05 março 2017

"Um Limite Entre Nós" é dramático e impiedoso na forma de amar

Denzel Washington e Viola Davis estão perfeitos na interpretação do casal principal (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Viola Davis e Denzel Washington estão impecáveis em seus papéis na adaptação "Um Limite Entre Nós" ("Fences"). Ambos mereciam o Oscar de Melhores Atores. Mas somente ela faturou, mesmo assim como Coadjuvante. A história, interpretada com sucesso pelo casal e o mesmo elenco no teatro, manteve a mesma carga dramática no cinema. Mas trouxe um problema que já aconteceu com outras adaptações teatrais: a narrativa arrastada e diálogos longos, como o do início com Denzel. Ele fala como uma metralhadora, sem interrupção, chega a deixar a produção chata e sonolenta.

Mas à medida que o enredo vai se desenrolando, Troy Maxson (personagem de Denzel Washington) vai se revelando e as falas, anteriormente muito longas ganham ritmo e agilidade, mantendo a carga de frustração e desrespeito pelo casamento e pelas pessoas que estão ao seu redor. E o que ele recebe de volta é raiva e mágoa, como a do filho mais novo, que ele não consegue dominar mais. Denzel também diretor do filme exagerou um pouco no início e na duração da história para o cinema, que poderia ter sido contada em menos tempo.

O cenário de "Um Limite Entre Nós" também não sofre muitas variações, com quase tudo acontecendo dentro e, principalmente no jardim da casa de Troy e Rose (Viola Davis). Isso aproxima o público das relações vividas naquele espaço: amizade entre amigos, um casamento onde uma das partes se anula, frustrações, machismo, egoísmo, desprezo, o convívio de pai e filhos, sentimento de inferioridade por causa da cor da pele e vai por aí afora.

Na década de 1950, em Pittsburgh (EUA), Troy Maxson é um homem de 53 anos que na infância sonhava em se tornar um grande jogador de beisebol, mas que ele acredita nunca ter conseguido por ser negro. Frustrado, vive na periferia com a esposa, Rose e o filho mais novo, Cory (Jovan Adepo) e trabalha recolhendo lixo das ruas. Batalha para conseguir ocupar o posto de motorista do caminhão de lixo, mas se acha preterido ao cargo que só era passado a brancos.

Sua frustração e egoísmo o levam a impedir que Cory se torne um jogador de futebol americano e entre para uma universidade, o que acaba provocando uma disputa entre os dois, só separada quando a mãe intervém. Também não há carinho na relação dele com Lyons (Russell Hornsby), o filho mais velho do primeiro casamento, que só procura o pai por dinheiro. Sem contar o irmão Gabe (Mykelti Williamson, que está excelente no papel), um ex-combatente da Segunda Guerra que sofre de problemas mentais e constantemente se mete em problemas com a polícia.

Para equilibrar todo esse clima tenso está Rose, a esposa que se anula quase que por completo ao aceitar o jeito ignorante, prepotente e arrogante do marido. A atitude dela pode despertar a ira de algumas mulheres que forem ao cinema e que talvez não entendam como ela pode conviver com o que Troy lhe impõe e ao filho. Viola Davis dá um show de interpretação como a esposa submissa, mas de uma força incrível. E que ainda consegue amar o marido, apesar de tudo o que ele faz. Um Oscar mais que merecido.


Denzel não concorreu ao Oscar de Melhor Ator à toa. E era um dos merecia ter ganhado. Ele está brilhante como diretor e no papel principal, fazendo Troy ser odiado por cada atitude desprezível que toma. O personagem tem sua maneira de amar e de querer ser amado, insiste que negros não têm vez e que o filho não terá chance de crescer num time de brancos, cria sua própria ética de vida e não admite ser questionado. Mas é leal ao velho amigo Jim Bono (Stephen Anderson), o único a quem escuta às vezes.

O título do filme em português - "Um Limite Entre Nós" - não esclarece (como acontece muitas vezes) a ligação com a história. O original em inglês é "Fences" (cercas). Troy passa seus finais de semana construindo uma cerca para sua casa. Mas seu comportamento, sem que admita, vai levantando também cercas que o afastam das pessoas, mas as mantém dentro de seu controle. Um ótimo filme sobre relações, com um enredo simples que poderia ser mais curto. Mas o trabalho do elenco e a direção compensam. Mas vale conferir.


Ficha técnica:
Direção e produção: Denzel Washington
Produção: Bron Studios / Scott Rudin Productions / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h19
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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03 março 2017

"Monster Trucks" é aventura para uma sessão da tarde com a família

Um filme em que o destaque é a amizade, não importando de onde venha (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Pegue um jovem rebelde bonitinho do interior dos EUA, junte uma colega de escola apaixonada por ele e não correspondida, um ser pré-histórico vindo das profundezas de um lago e um empresário inescrupuloso. Está montada a história de "Monster Trucks", um filme de aventura que vale como uma distração numa sessão da tarde, sem muitas pretensões.


Tripp (Lucas Till) é o nosso jovem que vive com a mãe e o padrasto delegado da cidade e passa o tempo tentando arranjar um jeito de sair da cidade e de sua vidinha provinciana. No tempo livre junta peças de carros abandonados no ferro velho onde trabalha para montar uma caminhonete gigante, no estilo monster truck. O que ele não esperava era que seu carro fosse ganhar um hóspede bem estranho e simpático que fugiu das profundezas de um lago após uma exploração de petróleo mal sucedida.



Creech (como foi batizado os monstro) e Tripp vão ser tornar grandes amigos e ainda terão a ajuda de Meredith (Jane Levy), a colega apaixonada e defensora da natureza, o chefe de Tripp, Sr. Weathers (Danny Glover) e de Sam Tucker Albrizzi, o amigo nerd. Eles precisam salvar a família de Cheech do empresário Reece Tenneson (Rob Lowe, que tem feito cada papel mais medíocre que o outro) e do capanga dele, Burke (Holt Mc Callany).



Filme de orçamento baixo (US$ 125 milhões), mas que oferece boas perseguições com as caminhonetes iradas e os truques de efeitos visuais bem empregados quando Cheech entra em ação. Mais do que o mocinho, ele é a estrela do filme, com seu jeito brincalhão e uma gargalhada sinistra, sempre tirando sarro com a cara de Tripp. E o monstro ainda tem uma fraqueza: se alimenta de óleo puro (petróleo), mas é capaz de ficar doidão se tomar diesel e cometer mil loucuras que vão colocar seu amigo em várias enrascadas.


"Monster Trucks" vale a pena levar as crianças, que vão se divertir com as aprontações dos heróis e final feliz, com mensagem de que o que importa é a amizade. Os adultos, estes só vão mesmo para acompanhá-las.



Ficha técnica:
Direção: Chris Wedge
Produção: Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h45
Gêneros: Aventura / Fantasia / Família
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 2,5 (0 a 5)

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