03 dezembro 2024

JustWatch divulga lista dos filmes de Natal mais transmitidos



Da Redação

O JustWatch acaba de lançar sua mais recente lista dos Top 10s, bem como um relatório de catálogo de provedores para a temporada de festas. Usando os gráficos de streaming, o site, parceiro do Cinema no Escurinho, determinou os filmes de Natal mais transmitidos entre 2023 e 2024 no Brasil. 

Também determinou o número exato de filmes de Natal que estão disponíveis para transmissão e qual provedor tem o maior número. 

Para quem não conhece, o JustWatch é um serviço online gratuito que ajuda a encontrar filmes e séries de TV disponíveis em serviços de streaming. O serviço tem suporte para português e pode ser acessado por site ou aplicativo, compatível com os sistemas iOS e Android.


“O Conde de Monte Cristo": uma história bela, mas com falhas no enredo

Pierre Niney interpreta o protagonista Edmond Dantès nesta adaptação da obra de Alexandre Dumas
(Fotos: Pathe Films)


Filipe Matheus
Colaborador do blog Maravilha de Cinema


Imagine ser vítima de uma conspiração e acabar preso no dia do próprio casamento. Essa é a história de Edmond Dantès que, após 14 anos encarcerado, retorna em busca de justiça em “O Conde de Monte Cristo”. O filme estreia nos cinemas brasileiros dia 5 de dezembro, com direção de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte. 

O longa agora é estrelado por Pierre Niney como o icônico Conde de Monte Cristo. Na trama, ele é Edmond Dantès, um jovem marinheiro falsamente acusado de traição. 

Ele é aprisionado no sombrio Castelo de If, uma prisão localizada na ilha de Marselha, na Espanha. Após 14 anos de sofrimento, ele consegue escapar, assume uma nova identidade e parte em busca da liberdade perdida.


Esta nova adaptação mistura gêneros como aventura, thriller e uma história de amor. A jornada do “super-herói francês”, que demonstra força ao assumir uma nova identidade, é apresentada com intensidade. Contudo, o filme também reflete sobre como nossas ações não justificam os meios.

Apesar de manter a essência da história original, a narrativa peca pela pressa. Tantos sentimentos são tratados de forma superficial, o que enfraquece a dor de Edmond e acelera sua transição para os momentos de glória.


A rivalidade entre Fernand e Dantès é outro ponto subaproveitado. No filme de 2002, dirigido por Kevin Reynolds, essa relação ganha mais profundidade. Nesta versão, o antagonista tem pouca relevância.

A história de amor entre Edmond e Mercedes (Anaïs Demoustier) também é breve. A personagem aparece pouco, e sua relação com o Conde não tem espaço suficiente para ser desenvolvida, mostrando que nem o amor é capaz de salvar a conexão entre eles.


Por outro lado, o elenco traz versatilidade e força à obra. Além de Pierre Niney e Anaïs Demoustier, nomes como Anamaria Vartolomei, Vassili Schneider, Laurent Lafitte, Julien de Saint Jean e Julie de Bona enriquecem a produção.

Embora não explore todo o potencial da narrativa, “O Conde de Monte Cristo” apresenta uma obra marcante e repleta de reviravoltas. Destaque para a fotografia e a trilha sonora que intensificam cada cena e emocionam o público, além do belo e perfeito figurino de época.


Curiosidades:

- O longa é baseado no clássico da literatura homônimo de 1844 escrita por Alexandre Dumas, mesmo autor de “Os Três Mosqueteiros”.

- O ator Pierre Niney teve que praticar esgrima e treinar com o campeão do mundo de mergulho em apneia, Stéphane Mifsud, para fazer a sequência, sem dublê, em que Edmond Dantès foge da prisão. 

- As filmagens ocorreram na França, Bélgica, na ilha de Malta e em Chipre.


Ficha técnica
Direção:
Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière
Produção: Pathé Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h56
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, aventura

02 dezembro 2024

Mostra Udigrudi chega a BH e Nova Lima com o melhor da produção mundial de animação

MUMIA 2024 completa 22 anos de sua existência com programação diversificada e inclusiva, em diversos espaços (Fotos: Divulgação)


Da Redação


De 03 a 12 dezembro, Belo Horizonte e Nova Lima vão sediar a 22ª edição da Mostra Udigrudi Mundial de Animação - MUMIA 2024. Com uma programação diversificada e inclusiva, em diversos espaços das duas cidades, a mostra exibirá 190 filmes vindos de dez países. A programação completa pode ser acessada no site www.mostramumia.blogspot.com.

A MUMIA 2024 acontecerá no Cine Humberto Mauro, Biblioteca Pública de Minas Gerais, Casa da Mostra/Universo Produção e Instituto Undió, ampliando suas exibições para o Centro de Artes Suspensa Armatrux (C.A.S.A.), em Nova Lima. 

MINEIRO: "Pororoca"

O evento integra o calendário cultural de BH e está consolidado no cenário nacional, destacando-se como a maior Mostra dedicada ao gênero no país, reafirmando seu compromisso de trazer para o Brasil o melhor da produção mundial de animação. 

A programação promete grandes surpresas, um cinema criativo, ousado e conectado a problemas contemporâneos como: assédios, tragédias, dramas existenciais, terror, história, direitos humanos e muitos outros assuntos variados.

INFANTIL: "Doudou Challenge"

O cineasta e realizador da mostra Sávio Leite explica que este ano a mostra está repleta de novidades, convidados de outros estados e a exibição de cinco longas-metragens da nova produção brasileira em animação. 

Um dos destaques da programação é a premiada coprodução colombiana brasileira "A Outra Forma", de Diego Guzmán, cuja sessão será a meia-noite. O público também terá oportunidade de participar de bate-papos com os cineastas dos longas após as exibições. 

"A Outra Forma", de Diego Guzmán

A MUMIA mantém seus programas competitivos mineiro, brasileiro e internacional. A Mostra especial da Poeira Estúdio terá exibição de cinco longas-metragens da novíssima produção brasileira e internacional: “O Sonho de Clarice", de Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho; "Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca", de Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo; “Tarsilinha”, de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo; e "Perlimps", de Alê Abreu.

A identidade visual do projeto ficou a cargo do animador mineiro Jackson Abacatu, apresentando a pretensão da MUMIA ao trazer vários olhos conectados às realidades difusas e complementares.

LONGA: "Perlimps"

PROGRAMAÇÃO

CINE HUMBERTO MAURO

3/12
15h – Tarsilinha -93´
17h – O Sonho de Clarice – 84´
19h – Perlimps – 80´
21h – Brasil 1

4/12
15h – Teca e Tuti- 74´
17h – Brasil 2
18h30 – Brasil 3
20h - Brasil 4


BRASIL: "Ewé de Òsányìn o segredo das folhas"

5/12
15h – Brasil 5
16h30 – Brasil 6
18h – Brasil 7
19h30 - Internacional 1
21h - Internacional 2

6/12
15h – Internacional 3
16h30 – Internacional 4
18h – Internacional 5
19h30 – Mineiro 1
21h – Internacional 6
Meia-noite – A Outra Forma

INTERNACIONAL: "Comment Infiltrer un Cartel de Drogue"

7/12
15h – Infantil 1
16h30 – Monstrengo 1
18h – Internacional 7
19h30 – Internacional 8
21h – Mineiro 2

8/12
15h – Infantil 2
16h30 – Infantil 3
18h – Especial Poeira Estúdio
19h30 – Monstrengo 2
21h – Monstrengo 3

MONSTRENGO: "Kafarnaum"

CASA DA MOSTRA – UNIVERSO PRODUÇÃO
04/12 – de 9 às 12h – Café com Animação

INSTITUTO UNDIÓ
6/12 - sessões às 10h – Curtas escolhidos

C.A.S.A. – Centro de Arte Suspensa Armatrux (Nova Lima)
07/12

BIBLIOTECA PÚBLICA DE MINAS GERAIS
11/12 - sessões às 10 e 14h

INTERNACIONAL: "Pietra"

Serviço:
22ª MUMIA 2024 – Mostra Udigrudi Mundial de Animação
Data: 03 a 12 dezembro de 2024
Locais:
Belo Horizonte:

- Cine Humberto Mauro/ Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537 - Centro
- Casa da Mostra/ Universo Produção - Rua Maripá, 43 - Serra
- Biblioteca Pública de Minas Gerais - Praça da Liberdade, 21 - Lourdes
- Instituto Undió - R. Padre Belchior, 280 - Centro
Nova Lima:
- C.A.S.A. - Centro de Arte Suspensa Armatrux - R. Himalaia, 69 - Vale do Sol
Entrada: franca
Programação completa: www.mostramumia.blogspot.com

28 novembro 2024

"Moana 2" aposta em trazer frescor à franquia, mas derrapa em alguns aspectos

Três anos depois, a personagem e seu amigo Maui partem para uma nova viagem ao lado de uma 
tripulação de marinheiros improváveis (Fotos: Disney Pictures)


Eduardo Jr.


