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17 abril 2024

"Guerra Civil" é uma homenagem ao fotojornalismo com fortes referências ao perigo do extremismo

Wagner Moura interpreta um jornalista que percorre os EUA com outros jornalistas mostrando o conflito que divide o país
(Fotos: A24/Divulgação)


Maristela Bretas


Uma superprodução que merece entrar numa disputa ao Oscar 2025 por roteiro, direção, interpretação e, em especial, fotografia, mesmo mostrando, sem filtro, as atrocidades de uma batalha fictícia. Este é "Guerra Civil", longa que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas e já é sucesso de bilheteria nas salas dos EUA.

O filme faz referências bem claras ao ataque ocorrido no país, em 2021, com a invasão ao Capitólio. Ao mesmo tempo em que mostra como a desinformação e o extremismo de direita podem levar um país ao caos quando disputam ou tentam retornar ao poder. Lembra a situação semelhante ocorrida no Brasil em janeiro de 2023.


No elenco temos como protagonistas o brasileiro Wagner Moura (Joel), Kirsten Dunst (Lee) e Cailee Spaeny (Jessie), jornalistas que percorrem os Estados Unidos durante o intenso conflito que envolve toda a nação. O país se vê dividido entre o governo oficial, com sede em Washington, e grupos separatistas de importantes estados, como Califórnia, Texas e Flórida.

A violência toma conta das ruas, a população é massacrada e a imprensa perseguida. O presidente fascista, interpretado por Nick Offerman, se tranca na Casa Branca, protegido por soldados, e ilude seus seguidores com informações de que ele tem o controle da situação e a vitória é certa, "em nome da pátria, de Deus e dos americanos de bem".


Este é o cenário que o trio, acompanhado pelo experiente correspondente de guerra, Sammy (Stephen McKinley Henderson), vai enfrentar ao atravessar as zonas de conflito de uma ponta a outra dos EUA. 

Ao mesmo tempo, vai se deparar também com comunidades totalmente alienadas ao que está ocorrendo. O elenco bem afinado conta ainda com boas interpretações de Jesse Plemons (marido na vida real de Dunst), Nelson Lee (Tony), Sonoya Mizuno (Anya), entre outros.


O diretor e roteirista Alex Garland mostra Américas completamente opostas, mas violentas e cruéis em ambos os lados do conflito. A violência marca o longa do início ao fim, como esperado de uma produção do gênero, com muitas mortes e torturas. 

Mas ele soube explorar com excelência essas imagens por meio do fotojornalismo. "Guerra Civil" dá um show neste quesito, especialmente nas fotos em preto e branco, que expõem de maneira mais real a dor, a crueldade, o espanto, a morte, a perda e o desalento.

Cabe às fotojornalistas Lee e Jessie capturarem a essência do conflito e suas intérpretes, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny, entregam um ótimo trabalho. Wagner Moura não fica para trás, no papel do jornalista que tenta manter o foco da cobertura dos fatos, mas se abalando quando ele e seu grupo de tornam alvo e sofrem as consequências do conflito. Os efeitos visuais também são muito bons, em especial os dos ataques dos envolvidos da disputa.


O roteiro de "Guerra Civil" é uma homenagem ao jornalismo e aos jornalistas que fazem coberturas de conflitos, correndo os mesmos riscos dos combatentes. O próprio Alex Garland defendeu em entrevista ao jornal "The Guardian" que "jornalistas não são um luxo, são uma necessidade. É importante que a imprensa seja livre, respeitada e confiável".

O filme, apesar de ser uma ficção de guerra, se aproxima muito da vida real. E qualquer país, onde o extremismo e a desinformação predominem, está sujeito a passar por esta situação. "Guerra Civil" é um longa que vale a pena conferir, de preferência em uma sala Imax, para aproveitar melhor a experiência cinematográfica da produção.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Alex Garland
Produção: A24
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: guerra, drama, ficção

04 abril 2024

"Uma Família Feliz" - Não se deixe enganar pelas aparências

Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini protagonizam este thriller nacional muito bem produzido
 (Fotos: Globo Filmes)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini são as estrelas do ótimo longa "Uma Família Feliz", que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas brasileiros, sob a direção de José Eduardo Belmonte. Ele conta com o escritor e roteirista Raphael Montes (da série "Bom Dia, Verônica") como diretor-assistente. O filme, com produção da Barry Company, tem coprodução com a Globo Filmes e Telecine e distribuição da Pandora Filmes.

Na trama, conhecemos Eva (Massafera), uma artista que cria bebês realistas como forma de arte, enquanto Vicente (Gianecchini) é um corretor bem-sucedido no mercado de ações. O casal tem duas filhas fofas, Ângela e Sara, e Eva está à espera de Lucas. A artista se depara com a angústia da depressão pós-parto em meio a uma vida burguesa supostamente perfeita.


Desde o início, a fotografia e o design de produção destacam como essa família aparenta viver bem e feliz, com um ambiente limpo, jantares fartos, coisas grandes e um carro espaçoso - um modelo de vida perfeita que toda família deseja ter. 

