06 janeiro 2018

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma nova aventura no estilo dos bons videogames

Jack Black, Nick Jonas, Karen Gillan, Dwayne Johnson e Kevin Hart são transportados para o misterioso game e assumem novas e divertidas identidades (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Dwayne Johnson (que agora não gosta de ser chamado de "The Rock") acertou mesmo a mão nos filmes de comédia com grandes lances de ação e aventura. A nova aposta do grandalhão mais bem pago de Hollywood é o remake "Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma versão no estilo videogame, que tem muito pouco a ver com o ótimo filme original de 1995 com Robin Williams e Kristen Dunst, mas que vale como diversão. Não vá com a expectativa de uma continuação, ele está mais para um upgrade de game e o roteiro explorou bem isso.

No primeiro filme, a ação se passa no presente e está toda ligada a um jogo de tabuleiro que faz as coisas acontecer a cada jogada. Neste, o tabuleiro dá lugar ao videogame, mesmo que de um modelo ultrapassado, e tudo é jogado no passado, mas usando e abusando dos recursos da moderna tecnologia. Os personagens são clichês de High School - nerd, garota tímida, patricinha e jogador de futebol americano. Eles vão dar lugar aos famosos heróis e estrelas do cinema, numa transformação bem divertida. Quase uma comédia pastelão.

Os quatro jovens não só são transportados para o jogo, como fazem a ação acontecer, cada um no corpo de um avatar escolhido a partir de características que eles gostariam de ter, além de seus poderes. Esta escolha, inclusive é um dos pontos divertidos da história. A partir daí está formada a confusão. O longa tem muita ação, vários efeitos visuais e segue as regras de todo game, com vidas, missões, armas, vilões e muito perigo.

Além de Johnson, outro que garante bons e divertidos momentos como sempre é Jack Black, interpretando Dr. Shelly Oberon, um professor baixinho, barrigudo, de meia idade, especialista em cartografia. Kevin Hart, apesar de continuar estridente e cansativo, dá conta do recado como Moose Finbar, o zoólogo auxiliar do Dr.Smolder Bravestone, papel de Dwayne Johnson.


Ruby Roundhouse, que luta demais e é chamada de "a matadora de homens", é interpretada por Karen Gillan, uma cópia mais modesta de Lara Croft. Como num videogame, Nigel, papel de Rhys Darby, é o guia que recebe o grupo e dá as orientações sobre a missão que terão que cumprir. E para completar o time de aventureiros, Nick Jonas, do trio musical Jonas Brothers (2005-2013). Ele interpreta Alex/Jefferson "Seaplane" McDonough, o piloto, também sugado para o jogo.

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva" erra na caracterização do vilão Van Pelt. Não pelo ator, Bobby Cannavale mas pela forma fraca como o personagem foi criado. Ele não convence, principalmente pelos tipos que hoje dominam os jogos. Mas não compromete muito o roteiro. Se não fosse parte da missão, seria descartável.

Na história, durante um castigo imposto pelo diretor da escola, quatro estudantes resolvem jogar o game "Jumanji - Bem Vindo à Selva" e acabam sugados para dentro dele. Fridge (papel de Ser´Darius Blain) é o jogador de futebol americano que mais parece um armário aberto e que se transforma no tagarela e baixinho Kevin Hart. Seu melhor amigo, o tímido e franzino Spencer (Alex Wolff) vai ceder o corpo ao musculoso Dwayne Johnson. 


Martha (Morgan Turner) a jovem nerd sem graça ganha agilidade e bela forma física no avatar de Karen Gillan. Mas a melhor e mais divertida transformação é a de Bethany, a bela adolescente patricinha interpretada por Madison Iseman, que surge como Jack Black, sem perder a pose e os trejeitos.

