14 janeiro 2019

"Roma" conquista Melhor Filme do Critics' Choice Awards e mais três estatuetas



Maristela Bretas


Com solenidade realizada no Barker Hangar do Aeroporto de Santa Monica, na Califórnia, tendo como apresentador Taye Diggs, o 24º Critics' Choice Movie Awards confirmou a preferência dos críticos de Hollywood pelo novo filme do diretor Alfonso Cuarón - "Roma". 

Roma (Netflix)
O longa mexicano faturou a principal premiação - Melhor Filme, além de Melhor Diretor, Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Fotografia. Produzido pela Netflix, foi todo filmado em preto e branco e será o primeiro na plataforma de streaming a disputar o Oscar.

Em televisão, "The Marvelous Mrs. Maisel" (Amazon) e "The Americans" (FX) foram as séries de TV que mais ganharam premiações. A primeira conquistou as estatuetas de Melhor Série de Comédia, Melhor Atriz (Rachel Brosnahan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Alex Borstein). A segunda ficou com os prêmios de Melhor Série de Drama, Melhor Ator em Série de Drama (Matthew Rhys) e Melhor Ator Coadjuvante em Série de Drama (Noah Emmerich).

Confira a lista dos vencedores:

CINEMA


Melhor Filme - "Roma"

Melhor Ator - Christian Bale ("Vice")

Melhor Atriz (empate) - Glenn Close ("A Esposa") e Lady Gaga ("Nasce uma Estrela") >>>>>>>>>>>>>>>>

Melhor Ator Coadjuvante - Mahershala Ali ("Green Book - o Guia")

Melhor Atriz Coadjuvante - Regina King ("Se a Rua Beale Falasse")


Melhor Ator/Atriz Jovem - Elsie Fisher ("Oitava Série")

Melhor Elenco - "A Favorita"

<<<<<<<< Melhor Direção - Alfonso Cuarón ("Roma")

Melhor Roteiro Original - Paul Schrader ("No Coração da Escuridão")

Melhor Roteiro Adaptado - Barry Jenkins ("Se a Rua Beale Falasse")

Melhor Fotografia - Alfonso Cuarón ("Roma")


Melhor Design de Produção - Hannah Beachler, Jay Hart ("Pantera Negra")

Melhores Efeitos Visuais - "Pantera Negra" >>>>>>>>>>>>

Melhor Design de Figurino - "Pantera Negra"

Melhor Cabelo e Maquiagem - "Vice"

Melhor Edição - "Primeiro Homem"

Melhor Animação - "Homem-Aranha no Aranhaverso"

Melhor Filme de Ação - "Missão: Impossível - Efeito Fallout"


<<<<<<< Melhor Filme de Comédia - "Podres de Ricos"

Melhor Ator em Filme de Comédia - Christian Bale ("Vice")

Melhor Atriz em Filme de Comédia - Olivia Colman ("A Favorita")

Melhor Filme de Ficção Científica/Terror - "Um Lugar Silencioso"

Melhor Filme em Língua Estrangeira - "Roma" (México)

Melhor Música - "Shallow" ("Nasce uma Estrela")

Melhor Trilha Sonora - Justin Hurwitz ("O Primeiro Homem")


TELEVISÃO


Melhor Série de Drama - "The Americans" (FX) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Melhor Ator em Série de Drama - Matthew Rhys ("The Americans" - FX)

Melhor Atriz em Série de Drama - Sandra Oh ("Killing Eve" - BBC America)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de Drama - Noah Emmerich ("The Americans" - FX)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Drama - Thandie Newton ("Westworld" - HBO)


<<<<<<<<<< Melhor Série de Comédia - "The Marvelous Mrs. Maisel" (Amazon)

Melhor Ator em Série de Comédia - Bill Hader ("Barry" - HBO)

Melhor Atriz em Série de Comédia - Rachel Brosnahan ("The Marvelous Mrs. Maisel" - Amazon)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de Comédia - Henry Winkler ("Barry" - HBO)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia - Alex Borstein ("The Marvelous Mrs. Maisel" - Amazon)