No entanto, as coisas começam a desmoronar quando ferimentos são encontrados no pequeno Lucas e em uma das filhas, levando Eva a questionar sua conduta como mãe e suas relações com os filhos. 

O bebê começa a preferir o pai e rejeita até o leite de Eva. A matriarca, apresentada com uma potência corporal marcante na história, decide tomar medidas para descobrir quem está prejudicando sua família, transitando entre a loucura e a vida perfeita mostrada para a sociedade. 


Grazi Massafera entrega uma de suas melhores atuações após o sucesso na série de TV "Verdades Secretas", com sua personagem Larissa. Reynaldo Gianecchini como Vicente é o típico "paizão", porém passivo-agressivo com sua esposa. A combinação dos dois funciona muito bem e eleva ainda mais a qualidade da obra. 

O filme possui todos os elementos de suspense e mistério de um thriller americano, com o final no começo, um mistério a ser resolvido e as entrelinhas das relações entre os personagens transmitindo muito com poucas palavras. 


Além disso, a questão de uma família burguesa e idealizada com pompa, mas disfuncional devido aos seus mistérios e entrelinhas é outro charme da história. 

No fim das contas, trata-se de questionar que nem tudo é o que parece e que as aparências realmente enganam. Belmonte conduz esses elementos com maestria em uma sinfonia de pompa e caos ao mesmo tempo.

"Uma Família Feliz" sem dúvida entra para a lista dos bons thrillers nacionais e, arrisco dizer, em listas de melhores do ano para aqueles que apreciam o cinema brasileiro. Um filme que questiona os ricos e seus modelos familiares, que vale o ingresso, a pipoca e a discussão pós-filme.


Ficha técnica:
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro e história original: Raphael Montes
Produção: Barry Company, coprodução da Globo Filmes e Telecine
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: suspense, drama

14 março 2024

“Imaginário: Brinquedo Diabólico” comprova que o cinema não precisava de outro brinquedo assassino

Na trama, um ursinho de pelúcia atormenta a família de sua antiga dona que o abandonou na infância quando se mudou da casa (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Larissa Figueiredo

Estreando nesta quinta-feira nos cinemas, o terror "Imaginário: Brinquedo Diabólico" ("Imaginary") traz a aposta de um novo brinquedo assassino repleto de lugares comuns do gênero do terror misturado a um humor que permeia o “trash”. A nova produção da Blumhouse, em parceria com a Lionsgate, é dirigida por Jeff Wadlow. 

A trama narra o dilema de Jessica (DeWanda Wise, que também é produtora executiva do filme), uma ilustradora recém-casada que decide retornar à sua antiga casa da infância com o marido Max (Tom Payne) e as duas filhas dele. 

Quando chegam ao local, a mais jovem, Alice (Pyper Braun), fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar de a interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficarem sinistras. 


O brinquedo desafia a menina em um jogo de caça tesouros macabro que é a chave para um mundo de imaginação, literalmente. Segredos sobre a infância de Jessica começam a vir à tona quando ela percebe que o amigo imaginário de sua enteada é o mesmo que a acompanhou em sua infância e que se tornou muito infeliz por ter sido abandonado.

A produção, apesar de fazer parte do leque de apostas da Blumhouse, passou longe do sucesso de “M3gan” (2022), "Telefone Preto" (2022), "O Homem Invisível" (2019), o clássico “Corra!” (2017) e o recente “Five Nights At Freddy’s” (2023). Os efeitos visuais, além de não impactarem e não cumprirem sua função enquanto parte do gênero terror, perdem o “timing” em cena. Eles permanecem em tela para além da finalidade do susto propriamente dito, fazendo com que o espectador se acostume com o que deveria ser extraordinário. 


O filme deixa a desejar também nas cenas de ação. Não há luta pela sobrevivência nem grandes doses de violência. Tudo se resolve na força do roteiro e no superpoder da amizade entre as protagonistas, que evadem de situações complexas sem muitas explicações. Aliás, o roteiro deixa a desejar no quesito originalidade, não há nada de inovador em "Imaginário: Brinquedo Diabólico". 

Fora o clímax do longa, todo o resto caminha em um ritmo lento, repleto de informações dispensáveis que não são explicadas no desenrolar da obra, como o paradeiro da mãe das enteadas de Jesus. O que aconteceu com ela antes que as meninas se mudassem? Será que havia relação com o brinquedo? O filme não esclarece, apenas deixa indícios de que ela teria enlouquecido. 

Dois plot twists interessantes definitivamente salvaram o longa da monotonia total e trazem certa emoção e curiosidade à obra.


Ficha técnica
Direção: Jeff Wadlow
Produção: Blumhouse, Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart e Cinemark e no Cinépolis Estação BH
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

10 março 2024

Cinema no Escurinho completa 10 anos com boas dicas



Maristela Bretas


Completamos neste dia 10 de março dez anos de muitas críticas a filmes e séries em cartaz nos cinemas e streamings. Alguns excelentes, outros bons e até mesmo aqueles não tão bons assim. Mas o que importa é a satisfação do público que nos acompanha. 

