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03 abril 2023

"A Elefanta do Mágico" é uma animação digna de sessão da tarde em família

Peter e sua amiga criam um profundo laço de carinho e confiança que contagia uma cidade (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu 
Blog Narrativa Cinematográfica


Do livro para a tela. O sucesso "A Elefanta do Mágico" ("The Magician’s Elephant"), da escritora Kate DiCamillo, é a mais nova animação produzida e exibida pela Netflix. Dirigida por Wendy Rogers, a obra está no ranking de top 10 da plataforma.

A produção tem entre seus destaques o elenco estelar de dubladores, entre eles, Noah Jupe ("Um Lugar Silencioso" - 2021), Brian Tyree Henry ("Trem-Bala" - 2022), Benedict Wong ("Doutor Estranho" - 2016), Mandy Patinkin ("Extraordinário" - 2017) Sian Clifford (série "Fleabag" - 2016 e 2019) e Miranda Richardson ("Malévola" - 2014).


Na obra conhecemos Peter (Jupe), um garoto que sonha reencontrar a irmã, que todo mundo diz que morreu há muito tempo. Um dia ele visita uma vidente que avisa que, por uma moeda, ela poderá responder apenas uma pergunta. 

Peter faz seu pedido e é avisado pela vidente que será preciso achar uma elefanta, algo que ninguém nunca viu no reino de Baltese, onde se passa a história, e que ela o levará a seu destino.


Enquanto isso, do outro lado da cidade, um mágico (Wong) se apresenta para uma plateia sonolenta. Sem querer, provoca um acidente ao fazer uma mágica e uma elefanta cai sobre uma idosa, Madame LaVaughn (Richardson). 

Peter fica sabendo da existência do animal e que ele está ameaçado de ser sacrificado pelo rei. O garoto fará de tudo para mantê-lo vivo para encontrar sua irmã, como garantiu a vidente. 


Para isso terá de cumprir três tarefas impossíveis impostas pelo monarca: lutar contra o melhor soldado, voar e fazer a condessa que deixou de sorrir, dar uma gargalhada sincera. 

O filme tem até uma proposta interessante, mas que pouco inova. Tudo é muito rápido e com pouco desenvolvimento. 

Como o drama do ex-soldado Vilna Lutz (Patinkin) aposentado que salvou Peter da guerra e o adotou, mas o obriga a se comportar como um soldado. 


Um ponto negativo é a falta de antagonismo. O rei (voz de Aasif Mandvi), que propõe desafios totalmente fúteis, que até podem soar encorajadores e bonitos, mas ele não convence como vilão. 

É uma pessoa preocupada somente em se divertir, curtir a vida e ter ideias absurdas. Está mais para bobo da Corte, que acha que está agradando aos súditos com suas bobagens. Só que não.


A personagem da elefanta também foi pouco explorada. Por ela não falar e só se comunicar como um animal normal, sem exageros, deu seu recado apenas no olhar e na confiança em Peter. Pouco sabemos sobre seu mundo e de onde veio, apenas que deseja rever sua família.

Como em outras animações, há também a mensagem filosófica e bonita: "é preciso ter esperança e acreditar que é possível". 

Mas os desafios soam fracos no decorrer da história e, em nenhum momento, conseguimos ver mudanças no protagonista.


Mesmo não tendo a profundidade e o desenvolvimento de "Pinóquio", de Guillermo del Toro, "A Elefanta do Mágico" é uma animação ótima para uma tarde em família, especialmente com filhos pequenos.

Tem final bonito, colorido, com os clichês comuns de um conto de fadas e sem reviravoltas. Agora é aguardar as próximas produções da diretora Wendy Rogers.


Ficha técnica:
Direção: Wendy Rogers
Produção: Netflix e Animal Logic
Exibição: Netflix
Duração: 1h43
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gêneros: animação, fantasia, aventura, família

03 janeiro 2023

Confira os melhores filmes de 2022 escolhidos pela equipe do Cinema no Escurinho

Fotos: Divulgação

 

Equipe Cinema no Escurinho


Alguns dos integrantes do blog Cinema no Escurinho escolheram seus filmes preferidos de 2022. Sem fugir dos blockbusters, fizemos uma seleção do que ainda está no cinema e das produções em exibição nas plataformas de streaming.

