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23 outubro 2017

"Tempestade: Planeta em Fúria" é um "puxadinho" de filmes-catástrofe

Produção com cenas absurdas de desastres climáticos e Gerard Butler como mocinho conquista liderança em estreia nas bilheterias brasileiras (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Muitas foram as formas encontradas pelos produtores e diretores para destruir a Terra e o espectador ainda verá outras centenas no cinema, pois a criatividade ainda é grande. Mas este não é o caso de "Tempestade: Planeta em Fúria" ("Geostorm"), primeiro longa dirigido, roteirizado e produzido por Dean Devlin, responsável pela produção de “Independence Day: O Ressurgimento” (2016). Devlin usa e abusa nos efeitos visuais nas cenas de desastres climáticos, o que era esperado para o gênero. 

Mas quando se trata de enredo, este é bem fraco. Nada de novo, pelo contrário, pega um pouquinho de outros antigos sucessos, como "2012" (2009) e "O Dia Depois de Amanhã" (2004) e amplia na destruição sem passar nenhuma mensagem clara. Se o objetivo era só mostrar o estrago que a natureza pode fazer, o diretor foi até além: mostra o Rio de Janeiro assolado por uma onda gelada, o Afeganistão vira uma calota polar, derruba um avião no centro de uma cidade, inicia inúmeros furacões na Ásia. Tudo em enormes proporções.


E esse exagero climático, apresentado no trailer de divulgação, funcionou bem com o público e já no primeiro final de semana de estreia levou o filme à liderança nos cinemas brasileiros. "Tempestade: Planeta em Fúria" foi assistido por quase 290 mil pessoas, com arrecadação de mais de R$ 5,3 milhões em bilheteria. Atingiu seu propósito, mas não quer dizer que seja uma ótima produção. Poderia ter um enredo melhor elaborado. 

Há ainda tem um ponto duvidoso: a escolha de Gerard Butler como protagonista: há momentos em que ele parece incorporar o personagem Milo Boyd, de "Caçador de Recompensas" (2010), e em outros, o agente da CIA Mike Banning, de "Invasão à Casa Branca" (2013) e "Invasão a Londres" (2016). Não combina muito, mas atrai público.

Andy Garcia (o vesguinho mais charmoso de Hollywood) é o presidente dos Estados Unidos, assessorado por Ed Harris, que sempre deixa a dúvida se está na pele de mocinho ou vilão. O elenco conta ainda com Jim Sturgess, Abbie Cornish, Alexandra Maria Lara, Eugenio Derbez e Daniel Wu.


Na história, um acordo entre líderes mundiais cria uma rede complexa de satélites que controla o clima no planeta, após uma série de desastres naturais. Porém, o sistema começa a apresentar falhas, atacando diversas cidades pelo mundo (incluindo o Rio de Janeiro), o que faz os pesquisadores iniciarem uma corrida contra o tempo, antes que o defeito provoque uma devastação total, que eles chamam de Geostorm. 


Para resolver o problema é convocado o criador do programa, o cientista Jake Lawson (Gerard Butler), um cara sarcástico, separado da mulher, que tenta viver bem com a filha adolescente, mas não se dá bem com o irmão Max (Jim Sturgess), funcionário do alto escalão do governo. No espaço, Jake vai ter como aliada a astronauta alemã Ute Fassbinder (Alexandra Lara) que comanda a Estação Internacional, que controla toda a rede.

Na Terra, Max vai precisar provar que os ataques são propositais e só poderá contar com o apoio do amigo e cientista Cheng Long (Daniel Wu) e da namorada e agente do serviço secreto Sarah Wilson (Abbie Cornish) para convencer o presidente Andrew Palma (Andy Garcia) e o secretário de Estado Leonard Dekkom (Ed Harris) sobre o perigo.

Entre explosões, carros voando, aviões e pássaros congelados caindo do céu, calotas polares derretendo, tsunamis gigantescos inundando e destruindo cidades inteiras, "Tempestade: Planeta em Fúria" é para quem gosta muito do gênero filme-catástrofe. Não espere uma boa história, apenas muitas cenas de desastres ambientais, do início ao fim, em proporções tão exageradas que algumas chegam a ser engraçadas.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Dean Devlin
Produção: Skydance
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Duração: 1h49
Gêneros: Ação / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #TempestadePlanetaemFuria, #Geostorm, @GerardButler, @JimSturgess, @EdHarris, @AndyGarcia, @AbbieCornish, #ficção, #ação, @Skydance, @WarnerBrosPictures, @EspaçoZ, @cinemas.cineart, @CinemanoEscurinho

01 outubro 2017

"Mãe!", o polêmico suspense apocalíptico de Darren Aronofsky

Produção, que tem recebido vaias e elogios da crítica especializada, tem na excelente interpretação de Jennifer Lawrence um de seus destaques (Foto: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Não tem meio termo. "Mãe!" ("Mother!"), de Darren Aronofsky (que dirigiu também "Cisne Negro" e "Noé") é o suspense mais intrigante, alucinante,  desagradável e bem produzido até o momento do diretor. Mas como um filme pode reunir tantas características e ao mesmo tempo ser atraente. Depende da forma como ele é encarado. "Mãe!" foi produzido, conforme seu diretor, como uma alusão à criação do homem até o Apocalipse. Mas também pode ser encarado como discussão da relação de um casal em crise, com a esposa se anulando em função do marido escritor que se alimenta da adoração dela e de seus fãs.