Hoje podemos comemorar mais de 2,1 milhões de visualizações. Para alguns pode parecer pouco, mas para todos os nossos seguidores e seguidoras, o blog foi uma referência de dicas de produções cinematográficas que valeram a pena ser conferidas. Também contamos com ótimos parceiros e parceiras, que reproduzem nosso material, acreditando e apostando em nosso trabalho.

Com uma equipe afinada de jornalistas, nossos textos são produzidos com prazer (até mesmo quando o filme deixa muito a desejar, rsrsrsrs). Vocês são demais @jeanpiter, @silmontheiro, @mirtesscallioni, @wallace_graciano, @Kowalsky2006, @eduardojr2, @figlari, @filipematheus223, @omarcosmidia e Carol Cassese.

Em breve traremos novidades. Esperamos que continuem conosco curtindo, compartilhando e comentando nossas postagens. A VOCÊS, O NOSSO OBRIGADO!


12 novembro 2022

Projeto "Wakanda é Nóis" leva jovens da periferia de BH ao cinema

(Crédito: A Casa das Pretas/Divulgação)



Da Redação

Atualizado em 14/11/2022

 
Uma iniciativa do coletivo A Casa das Pretas, levou nessa segunda-feira (14) cerca de 400 jovens e adolescentes de escolas públicas e projetos sociais de Belo Horizonte ao cinema para assistirem ao filme "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre". E tudo de graça, com direito a pipoca e refrigerante.


O coletivo é coordenado pelas advogadas Cristina Tadielo, Tatiana Pauline, Záira Pereira e Luísa Helena Martins Saraiva, que idealizou o projeto voltado para jovens pretos da periferia da capital.

Para conseguir custear o projeto, batizado de "Wakanda é Nóis", a Casa das Pretas criou uma vaquinha online que arrecadou mais de R$ 10,6 mil. Com o valor e uma parceria com a Cineart, foram fechadas para o grupo duas salas da rede no Boulevard Shopping. E também custear o transporte dos jovens até o cinema.


Inicialmente, a ideia era levar até 100 jovens de 14 a 16 anos ao cinema, mas a grande aderência à campanha fez com que a iniciativa se expandisse. Os adolescentes e jovens são de cinco escolas e públicas e dos projetos sociais Lá da Favelinha e Empodere.


A expectativa, segundo as advogadas, é que cada um desses jovens se identifique com os heróis responsáveis por proteger as tribos africanas do reino governado pelo rei T’Challa e compreendam a importância da representatividade racial.


16 junho 2020

Cineart traz de volta um sucesso do passado: o cinema no drive-in

Cinear Drive-in em Alphaville tem capacidade para 101 carros (Fotos: Karina Alves/Cineart)

Da Redação


A Cineart, parceira do @cinemanoescurinho, lançou em BH uma proposta que traz o cinema de volta às telas. É o Cinear Drive-in, uma oportunidade para o público de assistir a filmes numa super tela, a céu aberto, sem sair do próprio carro, com conforto e segurança, cumprindo o distanciamento social necessário neste período de pandemia do Covid-19.

Inicialmente, o Cinear Drive-in está funcionando em dois locais em Nova Lima. O primeiro espaço foi montado no Condomínio Alphaville e, em breve, também entrará em funcionamento a segunda área, instalada no estacionamento da casa de eventos Mix Garden, ambos em Nova Lima. 

Cada espaço tem capacidade para 101 carros, com distanciamento de 1,5m entre os veículos, não havendo vaga marcada, sendo o estacionamento por ordem de chegada. As telas utilizam a mesma tecnologia de cinema, com projetor digital. O áudio dos filmes será captado por frequência de rádio, com acesso dentro do carro. 

E cinema sem pipoca e refrigerante não tem graça. Para garantir ainda mais segurança, os ingressos e os combos de pipoca e bebida serão comercializados, antecipadamente e exclusivamente, pelo site  www.cineart.com.br e app da Cineart. Não haverá venda local. 

Ludmila  Simão, responsável pelo Marketing do Cineart

“A Cineart viu no cine drive-in, sucesso nos anos 50 e 60 nos Estados Unidos, e que ganhou força no Brasil nos anos 70, uma oportunidade de trazer ao público um entretenimento fora de casa e com a segurança exigida neste momento. Sabemos que a experiência em assistir a um filme exibido por uma telona é diferenciada", diz Ludmila Simão, responsável pelo setor de marketing da Cineart.

A programação pode variar a cada semana. De hoje a domingo (21), duas sessões estão confirmadas, uma às 17h45, com exibição da animação “Pé Pequeno” e outra às 20h30, com o longa “Nasce uma estrela”, com Lady Gaga e Bradley Cooper. Nesta semana as sessões estão confirmadas no Cinear Drive-in do Alphaville.

