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05 janeiro 2023

"Gato de Botas 2 - O Último Pedido" é aventura, emoção e um olhar de derreter coração

Novamente dublado por Antônio Banderas, o famoso felino enfrenta seu pior inimigo (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Junte coragem, astúcia, um olhar carente de um felino e temos "Gato de Botas 2: O Último Pedido" ("Puss in Boots: The Last Wish"), que estreou em dezenas de salas de cinemas do país. 

E não é a toa que a mais recente produção da Dreamworks Animation tomou o espaço de vários outros lançamentos. A animação é divertida, emociona, tem aventura, romance, saudosismo e um roteiro que prende do início ao fim, com uma bela mensagem, como deve ser um bom conto de fadas.


Apesar de ser uma continuação, "Gato de Botas 2: O Último Pedido" não requer que o primeiro filme tenha sido assistido. Mas vale a pena conferir o anterior, de 2011, que foi indicado ao Oscar. 

Também vale rever "Shrek 2 e 3", quando o personagem fez sua primeira aparição e ganhou uma legião de fãs. Estas três animações com a presença do Gato de Botas arrecadaram juntas mais de US$ 3,5 bilhões em todo o mundo.


Fanfarrão, destemido, louco por leite, capaz de derreter o mais gélido dos corações, o Gato de Botas usa todas as suas armas para vencer os inimigos, conquistar seguidores e recuperar um grande amor perdido.

Mas tantas aventuras também cobram seu preço (e vidas). Agora, o Gato de Botas (novamente dublado por Antônio Banderas na versão original e Alexandre Moreno, em português) terá que enfrentar seu maior inimigo: a morte. 


E será ela que fará com que o herói reveja tudo o que passou e perdeu em suas andanças. Como todo felino, ele tem nove vidas, mas oito delas já foram perdidas (ou aproveitadas, depende do ponto de vista).  

E é esta última que ele precisa fazer de tudo para preservar, nem que seja se aposentando e virando um gato doméstico. Ou procurando a Estrela do Desejo, escondida na Floresta Sombria. 


Para isso, o destemido fora-da-lei terá de pedir ajuda a novos e velhos amigos, como o tagarela, incansavelmente otimista, Perrito (Harvey Guillen e ótima dublagem em português de Marcos Veras). 

Ele é o mais divertido e mais fofo (mesmo não sendo o mais bonito) da história. Além da ex-parceira e sedutora gata Kitty Pata Mansa (Salma Hayek/Miriam Ficher). 


Mas a Estrela do Desejo também é procurada por antigos inimigos de nosso espadachim de quatro patas e isso vai tornar a jornada bem mais perigosa e emocionante. 

Ótimas lutas, muita cor e adrenalina, a trajetória deste herói é relembrada em flashes de animações passadas que ele participou. Não poderia ser diferente em sua última vida. 

A ótima trilha sonora completa a produção e foi composta pelo brasileiro Heitor Pereira, responsável por sucessos como "Minions" (2015) e "Meu Malvado Favorito 3” (2017). 


Entre os inimigos estão Cachinhos Dourados (Florence Pugh/Giovanna Ewbank), uma engraçada versão dos Três Ursos - Mamãe (Olivia Colman/Isabela Quadros), Papai (Ray Winstone/Ricardo Rossatto) e Bebê Urso (Samson Kayo/Sérgio Malheiros), o gigantesco João Trombeta (Bernardo Legrand) e Lobo Mau (Wagner Moura), um caçador de recompensas.


A animação usa situações engraçadas, com personagens e objetos marcantes de contos de fadas famosos, que fazem o público relembrar a infância, como um certo sapatinho de cristal e um grilo falante.

Mas cuidado, o Gato de Botas tem uma arma capaz de destruir o pior dos inimigos: o arrasador olhar de gatinho pidão, difícil de resistir. Quer saber como? Vá ao cinema e confira esta  emocionante aventura. Uma excelente opção de lazer para a família nestas férias.