Houve um consenso de que os filmes do ano que se encerrou foram bem mais fracos do que se apresentou no passado. A cada dia que passa, as plataformas digitais têm agradado mais ao público, oferecendo horas e horas de entretenimento, com conteúdo nem sempre satisfatório, mas capaz de afastar o espectador das salas de cinema.

O que se constata, no entanto, é que o mercado vem sendo inundado com um grande volume de produções, para os formatos físico e digital, mas que não significam sinônimo de qualidade em muitos casos.


Veja o que nossos colaboradores indicam e saiba onde assistir. Alguns desses longas ainda podem ser conferidos nas salas de cinema, outros nos streamings e o restante aguardando uma chance para ganhar um lugar ao sol nos espaços de exibição. 

Marca aí na sua lista e não deixe de conferir. Tem sugestões para todos os gostos.

Maristela Bretas
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- Doutor Estranho no Multiverso da Loucura - Sam Raimi - Disney+
- Ela Disse - Maria Schrader - nos cinemas
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo
- Pureza - Renato Barbieri - Globo Play
- Enfermeiro da Noite - Tobias Lindholm - Netflix
- Mundo Estranho - Don Hall e Qui Nguyen - Disney+
- Filho da Mãe - Susana Garcia e Ju Amaral - Prime Vídeo



Mirtes Helena
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- O Enfermeiro da Noite - Tobias Lindholm - Netflix
- O Milagre - Sebastián Lelio - Netflix

Jean Piter
"Os estúdios de cinema e de streaming estão preferindo mais o volume de produção do que a qualidade. Blockbusters, do tipo "Star Wars", parecem estar perdendo a linha, criando coisas porque sabem que têm um público cativo. Da mesma forma a DC e a Marvel.  

Eles roubam grande parte da audiência, é dinheiro garantido nas bilheterias e isso acaba tirando o espaço de outras produções, interferindo no calendário de lançamentos. E com isso, o público acaba ficando meio refém dessas grandes produções." 


"De forma geral, eu vejo que a gente está tendo muitas produções mas pouca qualidade. foi meio difícil fazer esta lista de 2022. E cada vez mais a gente vai ver grandes produções lançadas diretamente no streaming."

- Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo - Daniel Scheinert e Daniel Kwan - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- O Predador: A Caçada - Dan Trachtenberg - Star+
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo


Marcos Tadeu
"Assim como Jean Piter, eu também acho que o mercado do cinema está muito inchado, com muitas produções em streaming. Às vezes, fica até difícil de ver tudo e achar filmes que são muito bons, mas que se perdem no volume de opções oferecidas. 

Neste ponto, o cinema ajuda na escolha. Eu também acho que falta qualidade. Não tive tanta dificuldade em escolher, pois meu critério foi mais o que passou no cinema. Se ficasse refém ao streaming, tivesse mais dificuldade."

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo - Daniel Scheinert e Daniel Kwan - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Sorria - Parker Finn - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- O Predador: A Caçada - Dan Trachtenberg - Star+
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING


Carol Cassese
- Triângulo da Tristeza - Ruben Östlund - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
O Próximo Passo - Cédric Klapisch - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- O Menu - Mark Mylod - HBO Max
- O Bom Patrão - Fernando León de Aranoa - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Mães Paralelas - Pedro Almodóvar - Netflix
- O Milagre - Sebastián Lelio - Netflix
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Noites de Paris - Mikhaël Hers - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- A Acusação - Yvan Attal - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING


Eduardo Jr.
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Respect - A História de Aretha Franklin - Liesl Tommy - Prime Vídeo
- As Verdades - José Eduardo Belmonte - Telecine
- Mães Paralelas - Pedro Almodóvar - Netflix

22 dezembro 2022

"Smiley", uma comédia romântica que está dando o que falar

Carlos Cuevas e Miki Esparbé são os protagonistas desta divertida série espanhola (Fotos: Netflix)


Eduardo Jr.


O mês de dezembro é marcado não só pelas festas, mas também pela temporada de filmes de Natal. Entre novidades e títulos já conhecidos, uma série ambientada na Espanha, perto do Réveillon, chega para trazer refresco a essa lista de produções de fim de ano. 

Com o aval de ter chegado rapidamente ao top 10 da Netflix, “Smiley” promete figurar entre as mais divertidas da plataforma. 


