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26 março 2024

"Dois é Demais em Orlando": uma história de amizade em meio às diferenças

Eduardo Sterblitch e Pedro Burgarelli protagonizam esta divertida comédia nacional  (Fotos: H2O Films)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Chega nesta quinta-feira (28) aos cinemas brasileiros a comédia brasileira "Dois é Demais em Orlando", para divertir toda a família. O novo longa do diretor Rodrigo Van Der Put ("Juntos e Enrolados" - 2022) é leve e emociona, apresentando muitas camadas de nostalgia, ideal para uma sessão da tarde. 

A começar por ter sido todo rodado nos parques do Universal Orlando Resort, nos Estados Unidos mostrando toda a diversão do lugar que atrai milhões de pessoas por ano. Em alguns momentos, tive vontade de conhecer o lugar, justamente pela magia e a diversão radical que ele transmite. O longa é uma produção da MPC Filmes, em coprodução com Globo Filmes, Telecine e Universal Pictures e distribuição da H2O Films.


Na trama, conhecemos João (papel de Eduardo Sterblitch), um cara apaixonado por parques de diversão, filmes e super-heróis que está prestes a tirar férias e realizar um grande sonho: conhecer os parques do Universal Orlando Resort, na Flórida. 

Um contratempo, no entanto põe em risco seus planos, quando Clara (Luana Martau), sua chefe, pede para que ele viaje com seu filho Carlos Alberto (Pedro Burgarelli), um menino de 11 anos que não gosta de piscinas nem de aventuras radicais, preferindo ficar com seus livros e jogos.

Ambos estranham a ideia de viajar com um desconhecido e suas diferenças, mas ao longo do tempo percebem que podem se tornar amigos. Sem dúvida, Sterblitch faz um ótimo protagonista com seu humor e boas piadas. Apesar de algumas cenas parecerem exageradas, gosto de como o ator conduz o personagem, especialmente ao lidar com Carlos Alberto.


Pedro Burgarelli também se destaca na atuação, de forma mais contida. O ator mirim dá um show, e se no início do filme eu o achava chato e enjoado, no final já me apeguei totalmente. Completam o elenco Polly Marinho, Estevam Nabote, Daniel Furlan, Aryè Campos, Morena Machado, Robson Nunes e Cezar Maracujá.

A relação entre João e Carlos Alberto é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Todas as diferenças e a forma como cada um enxerga o mundo são divertidas. Parece que João é a criança da relação, enquanto Carlos Alberto, um idoso de 70 anos e antissocial. 

Uma boa comparação do amadurecimento na relação da dupla pode ser percebida nas atrações dos parques, que vão ficando cada vez mais desafiadoras e intensas à medida que eles se tornam mais próximos.


O que deixa a desejar é a história do pai, Ricardo (interpretado por Anderson Di Rizzi), que fica negando constantemente a presença do filho e inventando mentiras. Apesar de haver motivos, isso se torna maçante e sem graça ao longo do filme, embora a resolução no final seja satisfatória.

"Dois é Demais em Orlando" convida o espectador a conhecer um pouco da diversão nos Estados Unidos e surpreende com uma boa história de família e amizade. Ver esse filme na telona, sem dúvida, proporciona uma emoção como a das montanhas russas e dos toboáguas dos parques. Indico demais e vale o seu ingresso.  


Ficha técnica:
Direção: Rodrigo Van Der Put
Produção: MPC Filmes, coprodução Globo Filmes, Telecine e Universal Pictures
Distribuição: H2O Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gênero: comédia

21 março 2024

"Kung Fu Panda 4": uma jornada espiritual divertida e familiar

O humor leve e contagiante da franquia está de volta, com piadas inteligentes e situações cômicas
(Fotos: DreamWorks Animation)


Maristela Bretas


Po agora precisa se tornar um Líder Espiritual do Vale da Paz, sabe-se lá como. Assim começa a história de "Kung Fu Panda 4", que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Nosso simpático, desajeitado e faminto urso panda precisa cumprir seu destino, que começou em 2008 (animação disponível no Prime Video), quando não tinha habilidades, trabalhava na loja de macarrão do pai que o adotou e sonhava em se tornar um mestre de kung fu. 

