29 julho 2018

"O Orgulho" vale pela abordagem de temas atuais como imigração, racismo e xenofobia

Filme do diretor francês Yvan Attal aborda a relação entre professores e alunos (Fotos: David Koskas/Pandora Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni

Filmes que tratam da relação entre professores e alunos quase nunca passam impunemente pelo espectador. A educação, a transmissão do conhecimento, são temas que costumam suscitar interesse, às vezes até levantar polêmicas. Ou, simplesmente, enternecer. Para ficar nos mais famosos, basta citar "Ao Mestre Com Carinho", quando o diretor James Clavell usa o charme irresistível de Sidney Poitier para falar de racismo, e "Sociedade dos Poetas Mortos", em que Peter Weir trata, entre outros temas, de poder, da humanização das relações nas escolas e, claro, da força das artes e da literatura. 

"O Orgulho" ("Le Brio"), mais um filme francês em cartaz, vai um pouco além, embora nem todos concordem com o caminho escolhido pelo diretor para falar de um assunto em alta no mundo todo hoje, principalmente na França: xenofobia.

No filme de Yvan Attal, diretor francês filho de argelinos, o professor universitário Pierre Mazard, interpretado na medida certa por Daniel Auteuil, é um francês tradicional típico, branco, de direita e racista. Ao abordar, de forma arrogante e preconceituosa, uma aluna que chega alguns minutos atrasada na sala de aula, ele se vê às voltas com uma ameaça de expulsão da universidade. 

Seu atrito com a jovem, que mora num subúrbio de Paris e é descendente de árabes, é filmado e, como tem acontecido muito nestes nossos tempos, cai nas redes sociais. Resultado: para salvar a própria pele, Pierre é levado a ser orientador da tal aluna, Neila Salah, preparando-a para um concurso de retórica entre as faculdades de Direito. 

Parênteses para dizer da atuação da atriz Camélia Jordana: filha de imigrantes árabes na vida real, ela é um dos grandes trunfos do filme. Bonita e um tanto desengonçada, faz com leveza a transformação pela qual a aluna passa na sua relação com o professor, enquanto aprende a argumentar em intermináveis aulas sobre Schopenhauer e Aristóteles, entre outros. Sua atuação lhe garantiu o Prêmio César de Melhor Atriz Revelação de 2017.

O que tem criado certa polêmica entre os que assistiram a "O Orgulho" é o uso de certos clichês para falar da transformação da relação entre professor e aluna, em que ambos aprendem. Há sim, certas obviedades e há quem não goste também do resultado dessa mudança, quase um aplauso ao modo de ser do europeu tradicional, branco e de direita. É como se o filme dissesse ao imigrante que, para que ele seja aceito, é preciso que se iguale aos franceses. Uma boa discussão para esses tempos de hoje. 

Enfim, o longa não chega a ser um "Sociedade dos Poetas Mortos". Mas vale pela atualidade dos temas e pela atuação do elenco. "O Orgulho" está em cartaz no Belas 2, com sessões às 14 horas e 21h20, e no Net Cineart Ponteio, salas 3 (18h40) e 4 (14h30).
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos


Tags: #OOrgulho, #YvanAttal, #CameliaJordana, #DanielAuteuil, #comediadramatica, #PandoraFilmes, #CinemanoEscurinho

26 julho 2018

"Missão Impossível - Efeito Fallout", melhor filme da franquia é de tirar o fôlego

Tom Cruise se supera nas cenas de ação que predominam do início ao fim do filme (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Tom Cruise fecha um ciclo e mostra que tem muito fôlego para outras sequências. Mas os roteiristas vão precisar de uma criatividade gigantesca para superar "Missão Impossível - Efeito Fallout", o melhor de todos os filmes da franquia. Nesta sexta sequência, o ator (também produtor desde o primeiro) fecha um ciclo, reunindo personagens que marcaram a trajetória do agente Ethan Hunt e sua equipe da IMF ao longo desses 22 anos, quando foi lançado o primeiro "Missão Impossível" em junho de 1996.

O filme é arrasador, prende o espectador do início ao fim em suas quase 2h30 de duração que passam sem que a gente perceba. O roteiro é redondo, soube amarrar bem fatos e personagens das produções anteriores. Mas o principal é a ação contínua, extremamente ágil, com uma trilha sonora acelerada que não deixa cair o ritmo do agente Ethan Hunt. 

As perseguições se tornam ainda mais reais e atraentes graças aos cenários escolhidos para as locações. "Efeito Fallout" oferece um versátil roteiro turístico - foi gravado em Londres, Paris, Berlim, Abu Dhabi e Nova Zelândia. O público sai "pilhado" do cinema. Simplesmente imperdível.

Aos 56 anos, Cruise é incansável, continua correndo feito um louco com um fôlego invejável, saltando de aeronaves e de prédios, brigando demais, trocando tiros com o inimigo e, principalmente, fazendo as melhores cenas de perseguições de carro e moto dos últimos tempos. A cena de luta num banheiro, que contou com a participação de Henry Cavill, é espetacular. De deixar muitos "Velozes e Furiosos" no chinelo.


Toda essa energia e o fato de dispensar dublês em muitas cenas de ação custaram ao ator com o sorriso mais lindo e encantador de Hollywood um tornozelo quebrado durante a gravação. O acidente fez o custo da produção subir para US$ 250 milhões, tornando-a a mais caro de toda a franquia e atrasando a produção por oito semanas. Mas pelo excelente filme que a Paramount está entregando ao público, este valor em poucos dias terá sido pago.

Em "Efeito Fallout", o astro da franquia volta à cena acompanhado de sua fiel equipe - Ving Rhames (como Luther Stickell, que o acompanha desde o início), Simon Pegg (Benji Dunn), além de Rebecca Ferguson (agente Ilsa Faust, do MI6), Alec Baldwin (chefe do IMF Alan Hunley) e, claro, o grande amor de Ethan, a médica Julia (Michelle Monaghan), que conheceu o agente em "Missão Impossível 3 (2006) e se casou com ele em "Protocolo Fantasma "(2011).

O novo filme também recebeu novos rostos famosos que vieram para atrapalhar o trabalho da equipe de Hunt. Em especial Henry Cavill (o Superman de "Liga da Justiça"), como o agente da CIA August Walker, Angela Bassett (chefe dele, Erica Sloane) e Vanessa Kirby (a traficante de armas Viúva Branca). Até mesmo antigos inimigos retornam para assombrar Hunt, como Solomon Lane, vivido por Sean Harris, que apareceu pela primeira vez, junto com Rebecca Ferguson em "Missão Impossível - Nação Secreta" (2015).

Até as melhores intenções às vezes voltam para assombrar Ethan Hunt. "Em Missão: Impossível – Efeito Fallout", uma missão que deu errado obriga o agente a reunir sua equipe da IMF para tentar evitar ataques terroristas com bombas nucleares em vários pontos do mundo. Para chegar aos artefatos antes que sejam acionados, ele terá de trabalhar com a CIA e antigos aliados, numa corrida contra o relógio. Um filme para faturar alto nas bilheterias do mundo todo a partir deste final de semana.



Ficha técnica:
Direção: Christopher McQuarrie
Produção: Skydance / Bad Robot / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures Brasil
Duração: 2h30
Gêneros: Ação / Espionagem
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #MissãoImpossívelEfeitoFallout, #Tom Cruise, #HenryCavill, #VingRhames, #SimonPegg, #RebeccaFerguson, #AlecBaldwin, #Sean Harris, #MichelleMonaghan, #ParamountPictures, #IMAX, #espaçoZ #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho