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| Diretor italiano Giacomo Abbruzzese faz sua estreia em longas com obra complexa (Fotos: Divulgação) | 
Eduardo Jr.
Lá se vai o mês de julho, em que os cinemas exibem filmes de fácil leitura para atrair principalmente jovens em férias. A nova fase das salas de exibição começa no dia 3 de agosto, com um filme difícil. A estreia do primeiro longa-metragem do cineasta italiano Giacomo Abbruzzese, “Disco Boy - Choque Entre Mundos”. A distribuição é da Pandora Filmes. 
A obra chega carregando o Urso de Prata de Melhor Contribuição Artística no Festival de Berlim deste ano. Mas não se engane. O ‘choque entre mundos’ proposto no título poderia ser substituído por ‘universos que apenas se resvalam’. 
Na trama, duas histórias correm paralelamente - com pitadas de mistério, drama e aventura. De um lado está Aleksei (Franz Rogowski), que sai da Bielorrússia com um plano para se alistar na Legião Estrangeira, e assim obter a cidadania francesa. Do outro está Jomo (Morr N’Diaye), um guerrilheiro do Níger, que luta contra a exploração européia que vem tornando escassos os recursos necessários à sobrevivência de sua aldeia. 
As duas histórias, obviamente, se encontram. Mas não como esperado. O longa se inicia com uma cena de soldados negros dormindo na mata. Cria-se ali a expectativa de que a trama dos africanos tenha destaque, mas o cineasta sequer se esforça em apresentar os componentes daquele núcleo ou o passado deles. 
Apenas num raro momento de abertura dessas personagens é que Jomo, líder da guerrilha africana, é questionado sobre o que ele teria sido caso tivesse nascido do outro lado do rio. Ele responde que seria “um disco boy”, que subiria no palco e se deixaria levar pela música, ignorando dilemas externos. 
O mesmo desejo de libertação tem Aleksei, que mesmo sendo branco, vivendo outra realidade, também busca na música e na dança se esquecer de suas batalhas particulares e da guerra que enfrenta junto da Legião Estrangeira. 
Branco e negro têm desejos semelhantes, que parecem simples. Suas existências se entrelaçam. Mas um deles tem seu universo mais esmiuçado, ocupa a tela por grande parte do filme. 
Enquanto o mundo do outro parece mero recurso para se fechar uma história; não como ponto de embate, mas como escada para os dilemas do protagonista. Resvala com a realidade do homem branco e adeus.   
Os dois são colocados frente a frente no campo de batalha, quase espelhados. O efeito de visão noturna escolhido pelo cineasta para o embate entre protagonista e antagonista fica bonito na tela, prende a atenção do espectador. 
Mas dura pouco para que, na sequência, sejam apresentados os estragos feitos pelo colonialismo europeu. Essa crítica fica perdida, pois não se sabe se é da personagem Aleksei ou do próprio cineasta. 
As tentativas do diretor de mostrar que as escolhas da vida não são simples e podem trazer consequências exigem do público concentração e capacidade de análise. Não só porque parecem habitar apenas na cabeça do cineasta, sem estarem expressas com clareza na tela, mas porque também são costuradas com cenas dúbias, delirantes. 
A irmã de Jomo, Udoka (Laetitia Ky), também gosta de dançar e se torna desejo inalcançável de Aleksei. Jomo, que foi morto por Aleksei, reaparece (se de forma onírica ou não, você decide). E nessa mistura confusa, o bielorrusso parece sofrer para escolher entre a cidadania francesa e a herança louca da guerra. 
Ao espectador, resta o esforço de interpretar metaforicamente a dança que embala o final do longa. Prepare-se para um filme difícil. Uma viagem sem por que ou pra quê. 
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Giacomo Abbruzzese    Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 12 anos
Países: Bélgica, França, Itália, Polônia
Gênero: drama
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