05 dezembro 2019

Jazz e atuação de Edward Norton são os destaques de "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe"

Filme é ambientado na Nova York de 1950 e aborda racismo e especulação imobiliária (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Com ótima atuação de Edward Norton, um belo figurino, boa reconstituição de época e uma irrepreensível trilha sonora entra em cartaz nesta quinta-feira o filme "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" ("Motherless Brooklyn"). Além do papel principal, Norton dirigiu, roteirizou e produziu o filme, uma das boas estreias desta semana. O elenco conta ainda com Alec Baldwin, Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw e uma rápida aparição de Bruce Willis que é importante para o enredo.


Ambientado em 1950, o filme é embalado pela sonoridade de trompetes e saxofones oferecendo uma atração à parte - um bom jazz, como era tocado nos bairros negros de Nova York naquela década. O compositor Daniel Pemberton foi o responsável pela excelente trilha sonora - talvez a melhor parte da produção. Ele faz um dueto com o trompetista Wynton Marsalis na bela "Woman in Blue". Thom Yorke (Radiohead) convidou Flea (Red Hot Chili Peppers) para interpretar com ele a música-tema "Daily Battles", que também ganhou uma versão instrumental com Marsalis.


Norton entrega um personagem solitário - Lionel Essrog, um dos integrantes da agência de detetives particulares chefiada por Frank Minna (Bruce Willis), que se envolve com pessoas erradas para faturar um dinheiro a mais e acaba morto. Lionel sofre de Síndrome de Tourette e passa o filme todo se explicando e pedindo desculpas pelos ataques e tiques nervosos incontroláveis que aparecem nos momentos mais inoportunos. No início os muitos "Se" e frases desconexas são até engraçadas, mas depois de um tempo se tornam cansativas, apesarem de fazer parte do personagem, o que não desmerece o trabalho do "faz tudo" Norton.


Solitário e obstinado, Lionel é considerado uma aberração pelos colegas. Apesar da doença, ele tem uma rara capacidade de guardar informações, nomes e rostos e sairá em busca dos assassinos de seu chefe e mentor. Só não esperava acabar envolvido numa sórdida trama política, que envolve troca de favores, racismo e especulação imobiliária, cujos principais alvos a serem exterminados ou expulsos de suas casas são os negros e imigrantes.


Alec Baldwin faz o papel do inescrupuloso Mose Randolph, um mafioso do colarinho branco que controla o prefeito e seus assessores e tudo o que acontece na cidade. É ele quem define o que será construído e o que será colocado abaixo para atender a seus interesses e a sua obsessão por poder. E para conseguir o quer, não se preocupa em eliminar quem atravessa seu caminho, sejam moradores, ativistas de direitos humanos, como a advogada Laura Rose (papel de Gugu Mbatha-Raw), ou de investigadores xeretas.


Baseado no romance homônimo escrito em 1999 por Jonathan Letherm, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" tem um ponto ruim: o ritmo, muitas vezes, é lento demais e leva a uma dispensável duração de 2h24. Esticou muito para correr e resolver tudo nos 40 minutos finais. Falha de um roteiro muito longo que se perde em algumas partes. 


Além da trilha sonora, destaque para a fotografia, que explora os ambientes escuros, assim como a iluminação. Uma cena chama a atenção pela beleza plástica - o mergulho de Norton induzido pela heroína que ele fumou. Os figurinos e a ambientação da Nova York daquela época também merecem aplausos e fecham bem o pacote da produção. Vale a pena conferir a produção em grande estilo, com o novo cardápio gastronômico da Sala 1 Premier do Net Cineart Ponteio.


Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Produção: Edward Norton
Produção: Class 5 Films / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h24
Gêneros: Drama / Policial
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #BrooklynSemPaiNemMãe, #EdwardNorton, #AlecBaldwin, #WillemDafoe, #NetCineartPonteio, #cineart_cinemas, #drama, #policial, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 novembro 2019

"Ford vs. Ferrari" - Velocidade e ambição em uma grande produção de arrepiar

Matt Damon e Christian Bale formam a dupla principal do filme que mostra a mudança na forma de disputar uma corrida (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas

Dois grandes atores numa mesma paixão: carros e velocidade. Matt Damon ("A Grande Muralha" - 2017 e "Perdido em Marte" - 2015) e Christian Bale ("Trapaça" - 2014) e "Vice" - 2019) estão juntos e espetaculares na produção "Ford vs. Ferrari", ambientado na década de 1960 sobre a disputa entre duas grandes marcas para provar quem era melhor nas pistas de corrida. De um lado, a montadora norte-americana Ford, uma das maiores do mundo na produção de carros convencionais, mas sem tradição nas pistas de corrida, que agora precisa aumentar seu prestígio e, claro, as vendas. Do outro, a sempre lendária escuderia italiana, vencedora da maioria das disputas de velocidade e beleza no design de seus modelos, mas que sofre com a possibilidade de uma falência.


