29 março 2018

"Jogador nº 1" - Uma produção Spielberg para ver, relembrar e curtir

Wade Watts terá de enfrentar vários desafios no mundo virtual para ganhar o jogo e conquistar a garota por quem é apaixonado (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ter Steven Spielberg como diretor já é mais do que meio caminho para um ótimo filme, principalmente se a proposta for para entretenimento - "ET - O Extraterrestre" é inesquecível e marcou uma geração. E o gênio da diversão gastou uma cota considerável de competência e criatividade para entregar "Jogador nº 1" ("Ready Player One"), o melhor filme/animação/ficção do ano até o momento.


Baseado no livro homônimo escrito por Ernest Cline, que também participa como roteirista, a produção vai fazer muito marmanjo se sentir criança novamente ao rever velhos conhecidos do passado. Somente Spielberg seria capaz de construir o maior "easter egg" do cinema, colocando numa mesma produção figuras como as gêmeas do clássico do terror "O Iluminado", o famoso Batmóvel de Adam West, o DeLorean de "De Volta para o Futuro", Chuck, o boneco assassino, o temível Freddy Krueger, King Kong, o T-Rex de Jurassic Park, a aventureira Lara Croft, Street Fighter e milhares de personagens dos quadrinhos, do cinema e, principalmente, dos videogames.


"Jogador nº 1" faz as boas lembranças brotarem da memória, o filme é uma aula de cultura pop. Será preciso assistir várias vezes para conseguir identificar todos os conhecidos participantes que aparecem como avatares dos jogadores na vida real - cada um escolhe o personagem que desejar para participar do jogo. E estes heróis e vilões estão nas batalhas campais, nas disputas de rua e na frente da tv jogando. Bobagem tentar explicar o prazer de jogar num Atari, trocando cartuchos e usando um joystick de apenas um manche e um botão. Só entende quem já viveu esta inesquecível experiência.


Ao mesmo tempo em que proporciona diversão, "Jogador nº 1" é também uma crítica ao isolamento do mundo real provocado pelo uso sem controle da tecnologia. Milhares de pessoas deixam de lado suas vidas para passar o dia jogando "Oasis", um game que cria um universo paralelo de realidade virtual. Cada um foge de seu drama diário verdadeiro para se tornar um super-herói, o vilão predileto ou, simplesmente pessoas comuns que não precisam se preocupar com nada. Tudo é virtual e o jogador faz o que quiser com seu avatar.


Se o início do filme deixa a impressão de que se trata apenas uma grande animação sobre games, a caçada ao Easter Egg vai atraindo mais o público que reencontra a cada nova cena um velho conhecido. Se não bastasse o roteiro, a direção, a computação gráfica, "Jogador nº 1" ainda apresenta uma trilha sonora arrasadora com sucessos do passado, apesar de ser ambientando em 2045.

Tudo acontece em Columbus, nos EUA, dividido entre duas realidades: a população miserável que vive em barracos montados em estruturas de metal abandonadas, semelhantes a uma estante. E o mundo tecnológico que controla a todos, e onde vivem dois grandes amigos nerds, que enriqueceram com a criação do game Oasis.



Wade Watts (Tye Sheridan), como o resto da humanidade, prefere a realidade virtual do jogo ao mundo real. Quando um dos criadores do jogo, o excêntrico e tímido James Halliday (Mark Rylance) morre, ele lança um desafio para os jogadores: aquele que encontrar três chaves e vencer o jogo irá herdar trilhões de dólares de Halliday, além do controle da empresa.

Entre fugas e perseguições contra os demais competidores, Watts, cujo avatar se chama Parzival, descobre que, para vencer, terá de se unir a alguns amigos virtuais, mas desconhecidos na vida real. E ainda apaixonar-se por Samantha (Olivia Cooke), a garota "mais descolada" que já conheceu e que usa o avatar Artemis. Ponto positivo para os demais componentes do clã High Five, de Artemis - Lena Waithe, Win Morizaki e Philip Zhao.