Nesta comédia romântica LGBTQIA+, vários casais lidam com os prazeres e dificuldades de um relacionamento. Ceia de Natal, amigo oculto da empresa, a vontade de começar o ano com um novo amor, tudo se torna ingrediente para balançar ou acertar a vida amorosa das personagens. 

No centro da trama estão dois homens, Álex (Carlos Cuevas, já conhecido pela série Merlí) e Bruno (Miki Esparbé, que atuou em ‘O Inocente’). Ambos querem encontrar alguém especial, mas como sabemos, histórias de amor não são fáceis. 


Depois de mais um namoro fracassado, Álex resolve telefonar e dizer poucas e boas para o ex. Mas o recado cai na secretária eletrônica de Bruno. Ao se conhecerem pessoalmente, apesar das muitas diferenças entre eles, uma conexão acontece. 

Mas em uma troca de mensagens, um emoji de um sorriso (smiley), que poderia fazer a relação decolar, é interpretado de forma inesperada. Aí o romance não só estaciona, como parece dar marcha à ré.  


A falta de comunicação entre os casais dá a tônica da série, seja realçando dramas, ou divertindo o espectador. A rotina que afasta marido e mulher um do outro - e também de atividades que gostam - ampliando o abismo da falta de diálogo, encontra remédio na conversa. 

Os textos de apresentação nos sites de relacionamento, incapazes de explicar a complexidade humana, mostram com humor que precisamos nos expressar melhor e também dar essa chance aos outros. Comunicação clara (e não só por emojis). 


A apresentação de relacionamentos LGBTQIA+ não deixa de lado a militância. Com sutileza e talento, pautas como a interiorização da liberação feminina por mulheres lésbicas, os medos da população gay e os preconceitos dentro da própria comunidade estão lá. E promovem a reflexão para que não se tornem muros, e sim pontes que nos aproximem. 

O receio de assumir quem se é de verdade, de revelar sentimentos, e dar como certa a ideia de que envelhecer impede a construção de novos laços, nos tornando feios e incapazes de despertar desejo são questionados e respondidos com firmeza e também doçura. 


Um leve suspense também marca presença. A mãe do protagonista recebe a visita de um velho conhecido. As conversas pouco reveladoras entre eles vão criando um clima que não permite saber o que aconteceu anos atrás e muito menos qual será o desfecho dessa história. Mas a resposta vem. 

A série é eficiente também em mostrar que não é preciso dizer muito pra dar o recado. Os oito episódios são curtos e têm, em média, 35 minutos de duração. São cativantes e entretêm - principalmente por apresentarem telas divididas entre as personagens, mensagens de celulares ampliadas na cena e outros recursos que fazem o público se identificar, deixando o conteúdo ágil e convidativo. 


Talvez o único contra esteja no idioma, já que os capítulos trazem, por muitas vezes, diálogos acelerados (a maioria das cenas foi gravada em catalão). 

A série é uma aposta da Netflix que já começa a dar resultados mais vistosos do que “Uncoupled”, outra trama cômica sobre desventuras amorosas do mundo gay. “Smiley” atingiu a lista de melhores programas da plataforma com agilidade. Talvez por ter credenciais de respeito. 

Baseada em uma peça de teatro, todos os episódios foram roteirizados pelo autor do texto, Guillem Clua. O jovem dramaturgo também roteirizou a série “O Inocente”, baseada no livro de Harlan Coben, autor que vem se firmando como um dos queridinhos da literatura de suspense e da Netflix. 


Embora a série não fique devendo um final ao público, a expectativa é de que “Smiley” ganhe uma nova temporada. Em entrevistas, o diretor e roteirista já andou dizendo que existe uma segunda peça escrita, dando sequência à história dos personagens centrais. 

Portanto, caso seja batido o martelo sobre uma continuação, ela se basearia neste material. Para quem encerrou o ano assistindo “Smiley”, certamente deu vontade de pedir ao Papai Noel “ano novo, temporada nova”. 


