09 fevereiro 2018

Nostálgico e encantador: "Lady Bird – A Hora de Voar" tem tudo pra surpreender no Oscar

Diretora Greta Gerwig aposta na simplicidade e faz o expectador adulto se lembrar dos tempos de escola (Fotos:Universal Pictures/Divulgação)

Jean Piter Miranda


Um filme que faz a gente ter saudades da adolescência. Esse é "“Lady Bird – A Hora de Voar". O filme conta a história da jovem Christine McPherson (Saiorse Ronan), uma estudante do último ano do ensino médio que mora em Sacramento, na Califórnia. Aos 17 anos, ela vive seus conflitos com a família, a escola, os amigos, namorados, e os planos para a vida adulta que batem à porta.

Christine é uma jovem rebelde, que se deu o nome de "Lady Bird". É como gosta de ser chamada. Ela não se dá bem com a mãe, Marion, (Laurie Metcalf) e não é por falta de amor. Elas se amam, só não se entendem. Algo comum em muitas famílias. E, como em muitos lares, a menina é a preferida do pai, Larry (Tracy Letts), com quem as coisas são bem diferentes. Com o irmão Miguel (Jordan Rodrigues), a mocinha também não bate muito.


O principal ponto de discordância na família é o futuro de Christine. A história se passa em 2002, uma época de crise nos Estados Unidos. A mãe faz dupla jornada num hospital para tentar compensar o fato de o marido estar desempregado. Isso tudo dificulta em muito o sonho da mocinha ir para a faculdade. Sem contar que ela não é das melhores alunas, o que também deixa longe a possibilidade de conseguir uma bolsa de estudos.

Pra deixar tudo ainda mais complicado, "Lady Bird" não gosta da cidade onde vive. Ela quer se mudar para uma metrópole. Tem também os conflitos com as novas amizades, o baile de formatura, os amores... Tudo muito americano, mas ao mesmo tempo muito cativante. Um filme muito bem feito, bem construído, despretensioso e ao mesmo tempo genial. A jovem diretora Greta Gerwig tinha tudo para apostar em alguns clichês para não correr riscos, mas optou pela simplicidade e pela originalidade. E o resultado foi ótimo!


Ver "Lady Bird" faz o expectador adulto se lembrar dos tempos de escola. A imaturidade, as descobertas, o primeiro cigarro, o primeiro porre, a primeira transa, as brigas com os amigos, as decepções, os professores preferidos, a preguiça de estudar, as festinhas e tantas outras coisas. É uma barra pra quem tá crescendo. É um rito de passagem pra vida adulta. E quando já estamos grandes, meio que olhamos pra tudo isso com um ar de nostalgia. É o um filme que a gente vê com um meio sorriso no rosto, do início ao fim.

Oscar e outras premiações

Saiorse Ronan e Laurie Metcalf fazem atuações brilhantes. Ambas foram indicadas para os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente. Saiorse já havia sido indicada em 2016, pelo papel no ótimo filme "Brooklin". Ela parece estar cada dia melhor e faz agora, em "Lady Bird", o melhor trabalho de sua carreira. Concorre com ninguém menos que a gigante Meryl Streep ("The Post – A Guerra Secreta"). Mas, Saiorse tem tudo pra vencer e se levar, o prêmio estará em boas mãos.

"Lady Bird" também concorre nas categorias Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original. São cinco indicações no total, nas principais e mais importantes categorias do Oscar. O longa recebeu 76 prêmios, entre eles o Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical e Melhor Atriz Coadjuvante Comédia ou Musical. Outra curiosidade: o ator franco-americano Timothée Chalamet está presente em outro candidato ao Oscar, o belo "Me Chame Pelo Seu Nome".



Ficha técnica:
Direção: Greta Gerwig
Produção: IAC Films
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Duração: 1h34
Gêneros: Drama / Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5,0 (0 a 5)

Tags: #LadyBirdAHoradeVoar, #LadyBird, @GretaGerwig, @SaoirseRonan, @LaurieMetcalf, #drama, #comedia, @UniversalPicturesBrasil, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho

06 fevereiro 2018

"O Que Te Faz Mais Forte" é uma história de superação no estilo norte-americano


Jake Gyllenhaal e Tatiana Maslany vivem o casal Jeff e Erin que precisa superar um grande trauma que mudou suas vidas (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Jake Gyllenhaal estrela a produção "O Que Te Faz Mais Forte" ("Stronger"), uma história da superação do trabalhador Jeff Bauman, de 27 anos, que estava na Maratona de Boston, em 2013 para tentar recuperar sua ex-namorada Erin (Tatiana Maslany), participante da prova. Esperando por ela na linha de chegada, ele é atingido pela explosão de uma das bombas do atentado que deixou três mortos e mais de 260 feridos durante o evento, e perde as duas pernas. 

Depois de recuperar a consciência no hospital, Jeff pode ajudar o FBI a identificar um dos criminosos, mas sua própria batalha acaba de começar. Trata-se de um relato pessoal de Jeff sobre sua jornada de recuperação, sofrendo a forte influência da família, principalmente da mãe alcoólatra e fumante inveterada (a candidata ao Oscar, Miranda Richardson, muito bem no papel). E a tentativa de acertar seu relacionamento com Erin, que não o abandona depois da tragédia.

Poderia ser um filme de chorar com tanto drama, mas não é o que acontece. Trata-se de um relato frio, mas real, com excesso de exaltação ao nacionalismo norte-americano, transformando Jeff de vítima em herói da cidade, mesmo ele não querendo e não aceitando isso. Jake Gyllenhaal está excelente no papel, mesclando momentos de total apatia sobre o que se passa ao seu redor e fúria incontida por sua condição de deficiente. O lado psicológico está destruído pelos momentos de terror vividos após a explosão e ele tendo que participar de eventos com direito a bandeira e platéia em estádios.


Também Tatiana Maslany entrega uma boa interpretação da namorada sensata que vê o estado de Jeff como algo a ser tratado e não explorado pela mídia, ao contrário dos familiares destemperados que tentam tirar o máximo de proveito da situação, a começar pela mãe, que a vê como uma escolha ruim do filho.

Cheio de emoção crua, humanidade de alguns personagens e patriotismo exacerbado, "O Que Te Faz Mais Forte" é a história inspiradora da vida real do homem que se tornou personagem vivo do movimento "Boston Strong", que reergueu o moral e uniu a população  de uma cidade e do país após o atentado da Maratona. Para quem gosta do gênero, vale conferir.




Ficha técnica:
Direção: David Gordon Green
Produção: Lionsgate / Bond Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h59
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #Oquetefazmaisforte, #stronger, #BostonStrong, @JakeGyllenhaal, @MirandaRichardson, @TatianaMaslany, @ParisFilmesBR, @CinemanoEscurinho