Ficha técnica:
Direção: Joel Crawford
Produção: DreamWorks Animation
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia

31 outubro 2021

História, ação e ideologia fazem de “Marighella” um filme imprescindível

Filme dirigido por Wagner Moura traz o cantor e ator Seu Jorge interpretando um dos maiores inimigos da ditadura militar brasileira (Fotos: Factoria Comunicação/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Pode ser que uns e outros não gostem. Mas fica claro, desde o início, que no filme “Marighella", direção de Wagner Moura, o personagem é apresentado e conduzido como o grande inimigo da ditadura militar, valente defensor da democracia e da liberdade. A posição política do diretor é explícita e talvez venha daí a honestidade do longa que, em 2h35 minutos, narra os últimos cinco anos do líder da ALN – Ação Libertadora Nacional. 


A produção, filmada na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, estreia nos cinemas no próximo dia 4 de novembro, há exatos 52 anos do assassinato de Marighella. Passou por importantes festivais pelo mundo - Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo, Cairo -, além de cerca de 30 exibições em países dos cinco continentes, e terá pré-estreias a partir do dia 1º de novembro em todo Brasil.


O recorte da biografia do político, escritor e guerrilheiro baiano no filme vai do golpe militar de 1964 até 1969, quando ele foi assassinado numa emboscada nas ruas de São Paulo. Mostrado como aglutinador, inteligente, criativo e corajoso, Carlos Marighella é interpretado na medida por Seu Jorge, que tem se revelado, além de cantor, um ator de talento, sempre expressivo quando seu rosto é explorado em closes.

Carlos Marighella (esquerda) é interpretado por Seu Jorge (direita)

É impossível sair ileso do filme, que entra em cartaz nos cinemas do Brasil com dois anos de atraso, segundo consta, por problemas provocados pela Ancine – Agência Nacional do Cinema – que fez de tudo para barrar a exibição do primeiro trabalho do ator Wagner Moura na direção, mesmo depois dele ter sido aplaudido de pé no Festival de Berlim, em 2019. 


“Marighella” é essencialmente didático e nitidamente popular, capaz de prender e emocionar pessoas das mais diferentes idades e - quem sabe - ideologias. E pode até agradar os que apreciam filmes de ação e tiroteios. Veja o vídeo especial sobre quem foi Marighella clicando aqui.


Baseado na biografia escrita por Mário Magalhães em 2012, o roteiro do longa - de Felipe Braga e Wagner Moura - é enriquecido com uma sacada inteligente: como eram muitos os guerrilheiros liderados por Marighella, os atores que os interpretam no filme aparecem com seus próprios nomes, como se representassem todos eles. 

Assim, Humberto Carrão, por exemplo, é o jovem guerrilheiro Humberto; Bella Carneiro simboliza a presença feminina como Bella, Henrique Vieira marca a atuação da igreja no movimento como frei Henrique e assim por diante.


Estão também no elenco artistas experientes e brilhantes como Bruno Gagliasso, convencendo satisfatoriamente como o desprezível Lúcio, delegado e torturador; Herson Capri como o empresário de imprensa Jorge Salles, Luiz Carlos Vasconcelos como o militante maduro Branco, e Adriana Esteves (em papel pequeno, mas marcante) como Clara, a mulher de Marighella.


É preciso destacar ainda a perfeita reconstituição de época do filme. Impossível não perceber que todos se locomovem de Fusca ou de Rural Willys, por mais perigosa que seja a ação. Outro destaque é a trilha sonora que, desde o início, mostra a que veio com hip hops de letras engajadas.


Mesmo que pareça parcial, mesmo que seja uma homenagem a um homem que nem todos admiram e aplaudem, “Marighella” é um filme imprescindível por colocar nas conversas o nome de alguém que não entrou nos livros de História do Brasil, apesar de ter lutado e morrido pelo que acreditava. Não dá para desprezar a trajetória de alguém que vivia repetindo: “Não tenho tempo para ter medo”.


Ficha técnica:
Direção: Wagner Moura
Exibição: nos cinemas
Produção: O2 Filmes / Globo Filmes / Maria da Fé
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Duração: 2h35
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: Drama / Biografia

20 abril 2020

"Sergio": um filme para ver em tempos de mediocridades

A breve e exemplar história de um verdadeiro herói brasileiro (Fotos: Netflix/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


É bem possível que digam que o filme "Sergio" foi demasiadamente romanceado. Em cartaz desde 17 de abril no Netflix, o longa estrelado magistralmente por Wagner Moura narra boa parte da brilhante carreira do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, diplomata que comandou missões importantes na ONU - Organização das Nações Unidas - até morrer num atentado à sede da instituição em Bagdá, em 2003. O ato terrorista foi assumido na época pela Al Qaeda, em que morreram mais 21 pessoas. E, é bom salientar, não é a primeira vez que o cinema se vale de romances para colorir e dar nuances a trajetórias de heróis, mártires e guerreiros.