Com ótimas atuações, muita adrenalina, momentos emocionantes de corrida - com direito a batidas à altura de um grande prêmio - "Ford vs. Ferrari" ainda oferece ao público a oportunidade de acompanhar os bastidores da criação, montagem, treinos e disputa de um grande carro nas pistas - o Ford GT40. Mas também aborda o lado obscuro das negociações que ocorrem nesse seleto grupo do setor automobilístico, onde o glamour é só para atrair fãs e compradores.


No filme, a Ford resolve apostar nas pistas para conquistar o glamour da concorrente e campeã Ferrari. E não mede esforços (e dinheiro) para chegar em primeiro. Para conseguir, em três meses, construir o carro dos sonhos que vai chegar ao primeiro lugar do pódio é chamado um vencedor - Carroll Shelby (Matt Damon), ex-piloto e construtor de carros, dono da Shelby-American (marca que foi sucesso naquela época).


Com o apoio do então executivo de marketing, que despontaria anos depois como o homem que reergueu a Chrysler Motors, Lee Iacocca (papel de Jon Bernthal), ele consegue trazer para a equipe o genioso, mas excepcional piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale). Shelby, no entanto terá de enfrentar os executivos burocratas da Ford, especialmente Leo Beene (Josh Lucas), que não aceitam a decisão do presidente de investir nesta categoria de carros esportivos.


Ambição se mistura a velocidade, tanto de pilotos e construtores quanto de empresários, cada um querendo ser a peça principal de uma disputa que pode representar uma derrota para a imagem de uma importante marca ou sua entrada triunfal para uma nova categoria. Os empresários Henry Ford II e Enzo Ferrari têm ambições diferentes, mas o mesmo objetivo - chegar em primeiro lugar. 


Ford pode e quer investir muito para conquistar isso, enquanto o italiano já é um vitorioso há anos, especialmente na tradicional prova anual das 24 Horas de Le Mans, na França. A marca do cavalinho rampante é sinônimo de beleza, potência e glamour, mas os gastos para manter tudo isso a levaram a uma crise financeira, que pode colocar fim à escuderia.

Nesta briga de quem vai vencer ou perder, correm as histórias de bastidores. Cada personagem é apresentado com seus dilemas e sonhos. Shelby é um amante das pistas que não pode mais correr, mas não abandonou o automobilismo. Muito respeitado por sua trajetória, inclusive como campeão, ele é chamado para chefiar a equipe da Ford. 


Já Miles é um homem difícil, mas um gênio para pilotar e tornar um carro vencedor. Casado e pai de Peter (o fofo Noha Jupe), ele aceita integrar o grupo, mesmo sabendo que está sendo usado pela empresa que só quer prestígio, ao contrário dele que só quer vencer como o melhor piloto dirigindo o melhor carro.

Esta ótima produção, baseada em fatos reais e dirigida por James Mangold - o mesmo de "Logan" (2017) -, contou um pouco do que foi a entrada da Ford nas corridas, a construção e lançamentos de grandes carros da montadora, as falhas que alguns deles apresentavam. Apresentou também pilotos que se tornaram grandes nomes no meio automobilístico como Ken Miles, Carroll Shelby, (vencedor de Le Mans em 1959), Bruce McLaren (fundador da escuderia McLaren), Lorenzo Bandini (Ferrari). Com certeza vai agradar aos amantes da velocidade e das corridas.


Ficha técnica:
Direção: James Mangold
Produção: 20th Century Fox / Chernin Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h33
Gêneros: Biografia / Drama
Nacionalidade: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #FordVsFerrari, #MattDamon, #ChristianBale, #Ferrari, #FordGT40, #Ford, #20thCenturyFox, #FoxFilmdoBrasil, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho