney Buena Vista
Duração: 2h22
Gêneros: Ficção / Aventura /Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #StarWars, #StarWarsAAscensaoSkywalker, #DaisyRidley, #AdamDriver, #MarkHamill, #CarrieFisher, @OscarIsaac, #JohnBoyega, #JJAbrams, #DisneyBuenaVista, #cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

22 março 2018

"Círculo de Fogo - A Revolta" é a sequência que saiu pior que a encomenda

John Boyega e Scott Eastwood são os pilotos dos Jaegers, os gigantescos robôs de combate (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Gostaria de poder elogiar "Círculo de Fogo - A Revolta" ("Pacific Rim Uprinsing"), segundo filme após cinco anos da estreia do ótimo "Círculo de Fogo" (2013), dirigido pelo premiado Guillermo del Toro ("A Forma da Água"). Mas a nova produção apresenta falhas que somente quem está muito disposto a ver um filme que mais parece uma cópia piorada de "Transformers" vai se sentir a vontade no cinema. Uma pena, poderia ser uma sequência mais bem aproveitada. O diretor Steven S. DeKnight até tentou isso ao mostrar as cidades depois da batalha com os alienígenas, mas deixou que a história se perdesse por falta de criatividade.


O filme não é de todo ruim. Tem pancadaria entre velhos e novos robôs com tamanhos e armamentos variados, monstros gigantes (alguns do primeiro filme), vilões e diálogos clichês e ótimos efeitos de computação gráfica que sustentam toda a ação. Mas também mostra cenas de lutas que ficam confusas, provocando tontura por serem muito rápidas. E as atuações são medianas, mesmo de atores conhecidos como o protagonista John Boyega ("Star Wars - O Despertar da Força" - 2015 e "Star Wars - Os Últimos Jedi"- 2017), que faz o papel de Jake Pentecost, e Scott Eastwood ("Velozes e Furiosos 8" - 2017), como Nate Lambert.



Uma novidade no elenco que se destaca é Cailee Spaeny, que interpreta Amara, a jovem nerd fodona do pedaço que luta muito, constrói robôs e ainda acha um tempo para salvar o mundo dos temíveis kaiju. Os atores Rinko Kikuchi (Mako), Burn Gorman e Charlie Day (os cientistas Hermann Gottlieb e Newton Geiszler) que participaram do primeiro filme também estão de volta. Já o novo grupo de pilotos  Jaeger só está lá para fazer quórum e levantar a bola para Caille aparecer.



A história avança no tempo - dez anos depois do ataque alienígena - mas regride em enredo. Ele é fraco, cheio de furos e mensagens patrióticas e ainda tenta copiar, para pior, o estilo Michael Bay de fazer cinema que, apesar de não agradar a muitos, atingiu sucesso de bilheteria com a franquia "Transformers" de 2007 a 2017. Criatividade não foi o forte do diretor Steven S. DeKnight (responsável por boas produções para a TV, como "O Demolidor"), mas errou a mão em "Círculo de Fogo - A Revolta", ficando muito aquém de seu antecessor. Acho que faltou uma orientação maior de Guillermo del Toro.

Tudo começa com Jake (John Boyega), filho de Stacker Pentecost (Idris Elba), responsável pelo comando do programa Jaeger (supermáquina gigantes pilotadas por humanos) e herói morto na batalha. Promissor talento do programa de defesa, Jake abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime, vasculhando ferros-velhos em busca de peças de robôs abandonados.


Perseguido após não encontrar uma peça valiosa, ele encontra o esconderijo de Amara (Cailee Spaeny), que clandestinamente está construindo um Jaeger de porte pequeno. Ambos tentam fugir usando o robô, mas acabam sendo capturados. Para escapar da prisão, eles são enviados ao treinamento de pilotos Jaeger, onde Jake reencontra sua irmã de criação Mako (Rinko Kikuchi). Apesar da tranquilidade aparente, o governo e a empresa responsável pelos Jaeger continuam construindo Jaegers mais poderosos ma expectativa de um possível novo ataque. O que eles não imaginam é que o perigo pode estar dentro do próprio grupo.


Precisa assistir o primeiro para entender o segundo filme? Seria bom, até porque ele é bem melhor. E quer queira ou não, "Círculo de Fogo - A Revolta" deixa a sensação de ser uma mistura de "Transformers - O Último Cavaleiro"  (2017) com "Power Rangers". E quem perde no final, sem dó nem piedade, é novamente a cidade de Tóquio, que vê seus prédios caírem como dominós durante a batalha entre Jaegers e os aliens, chamados agora de Precursores. E se após ler sobre todos estes pontos ainda estiver a fim de ver este filme, não tenha mais dúvidas: vá ao cinema e aproveite mais este blockbuster.



Ficha técnica:
Direção: Steven S. DeKnight
Produção: Universal Pictures / Legendary
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h51
Gêneros: Ação / Ficção científica / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #CirculoDeFogoARevolta, #PacificRim, #JohnBoyega, ScottEastwood, #ação, #ficção, #aliens, #Jaegers, #UniversalPictures, #cinemas.cineart, #Imax, #espaçoz, #CinemanoEscurinho