02 setembro 2018

"Meu Ex É Um Espião", uma comédia despretensiosa que satiriza os filmes de espionagem

Mila Kunis e Kate McKinnon viajam pelo mundo nesta divertida trama (Fotos: Hopper Stone/Liosngate Entertainment)

Maristela Bretas


Três mulheres dão o tom de "Meu Ex É Um Espião" ("The Spy Who Dumped Me"), uma comédia que explora o poder feminino que na hora "H" decide tudo. As atrizes Mila Kunis e Kate McKinnon e a diretora e roteirista Susanna Fogel, entregam uma produção divertida, despretensiosa, que ironiza filmes de James Bond, "Missão Impossível" e outros de espionagem.

As atrizes com a diretora Susanna Fogel
O longa usa e abusa de ideias destas produções - como na abertura, semelhante às de "007" - substituindo o personagem pelas duas protagonistas. A atuação mais engraçada fica para McKinnon, apesar de Kunis estar bem no papel. O lado cômico da atriz poderia sido mais bem aproveitado. "Meu Ex É Um Espião" é uma mistura de "A Espiã Que Sabia de Menos" e "As Bem Armadas", com os homens colocados em segundo plano, apesar do título.

Drew (Justin Theroux) é um agente da CIA que terminou o relacionamento com Audrey (Mila Kunis). Mas ele é apenas o motivo para que sua ex-namorada e a amiga Morgan (Kate McKinnon) se tornem as principais peças de um jogo de espionagem. Perseguidas pelos inimigos dele, as duas acabam envolvidas numa trama internacional que vai percorrer a Europa.

"Meu Ex É Um Espião" é um empolgante e atraente roteiro turístico por belas capitais europeias, com locações em Viena, Londres, Paris e Amsterdam, onde acontecem grandes perseguições e muita ação. A trilha sonora complementa bem a história. O filme deixa a desejar em roteiro, bem simples, sem muita criatividade, mas que garante diversão ao expectador.

O elenco conta ainda com a participação de Gillian Anderson, mais conhecida como a agente do FBI, Dana Scully, da série de TV "Arquivo X". A atriz volta a interpretar uma agente secreta, desta vez da CIA e chefe de Drew. Mais uma mulher importante na história. Na ala masculina, além de Justin Theroux, destaque para a atuação de Sam Heughan, no papel do também espião Sebastian.

Não espere uma grande produção de espionagem. "Meu Ex É Um Espião" é um filme de entretenimento, sem grandes pretensões, que reforça o poder das mulheres tendo belas locações como pano de fundo. Vale conferir.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Susanna Fogel
Produção: Lionsgate Films/ Imagine Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h57
Gêneros: Comédia / Espionagem / Ação
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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28 agosto 2018

Javier Bardem e Penélope Cruz brilham em "Escobar - A Traição"

Filme é adaptação do livro escrito por Virginia Vallejo, amante do narcotraficante na década de 1980 (Fotos: Califórnia Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


A história de Pablo Escobar já foi contada e recontada inúmeras vezes, nos mais diversos idiomas, cada versão sob um ponto de vista. "Escobar - A Traição" ("Loving, Pablo") é mais uma delas. Adaptado da obra literária "Amando a Pablo, Odiando a Escobar", a escritora e apresentadora de TV Virginia Vallejo narra seu período como amante do narcotraficante colombiano que comandou o Cartel de Medelín nos anos de 1980.

Claro que Virgínia alivia sua imagem, como alguém que sabia de onde vinha toda a fortuna de Escobar, tirou proveito disso, mas seria uma pessoa inocente em meio a toda a violência do mundo do tráfico de drogas. E Penélope Cruz está excelente (e lindíssima) no papel de Virginia Vallejo, a amante cara e elegante, odiada pela esposa e considerada um perigo pelos parceiros do traficante.

Javier Bardem, claro, entrega uma ótima interpretação, como na maioria de seus trabalhos, assumindo de corpo, alma e aparência o personagem Pablo Escobar. Um homem com olhar frio e ameaçador, temido até mesmo por outros líderes do tráfico, mas que tinha na família seu ponto fraco. O ator assimilou as características do famoso traficante: engordou, ganhou um cabelo emplastado e deixou temporariamente de lado a beleza e o charme que fazem tanto sucesso com o público feminino.

No entanto, o roteiro desta produção espanhola, que tem Bardem como um dos produtores, não expande muito na história de Escobar. Uma falha que compromete um pouco o filme e não aproveita mais o talento das duas grandes estrelas. Apesar das mais de duas horas de duração, ele passou superficialmente por alguns pontos importantes, até mesmo no romance entre Pablo e Virgínia. O personagem de Bardem somente aparece mais quando não contracena como o de Cruz.

A traição citada no título ficou mal explicada e as cenas apenas deixam a entender que Virgínia teria entregado Escobar para os agentes federais dos EUA, mas não contam como isso aconteceu. Vou ter de ler o livro para saber, se é que ele conta. Também alguns fatos mais marcantes da trajetória do narcotraficante, especialmente as mortes encomendadas, foram só pincelados.

"Escobar - A Traição" é um filme feito sob a ótica de Vallejo, que apresentou um homem poderoso preocupado com os mais pobres e idolatrado por eles. Se elegeu como deputado prometendo casas e armas, quando na verdade estava apenas evitando ser extraditado para os EUA onde seria julgado por seus crimes. Os jovens carentes que ele dizia ajudar eram transformados em sicários (assassinos do tráfico).

Virginia Vallejo sabia dos crimes, mas segundo a obra, teria se separado do amante somente quando estes começaram a afetar sua carreira e ela passou a temê-lo. Ou seja, era uma apresentadora de TV famosa, se uniu a um chefão do tráfico poderoso, ganhou joias, roupas caras e muito luxo, era respeitada como "segunda dama" e fingia que nada daquilo era com ela. Quando a corda apertou, mudou de lado. E sempre insistiu que amava Pablo, mas odiava Escobar. 

Se o expectador quiser saber mais sobre a vida do narcotraficante mais temido da Colômbia vale conferir outros filmes como "Feito na América" (2017), com Tom Cruise, "Conexão Escobar" (2016), "Escobar: Paraíso Perdido" (2014), além da famosa série da Netflix, "Narcos" (2016/2017), com o ator brasileiro Wagner Moura no papel de Escobar

"Escobar - A Traição" tem também tem boa fotografia e trilha sonora que agrada, belo figurino, em especial o de Penélope Cruz, e a reconstituição de época foi bem feita. Mas o forte mesmo é a dupla principal, que tem no elenco de apoio o ótimo Peter Sarsgaard, como o agente Shepard, do DEA, e o ator espanhol Óscar Jaenada, que faz o papel de Santoro, braço direito do narcotraficante. Trata-se de um filme que vale a pena ser visto, principalmente pela atuação do casal principal.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fernando León de Aranoa
Produção: Millennium Films / DNP Productions / Pinguin Films
Distribuição: Califórnia Filmes
Duração: 2h03
Gêneros: Drama / Biografia
País: Espanha
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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