Em 2017 a música perguntava: "o horizonte me pede pra ir tão longe; será que eu vou?" E Moana foi. Agora, a jovem navegadora da famosa animação, fará uma nova viagem, em busca de outros povos. "Moana 2" desembarca nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 28 de novembro, com direção de David Derrick Jr. e distribuição da Disney Studios. 

Derrick substitui John Musker e Ron Clements, diretores do primeiro filme, "Moana: Um Mar de Aventuras" (2016), e mantém a proposta de busca de identidade para a protagonista. Desta vez, Moana (novamente com a voz de Auli'i Cravalho) assume a responsabilidade (e as dores e alegrias) de ser a navegadora do seu povo. 


Após encontrar um artefato que indica a existência de outros povos, ela recebe um chamado de seus ancestrais. Em dúvida sobre sua capacidade de partir em busca de outras tribos e sobre o melhor momento de realizar essa tarefa, os conselhos da mãe atuam como incentivo. 

Mas desta vez não está sozinha. Nesta viagem, Moana seguirá acompanhada de uma tripulação - e do velho amigo semideus, Maui (voz de Dwayne Johnson). 

A entrada de novos personagens na aventura da protagonista deixou a animação mais dinâmica, refrescando o texto e as mensagens. O objetivo da vez é encontrar uma ilha, escondida por um vilão - Nalo, deus das tempestades -, que queria impedir que os diversos povos se conectassem entre si por meio deste lugar especial. 


Por se tratar de uma animação, obviamente esperamos um final feliz. E ele vem, mas deixa questionamentos sobre as escolhas aplicadas ao roteiro de Jared Bush. Durante uma hora e meia de filme, o espectador encontrará referências ao longa anterior, cenas com desenhos super realistas, músicas mais modernas acompanhando os mais diversos ritmos, magia...tudo isso. Exceto o vilão!   

Também chama atenção na jornada de Moana o encontro com Matangi. A nova personagem tem um desenvolvimento um pouco falho, e o desfecho de seu arco não se concretiza como prometido - o que deve acontecer apenas em "Moana 3". 


Não é possível dizer que se trata de um longa memorável. Até no material de divulgação na porta do cinema há deslizes. No totem de papelão colocado na entrada, se tirarmos o "2" do nome do filme, parece que se trata do primeiro longa, pois só as imagens da protagonista e do coadjuvante Maui estão ali. 

Outro ponto a se observar é que, nesta continuação, Moana ganha uma companheira de viagem, Moni. O que nos leva a pensar em um aspecto feminista - duas mulheres solucionando os problemas do percurso. No entanto, nem uma foto da integrante recém-chegada mereceu destaque na divulgação. 


Sendo um pouco mais rigoroso na análise, a motivação de Moana permanece rasa. É um pouco questionável que, só depois de três anos a protagonista se pergunte se há outras pessoas fora da ilha habitada por seu povo. Se ela já se incomodava com o que havia depois dos recifes, não seria um pouco óbvio esperar encontrar outros povos?   

Tecnicamente, como era de se esperar, a Disney entrega mais uma animação musical interessante. "Moana 2" é um longa infantil que dialoga muito bem com o público adulto. Trilhas, cores e desenhos enchem os olhos. 

Os traços da personagem principal e de seu pai foram cuidadosamente amadurecidos para destacar a passagem do tempo, já que a história acontece três anos depois da primeira aventura. Mas é um cuidado que não salva o todo. 

A música tema do primeiro filme permanece na lembrança, enquanto a atual eu já nem lembrava direito após sair da exibição. É um filme que diverte, porém, esquecível. 


Ficha técnica:
Direção: David Derrick Jr., Dana Ledoux Miller e Jason Hand
Roteiro: Jared Bush e Dana Ledoux Miller
Produção: Walt Disney Pictures, Walt Disney Animation Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação musical, aventura, família

26 novembro 2024

"Tesouro" é mais uma história das marcas deixadas pelo Holocausto

Stephen Fry e Lena Dunham são pai e filha numa viagem para reconstruir as raízes da família (Fotos: Divulgação)


Jean Piter Miranda


Voltar à terra dos antepassados e conhecer suas origens. Para muitos, isso é mera curiosidade. Para outros, é prioridade. Como é o caso da jornalista estadunidense Ruth (Lena Dunham). Ela viaja com o pai, Edek Rothwax (Stephen Fry), para a Polônia, a fim de reconstruir as raízes de sua família. 

