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07 agosto 2019

"Simonal" exalta ascensão do cantor e trata superficialmente acusações de dedo-duro da ditadura

Fabricio Boliveira entrega ótima interpretação do cantor e compositor, dono de uma das vozes mais encantadores do país na década de 1970 (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Leonardo Domingues tinha tudo para, na obra ficcional "Simonal", esclarecer melhor o que levou o cantor a carregar por boa parte de sua vida, até depois de sua morte, a imagem de dedo-duro. Porém, mais da metade do filme explorou a ascensão de Wilson Simonal, cantor negro, vindo de uma favela no Leblon, no Rio de Janeiro, dono de uma das vozes mais bonitas e melodiosas do Brasil e de um suingue que conquistava nas primeiras notas. Se a intenção do diretor era tentar mostrar (mais uma vez) que ele pode ter sido usado como bode expiatório das forças da ditadura militar, ele deixou muito a desejar. 


Na produção, a questão racial foi jogada bem para o final, apenas para justificar a cena inicial, não aprofundando nos fatos que realmente teriam ocorrido e que marcaram a vida de Simonal, destruindo sua meteórica carreira. O diretor deixa a entender que tudo não passou de uma trama armada pela polícia da época. Mas a abordagem foi bem superficial, como se temesse mexer em vespeiro. Deixa mais dúvidas do que explicações sobre a culpa de Simonal ter sido ou não informante da ditadura contra artistas da época.


Quem não conhecia a história do cantor (muitos no cinema nem sabiam quem foi Simonal) só conheceu o dono da bela voz que começou do nada e atraiu multidões pelo país. Mas muitos saíram achando que ele realmente "entregou" geral e se deu mal por isso até sua morte em 2000, aos 62 anos.

Boa reconstituição de época, com várias imagens e figurinos bem trabalhados. Fabrício Boliveira estudou com afinco as características de Wilson Simonal e entrega uma ótima interpretação. Isis Valverde também está bem como Tereza, a esposa do cantor. Leandro Hassum muito caricato, não convence como Carlos Imperial, que conseguia ter uma imagem muito marcante, apesar de ter sido considerado desagradável por muitos à época. Caco Ciocler está mediano como Santana, policial do Dops "amigo" de Simonal. Miele foi bem interpretado por João Velho.


Os filhos de Simonal - Wilson e Max - são os responsáveis pela ótima trilha sonora que reúne várias composições que marcaram a carreira do pai, como "Meu Limão, Meu Limoeiro", "Sá Marina", "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "Vesti Azul", "País Tropical" e tantas outras. Inclusive a polêmica "Tributo a Martin Luther King", que levou Simonal a ter seu primeiro contato com o delegado Santana, do Dops, sob a acusação de se envolver com questões "subversivas".

Carismático e de charme irresistível, Wilson Simonal nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, seus gastos descontrolados o levaram a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcaram para sempre sua carreira.

Outras produções

Simonal já foi tema de dois outros filmes. No primeiro, "É Simonal" (1970), uma comédia musical dirigida por Domingos Oliveira, o cantor foi o ator principal.  A produção conta a história de um breve romance do cantor com uma fã mineira que foi ao Rio de Janeiro par conhecê-lo. Esquecível!


O segundo, este sim, um ótimo documentário, com depoimentos de pessoas famosas que conviveram com Wilson Simonal no auge da carreira e depois que caiu no esquecimento; "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei", de 2007, foi dirigido por Cláudio Manoel (do "Casseta e Planeta"), Micael Langer e Calvito Leal. Entre os entrevistados estão Luis Carlos Miele, Chico Anysio, Pelé, Ziraldo, os filhos de Simonal - Wilson Simoninha e Max de Castro, além de Jaguar (do Pasquim), Nelson Motta, o maestro Ricardo Cravo Albin, Boninho e Sérgio Cabral, entre outros.

Uma pena, "Simonal" apesar da duração de 1h45, é lento e se preocupa mais com detalhes da vida pessoal e do casamento dele com Tereza do que fazer um bom trabalho investigativo, juntando fatos comprovados sobre o que realmente aconteceu com o cantor e a acusação que sofreu. Uma biografia fraca de ascensão e queda de um ídolo, amado e odiado na mesma proporção. "Simonal" ficou muito a desejar como história. Vale pelas músicas, a produção e o ótimo trabalho de Fabrício Boliveira e Isis Valverde.


Ficha técnica:
Direção: Leonardo Domingues
Produção: Forte Filmes / Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes 
Duração: 1h45
Gêneros: Drama, Biografia, Musical
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #SimonalOFilme, #WilsonSimonal, #drama, #biografia, #musical, #ForteFilmes, #GloboFilmes, #FabricioBoliveira, #IsisValverde, #EspaçoZ, #Cineart_oficial, @cinemaescurinho

25 julho 2019

"Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal" - apresenta um Zac Efron num de seus melhores trabalhos

Filme narra a vida íntima de um dos mais famosos seriais killers dos EUA, responsável por mais de 30 mortes (Fotos: Brian Douglas/Netflix)

Pedro Santos


“Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”, em tradução livre: Extremamente maldoso, chocantemente maligno e vil, é o título original de "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal", filme estrelado por Zac Efron, no papel do famoso serial killer, e Lily Collins como Liz Kendall. Também foram esses os adjetivos que o juiz Edward Cowart usou para descrever os crimes cometidos por Ted Bundy, que matou mais de 30 mulheres durante a década de 1970 em mais de sete estados norte-americanos, apesar de o número real de vítimas ser desconhecido e provavelmente muito maior.


O filme conta a trajetória do serial killer a partir da perspectiva de Liz Kendall (cujo nome verdadeiro é Elizabeth Kloepfer), ex-namorada de Bundy. O livro escrito por ela em 1981, "O Príncipe Fantasma: Minha Vida com Ted Bundy", narra o relacionamento abusivo e tempestuoso do casal e serviu de base para o filme. E mostra como uma pessoa tão perigosa e doente pode viver incógnita entre nós, sem levantar qualquer suspeita. Na sequência, a produção apresenta as tentativas de Bundy de sair impune de seus crimes. Por se tratar de um serial killer real, nunca há dúvida sobre ele ser ou não culpado pelos atos hediondos cometidos. Porém, os personagens da trama não sabem que convivem com um monstro, o que gera momentos de tensão interessantes. 



Durante o filme vemos como o assassino em série utiliza seu carisma e inteligência para manipular e atrair suas vítimas de maneira sedutora e também para moldar a opinião das pessoas sobre ele. Com esta mesma sutileza são apresentados alguns pontos da personalidade doentia de Bundy, deixando constantemente a impressão de que há alguma coisa estranha com relação a ele. Os assassinatos nunca ficam explícitos e o filme mostra apenas alguns momentos de violência, deixando que as atrocidades fiquem apenas na imaginação do espectador, onde elas são muito mais efetivas.


Os atores principais estão muito bem. Zac Efron (um dos produtores) surpreende pela forma como consegue imitar as expressões e maneirismos de Ted Bundy, que além de assassino era sequestrador, estuprador, ladrão e necrófilo. E se não estivesse claro que se trata de um psicopata, o espectador poderia até sentir simpatia pelo personagem e achar que tudo não passa de um mal entendido. Lily Collins mostra muito bem como é difícil para Liz aceitar que está sendo enganada pelo homem que ama. Ela entra em negação cada vez que mais evidências são apresentadas, o que a leva a acreditar que é responsável pelo que está acontecendo. 



Além do casal principal, John Malkovich está ótimo interpretando o juiz Edward Cowart, proporcionando alguns momentos de alívio cômico no filme. Jim Parsons consegue se desvencilhar do seu icônico papel de Sheldon Cooper (da série premiada de TV "The Big Bang Theory") e retrata Larry Simpson, o promotor sério e determinado a botar Ted atrás das grades.
     

A direção do filme é competente e impressiona por ser fiel a momentos da história real que são mostrados no final. A experiência certamente poderá ser melhor se o espectador já conhecer o caso do famoso assassino em série norte-americano. Então recomendo a série documental da Netflix “Conversando com um serial killer: Ted Bundy” (2019), também dirigida por Joe Berlinger, que aborda os crimes cometidos pelo sedutor assassino. 

Bundy ainda tem uma participação na série “Mindhunter” (2017), outra produção Netflix. "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal" é interessante, especialmente porque os seriais killers são muito intrigantes. Assusta pensar que pessoas assim existem no meio de nós. O elenco está muito bom e competente, mas não inova e nem ousa em nada.



Ficha técnica:
Direção: Joe Berlinger
Produção: Voltage Pictures / Netflix
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h50
Gêneros: Suspense / Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #TedBundyAIrresistívelFaceDoMal, #ExtremelyWickedShockinglyEvilAndVile, #ZacEfron, #LilyCollins,  #suspense, #drama, #biografia, #Netflix, #ParisFilmes, #EspacoZ, #cinemaescurinho

30 maio 2019

"Rocketman", a ópera rock épica de um ícone chamado Elton John

Longa é uma biografia musical do canto e compositor, desde a infância de pianista prodígio ao estrelato (Fotos: David Appleby/Paramount Pictures)

Maristela Bretas

Um Elton John exposto. Este é o foco de "Rocketman", filme em cartaz nos cinemas, mostrando um dos períodos mais produtivos da carreira musical deste ícone internacional. Sem medo de se expor, ele fala dos medos, carências e vícios, todos em grande escala. Cocaína, bebida, sexo e consumismo marcaram a vida do cantor e compositor britânico nos anos 1970 e são mostrados no filme dirigido por Dexter Fletcher como uma ópera rock com características que lembram "Tommy", feita pela banda The Who em 1969, que contou com participação de Elton John, mas não é citada no filme.