Em 2011, foi treinado por grandes mestres do kung fu, derrotou perigosos vilões e se tornou o Dragão Guerreiro, o melhor dos melhores nas artes marciais. Mas foi em 2016 que ele buscou suas origens, reencontrou o pai e ajudou uma aldeia de pandas a enfrentar um malvado vilão. 

"Kung Fu Panda 2" está disponível no Prime Vídeo e Apple TV. Já terceiro filme pode ser assistido no Netflix, Prime Video, Telecine Fun, Apple TV, Youtube e Google Play Filmes.



A tarefa poderia ser simples, mas Po, além de precisar aprender como é ser um líder espiritual, ainda terá de escolher e treinar o novo Dragão Guerreiro.  No seu caminho, surge Zhen (voz original de Awkwafina) uma esperta raposa, cheia de marra e grande lutadora, mas nada confiável.

Para piorar, ele terá de enfrentar sua mais cruel inimiga, a Camaleoa (Viola Davis), uma réptil feiticeira com habilidades especiais, capaz de se transformar em qualquer bicho. Ela deseja o cajado da Sabedoria para trazer de volta todos os vilões que estão no reino espiritual. 

O humor leve e contagiante, marca registrada da franquia, está de volta, com piadas inteligentes e situações cômicas que divertem o público de todas as idades. 


As cenas de luta são coreografadas com maestria e beneficiam-se de uma nova tecnologia que coloca o espectador no centro da ação. A escolha de Zhen como discípula de Po traz uma nova dinâmica e frescor às sequências de combate. Além da inclusão de novos e trapalhados vilões, alguns até fofinhos (mas nem tanto), que tornam as cenas, como as brigas na taverna, mais divertidas.

Como não poderia deixar se ser, Jack Black volta a emprestar sua voz a Po, o mesmo acontecendo com Lúcio Mauro Filho na versão brasileira, e ambos entregam ótimas dublagens. Também de volta estão James Hong, como o Sr. Ping, Dustin Hoffman (Mestre Shifu), Bryan Cranston (Li Shan, pai de Po), Seth Rogen (Mestre Louva-deus) e Ian McShane, que fez a voz de Tai Lung no primeiro filme.


Na dublagem para português Danni Suzuki empresta a voz para Zhen, enquanto Taís Araújo, com um tom não muito convincente para uma vilã, interpreta a Camaleoa. Entre os dubladores profissionais estão Leonardo Camillo (Shifu), Alexandre Maguolo (Sr.Ping), Anderson Coutinho (Li Shan), Sérgio Fortuna (Tai Lung) e Paulo Vignolo (Han).

O filme reforça valores importantes como amizade, trabalho em equipe, autoconfiança e perseverança, de maneira sutil e natural. Em sua jornada para se tornar um líder espiritual, Po terá de buscar o equilíbrio interior e contar com a orientação do Mestre Shifu e de seus pais. 


Hans Zimmer é novamente um dos destaques compondo a trilha sonora, como fez nas outras três animações desta franquia da DreamWorks. As músicas são contagiantes e memoráveis, acompanhando perfeitamente a narrativa, inclusive nas cenas de lutas. 

A animação é de alto nível, com cores vibrantes e texturas realistas. O Vale da Paz e os novos cenários explorados são visualmente deslumbrantes.

Se você procura um filme para se divertir com a família, "Kung Fu Panda 4" é uma ótima opção, mesmo seguindo a narrativa de seus antecessores. As crianças vão adorar o humor e a ação, enquanto os adultos poderão apreciar a mensagem inspiradora e a qualidade técnica do filme.


Ficha técnica:
Direção:
Mike Mitchell
Produção: DreamWorks Animation
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, comédia, ação

11 março 2024

"Oppenheimer" vence como Melhor Filme e conquista outras seis estatuetas do Oscar

Filme que conta a história do pai da bomba atômica já havia conquistado cinco Globos de Ouro, sete Bafta, oito Critics'Choice Awards e várias outras premiações internacionais (Foto: Universal Pictures)

Maristela Bretas


"Oppenheimer", como era previsto, foi o grande vencedor da 96ª edição do Oscar, realizada neste domingo no Dolby Theatre, em Los Angeles. Das 13 indicações, o longa, dirigido por Christopher Nolan, ficou com sete premiações, incluindo a principal de Melhor Filme, além de Melhor Diretor, Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Montagem.

