13 maio 2019

"Kardec", uma produção bem conduzida para contar a trajetória do maior nome do espiritismo

Leonardo Medeiros é o protagonista desta biografia ambientada em Paris a partir de 1857 (Fotos: Daniel Behr / Conspiração Filmes)

Maristela Bretas


Ótima fotografia, cenários e figurinos bem elaborados e uma reconstituição de época muito bem feita, além da interpretação sob medida de Leonardo Medeiros garantem a "Kardec" uma boa recomendação. O filme explora a vida do grande codificador do espiritismo, Allan Kardec, focando mais a partir de 1857, quando Hypolite Leon Denizard Rivail já estava com 53 anos, atuando como educador de um Liceu em Paris para depois se tornar Allan Kardec. Em muitos momentos a produção se torna monótona, mas também tem pressa em contar como o protagonista se tornou Allan Kardec, abraçando a doutrina espírita.


Do professor descrente, que só aceitava as situações que a ciência podia provar, ao homem que dedicou o resto de sua vida a escrever e explicar o espiritismo, o filme pincela alguns detalhes, como a perseguição da Igreja Católica, a maior inimiga da doutrina na época. Ou a caça às bruxas incentivada por bispos após a publicação de seu maior sucesso "O Livro dos Espíritos". Pregar a doutrina significou para Kardec conquistar seguidores e ferrenhos inimigos, despertou inveja, ganância, medo e também admiração e respeito.


Leonardo Medeiros é Allan Kardec e Sandra Corveloni faz o papel da esposa Amélie-Gabrielle Boudet, uma mulher que amava o marido e abraçou sua causa. Eles dividem o elenco com nomes como Guilherme Piva (Didier), Genézio de Barros (Padre Boutin), Guida Vianna (Madame De Plainemaison), Julia Konrad (Ruth-Celine), Charles Fricks (Charles Baudin), Licurgo Espinola (Sr. Babinet), Letícia Braga (Julie), Julia Svacina (Caroline), Dalton Vigh (Sr. Dufaux) e Louise D’Tuani (Ermance Dufaux).


Com roteiro de L.G. Bayão (“Irmã Dulce”, “Heleno” e “Minha Fama de Mau”) e direção de Wagner de Assis, o longa  acompanha a trajetória de Kardec desde o período em que atuava como educador, com mais de 20 livros didáticos publicados, passando pela investigação dos fenômenos, pelo processo de codificação da doutrina espírita, até a publicação e repercussão de “O Livro dos Espíritos”, quando adotou o nome de Allan Kardec, que também é explicado no enredo.


O tempo de projeção é pouco para abordar a vida e obra deste grande homem, que foi perseguido, desacreditado, mas que soube ser ouvido e respeitado por gerações até os dias de hoje. A narrativa é leve, permite ao mais leigo entender o filme, baseado em fatos reais. Apresentar as médiuns Ermance De La Jonchére Dufaux e as jovens irmãs Caroline e Julie Boudin, que ajudaram Kardec em seu primeiro livro também foi um dos pontos positivos do drama de Wagner de Assis. Ajudou a entender o que fez aquele professor tão cético se voltar para um mundo espiritual.


"Kardec" é uma produção nacional muito bem feita, os atores cumprem bem seus papéis e a condução permite entender um pouco a história do protagonista, sem aprofundar muito. Fica a desejar na explicação do que realmente é o espiritismo e o que prega a obra literária. Os ambientes iluminados por velas (como na época), ajudam a criar o clima ideal para as manifestações dos espíritos, dando um gás na narração, que também ficava arrastada, assim como algumas cenas.



Ficha técnica:
Direção: Wagner de Assis
Produção: Conspiração Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Drama / Biografia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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09 maio 2019

O medo da morte conduz "Cemitério Maldito", do mestre do terror Stephen King

Um cemitério de animais nos fundos de uma casa guarda um segredo que afeta toda a comunidade local (Fotos: Kerry Hayes/Paramount Pictures)

Maristela Bretas


Após ter sua estreia adiada de 4 de abril, "Cemitério Maldito" ("Pet Sematary") entre em cartaz nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros provocando um impacto menor que o esperado. Baseado no livro "O Cemitério", do mestre do terror e suspense, Stephen King, e dirigido por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, o filme é menos assustador que a obra original, mas desperta um sentimento mais profundo - o medo da morte. Até que ponto iria um pai para recuperar seu filho ou protegê-lo do mal? Esta é a grande pergunta do filme, que apresenta ao espectador um terror diferente do convencional, que mexe com o emocional.


"Cemitério Maldito" não tem uma entidade sobrenatural que sai vagando pelos aposentos da casa ou cortando pessoas ao meio. Existe sim, algo maligno, que se apossa das pessoas, criando situações tensas e até certo suspense que fica a dever à obra literária. Tudo isso está ligado a um antigo cemitério de animais de estimação nos fundos de uma casa. O imóvel passa a ser ocupado por uma família que deixou a cidade de Boston em busca de um local tranquilo no campo. 


Jason Clarke, que faz o papel do pai e médico Louis Creed, e John Lithgow como seu estranho vizinho Jud Crandall, entregam boas interpretações. Destaque também parra a jovem Jeté Laurence, como a filha Ellie, que desencadeia a maioria das ações tensas do filme, juntamente com seu gato.


Em ambientes escuros, como todo filme do gênero, o longa conta a história do médico Louis Creed, que, depois de mudar com a esposa Rachel (Amy Seimetz) e os dois filhos, Ellie e o pequeno Gage (Hugo Lavoie) para uma área rural do Maine, descobre um misterioso cemitério escondido dentro do bosque no terreno da nova casa. Eles terão também que conviver com os caminhões em alta velocidade que trafegam pela rodovia em frente ao portão da casa. Quando uma tragédia acontece, Louis pede ajuda a Jud, dando início a uma reação em cadeia perigosa que liberta um mal imprevisível com consequências assustadoras.


"Cemitério Maldito" é uma obra que assombrou até mesmo o editor de Stephen King. O autor demorou três anos para entregar o livro. Em entrevista, o produtor do filme Lorenzo di Bonaventura disse que estava fazendo o filme baseado no livro porque não era terror, mas uma ligação emocional entre um adulto e seu filho. "Eu ainda acho o livro profundamente assustador nos dias de hoje. Ele é primordial”, afirmou.

Passados 30 anos da primeira versão para o cinema, marcado pela expressão "Às vezes, morto é melhor", "Cemitério Maldito" ganhou efeitos melhores, um elenco com boas interpretações, mas cenas de suspense bem previsíveis desde o início bem previsíveis, tirando a força desta grande obra literária de King.


Ficha técnica:
Direção: Kevin Kölsch e Dennis Widmyer
Produção: Di Bonaventura Pictures / Paramount Pictures / Alphaville Films
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h41
Gênero: Terror 
País: EUA 
Classificação: 16 anos
Nota: 3  (0 a 5)

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