Em "Rocketman", o cantor é interpretado brilhantemente pelo também britânico Taron Egerton (de "Kingsman: Serviço Secreto" - 2015). Foi na continuação - "Kingsman 2: O Círculo Dourado" (2017) que o ator teve a oportunidade de contracenar com o cantor. Taron incorporou o personagem e também canta muito bem, dispensando dublagem. Ele é a alma do filme e ainda contou com um figurino impecável


Criado pelo figurinista Julian Day a partir dos modelos usados pelo astro ao longo de sua trajetória. "Eu amei o figurino de “Yellow Brick Road”. E obviamente me inspirei em “O Mágico de Oz”. Por isso, o terno azul com sapatos de pedras vermelhas feitos com cristais Swarovski. A camisa é feita de tecido prateado, assim como o Homem de Lata, e tem um chapéu de palha assim como o espantalho. O casaco de pele falsa representa o leão", revela Day em entrevista no vídeo abaixo.



Elton John é um dos produtores executivos do filme, juntamente com seu marido, David Furnish. A trilha sonora marcante foi entregue a Matthew Margeson que fez um ótimo trabalho. Emocionante relembrar hits como "Rocket Man", "Daniel", "Crocodile Rock", "Your Song", "Goodbye Yellow Brick Road", "Don't Go Breaking My Heart", "Pinball Wizard" e "Don't Let The Sun Go Down On Me". Cada uma dessas canções representa um momento importante na transformação do grande astro.


Mas apesar de todo o brilho e sucesso, o cantor carregou grandes fantasmas por um longo período de sua vida, especialmente quando fez mais sucesso, nos anos de 1970. A falta de amor do pai homofóbico, o descaso da mãe e a ligação com o empresário e ex-amante John Reid teriam sido os maiores problemas enfrentados por Elton, que o levaram às drogas, alcoolismo, sexo desenfreado e consumismo exagerado. A produção mostra tudo isso, desde a infância do tímido garoto do interior e pianista prodígio Reginald Dwight à transformação no superstar internacional.


Foi também neste período que Elton John e conheceu seu parceiro de composições e nasceu dai a amizade de uma vida inteira - Bernie Taupin, que recebeu a devida lembrança com uma ótima interpretação de Jamie Bell. O elenco conta ainda com Richard Madden, como John Reid, Bryce Dallas Howard ("Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" - 2015 e "Jurassic World: Reino Ameaçado" - 2018), como Sheila Farebrother, mãe de Elton; Steven Mackintosh, no papel do pai, e Gemma Jones. como a avó materna Ivy,  única pessoa que o apoiou na família.

Depressão, carência de amor e decepções são apresentadas em meio a uma explosão de cores, rock´n roll e lindas baladas. Não espere uma biografia convencional. Elton John nunca foi assim e mostra isso com "Rocketman", um filme que vale disputar Oscar pelo conjunto da obra.


Ficha técnica:
Direção: Dexter Fletcher
Produção: Marv Films / Rocket Pictures / New Republic Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h01
Gêneros: Biografia / Drama
País: Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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26 maio 2019

Sessão Cinepsiquiatria debate "Rocketman", dia 30, no Cineart Minas Shopping

Longa-metragem é uma cinebiografia do cantor e compositor Elton John, abordando desde a infância ao estrelato (Fotos: David Appleby/Paramount Pictures)

Maristela Bretas


Elton John, uma das maiores estrelas da música internacional, ganha as telas de cinema para mostrar um pouco de sua vida a partir de quinta-feira (30) com a estreia de "Rocketman". Na mesma data, às 21 horas, a produção cinematográfica será o tema de debate de mais uma sessão do projeto Cinepsiquiatria, promovido pelo Minas Shopping em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), Associação Mineira de Psiquiatria (AMP) e Rede Cineart.

Cineart Minas Shopping (Foto Cineart/Divulgação)
O objetivo do projeto é abrir espaço para a sociedade discutir questões cotidianas e relacionadas à saúde mental, a partir da exibição de filmes e palestras sobre o tema a ser tratado. A sessão é destinada exclusivamente a convidados, entre profissionais, imprensa e autoridades. Depois da exibição do filme, psiquiatras debaterão com o público as percepções sobre a trama escolhida.


Dirigido por Dexter Fletcher, "Rocketman" é uma fantasia musical que conta um pouco da história e da carreira de Elton John. Distribuído pela Paramount Pictures, o filme mostra a infância complicada, o descaso do pai homofóbico, a transformação do tímido garoto e pianista prodígio Reginald Dwight no excêntrico superstar internacional Elton John, a relação do cantor com o compositor e parceiro profissional de longa data Bernie Taupin, a ligação com o empresário e ex-amante John Reid, o homossexualismo e a dependência química.

Uma fantástica transformação do tímido garoto e pianista prodígio Reginald Dwight no superstar internacional Elton John, uma das figuras mais icônicas da cultura pop, mas que tinha como um de seus maiores problemas a falta de amor do pai. 


"O Cinepsiquiatria é um sucesso nas cidades que recebem o projeto. A ideia é orientar a sociedade. É preciso desmistificar os estigmas, além das doenças mentais e seus tratamentos. A ABP entende que a arte é uma importante ferramenta na construção do homem e da sociedade. Esse é um trabalho de responsabilidade social que aproxima o psiquiatra e a psiquiatria da população por meio de uma linguagem clara e sem intermediários. Além disso, é uma forma de aproximar a população a essas questões, promovendo o debate e a aceitação das diferenças entre as pessoas”, declara o psiquiatra e orientador do projeto Antônio Geraldo da Silva.



"De forma pioneira em Belo Horizonte, estamos realizando esse projeto de grande relevância para toda a sociedade. Alinhado à atuação de responsabilidade social, o Minas Shopping se une a esse grande projeto contra a psicofobia. Acreditamos que o projeto é muito bem recebido pela população", declara o gerente geral do Minas Shopping, Fábio Freitas.

Em "Rocketman",  Elton John é interpretado pelo ator britânico Taron Egerton. O elenco conta ainda com Jamie Bell (Bernie Taupin), Richard Madden (John Reid) e Bryce Dallas Howard, como Sheila Farebrother,  mãe de Elton.


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13 maio 2019

"Kardec", uma produção bem conduzida para contar a trajetória do maior nome do espiritismo

Leonardo Medeiros é o protagonista desta biografia ambientada em Paris a partir de 1857 (Fotos: Daniel Behr / Conspiração Filmes)

Maristela Bretas


Ótima fotografia, cenários e figurinos bem elaborados e uma reconstituição de época muito bem feita, além da interpretação sob medida de Leonardo Medeiros garantem a "Kardec" uma boa recomendação. O filme explora a vida do grande codificador do espiritismo, Allan Kardec, focando mais a partir de 1857, quando Hypolite Leon Denizard Rivail já estava com 53 anos, atuando como educador de um Liceu em Paris para depois se tornar Allan Kardec. Em muitos momentos a produção se torna monótona, mas também tem pressa em contar como o protagonista se tornou Allan Kardec, abraçando a doutrina espírita.


Do professor descrente, que só aceitava as situações que a ciência podia provar, ao homem que dedicou o resto de sua vida a escrever e explicar o espiritismo, o filme pincela alguns detalhes, como a perseguição da Igreja Católica, a maior inimiga da doutrina na época. Ou a caça às bruxas incentivada por bispos após a publicação de seu maior sucesso "O Livro dos Espíritos". Pregar a doutrina significou para Kardec conquistar seguidores e ferrenhos inimigos, despertou inveja, ganância, medo e também admiração e respeito.


Leonardo Medeiros é Allan Kardec e Sandra Corveloni faz o papel da esposa Amélie-Gabrielle Boudet, uma mulher que amava o marido e abraçou sua causa. Eles dividem o elenco com nomes como Guilherme Piva (Didier), Genézio de Barros (Padre Boutin), Guida Vianna (Madame De Plainemaison), Julia Konrad (Ruth-Celine), Charles Fricks (Charles Baudin), Licurgo Espinola (Sr. Babinet), Letícia Braga (Julie), Julia Svacina (Caroline), Dalton Vigh (Sr. Dufaux) e Louise D’Tuani (Ermance Dufaux).


Com roteiro de L.G. Bayão (“Irmã Dulce”, “Heleno” e “Minha Fama de Mau”) e direção de Wagner de Assis, o longa  acompanha a trajetória de Kardec desde o período em que atuava como educador, com mais de 20 livros didáticos publicados, passando pela investigação dos fenômenos, pelo processo de codificação da doutrina espírita, até a publicação e repercussão de “O Livro dos Espíritos”, quando adotou o nome de Allan Kardec, que também é explicado no enredo.


