28 fevereiro 2018

"Motorrad" é um terror nacional sangrento, de violência brutal

Thriller nacional foi eleito "Melhor Filme" no Rio Fantastik Festival de 2017 (Fotos: Filmland Internacional/Divulgação)

Maristela Bretas


"Motorrad" é um filme nacional de ação, perseguição e morte, com personagens criados pelo quadrinista Danilo Beyruth, atual colaborador da DC Comics. Apesar de ser uma boa produção, a aposta nos movimentos rápidos e no ronco dos motores das motos, com câmeras acopladas aos atores e veículos, deixa o filme um pouco confuso e cansativo. O terror é constante e a violência brutal e crescente até chegar a um final sem pé nem cabeça que não leva a lugar algum. Tudo isso acontecendo num ambiente de pouca cor, apesar de se passar em boa maior parte do tempo em campo aberto.

O barulho excessivo das motos e as cenas de perseguição eram intenção do diretor para causar maior impacto, contrastando com as belas paisagens da Serra da Canastra, em Minas Gerais, onde o filme foi feito. O lado estético de "Motorrad" foi muito bem trabalhado, mas a extrema violência torna a produção indicada apenas àqueles que gostam muito do gênero. 

Sobre o enredo, começa do nada e vai para lugar algum, não se sabe se é um filme de terror com motoqueiros assassinos e alienígenas, o porquê de as mortes acontecerem, quem são essas pessoas que vão surgindo no desenrolar da história. As dúvidas são muitas, mas as explicações ficam por conta da criatividade do público.

O elenco é formado por oito personagens identificáveis: Emílio Dantas (Ricardo), Guilherme Prates (Hugo, irmão mais novo de Ricardo), Carla Salle (como Paula a motoqueira misteriosa), Juliana Lohmann (Bia), Pablo Sanábio (Tomás), Rodrigo Vidigal (Rafa) e Alex Nader (Maurício), além de Jayme Del Cueto, no papel do homem do ferro velho. Já a quadrilha assassina não tem rosto e passa o tempo todo de capacete. Você vai sair do cinema sem saber quem são os integrantes.

O longa conta a história de um grupo de motocross que se aventura por uma trilha desconhecida na Serra da Canastra. No caminho encontra uma motoqueira misteriosa que os convida a fazer uma trilha mais eletrizante onde ficam as melhores cachoeiras. O grupo só não contava que passaria a ser caçado por motoqueiros sádicos e sobrenaturais.

Curiosidade

"Motorrad" foi o único representante brasileiro no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2017 e eleito "Melhor Filme" no Rio Fantastik Festival do ano passado. Segundo o diretor Vicente Amorim rodar na Serra da Canastra exigiu uma logística incrível de produção por causa da dificuldade de acesso - somente veículos 4x4 conseguiam chegar até os locais de filmagem, e eram quase duas horas de deslocamento. Mas ao final, após meses de gravação e montagem, quase todas as cenas do roteiro foram usadas. Como ele mesmo disse, "Motorrad" é um thriller. "Terror e ação sem concessões".



Ficha técnica:
Direção: Vicente Amorim
Produção: Filmland Internacional / República Pureza Filmes / LG Tubaldini Jr.
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h32
Gêneros: Terror / Suspense
País: Brasil
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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27 fevereiro 2018

Nem a presença de Helen Mirren salva "A Maldição da Casa Winchester"

Filme é baseado em fatos que teriam ocorrido na mansão mais assombrada dos EUA (Fotos: Splendid Film/Divulgação)


Maristela Bretas


Com estreia marcada para esta quinta-feira (1º de março), o filme "A Maldição da Casa Winchester" ("Winchester: The House That Ghosts Built") deixa a desejar apesar de ter em seu elenco principal dois nomes conhecidos: a ganhadora do Oscar, Helen Mirren ("Beleza Oculta" - 2016, "Decisão de Risco" - 2015 e "A 100 Passos de um Sonho" - 2014) e Jason Clarke ("Evereste" e "O Exterminador do Futuro: Gênesis", ambos de 2015).

A proposta era de um filme de terror, mas o susto é pequeno e o suspense nem tanto. Mirren mostra pouco de seu talento para um roteiro fraco, sobre uma casa com dezenas de cômodos que existe até hoje na Califórnia e é considerada a mais mal assombrada de todas. A tal mansão pode até ser ponto turístico para quem gosta de excentricidades, mas a história adaptada pelos irmãos australianos Michael e Peter Spierig ficou muito aquém do esperado.

A estratégia de marketing no Carnaval e na frente das salas de cinema pode atrair um público curioso sobre a famosa casa que pertenceu à família Winchester, uma das maiores fabricantes de armas de fogo dos EUA, e que foi construída para abrigar espíritos. Eles aparecem na maior parte do tempo, mas não no lugar onde é esperado. Mesmo assim, o público pode sair decepcionado após a sessão.

A famosa Casa Winchester tem 160 cômodos e foi construída por Sarah Winchester (interpretada por Helen Mirren), herdeira da fortuna da família. Começou a ser construída no início do século e assim continuou durante décadas de forma incessante, 24 horas por dia, sete dias por semana. Tem sete andares de altura e abriga centenas de quartos e nunca foi terminada. Um terremoto em 1906 destruiu parte dela, mas mesmo assim permaneceu sendo moradia de Sarah e sua família por vários anos. Atormentada pelos espíritos, os cômodos teriam sido feitos pela herdeira para abrigar fantasmas vingativos, vítima das armas produzidas por sua família.

No filme, Sarah é considerada perturbada e sem condições de continuar à frente da empresa. A diretoria contrata o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) para morar na casa e avaliar a sanidade da milionária herdeira. Mas ele mesmo tem seus próprios fantasmas a serem combatidos. Além dos empregados, moram também na casa Marion (Sarah Snook), sobrinha de Sarah e o filho menor dela. E todos são perseguidos pelas almas atormentadas que habitam o local.


A proposta da produção é boa, poderia ter sido mais bem explorada, mas ficou só no início interessante, depois caiu no comum, tão obvio que dá para identificar em pouco tempo qual o fantasma mais perigoso. Nem Helen Mirren é capaz de salvar "A Maldição da Casa Winchester". Jason Clarke também está inexpressivo, assim como o restante do elenco. A maquiagem no entanto foi bem feita e as imagens aéreas dão uma boa noção da extensão da construção centenária. O figurino foi bem escolhido mas nada de excepcional, assim como os efeitos visuais.

Apesar de ser inspirada em fatos reais contados ao longo dos anos, o filme deixa dúvidas se os ataques dos espíritos realmente aconteceram ou se foram fruto da imaginação de Sarah Winchester. Uma pena que a maldição da famosa Casa Winchester tenha sido mal aproveitada pelos diretores e também roteiristas, que também desperdiçaram bons talentos.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael e Peter Spierig
Produção: Liosngate / CBS Films / Splendid Film
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h40
Gêneros: Terror/Biografia
Países: EUA / Austrália
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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