O Cinear Drive-in também está aberto à comercialização de sessões exclusivas, ingressos corporativos e mídia na tela. Informações pelo e-mail: comercial@cineart.com.br

Serviço: 
Cineart - Cinear Drive-in em Nova Lima
Alphaville: Avenida Princesa Diana, 55, Lagoa dos Ingleses - Alphaville
Mix Garden: Rua Projetada, 65 - Jardim Canadá (em breve)
Capacidade: 101 carros
Dias e horários: quarta a domingo, às 17h45 e às 20h30
Ingressos valor único por carro: quarta-feira R$ 60,00. Quinta a domingo R$ 80,00


Tags: @cineart_oficial, #cineardrivein, @mixfardeneventos, @alphavillecentrocomercial, #cinemanodrivein, #supertela, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

16 março 2020

"O Homem Invisível" abre bem a temporada dos bons suspenses de 2020

Elisabeth Moss entrega uma ótima interpretação da esposa que foge do marido psicopata e possessivo (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


A nova versão de "O Homem Invisível" ("The Invisible Man"), clássico do terror e ficção científica criado por H.G. Wells no final do século XIX e que já teve várias adaptações no cinema, entrega um enredo completamente diferente, assim como o personagem e seus objetivos. Enquanto no original, ele é um cientista que tenta encontrar o antídoto para deixar de ser aquele que ninguém vê, neste o personagem que dá nome ao filme utiliza alta tecnologia para ficar invisível e se vingar daqueles que cruzam seu caminho.


Mas o homem sem rosto é apenas um coadjuvante na produção dirigida por Leigh Whannell. O foco principal é uma mulher, que encontra força e coragem para fugir de uma relação abusiva e provar que não é louca ao tentar provar para todos que seu ex-marido agora é invisível e a persegue. Coube a Elisabeth Moss o papel da dona de casa e arquiteta Cecília Kass que foge de Adrian Griffin (o belo Oliver Jackson-Cohen) um marido psicopata e possessivo, Mesmo após o suicídio dele, a esposa não encontra paz. Ela percebe que Adrian não morreu e tenta provar que ele conseguiu se tornar invisível. O filme tem bons momentos de tensão, especialmente pelas cenas de ataques.


A abordagem psicológica dos dois personagens principais poderia ter sido mais bem explorada. O diretor aponta para vários lados, mas não aprofunda em nenhum - até mesmo na relação conjugal abusiva - o que deixa, em alguns momentos, a trama lenta e confusa sobre seu objetivo. Elisabeth Moss, com sua ótima atuação, é a responsável por salvar a produção. Ela entrega uma Cecília fragilizada, que deixou a profissão de arquiteta para se tornar uma dona de casa controlada pelo marido, um dos maiores empresários no segmento ótico.


Após a fuga de casa, ela vive reclusa e com medo, situação comum vivida por muitas mulheres que resolvem por fim ao sofrimento de um casamento abusivo. Nem mesmo a morte do marido a deixa segura. Até que começam a ocorrer fatos estranhos, inclusive crimes, colocando a sanidade de Cecília em jogo, quando ela tenta provar que a morte de Adrian foi uma farsa e que ele está por trás de tudo. De uma dona de casa comum, ela passa a louca perigosa e paranoica.


Além do casal principal, destaque para a atuação da jovem atriz de 16 anos, Storm Reid (que atuou nas séries de TV "Euphoria" e "Olhos Que Condenam", ambas de 2019). Ela é Sidney, filha do detetive James Lanier (papel de Aldis Hodge), que ajuda a dona de casa fugitiva. O elenco conta ainda com Michael Dorman, que faz Tom Griffin, irmão de Adrian, e Harriet Dyer, como Emily, irmã de Cecília.

"O Homem Invisível" não escapa dos clichês, como por exemplo, a cena do balde de tinta jogado pela mocinha sobre o vilão para que possa vê-lo. Mas conta com uma ótima trilha sonora, composta por Benjamin Wallfisch (o mesmo de "It - A Coisa" (2017) e "It - Capítulo Dois" - 2019), completando bem o roteiro de Leigh Whannell, também um dos produtores. A finalização é surpreendente e faz jus à trama, que está mais para suspense que terror. Vale conferir.


Ficha técnica:
Direção: Leigh Whannell
Produção: Blumhouse Productions / Goalpost Pictures / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gêneros: Terror / Suspense / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags: #OHomemInvisível, @ElisabethMoss, @LeighWhannel, #suspense, #terror, @UniversalPicsBR, @cineart_oficial, @blumhouseFL, @CinemaEscurinho, @CinemaNoEscurinho

26 agosto 2019

O melhor amigo de toda criança está de volta mais violento e sanguinário em "Brinquedo Assassino"

Filme é remake da história do assustador boneco Chucky
(Fotos: Capelight Pictures)

Maristela Bretas 


Ele voltou! Mais violento, espalhando sangue até nas criancinhas, sem dó nem piedade. Tudo para ter um melhor amigo só dele. Chucky, o boneco mais sombrio do cinema retorna no remake "Brinquedo Assassino" ("Child's Play"), em cartaz nos cinemas,
agora dirigido pelo norueguês Lars Klevberg, em seu segundo longa (o primeiro foi "Morte Instantânea", ainda sem data de estreia no Brasil). Apesar de trazer cenas "esmagadoras" literalmente, o novo boneco tem uma cara estilizada e muito menos assustadora que a de seus antecessores. Impossível esquecer a face do mal do boneco original de 1988 - fofinho quando é entregue a Jack e tenebroso quando parte para o ataque.