O tempo de projeção é pouco para abordar a vida e obra deste grande homem, que foi perseguido, desacreditado, mas que soube ser ouvido e respeitado por gerações até os dias de hoje. A narrativa é leve, permite ao mais leigo entender o filme, baseado em fatos reais. Apresentar as médiuns Ermance De La Jonchére Dufaux e as jovens irmãs Caroline e Julie Boudin, que ajudaram Kardec em seu primeiro livro também foi um dos pontos positivos do drama de Wagner de Assis. Ajudou a entender o que fez aquele professor tão cético se voltar para um mundo espiritual.


"Kardec" é uma produção nacional muito bem feita, os atores cumprem bem seus papéis e a condução permite entender um pouco a história do protagonista, sem aprofundar muito. Fica a desejar na explicação do que realmente é o espiritismo e o que prega a obra literária. Os ambientes iluminados por velas (como na época), ajudam a criar o clima ideal para as manifestações dos espíritos, dando um gás na narração, que também ficava arrastada, assim como algumas cenas.



Ficha técnica:
Direção: Wagner de Assis
Produção: Conspiração Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Drama / Biografia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #KerdecOFilme, #AllanKardec, #espiritismo, #kardecismo, #drama, #OLivroDosEspíritos, #biografia, #LeonardoMedeiros, #WagnerDeAssis, @ConspiraçãoFilmes, @SonyPictures, @cinemanoescurinho

14 abril 2019

"Superação - O Milagre da Fé" - um filme emocionante e sensível sobre o poder de Deus

Chrissy Metz interpreta Joyce Smith, autora do livro que conta seu drama após o acidente com o único filho e como o poder da oração ajudou a salvá-lo (Fotos: Allen Fraser/Fox Film)


Maristela Bretas


O produtor DeVon Franklin está se especializando em filmes religiosos e após "Milagres do Paraíso" (2016), que teve Jennifer Garner como protagonista e a animação "A Estrela de Belém" (2017), aposta agora suas fichas em "Superação - O Milagre da Fé" ("Breakthrough") escolhendo um elenco que têm à frente a atriz Chrissy Metz. Conhecida do público brasileiro por seu papel como Kate Pearson na série de TV “This is Us”, ela é a alma do filme e entrega uma interpretação forte, envolvente, emocionante e sensível de Joyce Smith, a mãe cujo amor e a fé em Deus salvaram o filho John, dado como morto após um acidente.


Poderia ser mais um filme religioso, como muitos que inundam as telas de cinema, mas "Superação - O Milagre da Fé" é diferente, sem pieguismo, sem louvar essa ou aquela religião. Baseado em fatos reais, a história foi extraída do livro escrito por Joyce Smith - “The Impossible” (“O Impossível”) - sobre o drama vivido por ela em janeiro de 2015 quando John cai em um lago congelado no Missouri (EUA). Após quase uma hora de tentativas para ressuscitá-lo, o garoto é dado como morto, mas ela se recusa a aceitar e se apega à fé e ao poder da oração a Deus para salvá-lo. 



Mas não basta apenas John voltar a respirar, ele terá de enfrentar uma luta diária de recuperação. E Joyce estará sempre a seu lado, passando força e o amor de mãe. Ela terá de viver um milagre a cada dia e sua fé e esperança vão inspirar todos a sua volta, mesmo com as previsões médicas apontando o contrário.


Chrissy Metz, que conviveu com Joyce Smith conta que ela é uma pessoa que adora conversar e contar sobre o que a fé fez por sua família. Para as pessoas que duvidam do poder da fé, ela diz: "Não deixe o senso comum e a lógica ditarem sua fé". Para contar esta história no cinema, a escolha do elenco foi essencial principalmente Chrissy Metz, que está excepcional. DeVon Franklin conta como foi a seleção dos atores no trailer abaixo.



Também a trilha sonora foi bem acertada e envolvente, com sucessos conhecidos do público como "Uptown Funk" (Bruno Mars e Mark Ronson) e a emocionante "Oceans" (Hillsong United), além de canções religiosas que ajudam a criar o clima religioso necessário para a produção dirigida por Roxann Dawson.


