05 setembro 2017

"A Torre Negra" deixa a desejar como adaptação, mas vale como sessão da tarde

Os tiroteios no estilo faroeste do pistoleiro interpretado por Idris Elba são a melhor parte do filme (Fotos: Sony Pictures /Divulgação)

Maristela Bretas


A proposta do diretor foi fundir todos os oito livros que compõem a saga "A Torre Negra" ("The Dark Tower") , de Stephen King. Mas ficou a desejar e a bilheteria fraca está comprovando isso. O filme não é ruim, mas fica a dever como adaptação da obra do famoso escritor. Oferece uma boa distração para quem quer ver ficção e aventura com um elenco bem conhecido.

Destaque para Idris Elba com uma ótima interpretação do pistoleiro negro Roland Deschain que defende a torre. São dele as melhores cenas, como se estivesse no velho oeste. Ele divide as atenções do público com Walter, o Homem de Preto, papel de Matthew McConaughey, que faz um vilão mais ou menos convincente, com suas mágicas e poder de persuasão.


Os efeitos visuais garantem o trabalho de ambos, mas não salva a produção. Para completar o elenco principal, Tom Taylor no papel de Jake Chambers, um jovem atormentado por pesadelos de um mundo paralelo no qual estão Roland e Walter.


Existem falhas e a produção é monótona até a metade, ganhando agilidade até o final, com boas cenas de lutas e tiroteios, no estilo faroeste urbano. As locações foram bem escolhidas. O roteiro, no entanto, é fraco e não consegue causar o impacto esperado, principalmente por ser baseada nesta longa e difícil saga.

"A Torre Negra" conta a história do pistoleiro Roland Deschain que percorre o mundo tentando garantir que a Torre Negra, que mantém o equilíbrio dos mundos não seja destruída pelo Homem de Preto, o vilão com poderes mágicos. Os dois são inimigos há séculos e passam de um mundo para outro atravessando portais, algumas vezes trazendo monstros e figuras deformadas com eles. Entra em cena o adolescente Jake, que tem visões com os dois personagens, mas é considerado louco por sua família e se une a Roland para evitar a destruição da Torre.


Ao contrário de "It - A Coisa", esta sim, uma excelente adaptação de um livro de Stephen King, "A Torre Negra" foge totalmente dos estilos terror e suspense, desagradando os fãs do escritor. O palhaço Pennywise é lembrado em uma cena que mostra uma placa com o nome dele no antigo parque em que atuava e que pegou fogo. Confesso que esperava mais, mas o filme vale como diversão em uma sessão da tarde.



Ficha técnica:
Direção: Nikolaj Arcel
Produção: Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures do Brasil
Duração: 1h35
Gêneros: Fantasia / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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02 setembro 2017

"Como Nossos Pais", um filme para todos, direto e transparente

Produção dirigida por Laís Bodanzky ganhou seis kikitos no Festival de Gramado de 2017, incluindo Melhor Filme (Fotos: Imovision/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Crise matrimonial, conflito de gerações, infidelidade, papel da mulher no casamento, segredos familiares, doença terminal, rotina, sonhos adiados, frustrações... Vistos assim, juntos, temas tão complexos quanto assíduos e delicados poderiam resultar numa história árdua e pesada. Não é o caso de "Como Nossos Pais", filme de Laís Bodanzky que tem recebido elogios - dentro e fora do Brasil - exatamente por ser leve, simples, direto e transparente.

Sem inventar muito, a diretora - e co-roteirista junto com Luiz Bolognesi - faz um recorte na vida de Rosa, jornalista de 38 anos vivida por Maria Ribeiro quando ela vive um momento de crise. Cansada de ser supermãe e dona de casa perfeita, além de carregar a frustração de um trabalho que não a satisfaz, ela enfrenta uma turbulência no casamento, questiona a participação do marido Dado (Paulo Vilhena) nos afazeres domésticos e na educação das filhas, e, para completar, sua mãe Clarice, interpretada por Clarisse Abujamra, despeja-lhe uma bomba, um daqueles segredos familiares de arrasar quarteirões.

Nas muitas entrevistas que deram em jornais e TVs sobre o filme, diretora e protagonista enfatizaram que "Como Nossos Pais" não é um filme feminista - pelo menos na concepção mais original do termo. Houve quem dissesse se tratar de um filme feminino, até porque, os personagens que questionam, revolucionam, criam situações e conflitos, são mulheres. Os homens, embora tenham importância no desenvolvimento da trama, são apenas coadjuvantes.


Exibido em Berlim, vencedor do 19º Festival Brasileiro de Paris, o filme ganhou seis kikitos no Festival de Gramado de 2017: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz para Maria Ribeiro, Melhor Ator para Paulo Vilhena, Melhor Atriz Coadjuvante para Clarisse Abujamra e Melhor Montagem. E ainda está entre os indicados na disputa do filme que irá representar o Brasil no Oscar.

Não é por acaso que o trabalho de Laís Bodanzky se destaca, principalmente, pela atuação criativa e impecável dos atores, a começar por Maria Ribeiro, que encontrou o tom certo da sua Rosa - cansada, irritada, mas guerreira - passando pela veterana Clarisse Abujamra, que emprestou sua experiência ao personagem Clarice, mãe de Rosa, mulher amarga, doente, sem papas na língua.


Destaque também para Paulo Vilhena, que é Dado, o marido que não sabe muito bem qual o seu lugar. Mas nada se compara ao papel de Jorge Mautner, que faz Homero, pai de Rosa, homem sonhador, meio artista, viajandão e com um pé fora do real.

Pequenos deslizes, como a nudez gratuita de Rosa, de costas, quando ela chega à janela de um hotel em Brasília, e a forma como Clarice enfrenta uma doença terminal - sem nenhuma dor ou mal-estar - não são suficientes para embaçar o brilho de "Como Nossos Pais", que tem um final reticente que respeita a inteligência do espectador. Classificação: 14 anos



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