Ficha técnica:
Direção: Guillem Clua
Produção: Minoria Absoluta
Exibição: Netflix
Duração: 1ª Temporada = 8 episódios/média de 35 minutos cada
Classificação: 16 anos
País: Espanha
Gêneros: comédia / romance / série

10 janeiro 2022

Os favoritos do Cinema no Escurinho de 2021 no cinema e plataformas de streaming

"Mare of Easttown", minissérie policial dramática com Kate Winslet (Crédito: HBO Max)


Maristela Bretas

Seguindo a tradição de anos passados, o blog Cinema no Escurinho pediu novamente a seus colaboradores que indicassem filmes e séries lançados em 2021, no cinema ou plataforma de streaming.

Na telona, o destaque ficou em dezembro com o tão esperado "Homem Aranha: Sem Volta Para Casa", produzido em parceria pela Sony Pictures e Marvel Studios. O filme ainda está em exibição em várias salas do país.

Já o drama policial "Mare of Easttown", produzido pela HBO, foi o mais indicado pelo blog entre as séries exibidas em canais de streaming.

"Homem Aranha: Sem Volta Para Casa" (Crédito: Marvel Studios/Divulgação)

Aqui vão as dicas destas produções, algumas com links para as críticas feitas por essa turma que curte a sétima arte. E se quiser enviar alguma sugestão de filme ou série que não conste nesta relação (e são muitos), mande até o dia 16 de janeiro para o blog..

Vamos fazer uma seleção dos 20 favoritos indicados por nossos seguidores para uma nova postagem. O e-mail é cinemanoescurinho@gmail.com. Basta colocar o nome e onde a produção pode ser conferida - no cinema ou plataforma de streaming.

"Mentes Extraordinárias" (Crédito: Festival Varilux)

Carol Cassese
FILMES
A Mão de Deus (Netflix)
Mentes Extraordinárias (Cinema - assistido no Festival Varilux)
A Crônica Francesa (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Mães Paralelas (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Duna (HBO Max)

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
White Lotus (HBO Max)
Hacks (HBO Max)
Missa da Meia-Noite (Netflix)
Maid (Netflix)

"Duna" (Crédito: HBO Max)

Jean Piter Miranda

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
WandaVision (Disney+)
Arcane (Netflix)
Falcão e Soldado Invernal (Disney+)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Não Olhe para Cima" (Crédito: Netflix)

Marcos Tadeu
FILMES
Noite Passada em Soho (Cinema)
Duna (HBO Max)
Marighella (Globoplay)
Maligno (HBO Max)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
Solos (Amazon Prime Video)
Clickbait (Netflix)
Lupin (Netflix)
Round 6 (Netflix)

"WandaVision" (Crédito: Disney+)

Maristela Bretas
FILMES
Marighella (Globoplay)
Ghostbusters - Mais Além (My Family Cinema)
Cruella (Disney+)
Luca (Disney+)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
O Homem das Castanhas (Netflix)
Lupin (Netflix)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Marighella" (Crédito: Factoria Comunicação)

Mirtes Helena Scalioni

FILMES

Ataque dos Cães (Netflix)
O Festival do Amor (Cinema)
A Filha Perdida (Netflix)
Veneza (Star+)
Druk: Mais Uma Rodada (Telecine)

SÉRIES
A Caminho do Céu (Netflix)
Manhãs de Setembro (Amazon Prime Video)
Maid (Netflix)
O Paraíso e a Serpente (Netflix)
Round 6 (Netflix)


24 novembro 2021

"Alerta Vermelho" mistura ação e comédia na medida certa

Ryan Reynolds, Dwayne Johnson e Gal Gadot esbanjam carisma e simpatia em comédia de ação (Fotos: Netflix/Divulgação)


Jean Piter Miranda


O melhor agente especial do FBI, John Hartley (Dwayne Johnson), recebe a missão de prender um dos criminosos mais procurados do planeta: "O Bispo" (Gal Gadot), a maior ladra de obras de arte da história. Mas, para chegar até ela será preciso contar com a ajuda de Nolan Booth (Ryan Reynolds), um cara que busca se tornar o ladrão mais famoso do mundo. 

Essa é a história de “Alerta Vermelho” ("Red Notice"), filme de ação disponível na Netflix e também o projeto mais caro do serviço de streaming - teria custado em torno de US$ 200 milhões.


Tudo começa quando uma peça é roubada de um museu em Roma: um dos três ovos de Cleópatra, uma joia de valor inestimável. O item vai parar nas mãos do Bispo. Hartley e Booth levam a culpa e vão presos. E é aí que a aventura se inicia. Eles precisam fugir da prisão, recuperar o ovo e prender o Bispo. Tarefa que não será fácil. Ainda mais porque, nesse mundo do crime, ninguém confia em ninguém.  


É bom encarar o filme como uma comédia. Tem muita ação, mas acima de tudo é uma comédia. São várias piadas, referências a filmes e à cultura nerd, e muitas cenas engraçadas e inteligentes. Podemos dizer que são boas sacadas. E em tudo isso o trio funciona muito bem. Ryan Reynolds, Gal Gadot e Dwayne Johnson esbanjam carisma e simpatia, a ponto de o espectador torcer pelos três ao mesmo tempo.  


Reynolds mandou muito bem em "Deadpool", de 2016. Um filme da Marvel com uma pegada de humor, sem perder a ação e sem cair no besteirol. Agora ele acerta de novo, dosando bem as cenas e os diálogos engraçados em "Alerta Vermelho". Dwayne Johnson não destoa e, mesmo fazendo um papel praticamente repetido, consegue ser original. E Gal Gadot rouba toda a atenção quando entra em cena. É daqueles casos em que a gente gosta mais do vilão que do mocinho.  


As cenas de ação são muito boas. Tem tiros, perseguição de carros, brigas, reviravoltas. Os cenários são lindos. O filme foi gravado em vários países. As cenas em plano sequência são bem utilizadas, assim como outros efeitos especiais. É um filme bom se ver. Não gasta cérebro. É leve, divertido e engraçado. É uma boa pedida pra quem gosta do gênero.  


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Rawson Marshall Thurber
Exibição: Netflix
Duração: 1h58
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Comédia / Policial
Nota: 3,5 (de 0 a 5)

24 outubro 2021

"Maid": uma jornada contra o silenciamento

Nova minissérie trata sobre violência doméstica e exploração do trabalho (Fotos: Ricardo Hubbs/Netflix)


Carolina Cassese


“Você acha que eu não conheço esse tapete? Eu já estive nesse tapete. Perdi semanas minha vida nesse tapete. Você vai se levantar desse tapete, Alex, e vai revidar. Fique furiosa! Puxe essa fúria lá de dentro, mama. O que ele fez com você foi babaca. É melhor começar a ficar com raiva.” Centrada na luta de uma mãe que é vítima de violência doméstica estreou em 1º de outubro, na Netflix, a minissérie "Maid", idealizada por Molly Smith Metzler. 

A produção é adaptada do livro de memórias "Maid: Hard Work, Low Pay, and a Mother's Will to Survive", publicado por Stephanie Land em 2019. A série abarca discussões densas de temas como abuso psicológico, exploração do trabalhador e relações familiares conturbadas.

Nossa personagem principal é interpretada por Margaret Qualley, que entrega uma performance forte, cheia de personalidade. Sua dupla de cena é a adorável Rylea Nevaeh Whittet, que encarna a menina Maddie. As duas atrizes têm uma química impecável, o que propicia cenas bastante ternas e críveis.


Logo no primeiro capítulo, a série apresenta a discussão sobre o que pode ou não ser caracterizado violência doméstica. “Vou chamar a polícia e dizer o quê, que ele não me bateu?”, questiona Alex. Ela passa por uma verdadeira jornada até compreender que o abuso se manifesta de diferentes maneiras, inclusive por meio de gritos e socos na parede.

O problema é que nem sempre a lei e as principais instituições terão essa mesma leitura. A minissérie faz um uso interessante de recursos visuais e sonoros ao longo dos dez episódios. Um exemplo é a calculadora que aparece na tela quando Alex está pensando em suas finanças. Essa é uma forma de fazermos as contas junto com as personagem: será que dá para gastar com isso? Não é melhor optar por outro produto? Esse salário vai ser suficiente?


Quando a protagonista enfrenta um momento difícil, vemos ela literalmente afundar no sofá, uma metáfora bastante elucidativa acerca do transtorno depressivo. Outra boa cena é a primeira vez de Alex  no tribunal, quando ela escuta o advogado e a juíza falarem literalmente a palavra “juridiquês” a cada vez que se referem a algum termo específico da área do direito. Dessa maneira, nos sentimos tão confusos quanto a protagonista, num universo que parece fazer o possível para garantir que apenas uma seleta parcela especializada da população consiga compreender quais são seus direitos.