Chucky, de 1988 (Reprodução: United Artists)

Chucky recebeu continuações anos depois - "Brinquedo Assassino 2 e 3" (1990 e 1991, respectivamente) - e até ganhou uma parceira em "A Noiva de Chucky" (1998), e até outras versões de quinta categoria. Com direções diferentes, as histórias dos três primeiros filmes são continuações, enquanto a nova versão que está em cartaz nos cinemas começa do zero, com uma história diferente. A origem do boneco é outra, o nome do menino é outro, os motivos de ele ter aceitado o brinquedo são outros. Enfim, o mesmo vilão com nova roupagem. Mais ou menos - o macacão jeans e a camiseta listrada ainda são os mesmos.


O Chucky 2019 é tecnológico, adaptado ao novo mundo onde tudo está interligado, inclusive os brinquedos dos filhos, que podem ser controlados por meio de um smartphone. Assim como utensílios da casa como a vassoura elétrica, a televisão, as luzes ou o aparelho de som, todos produzidos pela Kaslan Corporation, uma empresa que trabalha com tecnologia inteligente. O que ninguém imaginava era que Chucky iria assumir o controle de tudo, dentro e fora de casa, e também querer mandar na vida de Andy (interpretado por Gabriel Bateman), a ponto de afastar aqueles que pudessem representar uma "ameaça" a sua amizade com o garoto.


Um a um, o assassino que poucos podiam acreditar se tratar de um boneco, vai deixando um rastro de sangue e terror. Com 90 minutos de duração, "Brinquedo Assassino" vai mostrando como o grau de crueldade de Chucky piora a cada ataque, fruto da violência que aprendeu vendo filmes e programas de TV. Ninguém acredita em Andy quando ele conta que as mortes que estão acontecendo no bairro foram causadas pelo boneco.


O garoto Gabriel Bateman (de "Annabelle") está muito bem em seu papel, Mas o destaque está na voz do boneco, emprestada por ninguém menos que Mark Hamill (o Luke Skywalker da saga "Star Wars"). Tirando a cara pouco convincente, é a voz de Hamill quem dá o tom de terror que Chucky precisa para assustar a plateia. Brian Tyree Henry ("Se a Rua Beale Falasse") também entrega boa interpretação como o detetive Mike Norris que investiga as mortes na vizinhança, assim como Aubrey Plaza, que faz a mãe de Andy.


Na história, Andy e sua mãe se mudam para uma nova cidade em busca de um recomeço. Preocupada com o desinteresse do filho em fazer novos amigos, Karen (Aubrey Plaza) decide dar a ele de presente de aniversário o boneco tecnológico Buddi que, além de ser o companheiro ideal para crianças e propor diversas atividades lúdicas, ele executa funções da casa por comando de voz. Os problemas começam a surgir quando o boneco, batizado por Andy como Chucky, se torna extremamente possessivo em relação a Andy e está disposto a fazer qualquer coisa para afastar o garoto das pessoas que o amam.


"Brinquedo Assassino" também tem cenas de suspense (algumas bem esperadas), mas o que sustenta o filme são os ataques insanos a facadas do boneco (sua especialidade), dando uma variada ou outra entre um enforcamento, um cortador de grama e outras modalidades de assassinatos. Portanto, se pretende assistir ao longa, vá preparado para ter estômago forte em algumas cenas, o que deverá atrair um público mais jovem, possivelmente que nem assistiu aos primeiros filmes.


E para quem não viu, recomendo uma sessão em casa do primeiro e do segundo filmes "Brinquedo Assassino". Não espere deste a mesma história do original, mas vai sabendo que a produção é de Seth Grahame-Smith e David Katzenberg, dupla responsável pelo remake do terror "It: A Coisa", o que já tem boa chance de agradar. No final do filme, o diretor ainda deixa a entender que poderá haver uma continuação. Quem vai ditar as regras será a bilheteria, claro. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Confira a nova versão de Chuck e deixe seu comentário no blog.