Claro que nada disso seria possível sem um bom vilão. No caso dois - Sorrento (Ben Mendelsohn), o dono da empresa IOI e concorrente da Oasis, e i-R0k (voz de T.J.Miller) , um gigante cibernético atrapalhado que divide com Sorrento os momentos mais engraçados do filme. Perguntar se vale a pena pagar o ingresso da sala #Imax para ver "Jogador nª 1" é até bobagem. Só vale, seja pelos efeitos visuais são ótimos, com cenas bem ágeis, especialmente no "modo game". Uma sessão da tarde, no futuro, que vale a pena ver de novo, diversas vezes, e que ainda conta com uma ótima sonora que pode ser conferida completa clicando aqui.



Ficha técnica:
Direção: Steven Spielberg
Produção: De Line Pictures / Village Roadshow Productions / Random House Films / Reliance Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h20
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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28 março 2018

"Nada a Perder" - A biografia romanceada de um líder evangélico

Produção aborda surgimento da igreja e perseguições de concorrentes para justificar a prisão do bispo em 1992 (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Baseado no livro homônimo, "Nada a Perder - Contra Tudo. Por todos" é a biografia autorizada de um dos mais conhecidos e polêmicos líderes de igreja evangélica no mundo que estréia nesta quinta-feira nos cinemas com forte marketing de divulgação. A produção da Paris Entretenimento se passa nos anos 60 a 90 e é dividida em três etapas a partir da infância cercada pelo bullying de colegas devido a um problema nas mãos.

Já o adolescente é um rapaz comum, com amigos, namorada e emprego, que tem criação cristã com incursões pela umbanda graças ao pai. É nesta fase da vida que começa a questionar sua fé nas demais igrejas e deixa tudo para dedicar seu tempo à evangelização, que começa com uma caixa de som numa praça pública. O filme também exalta a participação de sua mulher Ester, que o acompanha desde o tempo em que era um jovem de classe média baixa e com quem teve duas filhas.


A arrastada história, narrada em primeiríssima pessoa, começa a partir da prisão do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em 1992 pela Polícia Federal na frente da mulher e da filha mais nova. O roteiro é fraco, com poucas explicações sobre a trajetória e o enriquecimento rápido do personagem e muita exaltação à capacidade dele de pregar o evangelho, segundo o filme, a quem quer que fosse. Ao contrário de seus concorrentes - a Igreja Católica, a quem culpa por sua prisão, e outros líderes evangélicos, como seu cunhado.

As acusações de charlatanismo, curandeirismo e estelionato é sempre colocada na boca dos inimigos, de forma a permitir que o personagem sempre se defenda e seja exaltado pelos fiéis, para quem "Nada a Perder", assim como os livros, são destinados. Muitas passagens ficaram vazias e outras bem romanceadas. 


O intérprete do personagem principal é Petrônio Gontijo, que assimilou bem a postura, o modo de andar e conversar do líder evangélico e entrega uma ótima interpretação. No elenco estão ainda Dalton Vigh (juiz), Beth Goulart (mãe do protagonista), André Gonçalves (o cunhado bispo), Eduardo Galvão (um representante da Igreja Católica), Day Mesquita (Ester Bezerra). Até mesmo o cantor Latino tem uma pequena participação que mostra como era sua vida como morador de rua e que virou seguidor do bispo.

Se o filme peca no roteiro, a reconstrução de época foi bem trabalhada pelo diretor Alexandre Avancini, explorando belas locações em pontos históricos do Rio de Janeiro e São Paulo. A trilha sonora é aplicada em crescente, de forma a envolver o público como acontece em um culto. E é para este público que o filme é direcionado. E, assim como a obra literária, terá uma continuação já confirmada e, possivelmente até uma terceira.


Ficha técnica:
Direção: Alexandre Avancini
Produção: Paris Entretenimento
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Duração: 2h10
Gêneros: Biografia / Nacional / Drama
País: Brasil


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