27 junho 2015

Ba-ba-ba, banana! Os "Minions" chegaram para invadir sua praia

Bob, Kevin e Stuart fazem uma longa jornada em busca   do mais malvado dos vilões que vai comandar os Minions   (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Eles são desastrados, cheios de boas intenções, estão do lado dos vilões, mas não tem como não se apaixonar por estas estranhas figuras chamadas Minions. E estes amarelinhos fofos se destacaram tanto em "Meu Malvado Favorito 1 e 2" que ganharam uma animação só para eles - "Minions" ("The Minions"), dirigida por Pierre Coffin (o mesmo dos filmes anteriores), que também dublou todos os Minions deste, e Kyle Balda (de "Monstros S.A.).

Mesmo sendo uma animação para o público infantil, tem muito adulto na fila esperando para ver estes pequenos seres amarelos unicelulares de macacão azul que só são felizes quando estão juntos e servindo aos mais malvados vilões.  O idioma desta turminha é universal, uma mistura de inglês, francês, italiano, russo, espanhol, que ninguém entende, mas todo mundo compreende. Seja durante as brigas, nas brincadeiras ou quando estão com fome e o único desejo é comer BA-NA-NA. É diversão do início ao fim, com muitas trapalhadas, principalmente quando tentam agradar ao chefe.

Até conhecerem Scarlet Overkill e Herb, seu companheiro de crime, cujas vozes originais são de Sandra Bullock ("Gravidade") e Jon Hamm (da série "Mad Man"). A excelente narração ficou a cargo de Geoffrey Rush ("Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas").

Um ponto negativo da versão para o português: o fato de uma grande atriz ser a top em vilania nas novelas não quer dizer que ela seja a mais indicada para dublar a vilã em uma animação. A escolha de Adriana Esteves não foi das melhores, apesar de todo marketing em cima do nome dela. A voz de Scarlet perde o impacto, fica sem graça e sem a crueldade que se espera da primeira supervilã feminina do mundo, que por sinal não é das mais malévolas mas é bem estilosa. Sandra Bullock dá um pouquinho mais de gás na personagem com a voz original.

Já Vladimir Brichta segura bem o papel de Herb, o gênio criativo do casal que faz de tudo para agradar sua amada Scarlet. O casamento na vida real com Adriana Esteves dá uma cumplicidade bem especial à dupla do mal. Tirando este ponto, que a meninada nem vai notar, "Minions" é diversão pura e vai encantar ao público que aguardava ansioso o filme, que explica a origem destes personagens.

A história dos Minions começa no início dos tempos, quando eles surgiram como organismos unicelulares amarelos, evoluindo ao longo das eras, sempre servindo ao mais malvado dos vilões - do T-rex a Napoleão Bonaparte. Sem nunca terem tido sucesso em manter esses mestres por muito tempo, ao perderem o último, entram em profunda depressão. 

Para salvar sua gigantesca família, o Minion chamado Kevin pensa em um plano, e juntamente com Stuart, o irmão adolescente rebelde, e o adorável pequeno Bob se aventura mundo afora em busca de um novo chefe maligno para servirem. O trio deixa a congelante Antártida e seguem até a cidade de Nova York da década de 1960, onde conhecem Scarlet Overkill e Herb. A aventura continua em Londres, onde precisam fazer de tudo para salvar os Minions da extinção. Ao longo da jornada vão conhecendo personagens - do bem e do mal - e fazendo novos amigos, entre eles, a Rainha da Inglaterra.



Além da atuação dos nossos amiguinhos, dois pontos se destacam na produção e vão agradar aos adultos: a ambientação do filme nos anos 60, tanto em Nova York quanto em Londres, e um repertório musical desta década que inclui The Beatles ("Got to Get You Into My Life"), Jimi Hendrix ("Purple Haze"), Rolling Stones, The Doors, The Turtles ("Happy Together"), The Who ("My Generation"). Além da trilha sonora composta pelo brasileiro Heitor Pereira, responsável também por "Meu Malvado Favorito 1 e 2". O cantor Michel Teló faz a versão da música em português.