Um grande acerto de "Maid" sem dúvida diz respeito à complexidade dos personagens. Paula (Andie MacDowell), mãe de Alex, é um excelente exemplo de como as figuras da trama são decididamente repletas de nuances. Ela sem dúvidas ama a filha e a neta, ao passo que muitas vezes some do mapa, deixando as duas numa situação de absoluta necessidade. Em diversos momentos, Paula não parece acreditar no fato de que a filha foi vítima de violência por parte de Sean. 


Outra personagem carregada de facetas é Regina, a primeira patroa de Alex. É inevitável sentir raiva dela nos primeiros episódios, quando a mesma humilha a faxineira em mais de uma ocasião. No decorrer dos capítulos, porém, percebemos que ela carrega muitas dores e pode também ser generosa. O mesmo acontece com Sean, o ex da protagonista. Ele é inegavelmente um abusador, ao mesmo tempo que passa por dramas pessoais e, em alguns momentos, parece de fato ter boas intenções.

A produção da Netflix acerta ainda em trabalhar muito bem o arquétipo do nice guy, que é basicamente aquele cara que se sente desvalorizado, alegando que “as mulheres só gostam dos cafajestes”. Na trama, quem encarna essa representação é Nate, personagem interpretado por Raymond Ablack. Ele é sem dúvidas muito legal, romântico e prestativo. Mas isso não impede que seja também chantagista e mal intencionado em determinados momentos.


Nos personagens de "Maid", observamos a convivência de traços de personalidade que à primeira vista podem parecer contraditórios: como um homem abusador pode às vezes ter boas intenções e amar de verdade a própria filha? Como um cara legal como Nate pode ser aproveitador? Nosso vício em arquétipos pode nos fazer querer colocar um rótulo em cada personagem, mas a série nos desafia constantemente a respeito desses estereótipos preconcebidos.

A própria protagonista nos desafia. Ela usa a roupa da patroa às escondidas e abre o vinho da casa em que está trabalhando. Isso é errado, parte da nossa consciência pode dizer. Mas o que é certo? Trabalhar tanto em troca de pouquíssimos trocados e ainda ser humilhada?

Há também o fato de que a trajetória de cura de Alex não é linear, o que transmite uma mensagem muito importante. Assim como Sean tem recaídas no que diz respeito ao tratamento da sua dependência alcoólica, a personagem principal também tem suas recaídas. Esses pequenos retrocessos fazem parte do processo, até mesmo do progresso, e de forma alguma diminuem o mérito da protagonista.


Muitas vezes, nos pegamos sentindo raiva de personagens como Yolanda, a rígida chefe de Alex. A minissérie apresenta uma realista dinâmica entre ela e suas funcionárias: Yolanda explora, ao passo que também sempre foi (e continua sendo) significativamente explorada. 

Em determinada cena, ela diz: “Mesmo quando um cliente fala, olhando bem na sua cara, ele está falando sozinho. Faz dez anos que eu limpo essas casas e ainda sou chamada de Selena, Gordita. Não importa. Sou só um burrito que elas chamam quando o banheiro começa a feder”. 

No final das contas, todas fazem parte da mesma camada social, definitivamente da mesma classe trabalhadora, com a diferença de que a chefe da Value Maids consegue exercer algum tipo de pequeno poder intimidador sobre as empregadas.


"Maid" traz também uma importante reflexão acerca do quanto a sociedade impõe às mulheres a tarefa de cuidarem de homens - irmãos, pais, maridos, namorados. Sean constantemente evoca o fato de ter uma doença, o alcoolismo, que sem dúvidas merece muita atenção. 

No entanto, Alex também está doente. Por conta dos abusos de seu companheiro, ela desenvolve diversos quadros de transtornos psicológicos, que também a deixam debilitada, muitas vezes sem conseguir sair da cama. Seu ex, porém, não parece considerar a doença dela.

A partir da minissérie, podemos compreender melhor porque dizem que “mulheres amadurecem antes dos homens”. Elas cuidam da casa, dos filhos, quando necessário das mães e até mesmo de seus companheiros. As jornadas são duplas, triplas, quase infinitas. Isso por si só pode ser bastante adoecedor. Homens como Sean, no entanto, parecem ter mais direito de errar e, ainda, de não crescer.


Algumas observações sobre a produção apontaram que a realidade apresentada é privilegiada em relação ao que vemos no Brasil. Essa é sem dúvidas pertinente, já que a nossa pobreza, ou melhor dizendo, a nossa miséria, é inegavelmente mais cruel, nosso índice de feminicídios é maior, nossas taxas de violência doméstica, em especial contra mulheres negras, é assustadora. 

Além do mais, a cultura brasileira de exploração do trabalho doméstico é bastante particular e especialmente cruel. Afinal de contas, o “quartinho de empregada” não faz parte da arquitetura dos apartamentos em países mais igualitários. Devemos ter em mente que, de fato, a série apresenta um recorte específico de pobreza, muito típica do contexto estadunidense - mas claro, isso não é um demérito da produção.

Nem todas podem ser salvas. Essa é uma triste, porém verdadeira lição que podemos tirar da minissérie. Assim como Alex, nós desesperadamente queremos tirar a personagem Danielle da situação de opressão em que ela se encontra. Também sentimos a necessidade de salvar Paula desse ciclo de abusos que se perpetua ao longo de décadas.


“Elas voltam com mais frequência do que ficam. A maioria das mulheres precisa de sete tentativas para finalmente partir”, diz Denise, que administra o abrigo para vítimas de violência doméstica. De qualquer maneira, a possível salvação aqui não passa pelo príncipe encantado das histórias clássicas. Não precisamos de um homem, e sim de políticas públicas, solidariedade, autoconhecimento e diferentes tipos de amor (o romântico é apenas um deles).

É importante mencionar que, ao longo dos episódios, somos testemunhas de muitos sopros importantes de resistência. Em um dos últimos capítulos, Sean elogia a aparência de Alex e ela logo replica: “Não é para você”. Sua fala pode soar desnecessariamente direta, mas é bastante importante se considerarmos a história dos dois e, ainda, o fato de que homens parecem sempre acreditar que a beleza feminina é para a apreciação deles.

Também é muito forte quando, na “loja de mentira” do abrigo de violência doméstica, Alexse lembra exatamente de qual é sua cor preferida. Anteriormente, a funcionária da loja tinha dito que o abuso sistemático nos faz esquecer de quem somos, de quais são nossos verdadeiros gostos, do que é genuinamente nosso.


A narrativa evidencia a importância de um Estado presente, que dê assistência a essas mulheres desamparadas. A ampliação de creches gratuitas, por exemplo, é uma medida que pode melhorar significativamente a vida de mães que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Alex precisa enfrentar uma interminável burocracia para conseguir algum tipo de apoio, que mesmo assim é precário. É inaceitável também que um país rico e vasto como os Estados Unidos apresente um número expressivo de pessoas que não tem onde morar.

Quando observamos Alex mudar de casa tantas vezes (assim como sua mãe), é possível que nos lembremos de "Nomadland", o mais recente vencedor do Oscar. “Casa é só uma palavra ou algo que carrega com você?”, questiona uma personagem do filme de Chloe Zhao, parafraseando a canção "Home It’s a Question Mark". 


A casa de Alex em determinado momento é o abrigo para vítimas de violência doméstica, não apenas porque ela está de fato morando lá, mas principalmente porque a protagonista passa a sentir confiança em suas colegas e se sente segura ali. Para Paula, casa é onde ela pode ver o pôr do sol de algodão doce e as estrelas. Num momento de cansaço, Maddie questiona a mãe: “Quando vamos para casa?”.

Na maior parte das vezes, porém, a garota parece se sentir em casa com muita facilidade, especialmente por receber tanto carinho de Alex. Casa, para elas, é um processo. É uma road trip, uma temporada de dez episódios e, em cada parada, prendemos a respiração junto com a protagonista e sua filha, na ânsia de saber se elas serão acolhidas ali. 

No final das contas, casa, para Alex e Maddie, diz respeito a essa forte relação de mãe e filha, mesmo diante de uma sociedade que ainda é bastante hostil com as mulheres, em especial com as que não têm muitos recursos financeiros.


Ficha técnica:
Criação: Molly Smith Metzler
Produção e exibição: Netflix
Duração: 1a Temporada - 10 episódios (média de 60 minutos cada)
País: EUA
Gênero: drama
Classificação: 16 anos