Melhor Minissérie - "O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story" (FX)

Melhor Filme para a TV - "Jesus Christ Superstar Live in Concert" (NBC)

Melhor Ator em Filme para a TV ou Minissérie - Darren Criss ("O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story" - FX)


Melhor Atriz em Filme para a TV ou Minissérie (empate) - Amy Adams ("Objetos Cortantes - HBO) e Patricia Arquette ("Escape at Dannemora" - Showtime) >>>>>>>>>>>>>

Melhor Ator Coadjuvante em Filme para a TV ou Minissérie - Ben Whishaw ("A Very English Scandal" - Amazon)

Melhor Atriz Coadjuvante em Filme para a TV ou Minissérie - Patricia Clarkson ("Objetos Cortantes - HBO)

Melhor Série Animada - "BoJack Horseman" (Netflix)

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10 janeiro 2019

"Assunto de Família" mostra por que mereceu a Palma de Ouro em Cannes

Pequena obra-prima do cinema japonês é dirigida de maneira sutil e perfeita por Hirokasu Kore-eda (Fotos: Wild Bunch Distribution)

Mirtes Helena Scalioni


O que determina a formação de um grupo que possa ser chamado de família? Seriam os laços de sangue os imperativos formadores desse grupo? Que personagens, afinal, cabem e estão moralmente aptos a formar uma família? O debate, além de oportuno nesse Brasil de hoje, é o mote principal de "Assunto de Família" ("Manbiki Kazoku"), produção japonesa dirigida e roteirizada por Hirokasu Kore-eda que, segundo consta, tem esse tema como uma constante em sua obra. 

E foi com "Assunto de Família" que o diretor conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2018. O drama também foi indicado ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Globo de Ouro 2019 e é o representante do Japão no Oscar deste ano na mesma categoria.

Estranhamente, o filme começa com Osamu Shibata (Lily Franky) ensinando a um menino que parece ser seu filho a praticar pequenos furtos num mercado. Para o espectador, fica claro, logo no início, que o adolescente Shota (Jyo Kairi) tem grande admiração pelo pai/mestre quando os dois saem comemorando o sucesso do roubo, na verdade praticado devido a uma perfeita e bem orquestrada cumplicidade da dupla.

De volta para casa, enquanto caminham por bairros pobres de alguma cidade do Japão, eles se deparam com uma cena que, ao que parece, já conhecem: uma menina de uns três/quatro anos está abandonada, com frio e machucada na porta de casa. Sem muitos questionamentos, como se tudo fosse muito natural, eles levam a menina Yuri (Miyu Sasak) para casa deles com o objetivo de cuidar dela.

"Assunto de Família" surpreende mais ainda quando, ao chegar à casa que parece estar numa favela, os três são recebidos por um estranhíssimo grupo composto por uma senhora que todos chamam de avó (Kiki Kirin), duas mulheres adultas, que o público vai aos poucos identificando como Nobuyo Shibata (Sakura Andô) e Aki Shibata (Mayu Matsuoba).

E é também aos poucos, ao longo dos 120 minutos do filme, que o espectador descobre que aquela é uma família particularíssima, onde vivem numa harmonia possível, ladrões, prostitutas e trambiqueiros. O pequeno espaço, quase claustrofóbico, permite que os conluios e cumplicidades despertem e floresçam. Assim como os afetos.

Filmes sobre famílias costumam ser sempre ricos. Mas esse é particularmente rico porque tem um roteiro hábil. E o diretor, sem nenhum julgamento moral, envolve o público numa trama que, depois, se revela misteriosa, policialesca. Não dá pra saber exatamente quanto tempo aquelas pessoas estão ali, à margem da sociedade.

Mas é possível imaginar que não se trata de pouco tempo porque os moradores enfrentam a neve, a chuva, o calor do verão. Enquanto segredos são revelados, o espectador tem a chance de refletir sobre o encanto de criar e reforçar laços e sobre todos os conceitos a respeito da amizade, o amor e os afetos.
Duração: 2h01
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imovision


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