Os quatro personagens terão de cumprir a missão de devolver uma pedra poderosa que comanda toda a floresta a seu local de origem e só assim conquistarem o direito de sair do jogo. Mas vão encontrar pelo caminho animais perigosos como cobras, hipopótamos, rinocerontes e jaguares e precisarão se unir e utilizarem os poderes de seus avatares o que acontece sempre de uma maneira bem engraçada. Recomendo "Jumanji - Bem Vindo à Selva", uma boa e descontraída opção, principalmente nas férias.



Ficha técnica:
Direção: Jake Kasdan
Produção: Sony Pictures / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Fantasia / Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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04 janeiro 2018

"Roda Gigante" - Mais um típico (e imperdível) Woody Allen

Kate Winslet rouba a cena em grande parte do longa, que conta com uma boa atuação do restante do elenco (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Por mais incrível que possa parecer, "Roda Gigante" ("Wonder Wheel"), de Woody Allen, é um filme cheio de cores, resultado da dobradinha do diretor com o fotógrafo Vittorio Storaro. E - acreditem - são tonalidades fortes e vibrantes em constante contraste com os dramas e conflitos vividos pelos personagens da história, a maioria mergulhada em suas vidas opacas e cinzentas. Outro detalhe: a ironia e o humor fino, que caracterizam a obra de Allen, são praticamente ausentes nas falas, intenções e gestos dos que fazem parte da história.

Importante dizer que o filme se passa à beira-mar, na decadente Coney Island e nos anos de 1950, época de mudanças de comportamento em todo o mundo. Humpty (Jim Belushi) é operador de carrossel num parque de diversões e é atrás desse carrossel, num ambiente barulhento, pequeno e apertado, que ele vive com Ginny (Kate Winslet) e o menino Ritchie (Jack Gore), o filho do primeiro casamento dela. Logo nas primeiras cenas, fica evidente o tipo de relação enfastiada e morna que o casal vive. Ele, alcoólatra tentando parar de beber; ela, frustrada, irritada e com uma eterna enxaqueca. Para completar a fauna, entra em cena Carolina (Juno Temple), jovem filha de Humpty que retorna à casa do pai fugindo do ex-marido mafioso que ela entregou à polícia.

Muitos estão atribuindo a Kate Winslet todo o mérito do filme. Faz sentido, mas não totalmente, porque todo o elenco está muito bem, embora ela roube a cena em grande parte do longa. Vivendo uma mulher angustiada e quase histérica em alguns pontos, ela criou uma Ginny instável, que muda o ritmo e o tom de voz de acordo com o momento. Ex-atriz fracassada, trabalha como garçonete, vive com Humpty por pura comodidade e ainda tem que administrar os constantes problemas causados pelo filho, um incendiário compulsivo. (Parênteses para dizer que a criança e sua mania são, de certa forma, o único traço cômico da história). É tão intensa e perfeita a atuação de Winslet, que acaba deixando na sombra Carolina, a outra personagem feminina do longa, em atuação corretíssima.

Ginny e a trama do filme mudam completamente quando ela conhece Mickey, por quem se apaixona irremediavelmente. (Outro parênteses para dizer que ele, interpretado por Justin Timberlake, é um salva-vidas canastrão que deseja ser escritor, dramaturgo e poeta, e costuma intelectualizar sentimentos e acasos. Reside aí outro traço frequente de Woody Allen: a ironia). Quando está com ele, Ginny se transforma em fogo e esperança. Em casa, com o marido, o filho e a enteada, sobe o tom de voz, entristece, briga, torna-se intolerante e ciumenta quando descobre que o amante arrasta asas também para Carolina. Está armado o melodrama.

Junte-se a esses ingredientes um belo e perfeito figurino de época, uma trilha sonora repleta de canções típicas da década - que ajudam a enredar e capturar o espectador - e, claro, reviravoltas, surpresas, acasos, escolhas, instabilidade. Apesar das pequenas diferenças, e ainda que não seja um "Match point", estamos diante de mais um típico e imperdível Woody Allen.
Classificação: 12 anos // Duração: 1h41



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