"Minions" é a aposta do ano da Universal Pictures de uma bilheteria milionária em animação e entra numa forte disputa com a excelente produção "Divertida Mente", da Disney Pixar. Não é a toa que o filme dos amarelinhos está dominando a maioria dos espaços, sendo exibido em 32 salas de cinema de 17 shoppings de BH, Contagem e Betim. Imperdível, com direito a um balde gigante de pipoca e refrigerante na mão, não importando a idade. Um ótimo programa para o fim de semana.

Ficha técnica:
Direção: Pierre Coffin e Kyle Balda
Produção: Ilumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h31
Gêneros: Animação / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

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23 junho 2015

Kurt Cobain renasce em "Montage of Heck"


Foi Kurt Cobain e a banda Nirvana quem revolucionou um mercado do rock que estava estagnado (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Wallace Graciano


Sempre tive uma certa curiosidade em entender a relação de uma pessoa e seu ídolo, tanto que fiz do assunto o tema do meu TCC da pós-graduação. É bacana ver alguém distante pode ter tanto impacto na vida de um fã. Ainda mais interessante quando esse ícone muda uma ideologia ou comportamento, seja ele uma divindade, personalidade ou jogador de futebol. Há quem também tenha um grupo musical como marcante. E quando se trata de bandas, vejo o Nirvana como o caso mais extremo de idolatria.

Não há apenas um aspecto de admiração pelo trabalho. Os fãs de Nirvana têm um tratamento que beira ao dado às divindades. Por mais estranho e controverso que pareça, via que as letras niilistas (e sarcásticas também) do Kurt Cobain, líder da banda, guiavam o comportamento deles. O mais curioso é que essas músicas afetam as gerações que conviveram com a banda e as que nem sequer eram nascidas no auge do movimento grunge.

Falo isso porque já tive 14 anos. E ser adolescente e gostar de rock no meu tempo implicava necessariamente em ter alguma frase do Cobain rabiscada no all star preto. À época, servia para dramatizar a relação com um mundo controverso que descobríamos a cada dia. E olha que o Nirvana era coisa do passado naquele período. 

O tempo passou e essa percepção do que e quem está ao redor foi se expandindo. E ela me fez abandonar essa idolatria ao Kurt. Na verdade, ela se tornou uma "idolatria infiel", se assim posso dizer. A medida que lia sobre ele, não conseguia mais compreender como sua figura (não o músico) era inspiradora, principalmente por ser extremamente autodestrutivo e ser afetado por aqueles que o transmitiam empatia. Beirava como uma contradição ao meio que ele sonhou estar.

Porém, bastou assistir o documentário "Kurt Cobain: Montage of Heck", no último sábado, para renascer um pouco daquele sentimento da adolescência. Durante as mais de duas horas que a película passava na telona, vi o quão importante Kurt foi para a música. 



Foi ele quem revolucionou um mercado do rock que estava estagnado. Em cinco anos entre o lançamento do Bleach e sua morte, Kurt foi voz de uma geração, trouxe uma nova ideologia e mudou uma tendência em um período que só se tem espaço para "mais do mesmo". O mais curioso, que vi durante o filme, é que ele fazia isso em uma luta intensa com o estrelato repentino. O que dá uma sensação ainda maior de autenticidade à mensagem que ele passava.

Esse impacto nenhum outro artista conseguiu causar nessas duas últimas décadas. Não à-toa, Cobain se tornou um dos imortais da música. Daqueles que sempre terão sua obra relembrada.

E ela foi muito bem trabalhada nesse documentário. Não sei se vocês são fãs do Nirvana. Podem achar a banda uma porcaria e entenderia perfeitamente essa visão. Porém, mesmo que pensem assim, mas gostem do mundo dos grandes astros do rock, sugiro que assistam o "Montage of Heck". É daqueles filmes que te não te deixam pensar, pois é uma carga pesada de informações a cada nova passagem. No fim, te arrebata quando você tenta assimilar.

Ficha técnica:
Direção: Bret Morgen
Produção: HBO Documentary Films / Public Road Productions
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h25
Gênero: Documentário
País: EUA
Classificação: 14 anos

Tags: "Kurt Cobain: Montage of Heck"; Kurt_Cobain; Nirvana; rock; documentário;