17 janeiro 2025

Com muita ação, “The Moon: Sobrevivente” coloca a bandeira da Coreia do Sul na Lua

O ator e cantor Do Kyung-soo (D.O.), do grupo Kpop E.X.O., é o astronauta que fica preso em solo lunar
(Fotos: Sato Company)


Jean Piter Miranda


O ano é 2029. A Coreia do Sul realiza uma missão espacial para mandar astronautas à Lua. Na reta final da operação, a tripulação enfrenta problemas. Hwang Sun-woo (Do Kyung-soo, do grupo Kpop EXO) fica sozinho em solo lunar. 

Esse é apenas um dos problemas que ele enfrenta. Isso, enquanto o governo de seu país faz todos os esforços para tentar trazê-lo de volta à Terra. Este é “The Moon: Sobrevivente” ("Deo Mun"), filme sul-coreano, dirigido por Kim Yong-hwa, que estreia nos cinemas brasileiros. 


A história tem dois personagens principais. Além do Hwang Sun-woo, quem tem muito tempo de tela é o ex-diretor do centro espacial sul-coreano, Kim Jae-gook (Sol Kyung-gu). Ele é chamado para integrar uma equipe remota de resgate.

Na Lua, Hwang mantém contato constante com a equipe do centro espacial. Tudo que ele passa é acompanhado no telão do comando de operação. Cenário o qual já vimos em muitos filmes norte-americanos: dezenas de pessoas sentadas em frente aos seus computadores, com headphones, uma tela gigante e diretores dando ordens. 


Por falar no que já foi visto, é inevitável a comparação com “Perdido em Marte” (2015), em que Matt Damon tenta voltar para casa. É bem verdade que “The Moon: Sobrevivente” reproduz um pouco do muito que já foi apresentado em filmes do gênero, sem nenhuma novidade. 

Falando em técnica, as imagens do espaço e da Lua são muito bem feitas. Uma produção de alto nível que não deixa nada a desejar. Os efeitos especiais são usados na medida certa e dão a impressão de que o astronauta realmente está fora da Terra.  As qualidades técnicas do longa garantiram a ele o troféu Blue Dragon Film Awards for Tecnical Award, premiação importante em seu país.


De roteiro, temos muitos coadjuvantes. É difícil memorizar nomes, funções e estabelecer as relações entre eles e a importância de cada um na história. Isso sem falar que filme toca em temas como a possível exploração Lua e a disputa tecnológica entre a Coreia do Sul e as outras nações. Mas nada disso se aprofunda. 

O desenrolar da história traz muitas reviravoltas. Hwang enfrenta vários problemas para tentar retornar à Terra. São muitos momentos de tensão. Ao mesmo tempo, a direção força bastante ao explorar as emoções e as ligações afetivas entre os personagens. 


Temos que considerar, no entanto, que tudo isso seja apenas um choque cultural. Obras com muitos coadjuvantes, sem que nenhum deles tenha um desenvolvimento significativo. O sentimentalismo exagerado, muitas reviravoltas e poucos cenários, entre outros pontos, talvez sejam características comuns do cinema sul-coreano, o que, por aqui, pode causar estranhamento. 

São duas horas e 10 minutos de filme e muita coisa para digerir. A impressão é que pegaram um roteiro de uma série de uns 10 capítulos e resumiram para caber em um longa-metragem. “The Moon: Sobrevivente” é um bom entretenimento e uma boa oportunidade para conhecer mais do cinema asiático. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kim Yong-hwa
Distribuição: Sato Company
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 14 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: ficção, suspense

16 janeiro 2025

"Luiz Melodia - No Coração do Brasil" amplifica a voz do poeta do Estácio

Documentário traz o artista carioca, falecido em 2017, como narrador da própria história (Fotos Embaúba Filmes) 


Eduardo Jr.


Dia 16 de janeiro foi a data escolhida para a estreia do documentário “Luiz Melodia: No Coração do Brasil”. Dirigido por Alessandra Dorgan, o longa traz o artista carioca, falecido em 2017, como narrador da própria história. A distribuição é da Embaúba Filmes. O filme poderá ser conferido no Una Cine Belas Artes e no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Este não é um filme com movimentos de câmera autorais ou cores marcantes, daquelas que identificam de imediato o cineasta responsável. Todo o documentário é composto por material de arquivo. Gravações de áudios, entrevistas e shows foram cedidas por Jane Reis, viúva do artista e produtora associada nesta homenagem. 


Já de saída, uma mensagem na voz do cantor alerta que, nesses tempos de crise em que estamos vivendo, é bom se soltar enquanto existe música dentro de nós. 

Muito coerente com quem construiu um repertório que vai do samba ao jazz e levou aos palcos um corpo cheio de movimento, que parece nunca ter sentido que envelhecer seria um fardo. Melodia faleceu aos 66 anos, mas permanece vivo, sendo frequentemente regravado.


Essa mensagem sobre a importância de sentir e viver a arte fica ainda mais pertinente se olharmos para os bastidores da produção. 

Foram sete anos de pesquisa e muita luta para fazer o projeto sobreviver enquanto a Ancine e todo o audiovisual brasileiro enfrentavam problemas e ameaças de censura por parte do ocupante anterior da cadeira da Presidência da República. 


Mas Luiz era musicalidade e também resistência. Nascido no bairro do Estácio de Sá, seu corpo já evocava liberdade. Em algumas cenas, lá está ele, sem camisa, tranças soltas, e no seu canto, a poesia autoral. 

Em nome do direito de fazer o que queria, no momento desejado e de manter uma liberdade criativa, passou alguns períodos sem gravar, pois enfrentava gravadoras de peito aberto, e saía vitorioso. A aclamação do público é a prova disso.  


A própria voz de Luiz Melodia se encarrega de tudo. Com suas “canetadas”, foi despertando a atenção e fazendo amigos. Entre eles, Waly Salomão, Torquato Neto e Gal Costa, a responsável por fazer com que o compositor se instalasse "no coração do Brasil", como ele mesmo escreveu em “Magrelinha”.  

Nessa narrativa, enquanto vai desfiando suas histórias, a voz do poeta do Estácio é coberta em alguns momentos por imagens antigas do Rio de Janeiro, da cena cultural da cidade e acompanhada por ritmos que foram sua influência, como o samba de Zé Keti. 


Ao longo da imperceptível uma hora e quinze do documentário, o espectador vai descobrindo que Luiz Melodia era firme em suas escolhas. Doce ao bancar suas decisões. Inteligente em ler e entender o mercado fonográfico. E poético ao criar e levar o resultado ao público, que hoje pode desfrutar de registros e repertório incríveis (que passam por duetos memoráveis a trilhas de novela inesquecíveis). 


Ficha técnica:
Direção:
Alessandra Dorgan
Direção musical: Patricia Palumbo
Produção: Big Bonsai, coprodução MUK Produções e Plate Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Una Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h15
Classificação: Livre
País: Brasil
Gênero: Documentário