"Oppenheimer", que conta a história do pai da bomba atômica, já havia conquistado cinco Globo de Ouro (dois nas mesmas categorias), sete Bafta, oito Critics'Choice Awards, além de outros prêmios internacionais em várias categorias. "Pobres Criaturas", que estava com 11 indicações, ficou com quatro estatuetas, seguido por "Zona de Interesse", com duas.

"Os Rejeitados" (Foto: Universal Pictures)

A cerimônia, que teve duração de mais de três horas, foi apresentada novamente pelo comediante a apresentador Jimmy Kimmel, como ocorreu em 2023 e nos anos de 2017 e 2018. O primeiro prêmio anunciado foi de Melhor Atriz Coadjuvante, entregue a Da’Vine Joy Randolph por sua atuação em "Os Rejeitados". 

Na sequência, Chris Hemsworth e Anya Taylor-Joy anunciaram "O Menino e a Garça" como Melhor Animação. Na categoria de Melhor Curta de Animação, venceu "War Is Over!". Melissa McCarthy e Octavia Spencer entregaram as estatuetas para os vencedores de Melhor Roteiro Original, que ficou para "Anatomia de uma Queda", e Melhor Roteiro Adaptado, para "Ficção Americana".

"O Menino e a Garça" (Foto: Studio Ghibli)

Michael Keaton e Kathleen O'Hara, que retornam este ano em "Beetlejuice 2", anunciaram os vencedores de Melhor Maquiagem e Penteado e Direção de Arte. "Pobres Criaturas" faturou os dois prêmios. Na sequência, o diretor do filme também recebeu das mãos de John Cena, que entrou no palco inicialmente pelado e depois enrolado numa cortina rosa, a estatueta de Melhor Figurino.

"Zona de Interesse", do Reino Unido, venceu como Melhor Filme Internacional. Na sequência, Emily Blunt, de "Oppenheimer" e Ryan Grosling, de "Barbie". fizeram uma homenagem aos dublês de Hollywood.

"Pobres Criaturas" (Foto: Searchlight Pictures)

Como na premiação feminina, a categoria de Melhor Ator Coadjuvante também foi anunciada por cinco vencedores de premiações passadas. O vencedor, como já era esperado, foi Robert Downey Jr., por sua atuação em "Oppenheimer".

Anos depois os "Irmãos Gêmeos" (1988), Arnold Schwarzenegger e Danny de Vito lembraram os bons tempos como inimigos do Batman - Sr. Freeze e Pinguim. A dupla também anunciou o vencedor de Melhores Efeitos Visuais e entregou o prêmio aos diretores do longa japonês "Godzilla Minus One". 

Oppenheimer (Foto: Universal Pictures) 

Kate Macannon e America Ferrera, do elenco de "Barbie", entregaram os prêmios de Melhor Documentário em Curta-Metragem para "A Última Loja de Consertos" e de Melhor Documentário em Longa-Metragem para "20 Days in Mariupol". 

O diretor e jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, em seu discurso fez um protesto e afirmou que "preferia ter trocado o prêmio por não ter sua cidade atacada pela Rússia. E que as pessoas de Mariupol nunca sejam esquecidas". Ele foi aplaudido de pé pelas pessoas na plateia.

Zendaya apresentou o prêmio de Melhor Fotografia, vencido por Hoyte van Hoytema por "Oppenheimer". Já a estatueta de melhor Curta-Metragem ficou para "A Incrível História de Henry Sugar", de Wes Anderson. 

Um momento descontraído foi a performance de Ryan Gosling subindo ao palco, todo de rosa, para cantar a música “I’m Just Ken”, de Mark Ronson and Andrew Wyatt, feita para seu personagem Ken, no filme "Barbie”. 

Logo depois, foram entregues as estatuetas de Melhor Trilha Sonora Original para Ludwig Göransson, pelo trabalho em "Oppenheimer" e de Melhor Canção Original para “What Was I Made For?”, composta por Billie Eilish e Finneas o'Connell especialmente para "Barbie”.

Barbie (Foto: Warner Bros. Pictures)

Na reta final da premiação, Cillian Murphy ficou com a estatueta de Melhor Ator por seu protagonismo em "Oppenheimer". Steven Spielberg, comemorando 50 anos do filme "A Lista de Schindler" (1993) anunciou o ganhador de Melhor Direção e entregou o Oscar para Christopher Nolan por "Oppenheimer".