Essa é a história contada em “Tesouro” ("Treasure"), filme alemão produzido em parceria com outros países europeus que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (28). 

O ano é 1990. Ruth e o pai saem de Nova York rumo à Varsóvia, na Polônia. Ela está empolgada para conhecer o lugar onde sua família viveu. Só que seu pai não. E tem um motivo. Edek é sobrevivente do Holocausto e as memórias que ele tem do lugar não são nada boas. Na verdade, ele nem quer relembrar. 


Esse conflito de expectativas cria situações engraçadas durante a estadia da dupla na Polônia. Ruth tem tudo planejado, roteiro de onde quer visitar e porque quer ir em cada lugar. Edek, por sua vez, tenta a todo custo sabotar os planos da filha para não ter que revisitar os lugares que lhe trazem lembranças ruins. 

"Tesouro" pode ser considerado um “Road movie”, um filme de estrada. Porque é isso que Ruth e Edek fazem. Eles vão de Varsóvia à Lódz, cidade natal de Edek, e visitam Auschwitz e outros lugares. 

A grande diferença é que, nos tradicionais filmes de viagem, as imagens são sempre amplas, abertas, para mostrar as cidades, os pontos turísticos. Em "Tesouro", as cenas são quase sempre feitas em ambientes internos. 


A escolha por filmagens em locais mais fechados é bem acertada, pois remete aos anos 1990. Isso somado a uma fotografia um tanto mais escura e com pouca cor, além dos cenários com móveis, roupas e carros da época. Dá o ar de que realmente estamos na Polônia de décadas atrás. 

O personagem de Edek é mais simpático, mais cativante. Ruth não tem o mesmo humor e isso fica compreensivo ao longo da história. Há o choque cultural de Ruth por não ter crescido na Polônia, principalmente com relação ao idioma. 

Ao contrário do que muitos imaginam, nem todo mundo na Europa fala o inglês. Isso é bem abordado no filme, assim como diferentes hábitos e costumes. 

Outro ponto interessante do longa é o não mostrar cenas de violência nos campos de concentração. Recurso que poderia ter sido utilizado nas lembranças Edek, mas que a direção optou por não empregar. 


A simples referência ao Holocausto já trás ao espectador essas imagens. Semelhante ao que foi feito em “Zona de Interesse” (2013), onde o tema é abordado, mas sem cenas explícitas do massacre dos judeus na Segunda Guerra Mundial. 

"Tesouro" tem momentos cômicos e dramáticos, com bons diálogos e pequenas surpresas. Provocam boas reflexões sobre família, filhos, casamento e outras coisas que dão sentido à vida. É um filme lento e, para muitos, pode até ser cansativo. Mas, no fim, cumpre seu propósito. Não promete muito e conta bem a história que propõe. 

O longa é uma adaptação do livro “Too Many Men”, da escritora australiana Lily Brett. Romance premiado de 1999, inspirado em fatos reais e que, infelizmente, até o momento, ainda não foi lançado no Brasil. Sendo assim, quem quiser conhecer essa história, ir ao cinemas ver "Tesouro" é uma boa pedida. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Julia von Heinz
Distribuição: California Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h51
Classificação: 14 anos
Países: França, Alemanha, EUA, Bélgica, Polônia, Hungria
Gêneros: drama, comédia

24 novembro 2024

“Amor Traiçoeiro” desafia convenções e prova que o amor pode florescer em qualquer idade

Monica Guerritore e Giacomo Gianniotti protagonizam a "caliente" minissérie italiana ambientada na Costa Amalfitana (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu
Do blog Jornalista de Cinema


A nova minissérie da Netflix, "Amor Traiçoeiro" ("Inganno" - 2023), dirigida por Pappi Corsicato, chegou à plataforma em 9 de outubro e mergulha em uma narrativa que explora o amor, o desejo e os preconceitos enfrentados por mulheres mais maduras.

A trama foi inspirada na minissérie da BBC de 2019, "Golpe do Amor", criada por Marnie Dickens, que tem no elenco Julia Ormond e Ben Barnes (em exibição no Prime Video).

Na nova versão, conhecemos Gabriella (Monica Guerritore), uma mulher rica e divorciada na casa dos 60 anos, dona de um luxuoso hotel na Costa Amalfitana. Ela se envolve com Elia (Giacomo Gianniotti), um homem 30 anos mais jovem. 

Enquanto vive intensamente essa paixão, Gabriella precisa lidar com o julgamento de seus filhos e questionamentos sobre as verdadeiras intenções de Elia.


A série é eficaz ao abordar temas como a redescoberta do desejo, a feminilidade na maturidade e os estigmas enfrentados por mulheres mais velhas que escolhem parceiros mais jovens. 

Em um contexto social onde relações com homens mais velhos e mulheres mais jovens são frequentemente normalizadas, "Amor Traiçoeiro" inverte a perspectiva, gerando reflexões relevantes.

Monica Guerritore entrega uma atuação segura e envolvente, personificando Gabriella como uma mulher que luta por sua liberdade de amar e viver suas escolhas. Sua performance destaca as complexidades emocionais da personagem, especialmente ao enfrentar as suspeitas e críticas. 


Já o personagem Elia interpretado por Giacomo Gianniotti é um misto de charme e mistério. Ele mantém o espectador intrigado, questionando suas motivações e segredos ao longo de cada episódio.

No aspecto técnico, a produção italiana não decepciona. Davide De Cubellis, responsável pelos storyboards, demonstra cuidado em cada enquadramento, criando uma atmosfera visualmente deslumbrante. 

A trilha sonora de Enrico Pellegrini complementa as emoções da série, transitando entre afeto, tensão e desejo. O departamento de maquiagem e figurino, liderado por Jujuba Acciarino, Ilaria Soricelli e Rosa Falcão, eleva a elegância dos personagens, especialmente a presença impecável de Elia.


A narrativa mantém um ritmo envolvente, com ganchos bem posicionados que dificultam assistir apenas um episódio. Contudo, a série poderia explorar mais a relação de Gabriella com seus filhos, especialmente no contexto de sua infância, o que traria maior profundidade à dinâmica familiar.

"Amor Traiçoeiro" prova que o amor pode transcender diferenças de idade, mas deixa claro que escolhas ousadas muitas vezes vêm acompanhadas de desafios. 

Apesar de algumas limitações, a minissérie entrega um desfecho satisfatório, embora as decisões finais dos protagonistas possam dividir opiniões.


Ficha técnica:
Direção: Pappi Corsicato
Exibição: Netflix
Duração: média de 45 minutos (1ª Temporada - 6 episódios)
Classificação: 16 anos
País: Itália
Gêneros: drama, romance, suspense

21 novembro 2024

"A Linha da Extinção" traz suspense, ação e fragilidade no protagonismo

Longa tem como protagonistas Anthony Mackie e Morena Baccarin e lembra outros filmes sobre ataques de monstros extraterrestres (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O diretor norte-americano George Nolfi ("The Banker" - 2020) volta à cena. Desta vez, com o filme "A Linha da Extinção" ("Elevation"). A produção estrelada por Anthony Mackie (que trabalhou com Nolfi em"The Banker"e participou de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" - 2014) e Morena Baccarin ("Deadpool" - 2016), chega às telonas nesta quinta-feira (21), distribuído pela Paris Filmes.    

Na trama, 95% da população mundial foi exterminada quando crateras se abriram em todo o mundo, e dela emergiram criaturas que matam os humanos. 

A única forma de se proteger foi buscar locais acima de 2.400 metros de altitude. Nas montanhas, Will (Mackie) cuida sozinho do filho Hunter, vivido pelo pequeno Danny Boyd Jr. (da série "Watchmen" - 2019). 


Os problemas respiratórios do garoto e o iminente término dos remédios dele obrigam Will a descer a montanha para tentar pegar medicamentos no que sobrou do hospital da cidade. 

A jornada de Will é compartilhada com Nina, vivida por Morena Baccarin, e Katie, interpretada por Maddie Hasson (da série "The Finder"- 2012). E aí começam os problemas. A personagem de Anthony Mackie tem um arco dramático fraco. 

Tão fraco que o espectador pode criar mais interesse e curiosidade pela personagem de Morena Baccarin, a cientista que procura uma forma de matar os monstros e que tem camadas e trajetória mais ricas. 


A proposta de um mundo destruído após o ataque de criaturas estranhas não é inédita. As notícias de ataques contra humanos são noticiadas em rádios e TVs. A origem das criaturas é desconhecida e a sobrevivência depende de um afastamento de determinadas áreas. 

Elementos que remetem à série "The Last of Us" (HBO - 2023). E como "A Linha da Extinção" conta com os mesmos produtores de "Um Lugar Silencioso" (2018), também é possível ver pontos de semelhança entre essas duas obras. 

O longa teve orçamento de US$ 18 milhões. Mesmo com cenas aéreas valorizando a paisagem das montanhas e ampliando a sensação de isolamento, ainda é possível tecer críticas sobre aspectos técnicos da obra de George Nolfi. 


Em certos momentos, a edição de som derrapa ao trazer ruídos que podem prenunciar um perigo (que demora um pouco a surgir) e que não representam a passagem por um ambiente hospitalar em ruínas, por exemplo. Há também momentos de ação onde a tela escurece e a movimentação da câmera confunde o espectador. 

Os diálogos também são rasos. O melhor do texto fica para a cientista Nina. Mas no meio disso tudo, o desenho das criaturas do mal é interessante. O suspense entretém na sua uma hora e meia de exibição. 

Fica a expectativa de uma continuação de "A Linha da Extinção" que explique por que os 2.400 metros de altura garantem a salvação e revele a origem e motivação dos monstros destruidores de humanos. De zero a dez, nota 6 para o filme. 


Ficha técnica:
Direção: George Nolfi
Produção: North.Five.Six
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

20 novembro 2024

Musical "Wicked" se transporta da Broadway para as telonas em mega produção

Cynthia Erivo e Ariana Grande interpretam as bruxas Má do Oeste e Boa do Sul com as qualidades e defeitos de adolescentes em formação (Fotos: Universal Pictures)


Eduardo Jr.


Sucesso nos palcos, o musical "Wicked" se transforma em filme, e estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 21 de novembro. Trata-se de uma grande produção, dirigida por Jon M. Chu ("Podres de Ricos" - 2018). O longa chega ao Brasil com distribuição pela Universal Pictures. 

A grandiosidade da produção começa pelo orçamento. Foram investidos US$ 145 milhões. Além disso, os figurinos, as cores e as músicas enchem a tela. Assim como as pautas que permeiam a obra, que se situa em um momento anterior à história que conhecemos em "O Mágico de Oz", filme de 1939.  


A adaptação de 2024 se baseia no livro "Wicked", publicado por Gregory Maguire em 1995 e levado aos palcos da Broadway em 2003. Na telona, a cantora Cynthia Erivo (a Fada Azul de "Pinóquio" (2022) dá vida a Elphaba (a Bruxa Má do Oeste). 

Ela é uma garota de pele verde convidada a se matricular na Universidade de Shiz por conta de seus poderes. Lá ela conhece Glinda (a Bruxa Boa do Sul), interpretada pela também cantora Ariana Grande ("Não Olhe Para Cima" - 2021).  


O encontro de duas garotas tão diferentes vai desfiando na tela assuntos como amizade, manutenção de privilégios, preconceito de cor, princípios morais e ambição. 

É preciso destacar que Ariana Grande está ótima no papel de Glinda. O público terá a chance de se encantar ou sentir ranço (ou as duas coisas) pela personagem dela. 

Cynthia e Ariana criaram personagens que se apresentam com qualidades e defeitos, assim como adolescentes em formação que ainda buscam se posicionar na sociedade e se construírem para a vida adulta. 


Quando Elphaba é chamada à Cidade de Esmeralda para conhecer o Mágico, figura mais adorada do reino de Oz e representante do poder, as coisas começam a mudar. O contato das duas protagonistas com o célebre mágico coloca em cena revelações e questionamentos. 

Até chegar a este momento, as duas aprendizes de feiticeira dividem a tela com as boas atuações de Michelle Yeoh ("Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" - 2022), como Madame Morrible; Jonathan Bailey (da série "Bridgerton" - 2020), no papel do príncipe Fiyero; e Jeff Goldblum ("Jurassic World: Domínio" - 2022), interpretando o Mágico de Oz. 


Jon M. Chu se mantém atento aos elementos do filme de 1939 como, por exemplo, a estrada de tijolos amarelos. E a história das duas bruxas, que não foi contada com maior clareza em "O Mágico de Oz", agora encontra espaço no longa de Chu. 

Tanto espaço que o diretor optou por dividir a trama em dois atos, assim como no musical da Broadway. O segundo será lançado em 26 de novembro do ano que vem. 


A trilha sonora de "Wicked" foi composta pelo indicado ao Grammy e ao Oscar, John Powell (responsável também por "Han Solo: Uma História Star Wars" - 2018 e a franquia "Como Treinar o Seu Dragão" - 2010 a 2019) e Stephen Schwartz. 

O público que for ao cinema e assistir à versão dublada, ficará mais próximo da montagem brasileira do musical. As atrizes Myra Ruiz e Fabi Bang, que protagonizaram 'Wicked" nos palcos, foram chamadas para fazerem a dublagem de Elphaba e Glinda. 

São 2h40 minutos de cenários bem elaborados, canções emocionantes e efeitos bem realizados. O risco é de até quem não gosta de musicais sair enfeitiçado pelo filme.    


Ficha técnica
Direção: Jon M. Chu
Produção: Universal Pictures, The Araca Group, Marc Platt Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h40
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gêneros: musical, fantasia

18 novembro 2024

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" - imersão poético sensorial nas vivências de uma mulher negra

A personagem Mackenzie é interpretada por quatro atrizes diferentes que vão representá-la em cada fase da vida (Fotos: A24/Divulgação) 


Silvana Monteiro


A chegada de "Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" ("All Dirt Roads Taste of Salt") aos cinemas de Belo Horizonte em 21 de novembro não poderia ser mais oportuna. No mês da Consciência Negra e um dia após o feriado nacional que celebra a luta, resistência e o valor ancestral do povo negro, o filme, dirigido por Raven Jackson, apresenta uma narrativa visual e poética que retrata com profunda sensibilidade a trajetória de uma mulher negra no Mississippi ao longo de décadas. 

Com momentos singelos e intensos, a obra se torna um tributo à força, memória e histórias que moldam a identidade da protagonista. Adotando uma estratégia narrativa de poucos diálogos e focando-se nos sons e nas imagens captadas em 35mm, o filme evoca uma conexão profunda com a natureza e o ambiente rural dos anos sessenta, conferindo um significado diferenciado a cada cena. 


O drama, produzido pela A24 e distribuído pela Pandora Filmes, estreou no Festival de Sundance em 2023 ´é uma homenagem à riqueza das emoções humanas e às experiências que moldam uma personalidade.  

Destaque para a abordagem poética e sensorial, oferecendo uma experiência cinematográfica que foge do convencional. Dirigido com uma sensibilidade rara, o filme convida a uma imersão nas camadas da memória e da identidade negra no sul dos Estados Unidos , através da vivência de sua protagonista.

O longa acompanha a vida de Mackenzie, uma mulher negra no Mississippi, desde a sua infância até a idade adulta, revelando suas alegrias, dores e o impacto do tempo, do espaço e das relações. 

A personagem é interpretada por quatro atrizes diferentes para representá-la em cada fase da vida. São elas Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah. 


A narrativa é construída como um mosaico, uma coleção de memórias, que se entrelaçam para formar um retrato da vida da protagonista. Os diálogos, minimalistas e precisos, funcionam como complemento à atmosfera, mais do que como condutores da história.

Cada palavra é cuidadosamente escolhida, carregando uma profundidade que ressoa com a experiência vivida. Esse estilo narrativo privilegia o silêncio como uma linguagem própria da obra, onde os gestos, toques e olhares dizem mais que qualquer discurso.


A fotografia é um dos pontos mais fortes do filme. A câmera capta a textura da terra, da pele, dos cabelos; o timbre aveludado das vozes em conversas íntimas; o brilho do sol filtrado pelas árvores e os tons quentes que dominam a paleta visual, ecoando a estética negra que embeleza seus personagens. 

Cada cena é cuidadosamente composta, quase como uma pintura, refletindo a conexão visceral entre a protagonista e sua terra. A forma como a luz é utilizada para destacar os detalhes dos rostos e das paisagens cria uma intimidade visual que aproxima o espectador da experiência intimista dos acontecimentos.

O design de som é outro destaque especial. A trilha sonora, composta majoritariamente por sons ambientes e mínimas músicas instrumentais, cria uma atmosfera imersiva. O espectador é transportado para cada ação desenvolvida pelos personagens, desde o ato de pescar até o manuseio do solo.

Os sons da natureza - o vento passando pelas folhas, o murmúrio de um riacho distante, os grilos - são integrados para intensificar o senso de pertencimento e nostalgia.


A diretora, que também é poeta e fotógrafa, utiliza sua sensibilidade para construir uma ode à ancestralidade e aos momentos que nos moldam de maneira quase invisível. Nesse sentido, a obra se assemelha a "Dias Perfeitos" (2024), em que o simples se torna extraordinário, e o retrato do cotidiano se revela grandioso e vivaz.