De tão profícua, bonita e cheia de aventuras, a breve história de Sérgio Vieira de Mello talvez tenha levado o diretor e documentarista americano Greg Barker a dar peso e importância ao romance do diplomata com a economista e colega argentina Carolina Larriera que, depois, se tornaria sua mulher. Mas, de forma alguma, essa opção tira o foco ou desmerece o longa que, na verdade, faz um recorte da carreira do brasileiro.



O filme destaca sua passagem pelo Timor-Leste, mostrando seu jeito peculiar de lutar pela independência da colônia portuguesa do jugo da Indonésia. E, claro, focaliza sua última missão, num Iraque perdido e destruído após a queda de Saddam Hussein. Pode parecer pouco, para quem já tinha passado por trabalhos não menos espinhosos em Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia, Kosovo e Ruanda. 

Wagner Moura e o verdadeiro Sérgio Vieira de Melo (D)
Mas é impossível contar uma vida tão rica num filme. Afinal, dirigir é também fazer escolhas, priorizar, mesmo que esse diretor seja um profundo conhecedor do personagem, como é o caso de Barker, que já dirigiu um documentário sobre o tema e nome - "Sergio" -, que também pode ser conferido no Netflix. Há tanta verdade, tanta química e tanta beleza no encontro amoroso entre Sérgio e Carolina, muito pela força e talento dos dois intérpretes, que, em vez de distrair, a relação reforça o idealismo do personagem. Além, é claro, de tornar mais acessível e humana uma trajetória que poderia tornar-se desinteressante se fosse contada de forma burocrática e linear. As belas cenas de amor e paixão do casal humanizam, dão leveza, cor e sabor ao filme.


Importante destacar: se a maioria dos brasileiros conhece de sobra o talento e virtuosismo de Wagner Moura, não se pode dizer o mesmo da atriz cubana Ana de Armas ("Blade Runner 2049" - 2017 e "Entre Facas e Segredos" - 2019) e, uma grata surpresa. Bonita e charmosa, ela compõe uma mulher forte que, por vezes, se fragiliza diante do trabalho quase obsessivo do parceiro, empenhado em missões humanitárias mundo afora. 

A opção por construir o roteiro em insistentes flashbacks, que podem até incomodar no início, mostra-se acertada ao longo da trama. Afinal, trata-se de uma história conhecida, em que todos já sabem o final. A forma, portanto, que imprime dinamismo à narrativa, acaba por prender o espectador, que vai conhecendo, aos poucos, detalhes da vida do diplomata, descobrindo sua sensibilidade e seu jeito de tratar como humanas questões que podem parecer meramente políticas. Destaque para a cena em que Sérgio se emociona ao conversar com uma artesã numa espécie de mercado no Timor-Leste. Impossível não se comover.



É por meio dessas idas e vindas, que o público fica sabendo, por exemplo, que Sérgio Vieira de Mello foi estudante em Paris, onde participou das históricas manifestações de maio de 1968, talvez uma semente plantada para transformá-lo, depois, no que ele viria a ser uma peça fundamental no trabalho da ONU, batalhador incansável pelos direitos humanos, às vezes disposto a conflitos com os poderosos como ocorreu com George W. Bush. Ficou faltando, nessa sequência lógica de flashbacks, alguma citação, uma referência mínima que fosse, à primeira mulher de Sérgio Vieira de Mello, mãe dos dois filhos dele que aparecem no filme.



Pode-se gostar ou não do roteiro, do romance, da forma. Mas é inegável a riqueza do conteúdo de "Sergio". Em tempos como o que vivemos, onde se destacam líderes egoístas e incapazes de gestos de altruísmo e empatia, o exemplo de vida desse brasileiro que não teve tempo de viver sua aposentadoria no Arpoador, como planejava, não deixa de ser um alento.

PS: um dos produtores de "Sergio", junto com Wagner Moura, é o belo-horizontino Daniel Marc Dreifuss, que trabalha na Califórnia.



Ficha técnica:
Direção: Greg Barker
Produção: Netflix
Duração: 1h58
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 12 anos 

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