31 janeiro 2019

"O Menino que Queria Ser Rei" - produção britânica recria rei Arthur nos dias de hoje

Alex é um adolescente tímido que encontra a famosa espada Excalibur, que pertenceu ao rei Arthur (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Fantasia, aventura e humor são os principais pontos explorados na produção britânica "O Menino que Queria Ser Rei" ("The Kid Who Would Be King"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. O filme é indicado para quem procura uma distração para os filhos na faixa de 8 a 12 anos que gostam de histórias de reis, bruxas, magos, cavaleiros e heróis de armadura.

O filme é uma boa distração, trazendo para os dias de hoje os conflitos do período em que o rei Arthur governava a Inglaterra e lutava contra sua maior inimiga, a meia-irmã Morgana. Na nova história, os personagens lutam contra o mal da fantasia e seus próprios temores. Rebecca Ferguson (sempre com boa interpretação, como Morgana) e Patrick Stewart (mago Merlin velho) são os chamarizes do filme, mas um desperdício de talento.


Os demais atores são jovens e estreantes, exceto Louis Serkis, que está em seu segundo filme e interpreta Alex, o novo rei Arthur. Dois deles se destacam por entregarem os momentos divertidos do filme: Angus Imrie, como Merlin jovem, que vai divertir as crianças com seus truques de mágica e trapalhadas, e Dean Chaumoo, como Bedders, o amigo medroso mas fiel de Alex.

Em "O Menino que Queria Ser Rei", Alex é um adolescente britânico estudioso mas muito tímido, de poucos amigos que, como muitos de sua idade, sofrem com a perseguição diária e o bullying dos alunos mais velhos da escola. Seu único e fiel amigo é Bedders, que enfrenta os mesmos problemas que ele, mas nenhum dos dois tem coragem de entregar os autores das agressões e constrangimentos - a dupla Lance (Tom Taylor) e Kaye (Rhianna Dorris).

Certo dia, ele encontra uma misteriosa espada cravada numa pedra e descobre tratar-se de Excalibur, que pertenceu ao rei Arthur. Acreditando no poder da arma, Alex e Bedders ganham mais confiança para enfrentar seus inimigos e convencê-los a se tornarem seus aliados na luta contra Morgana, a meia-irmã de Arthur, presa por ele, mas se liberta da prisão após a espada ter sido tirada da pedra. Aos poucos, os jovens vão vendo seus conflitos e medos se misturarem com os trazidos pela fantasia e Alex terá de assumir as responsabilidades que a espada traz com ela.


A aventura mescla ingredientes do passado e do presente numa aventura que poderia ser melhor e menos confusa. Todas as vezes que Morgana aparece dá a impressão que se trata de outro filme e somente quando começa o conflito com Alex e sua turma é que a história toma pé. Apesar de Morgana ser a vilã ela aparece pouco, mas os efeitos gráficos das batalhas entre seus soldados de ossos e os heróis são muito bons e conseguem dar um ótimo ritmo à trama. Valores como amizade, confiança e união são bem reforçados pelos personagens. Vale como uma diversão de sessão da tarde.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Joe Cornish
Produção: 20th Century Fox / Working Title Films / Big Talk Productions
Distribuição: Fox Film
Duração: 2 horas
Gêneros: Fantasia / Aventura / Família
País: Reino Unido
Classificação: A partir de 6 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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30 janeiro 2019

Original e criativo, "Vice" é, antes de tudo, um filme cínico

O diretor Adam McKay fez a escolha acertada ao chamar Christian Bale para viver o personagem Dick Cheney (Fotos: Universum Film/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Não há como negar: é muito criativa a forma que o diretor Adam McKay encontrou para mostrar como o jovem beberrão e mau elemento Dick Cheney se transformou, durante um tempo, no homem mais poderoso do mundo. A história do vice-presidente de George W. Bush, que ficou no poder de 2001 a 2009, é contada de um jeito original e único no filme "Vice", em que o diretor convida constantemente o espectador a observar, refletir, participar.

A narração em "off" e o depoimento direto para a câmera de alguns dos coadjuvantes da vida de Dick ajudam a carregar na ironia, quase caindo na galhofa. Não faltam piadas entre uma e outra cena, algumas ridicularizando figuras conhecidas da política norte-americana.

Não é por acaso que "Vice" é classificado por muitos como "comédia dramática". Na verdade, Dick Cheney parece ter nascido personagem. Coube a Adam McKay a difícil tarefa de mostrar ao público de forma inteligente o verdadeiro tabuleiro de xadrez da política e a falta de escrúpulos do segundo homem dos Estados Unidos quando se tratava de atingir seus objetivos. Principalmente no episódio das Torres Gêmeas, no 11 de setembro de 2001, que acabou desencadeando a questionável Guerra do Iraque.

Outro acerto de McKay foi a escolha de Christian Bale para viver o protagonista. Como sempre faz, Bale entrou de cabeça, emprestando seu corpo às transformações necessárias para dar credibilidade a um Dick contraditório, ambicioso, vaidoso e prepotente, porém escorregadio e evasivo. O ator se transforma diante dos olhos do espectador na medida em que o tempo passa, num jogo de expressão corporal e composição perfeitas do personagem. É assim que ele cativa o público e dá credibilidade às manobras e manipulações do vice.

Assim como a mulher de Dick, Lynne Cheney, foi fundamental na vida e na carreira política do marido, a atriz Amy Adams é de fundamental importância em "Vice", interpretando a típica esposa que age nos bastidores, aconselha, joga e, acima de tudo, também ama o poder. A química entre o casal é visível e passa verdade e cumplicidade.


Steve Carell, que faz o deputado Donald Rumsfeld, com quem Dick começa sua carreira, também brilha como o político esperto sempre disposto a atingir seus objetivos. Sam Rockwell dá seu recado como um George W. Bush tão manipulável quanto perigoso, e Jesse Plemons enche o filme de interrogações como Furt, o "doador do coração" - pra não dar spoiler.

"Vice" está indicado ao Oscar de "Melhor Filme", "Melhor Diretor", e Christian Bale concorre a "Melhor Ator" - entre outras indicações. Merecidamente, diga-se. Ao final surpreendente do filme fica no público a certeza de como somos todos manipulados pelos políticos e pela mídia. A ideia que passa, por mais cínica que possa parecer, é: somos todos otários.
Duração: 2h12
Classificação: 14 anos
Produção: Imagem Filmes


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