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" é uma obra de arte que desafia as convenções narrativas e visuais do cinema tradicional. É uma experiência que exige paciência e contemplação do espectador, recompensando-o com uma profundidade emocional rara. 

Ao capturar a essência negra com tanto respeito e autenticidade, o filme se estabelece como uma raridade. É, sem dúvida, uma obra que merece ser vista e sentida.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Raven Jackson
Produção: A24
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: no Centro Cutural Unimed BH-Minas
Duração: 1h18
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ficção

14 novembro 2024

“Gladiador 2” é tão bom quanto o primeiro e conta com Denzel Washington brilhante

Paul Mescal e Pedro Pascal protagonizam a nova obra do diretor Ridley Scott (Fotos: Paramount Pictures)


Wallace Graciano


Continuações de grandes obras nasceram fadadas ao fracasso. Também pudera, meu caro amigo leitor. Elas são muitas vezes elevadas a uma expectativa que trama alguma conseguiria suprir. Por isso, antes de falar sobre “Gladiador 2” ("Gladiator II"), em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, eu o convido para se despir de seus sentimentos em relação à obra icônica de Ridley Scott. Você não vai se decepcionar.

Se outrora Russell Crowe se consagrou no papel de “Maximus Decimus”, um poderoso general romano amado pelo povo e por Marcus Aurelius, agora o protagonista não tem nenhuma alta patente no Império. Seu nome é Hanno (ou Lucius…), interpretado por Paul Mescal, e ele se encontra na África, onde vê seu povo atacado por Roma e ser dominado.


Buscando vingança após ser capturado como prisioneiro de guerra pelo general Acacius (Pedro Pascal), que agia sob as ordens dos gêmeos imperadores Greta (Joseph Quinn) e Caracala (Fred Hechinger), ele cai nas mãos de Macarius (Denzel Washington). Macarius, que outrora era um mercenário, deseja transformar os prisioneiros em gladiadores e usá-los em busca de sua ascensão política. Ao conhecer Hanno, vê nele sua grande oportunidade de fazer um movimento certeiro. 

E é nesse momento que a trama começa a se mostrar forte. Aproveitando a sede de vingança do até ali Hanno, Macarius atiça a ira de seu prisioneiro ao seu favor enquanto começa a explorar o desejo de Greta e Caracalla por novos jogos no Coliseu. 


Paralelamente, Acacius e sua mulher, Lucilla (Connie Nielsen), que fora casada com Maximus, tramam uma operação para tentar derrubar a tirania dos gêmeos imperadores.

Fugindo dos clichês, mas explorando ao máximo a narrativa épica que o período pode trazer, "Gladiador 2" passa a te sugar neste momento. Apesar de ser repleto de batalhas espetaculares e paisagens grandiosas, a continuação se destaca por ter uma trama de fundo envolvente, com a profundidade que te faz prender o ar não somente nas cenas de ação. 


A direção de Ridley Scott é magistral, com cenas de batalha visceralmente realistas e uma fotografia impecável que transporta o espectador para a antiga Roma. Somado a isso, temos a atuação magistral de Denzel Washington, que é, sem dúvida, o melhor personagem de toda a trama. 

Porém, precisamos dizer que a história, embora complexa, peca por não desenvolver suficientemente os personagens secundários e por ter uma duração excessiva. A atuação de Paul Mescal é competente, mas não consegue alcançar a intensidade de Russell Crowe. O personagem mais carismático da obra, dessa forma, vem de Washington. 


Ainda assim, precisamos dizer que a comparação com o primeiro filme é inevitável, mas que Scott acertou ao explorar desta vez temas como poder, honra e vingança de forma mais ampla, englobando elementos políticos e sociais. 

É uma sequência muito boa, que seria uma obra de grande impacto na história, mas existe o primeiro, que, sim, está em um degrau superior. O que não é nenhum demérito. 

Curiosidades

- "Gladiador 2" surge 24 anos após o filme original, também dirigido por Ridley Scott, que arrecadou mais de US$ 460 milhões nas bilheterias e conquistou cinco Oscars.

- Pedro Pascal, das séries "The Last of Us" e "The Mandalorian", atuou ao lado de Denzel Washington, em "O Protetor 2" (2018), e de Connie Nielsen, em "Mulher Maravilha 1984" (2020).


Ficha técnica
Direção: Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa
Produção: Paramount Pictures, Red Wagon Entertainment, Scott Free Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, épico