Uma coisa é certa: "Superação - O Milagre da Fé" faz chorar muito, do início ao fim. No cinemas, homens e mulheres deixaram rolar muitas lágrimas. O filme ajuda a lavar a alma e reforçar a crença no poder da fé, representada por uma mãe devotada que esquece tudo (até mesmo de da própria doença), em busca de uma salvação do filho, papel vivido pelo ótimo Marcel Ruiz. A experiência dramática faz Joyce rever sua pos

Expõe também o lado egoísta das pessoas que não têm fé e ao mesmo tempo acham injusto Deus dar uma segunda chance a uns e deixar outros morrerem. Somente a fé de Joyce continua inabalável e será capaz de mudar sua comunidade. Um excelente filme sobre superação, milagre e o poder de Deus que vale muito a pena assistir.


Ficha técnica:
Direção: Roxann Dawson
Produção: Fox 2000 Pictures
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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07 março 2019

"Minha Fama de Mau": descompromissado e divertido como uma festa de arromba

Chay Suede é Erasmo Carlos na biografia autorizada do rei da Jovem Guarda (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane: "Minha Fama de Mau" foi feito para agradar aos fãs de um ídolo - por consequência, de um movimento, a Jovem Guarda. É um filme chapa branca, produzido a partir da autobiografia escrita por Erasmo Carlos. Trata-se, portanto, de uma biografia autorizada. Arestas são aparadas, conflitos retratados com muita leveza e, acima de tudo, muita música. No final das contas, o longa é, antes de tudo, um musical. E, nesse sentido, merece elogios.

Adolescente pobre da Tijuca, Erasmo vive com a mãe no que ele chama de "casa de cômodos" - nada mais do que uma pensão, onde moram outras pessoas tão solitárias e carentes como ele e dona Diva, muito bem interpretada por Isabela Garcia, que enche de ternura essa mãe solteira e sofredora. É nesse bairro que ele conhece Tião - que mais tarde viria a ser Tim Maia - e, juntos, eles descobrem o recém-chegado rock'n'roll de Elvis Presley, Bill Halley e Chuck Berry. Ambos se metem em pequenos furtos, brigas de turmas e vivem correndo da polícia, numa clara alusão ao fato de que a música pode ter sido a salvação daqueles jovens.

O elenco é um caso à parte no filme. Estão esbanjando talento e brilhando, além de Chay Suede como Erasmo Carlos, Gabriel Leone como um Roberto Carlos nada caricato, Bruno de Luca como o apresentador Carlos Imperial, Vinicius Alexandre como Tim Maia e até uma inusitada Paula Toller como Candinha, a fofoqueira de um programa de rádio. Destaque especial para a excelente Malu Rodrigues, que consegue timbrar a voz de Wanderléa, chamando atenção em alguns números musicais, apesar da pequena participação na história.

Para compensar o politicamente correto do filme - é claro que o atrito entre Roberto e Erasmo Carlos não se resolveu daquela forma romântica e sublime - "Minha Fama de Mau" tem certas gracinhas que podem encantar o espectador, como o personagem principal às vezes falando direto para a câmera, um locutor que entra em off, pequenos trechos de filmes da época, desenhos animados e quadrinhos. Outro diferencial: uma mesma atriz, Bianca Comparato, entra em vários momentos da história, fazendo o papel das mulheres que foram importantes na vida do cantor.

Enfim, o longa dirigido por Lui Farias é leve e agrada. Não se fala em ditadura embora o filme se passe nos anos de 1960. Quem não sabia, aprende como surgiu a Jovem Guarda e o que ela significou como movimento comportamental e musical, as histórias são divertidas, as músicas são gostosas, românticas e descontraídas. Tudo bem do jeito Erasmo Carlos de ser. 
Duração: 1h56
Classificação:
Distribuição: Downtown Filmes


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13 fevereiro 2019

Endividado, Clint Eastwood vira "A Mula" do tráfico para pagar as contas

Biografia de traficante conta, de maneira aliviada, como ele usava a desculpa de que os fins justificavam para transportar drogas pelos EUA (Fotos: Warner Bros. Pictures)

Maristela Bretas


"A Mula" ("The Mule") trata-se de uma história comum, nada de excepcional, talvez pelo fato de ter sido aliviada na produção pelo produtor, diretor e ator principal Clint Eastwood. A versão cinematográfica se preocupou mais em apresentar o então octogenário Leo Earl Sharp como um bom e inicialmente inocente velhinho, que começa a traficar drogas somente para pagar as contas e ajudar os amigos. Até o nome dele foi usado de outra forma no filme para ficar mais leve - ele é chamado apenas de Earl Stone.