O certo é que o filme não é fácil de digerir, leva um bom tempo para entender o por que do enredo e, principalmente, o rumo tomado após o período de calmaria. O roteiro, para quem não leu ou viu algum trailer, leva a várias opiniões sobre a proposta do diretor. Se a intenção dele era gerar polêmica, conseguiu. "Mãe!" recebeu aplausos e vaias desde a sua estreia. O filme provoca um carrossel de emoções no público que vão da revolta à passividade da esposa e o descaso do marido, à invasão da casa e do espaço do casal por estranhos até o final, que pode ser chamado de terceiro ato e é o mais cruel e assustador.

Muitas pessoas vão querer deixar o cinema quando esta parte começa e é compreensível. Chega a causar asco e ódio. Na minha opinião, o diretor não precisava avançar tanto em determinadas imagens, como a do bebê. "Mãe!" é provocativo, seja na visão religiosa ou na forma de tratar os problemas do casal. E a casa onde moram é o início, o meio e o fim de tudo, o local idolatrado pela mulher, quase uma parte dela e que deveria ser imaculado, mas que acaba invadida e degradada por estranhos.


Jennifer Lawrence está excelente no papel da mulher (Mãe), centro de toda a história e deixa Javier Bardem em segundo plano. Na versão bíblica, ela é a natureza, criada por Deus, papel de Bardem, o marido. Enquanto estão sozinhos tudo é o paraíso, que de uma hora para outra recebe a visita de um estranho (Ed Harris). Na Bíblia ele seria Adão, que da sua costela cria Eva (Michelle Pfeiffer) e, na sequência seus dois filhos Caim e Abel (os irmãos Brian e Domhnall Gleeson). E está formado o caos, que vai tomando conta do filme a cada ato, culminando no Apocalipse.

Se a história de "Mãe!" for analisada pelo lado de uma relação doentia, Jennifer é a mulher submissa, que faz tudo para agradar o marido mais velho que ela, inclusive reconstruindo a casa do casal destruída por um incêndio. O marido vive uma crise de abstinência de criatividade e nada importa para ele, apenas conseguir criar um novo poema e que as pessoas voltem a adorar sua obra. Quando estranhos chegam a sua casa, ele deixa que tomem o espaço, ignorando o desespero da mulher que não aceita mudanças na sua paranoica rotina. Até que uma tragédia desencadeia uma série de fatos bizarros e cruéis.

"Mãe!" ainda pode levar alguns espectadores a acreditarem que se trata de um filme de terror, graças aos mistérios da casa onde tudo acontece, com sangue brotando no chão e no porão, e aos fatos que tomam conta da metade do filme para a frente. Como se alguma força do mal atuasse sobre as pessoas que ocupam os cômodos. 

Também pode ser encarado como um drama e no segundo ato, a expectativa é que a calmaria da gestação da personagem de Jennifer leve a uma conclusão menos angustiante do que foi até ali. Grande engano. Aronofsky continua provocando o público, criando um clima cada vez mais tenso, a ponto de fazer com que este sinta raiva do filme ao expor cenas repugnantes e de pura agressividade. Como a que vemos em noticiários diários ou descritas na Bíblia.


"Mãe!" é um filme do tipo "ame-o ou deixe-o" porque confunde, agride, bate na cara e faz pensar sobre o caminho que o ser humano está tomando, com a perda de moral, respeito, dignidade e humanidade. Como muitos de meus amigos, ainda estou digerindo o filme e a cada conversa com outras pessoas que já assistiram, vejo uma nova abordagem. E concordo com a maioria: trata-se de um dos melhores suspenses deste ano e um dos melhores filmes dirigidos por Darren Aronofsky, apesar de tudo.

E o sucesso dessa produção, filmada em 16 mm, se deve ao grande elenco, especialmente Jennifer Lawrence e aos movimentos precisos de câmera colocadas junto aos atores acompanhando cada mudança de cenário, muitas vezes em cenas sem cortes. Difícil explicar, só assistindo até o final. E depois deixe seu comentário.



Ficha técnica:
Direção: Darren Aronofsky
Produção: Protozoa / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures Brasil
Duração: 2h02
Gênero: Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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