Ficha técnica:
Direção: Lars Klevberg
Produção: Orion Pictures / Metro-Goldwin-Mayer (MGM)
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h30
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #brinquedoassassinofilme, #Chuck, #terror, @OrionPictures, @MGM, @ImagemFilmes, @cineart_oficial, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

30 maio 2019

"Rocketman", a ópera rock épica de um ícone chamado Elton John

Longa é uma biografia musical do canto e compositor, desde a infância de pianista prodígio ao estrelato (Fotos: David Appleby/Paramount Pictures)

Maristela Bretas

Um Elton John exposto. Este é o foco de "Rocketman", filme em cartaz nos cinemas, mostrando um dos períodos mais produtivos da carreira musical deste ícone internacional. Sem medo de se expor, ele fala dos medos, carências e vícios, todos em grande escala. Cocaína, bebida, sexo e consumismo marcaram a vida do cantor e compositor britânico nos anos 1970 e são mostrados no filme dirigido por Dexter Fletcher como uma ópera rock com características que lembram "Tommy", feita pela banda The Who em 1969, que contou com participação de Elton John, mas não é citada no filme.


Em "Rocketman", o cantor é interpretado brilhantemente pelo também britânico Taron Egerton (de "Kingsman: Serviço Secreto" - 2015). Foi na continuação - "Kingsman 2: O Círculo Dourado" (2017) que o ator teve a oportunidade de contracenar com o cantor. Taron incorporou o personagem e também canta muito bem, dispensando dublagem. Ele é a alma do filme e ainda contou com um figurino impecável


Criado pelo figurinista Julian Day a partir dos modelos usados pelo astro ao longo de sua trajetória. "Eu amei o figurino de “Yellow Brick Road”. E obviamente me inspirei em “O Mágico de Oz”. Por isso, o terno azul com sapatos de pedras vermelhas feitos com cristais Swarovski. A camisa é feita de tecido prateado, assim como o Homem de Lata, e tem um chapéu de palha assim como o espantalho. O casaco de pele falsa representa o leão", revela Day em entrevista no vídeo abaixo.



Elton John é um dos produtores executivos do filme, juntamente com seu marido, David Furnish. A trilha sonora marcante foi entregue a Matthew Margeson que fez um ótimo trabalho. Emocionante relembrar hits como "Rocket Man", "Daniel", "Crocodile Rock", "Your Song", "Goodbye Yellow Brick Road", "Don't Go Breaking My Heart", "Pinball Wizard" e "Don't Let The Sun Go Down On Me". Cada uma dessas canções representa um momento importante na transformação do grande astro.


Mas apesar de todo o brilho e sucesso, o cantor carregou grandes fantasmas por um longo período de sua vida, especialmente quando fez mais sucesso, nos anos de 1970. A falta de amor do pai homofóbico, o descaso da mãe e a ligação com o empresário e ex-amante John Reid teriam sido os maiores problemas enfrentados por Elton, que o levaram às drogas, alcoolismo, sexo desenfreado e consumismo exagerado. A produção mostra tudo isso, desde a infância do tímido garoto do interior e pianista prodígio Reginald Dwight à transformação no superstar internacional.


Foi também neste período que Elton John e conheceu seu parceiro de composições e nasceu dai a amizade de uma vida inteira - Bernie Taupin, que recebeu a devida lembrança com uma ótima interpretação de Jamie Bell. O elenco conta ainda com Richard Madden, como John Reid, Bryce Dallas Howard ("Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" - 2015 e "Jurassic World: Reino Ameaçado" - 2018), como Sheila Farebrother, mãe de Elton; Steven Mackintosh, no papel do pai, e Gemma Jones. como a avó materna Ivy,  única pessoa que o apoiou na família.

Depressão, carência de amor e decepções são apresentadas em meio a uma explosão de cores, rock´n roll e lindas baladas. Não espere uma biografia convencional. Elton John nunca foi assim e mostra isso com "Rocketman", um filme que vale disputar Oscar pelo conjunto da obra.


Ficha técnica:
Direção: Dexter Fletcher
Produção: Marv Films / Rocket Pictures / New Republic Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h01
Gêneros: Biografia / Drama
País: Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #RocketmanOFilme, #EltonJohn, #TaronEgerton, #Rocketman, @ParamountBrasil, #musical, @cineart_oficial, #biografia, #cinemaescurinho, #EspacoZ, #drama, @cinemanoescurinho

26 maio 2019

Sessão Cinepsiquiatria debate "Rocketman", dia 30, no Cineart Minas Shopping

Longa-metragem é uma cinebiografia do cantor e compositor Elton John, abordando desde a infância ao estrelato (Fotos: David Appleby/Paramount Pictures)

Maristela Bretas


Elton John, uma das maiores estrelas da música internacional, ganha as telas de cinema para mostrar um pouco de sua vida a partir de quinta-feira (30) com a estreia de "Rocketman". Na mesma data, às 21 horas, a produção cinematográfica será o tema de debate de mais uma sessão do projeto Cinepsiquiatria, promovido pelo Minas Shopping em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), Associação Mineira de Psiquiatria (AMP) e Rede Cineart.

Cineart Minas Shopping (Foto Cineart/Divulgação)
O objetivo do projeto é abrir espaço para a sociedade discutir questões cotidianas e relacionadas à saúde mental, a partir da exibição de filmes e palestras sobre o tema a ser tratado. A sessão é destinada exclusivamente a convidados, entre profissionais, imprensa e autoridades. Depois da exibição do filme, psiquiatras debaterão com o público as percepções sobre a trama escolhida.


Dirigido por Dexter Fletcher, "Rocketman" é uma fantasia musical que conta um pouco da história e da carreira de Elton John. Distribuído pela Paramount Pictures, o filme mostra a infância complicada, o descaso do pai homofóbico, a transformação do tímido garoto e pianista prodígio Reginald Dwight no excêntrico superstar internacional Elton John, a relação do cantor com o compositor e parceiro profissional de longa data Bernie Taupin, a ligação com o empresário e ex-amante John Reid, o homossexualismo e a dependência química.

Uma fantástica transformação do tímido garoto e pianista prodígio Reginald Dwight no superstar internacional Elton John, uma das figuras mais icônicas da cultura pop, mas que tinha como um de seus maiores problemas a falta de amor do pai. 


"O Cinepsiquiatria é um sucesso nas cidades que recebem o projeto. A ideia é orientar a sociedade. É preciso desmistificar os estigmas, além das doenças mentais e seus tratamentos. A ABP entende que a arte é uma importante ferramenta na construção do homem e da sociedade. Esse é um trabalho de responsabilidade social que aproxima o psiquiatra e a psiquiatria da população por meio de uma linguagem clara e sem intermediários. Além disso, é uma forma de aproximar a população a essas questões, promovendo o debate e a aceitação das diferenças entre as pessoas”, declara o psiquiatra e orientador do projeto Antônio Geraldo da Silva.



"De forma pioneira em Belo Horizonte, estamos realizando esse projeto de grande relevância para toda a sociedade. Alinhado à atuação de responsabilidade social, o Minas Shopping se une a esse grande projeto contra a psicofobia. Acreditamos que o projeto é muito bem recebido pela população", declara o gerente geral do Minas Shopping, Fábio Freitas.

Em "Rocketman",  Elton John é interpretado pelo ator britânico Taron Egerton. O elenco conta ainda com Jamie Bell (Bernie Taupin), Richard Madden (John Reid) e Bryce Dallas Howard, como Sheila Farebrother,  mãe de Elton.


Tags: #Rocketmanofilme, #EltonJohn, #TaronEgerton, #Rocketman, #musicapopinternacional, @ParamountBrasil, #musical, @cineart_oficial, #biografia, #cinemaescurinho, #MinasShopping, #drama, @cinemanoescurinho

25 maio 2019

Cineart homenageia bombeiros em sessão do filme "Vingadores: Ultimato"

Sessão especial contou com a presença de 60 bombeiros que participaram do resgate das vítimas da tragédia de Brumadinho (Fotos: Guerrilha Filmes/Divulgação)

Aproveitando a grande atenção que os maiores heróis das telonas vêm recebendo com o sucesso de "Vingadores: Ultimato", a rede de cinemas Cineart promoveu uma justa homenagem aos “heróis da vida real”: os profissionais do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. A ação aconteceu em um dos shoppings mais movimentados de Belo Horizonte, onde 60 bombeiros e seus acompanhantes foram convidados pela Rede Cineart para uma sessão gratuita do filme.


Sem saber do que havia sido preparado, eles foram surpreendidos antes da atração principal começar, quando um outro vídeo surgiu na tela do cinema. Um filme protagonizado pelos próprios bombeiros, com fotos que registraram o seu esforço sobre-humano no resgate das vítimas do rompimento da barragem de mineração em Brumadinho, no início deste ano.


A surpresa emocionou a todos, inclusive o público que foi ao cinema desconhecendo que aqueles heróicos profissionais também estavam ali naquela sala. A revelação aconteceu ao final da mensagem e, como não poderia deixar de ser, originou uma forte salva de palmas em reconhecimento aos Bombeiros. Agradecendo em nome da corporação, o 1º Tenente Pedro Aihara, Chefe da Adjuntoria de Imprensa do CBMMG, disse que todos se sentiram muito acolhidos e respeitados por essa experiência. “Acho que foi uma homenagem muito gentil, muito doce. Todo mundo gostou demais mesmo”.


Ludmilla Simão, responsável pelo marketing da Rede Cineart, reforçou a importância desse reconhecimento: “O que aconteceu em Brumadinho não pode ser esquecido. E a dedicação dos bombeiros que estiveram lá também não. A gente sabe que não é fácil enfrentar o que eles enfrentam, por isso fizemos essa homenagem. E nada melhor do que fazer isso no cinema, com um filme que também valoriza esse heroísmo.” 