El Tata (esquerda) e Clint Eastwood (Montagem)
"El Tata", como era conhecido o traficante Leo Sharp, antes de ganhar fama no mundo do crime, cultivava flores ornamentais, em especial lírios, e conseguiu criar espécies híbridas de variadas cores. Chegou a plantar flores no jardim da casa do presidente George W. Bush. Como veterano da Segunda Guerra Mundial foi condecorado com a Medalha de Bronze por seus serviços. Mas problemas financeiros teriam levado o idoso, então com 90 anos, amigo de todos, respeitado na comunidade e acima de qualquer suspeita a se envolver com o Sinaloa, cartel de drogas mexicano, onde acabou se tornando uma lenda como a mula mais velha e mais bem sucedida do tráfico, tendo transportado milhares de quilos de cocaína para os Estados Unidos.

No filme, Clint Eastwood deu uma aliviada em vários pontos da vida de Sharp, quase levando as pessoas a torcerem por ele de tão bonzinho ficou o personagem, esquecendo que era um criminoso. Não poderia ser diferente do homem que também viveu alheio à própria família por anos a fio, só se preocupava com as farras com os amigos e a boa vida que o dinheiro do tráfico passou a lhe proporcionar. Earl Stone tem uma postura humana, que demonstra arrependimento de muitas coisas e a necessidade de tentar consertar as relações com as pessoas que ama.

O traficante foi preso em outubro de 2011 no Estado de Michigan durante uma operação da Divisão de Narcóticos e permaneceu por três anos numa prisão federal, sendo libertado por uma questão humanitária (idade avançada). E mesmo a história confirmando que ele sempre usou sua velha caminhonete para o transporte da carga, o que não despertava a atenção da polícia, no filme, ao contrário, uma das primeiras coisas que Stone faz ao receber o primeiro pagamento é trocar a velha companheira de estrada por uma picape novinha preta extremamente chamativa.

O elenco desperdiça atores de peso como Bradley Cooper, que foi dirigido por Eastwood em "Sniper Americano" (2015) - ele faz o agente Colin Bates, da Divisão de Narcóticos que persegue Stone; Laurence Fishburne, como o chefe de Bates; Andy Garcia é Laton, chefão do tráfico (e pensar que ele já foi um sonho de consumo); Michael Peña, o agente Treviño, parceiro de Bates na polícia; Dianne Wiest é Mary, esposa de Earl Stone; Taissa Farmiga, como Ginny, neta de Earl, e Alison Eastwood no papel de Íris, única filha de Earl (ela é filha na vida real de Clint). Mas todos estão lá somente para compor a história, deixando o brilho para o protagonista.

As "adaptações" para o cinema da vida real do traficante levam a história mais para o lado dramático, quebrada por algumas situações de aperto, como os encontros com a polícia durante as viagens e a relação com os narcotraficantes, que respeitavam Stone por sua idade e sagacidade. "A Mula" é um bom filme, com alguns diálogos interessantes, mas nada de extraordinário, belas locações proporcionadas pelas viagens pelo interior dos EUA, trilha sonora bem escolhida, boa direção e ótima atuação de Clint Eastwood, que volta para a frente das câmeras após seis anos somente como diretor. Aos 88 anos, ele domina toda a trama com grande carisma, de dentro e de fora. Mas falta emoção à produção. Com certeza é dispensável o lencinho para assistir "A Mula".


Ficha técnica:
Direção e produção: Clint Eastwood
Produção: Malpaso Productions / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #AMula, #TheMule, #ClintEastwood, #BradleyCooper, #AndyGarcia, #drama, #biografia, #narcotráfico, #ElTata, #EarlSharp, #WarnerBrosPictures, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

05 fevereiro 2019

"No Portal da Eternidade" é mais um belo e luminoso filme sobre Van Gogh

Mirtes Helena Scalioni


Pelo jeito, ainda não foi desta vez que alguém retratou a biografia definitiva de Vincent Van Gogh. "No Portal da Eternidade" é mais um filme sobre o mítico pintor entre os quase dez que já foram feitos sobre sua vida atribulada. Embora não seja prudente fazer comparações, não há como não se lembrar de "Com Amor, Van Gogh", de 2017, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, que encantou espectadores do mundo todo ao falar sobre o artista mesclando cinema e animação, em que cada frame foi pintado a óleo no mesmo estilo do holandês. Uma pequena obra-prima.

Mas há pelo menos três diferenciais que chamam a atenção em "No Portal da Eternidade". Uma delas, que fica explicitada logo no início do longa, é a intenção do diretor Julian Schnabel de colocar o espectador como participante da mente, das razões e dos sentimentos do pintor. Os movimentos da câmera, nem sempre sutis, levam o público a longos passeios pelos bosques e campos de Arles, no Sul da França, para onde Gogh foi em 1888, depois que se sentiu rejeitado em Paris. Em busca de uma luz que só ele saberia enxergar, são muitas e longas as caminhadas do artista, sempre reveladas por solavancos, pisadas fortes e mudanças bruscas de ângulos de filmagem.


