08 janeiro 2017

Jennifer Lawrence e Chris Pratt não conseguem salvar roteiro de "Passageiros"

Filme mistura romance, ficção científica e efeitos visuais que poderiam ter sido melhor explorados (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


"Passageiros" ("Passengers") tem a seu favor um elenco milionário e carismático - o casal romântico Jennifer Lawrence e Chris Pratt (que não perde o jeitão de "Jurassic World"), uma ficção com cenas que lembram "Gravidade" sem o mesmo impacto do visual espacial e... só. O filme se perde e até os efeitos ficaram aquém do esperado, por mais que seus protagonistas tenham se esforçado em tentar segurar por quase duas horas a história de um romance intergaláctico de 90 anos.

A participação de Michael Sheen, como Arthur, o barman robótico é uma das melhores partes do filme. Laurence Fishburne (tripulante Gus Macuso) faz uma participação relativamente rápida e ajuda a dar uma alavancada na monótona vidinha do personagem de Chris, definindo inclusive o final. A presença de Andy Garcia (capitão Norris) é caça-níquel, do tipo vapt-vupt, mas é sempre bem vinda, mesmo como um coadjuvante quase dispensável.

Faltam explicações para várias dúvidas que surgem ao longo da narrativa - o que aconteceu na Terra para as pessoas deixarem suas famílias? Por que o mecânico Jim Preston (Pratt) consegue desarmar um dos dispositivos de vida e não consegue consertá-lo depois? Por que uma mensagem leva dezenas de anos para chegar à Terra enquanto tudo dentro da nave "brota" em pouco tempo, em condições muito menos favoráveis, como uma floresta? 

O filme narra a viagem de uma equipe de quase cinco mil pessoas, entre trabalhadores e milionários que pagaram pela experiência de conhecer um novo sistema que está sendo povoado com pessoas da Terra. A viagem terá duração de 120 anos, mas o mal funcionamento do sistema desperta dois passageiros 90 anos antes do tempo programado. Sozinhos, Jim Preston (Chris Pratt) e Aurora Lane (Jennifer Lawrence) começam um relacionamento, que tem como testemunha o barman Arthur (Sheen). Mas um grande segredo de Jim e novas falhas no sistema da nave ameaçam o projeto e colocam em risco as vidas de todos os ocupantes. 

Desde o início percebe-se qual o rumo do filme, sem grandes surpresas. Apesar de ter menos cenas de ação do que o esperado, elas são muito boas, proporcionadas por falhas técnicas da grandiosa nave Avalon, que não consegue ser a vilã da história, como aconteceu de forma extraordinária com o computador Hall 9000, de "2001 - Uma Odisséia no Espaço". Na espaçonave as diferenças sociais são claras, desde os quartos à alimentação - um hotel de luxo para uns, como Aurora (Lawrence) e um alojamento de quinta para outros, como Jim. Mas tem um visual bem futurístico e bacana, além de contar com o computador principal com a voz de Emma Clarke. 


"Passageiros" tem uma boa trilha sonora, que agrada e dá uma revigorada nos momentos monótonos do filme. O que era de se esperar, a partir do momento que o belo casal terá de passar isolado numa nave por 90 anos, sem muita opção de lazer - uma academia, piscina com visão para as estrelas e um robô gentleman, fora o romance o sexo, que deveria render alguma coisa. 

Deixarei para quem assistir dar sua opinião depois se faltou algum detalhe. Esqueça a parte técnica e assista ao filme como distração e pelos atores principais, sem esperar grandes emoções.



Ficha técnica:
Direção: Morten Tyldum
Produção: Columbia Pictures / Lstar Capital / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Ficção Científica / Ação / Romance 
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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04 janeiro 2017

"Animais Noturnos" é cruel, violento, vingativo e excelente

Suspense surpreende na narração, direção e atuações de Jake Gyllenhaal  Amy Adams, Michael Shannon e Aaron Taylor-Johnson (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor, roteirista e produtor Tom Ford conseguiu transformar uma história que poderia ser apenas mais um drama com três histórias entrelaçadas em uma grande obra, envolvente e surpreendente - "Animais Noturnos" ("Nocturnal Animals"). E ainda contou com dois excelentes atores como protagonistas - os premiados Amy Adams e Jake Gyllenhaal.

O suspense retrata a história de um casal separado há 20 anos. Susan Morrow (Adams) é uma negociante de arte de Los Angeles que vive uma vida privilegiada, mas incompleta, ao lado de seu marido Hutton Morrow (Armie Hammer). Em um final de semana em que ele deve partir para uma de suas frequentes viagens de negócios, ela recebe um pacote inesperado: um livro escrito por seu ex-marido, Edward Sheffield (Gyllenhaal), e dedicado a ela - "Nocturnal Animals".

A medida que avança na leitura da obra, Susan vai se envolvendo cada vez mais com o suspense e passa a questionar as escolhas que fez na vida. A publicação, violenta e desoladora, conta a história de Tony (também interpretado por Gyllenhaal) que sai em viagem com a mulher e a filha. Eles são atacados na estrada por uma gangue, chefiada pelo psicopata Ray Marcus (ótima atuação de Aaron Taylor-Johnson). Tony conta apenas com a ajuda de um detetive doente (Michael Shannon, também muito bem no papel) para desvendar o paradeiro de sua família.

Com um desfecho surpreendente, imagens e figurino esteticamente bem trabalhado e trilha sonora impecável, "Animais Noturnos" é uma das boas produções deste ano, principalmente pela atuação de Jake Gyllenhaal, digna de uma indicação ao Oscar. Premiado com o Grande Prêmio do Júri durante o Festival de Veneza, o filme é baseado no livro “Tony & Susan”, de Austin Wright.

Uma pena que esteja com exibição restrita a apenas três, podendo sair de cartaz ainda nesta semana: Belas 2 (14h, 16h30, 18h50 e 21h20), Pátio Savassi 8 (13h30, 16h10, 18h50 e 21h30) e Net Cineart Ponteio 2 (14h10, 16h30, 18h50 e 21h10). Merece ser conferido.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Tom Ford
Produção: Universal Pictures / Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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