Criação e edição: Uhuru Comunicação
Argumento: Dan Zechinelli
Fotografias: Rodney Costa e Nitro Imagens (Alexandre C. Mota, Bruno Henriques Corrêa e Leo Drumond)
Produção de áudio: Oitava Criações e Produções Fonográficas
Registro de imagens: Guerrilha Filmes

Confira aqui o vídeo que ainda está sendo exibido antes de algumas sessões do filme: 


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22 novembro 2018

"Infiltrado na Klan" escancara a hipocrisia do racismo norte-americano

John David Washington é o policial negro  que inicia uma investigação com o colega Adam Driver contra uma das maiores seitas racista dos EUA (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Três grandes nomes do cinema atual - Spike Lee, Jordan Peele e Jason Blum - se uniram para produzir e entregar um dos melhores policiais do ano - "Infiltrado na Klan" ("Blackklansman"), um filme que bate sem dó na questão do racismo, cada vez mais forte nos Estados Unidos. Baseado no livro escrito por Ron Stallworth, o policial que desmascarou um dos maiores grupos racistas norte-americanos, a Ku Klus Klan, o longa revela que de Norte a Sul do país, a perseguição racial vem se tornando mais séria a cada dia.

Assim como em "Rodney King" (produção para a Netflix de 2017), Spike Lee tem procurado mostrar em seus filmes esta questão racial, que fez despertar também os movimentos de oposição promovidos por aqueles que sofrem ao longo dos anos. Apesar de ser um assunto sério, o diretor consegue mesclar no filme bons momentos cômicos para mostrar que o preconceito além de hediondo é burro e comandado por pessoas cujo ego fala mais alto que a razão.

"Infiltrado na Klan" começa sua história em 1978, quando Ron Stallworth (John David Washington) resolve se tornar o primeiro policial negro de uma pequena cidade no Colorado, no Centro-Oeste dos EUA, onde a Ku Klus Klan exerce uma grande influência. Com direito a cabelo black power e um estilo cheio de ginga, ele ainda acredita que o racismo na corporação não existe, mas aos poucos vai descobrindo outra realidade. E decide lutar contra isso, expondo os maiores responsáveis - os seguidores da seita - e precisará contar com ajuda do colega policial e judeu Flip Zimmerman (Adam Driver) para desmarcar o grupo.

Por meio de ligações telefônicas e cartas, Ron consegue se infiltrar na KKK, mas é Flip quem aparece nas reuniões. Toda a investigação dura meses, até Ron ocupar uma das lideranças da seita e receber como missão sabotar movimentos negros que começavam a se impor contra o preconceito e promover linchamentos e outros crimes de ódio dos racistas.

O personagem de John David Washington (que está excelente) vai ganhando força ao longo do filme, articulando toda a trama e envolvendo facilmente os integrantes da Klan com sua conversa bem articulada e culta para conseguir chegar ao líder supremo do movimento. Afinal, para os racistas, "negro não sabe falar, só usa gíria", o que torna mais fácil para Ron enganar seus inimigos.

Já Adam Driver faz a parte dos judeus, também alvo dos racistas, e seu personagem Flip vai descobrindo aos poucos a importância de suas origens a partir do momento que começa a se envolver com a seita e perceber que por ser judeu é tão discriminado quanto pessoas de outras raças e etnias.

Todo o elenco está excelente e conta ainda com Topher Grace, como David Duke, líder supremo da KKK; Ryan Eggold, um dos seguidores; Laura Harrier, a militante negra Patrice Dumas; Jasper Pääkkonen, Ashilie Atkinson como o casal racista também integrante da seita.

"Infiltrado na Klan" também apresenta grandes figuras negras norte-americanas como Angela Davis (apenas citada), que foi fonte de inspiração para várias jovens, incluindo Patrice Dumas, na forma de pensar, de se vestir e no corte de cabelo. Corey Hawkins e Harry Belafonte interpretam os líderes negros Kwane Ture e Jerome Turner, respectivamente, que atraíram milhares de seguidores pelo país.

O filme revela ainda como é grande a hipocrisia do sistema na questão racial que, mesmo a seita tendo sido desmascarada, ela não perdeu força e ganhou novos seguidores ao longo dos anos, garantindo espaço inclusive em importantes cargos no governo. A forma como Spike Lee foi contando a trajetória do racismo norte-americano, usando até mesmo cenas de "E o vento levou" para ilustrar a Guerra de Secessão (Guerra Civil nos EUA entre os estados do Sul e do Norte, entre os anos de 1861 e 1865) até chegar às imagens dos conflitos raciais ocorridos neste ano, é um diferencial. 

Um soco no estômago e também uma aula de história sob o ponto de vista daqueles que têm sofrido ao longo dos anos com o preconceito, em especial os negros, mas que souberam impor sua força e sua voz. Roteiro, direção, figurinos, reconstituição de época e trilha sonora estão impecáveis, mas acima de tudo "Infiltrado na Klan" é um filme excelente, realista, atual, que questiona e critica duramente o atual governo norte-americano. Um dos melhores filmes de Spike Lee. Recomendadíssimo.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Spike Lee
Produção: Blumhouse Productions / Focus Feature
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h16
Gêneros: Policial / Biografia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 5 (0 a 5)

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