O segundo detalhe que impõe enorme diferença ao filme de Schnabel é Willem Dafoe no papel do protagonista. Como o diretor quer levar o espectador a compreender a alma atormentada e confusa de Van Gogh, é por meio dos olhares, sorrisos e gestos do ator que o público tenta fazer isso. E Dafoe está magistral, sem cair, em nenhum momento, na tentação de caricaturar a loucura do pintor. Não é por acaso que ele ganhou prêmio Volpi Cup do Festival de Veneza de 2018 e concorre ao Oscar de Melhor Ator este ano.


Por fim, Schnabel mexeu também na parte mais polêmica da biografia de Van Gogh: sua morte. Em "No Portal da Eternidade" fica evidente que o artista não se suicidou. Foi morto por um garoto que participava de uma briga, enquanto pintava ao ar livre, à beira de um lago, como fazia sempre. E o diretor banca essa ideia com todas as letras e argumentos, assim como aposta também no lado mais positivo da amizade entre o holandês e Paul Gauguin (Oscar Isaac).


Por se tratar de um artista sui generis que, em seus últimos 80 dias de vida, na aldeia de Auvers-sur-Oise, próximo de Paris, pintou 75 telas, cujas obras e biografia são até hoje estudadas, "No Portal da Eternidade" não será, com certeza, o último filme sobre Van Gogh. Mas é, sem dúvida, um filme luminoso e atrevido. 
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
Distribuição: Diamond Films


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30 janeiro 2019

Original e criativo, "Vice" é, antes de tudo, um filme cínico

O diretor Adam McKay fez a escolha acertada ao chamar Christian Bale para viver o personagem Dick Cheney (Fotos: Universum Film/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Não há como negar: é muito criativa a forma que o diretor Adam McKay encontrou para mostrar como o jovem beberrão e mau elemento Dick Cheney se transformou, durante um tempo, no homem mais poderoso do mundo. A história do vice-presidente de George W. Bush, que ficou no poder de 2001 a 2009, é contada de um jeito original e único no filme "Vice", em que o diretor convida constantemente o espectador a observar, refletir, participar.

A narração em "off" e o depoimento direto para a câmera de alguns dos coadjuvantes da vida de Dick ajudam a carregar na ironia, quase caindo na galhofa. Não faltam piadas entre uma e outra cena, algumas ridicularizando figuras conhecidas da política norte-americana.

Não é por acaso que "Vice" é classificado por muitos como "comédia dramática". Na verdade, Dick Cheney parece ter nascido personagem. Coube a Adam McKay a difícil tarefa de mostrar ao público de forma inteligente o verdadeiro tabuleiro de xadrez da política e a falta de escrúpulos do segundo homem dos Estados Unidos quando se tratava de atingir seus objetivos. Principalmente no episódio das Torres Gêmeas, no 11 de setembro de 2001, que acabou desencadeando a questionável Guerra do Iraque.

Outro acerto de McKay foi a escolha de Christian Bale para viver o protagonista. Como sempre faz, Bale entrou de cabeça, emprestando seu corpo às transformações necessárias para dar credibilidade a um Dick contraditório, ambicioso, vaidoso e prepotente, porém escorregadio e evasivo. O ator se transforma diante dos olhos do espectador na medida em que o tempo passa, num jogo de expressão corporal e composição perfeitas do personagem. É assim que ele cativa o público e dá credibilidade às manobras e manipulações do vice.

Assim como a mulher de Dick, Lynne Cheney, foi fundamental na vida e na carreira política do marido, a atriz Amy Adams é de fundamental importância em "Vice", interpretando a típica esposa que age nos bastidores, aconselha, joga e, acima de tudo, também ama o poder. A química entre o casal é visível e passa verdade e cumplicidade.


Steve Carell, que faz o deputado Donald Rumsfeld, com quem Dick começa sua carreira, também brilha como o político esperto sempre disposto a atingir seus objetivos. Sam Rockwell dá seu recado como um George W. Bush tão manipulável quanto perigoso, e Jesse Plemons enche o filme de interrogações como Furt, o "doador do coração" - pra não dar spoiler.

"Vice" está indicado ao Oscar de "Melhor Filme", "Melhor Diretor", e Christian Bale concorre a "Melhor Ator" - entre outras indicações. Merecidamente, diga-se. Ao final surpreendente do filme fica no público a certeza de como somos todos manipulados pelos políticos e pela mídia. A ideia que passa, por mais cínica que possa parecer, é: somos todos otários.
Duração: 2h12
Classificação: 14 anos
Produção: Imagem Filmes


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