Encerrando a cerimônia do Oscar 2024, o prêmio de Melhor Atriz ficou para Emma Stone, por seu papel em "Pobres Criaturas". Na sequência, Al Pacino foi chamado em homenagem aos 50 anos de "O Poderoso Chefão 2" (1974). Após ser aplaudido de pé, entregou o Oscar de Melhor Filme para "Oppenheimer".

Subiram também ao palco para anunciar os vencedores das categorias Jamie Lee Curtis, Lupita Nyong'o, Ke Huy Quan, Mahershala Ali, Sam Rockwell, Dwayne Johnson, Jennifer Lawrence, Nicolas Cage, Michelle Yeoh, Brendan Fraser, Michelle Pfeiffer, Charlize Theron, Jessica Lange, Sally Field, Ben Kingsley e Matthew McConaughey.

Confira a lista dos vencedores do Oscar 2024

MELHOR FILME
Oppenheimer

MELHOR ATRIZ
Emma Stone – Pobres Criaturas

MELHOR ATOR
Cillian Murphy – Oppenheimer

MELHOR DIREÇÃO
Christopher Nolan – Oppenheimer

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Robert Downey Jr. – Oppenheimer

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Anatomia de uma Queda (Foto: Diamond Films)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anatomia de uma Queda

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ficção Americana

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Zona de Interesse – Reino Unido

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
O Menino e a Garça


Ficção Americana (Foto: Prime Vídeo)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“What Was I Made For?” - Billie Eilish and Finneas o'Connell (“Barbie”)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Ludwig Göransson – "Oppenheimer"

MELHOR FIGURINO
Holly Waddington – "Pobres Criaturas"

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
Pobres Criaturas


Godzilla Minus One (Foto: Sato Company)

MELHOR FOTOGRAFIA
Hoyte van Hoytema – "Oppenheimer"

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Godzilla Minus One

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
War Is Over!

MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE-ACTION
A Incrível História de Henry Sugar, de Wes Anderson


Zona de Interesse (Foto: A24 Films)

MELHOR SOM
Zona de Interesse

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM
"20 Days in Mariupol"

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
A Última Loja de Consertos

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Pobres Criaturas

MELHOR MONTAGEM
Oppenheimer



12 outubro 2023

“O Exorcista - O Devoto” é corajoso, mas a coragem nunca é um bom sinal no horror

Produção traz “jump scares” que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada (Fotos: Universal Pictures)


Wallace Graciano


Antes de lhe passar uma opinião sobre “O Exorcista - O Devoto” ("The Exorcist - Believer"), preciso traçar contigo um limite, caro leitor: dispa-se de suas convicções sobre a obra pregressa, “O Exorcista”. Afinal, estamos tratando de um épico, de um longa que fez com que um gênero todo girasse ao seu redor e deixasse o underground e colocasse o horror/terror na cultura pop. 

Isso posto, preciso deixar claro que o filme que estreia neste 12 de outubro, Dia das Crianças, em todo o Brasil, está bem longe de igualar a película de 1973. Primeiro, por conta das expectativas e comparações, que são, de longe, o maior entrave para qualquer obra que ouse fazer uma releitura de um clássico. Segundo, porque o roteiro é bem costurado, mas peca em alguns pontos essenciais onde o ápice batia à porta.


“O Devoto”, se assim podemos chamar neste ponto para não confundir com a icônica obra escrita por William Peter Blatty, bebe da fonte da suas antecessoras (“Exorcista II - O Herege” - 1977, “O Exorcista III” - 1990 e “O Exorcista - O Início” - 2004), mas abre caminho para novos filmes da franquia. Nele, a temática de possessão continua presente, com os feitos do passado da Igreja Católica sendo evocados, mas com certo ar de dúvidas que assolam suas próprias certezas.


Em “O Devoto”, Angela (Lidya Jewett) e Katherine (Olivia O'Neill), duas amigas de 13 anos, ganham o protagonismo que outrora foi de Regan (vivida por Linda Blair), que na obra original foi possuída por Pazuzu (spoiler de 50 anos…). 

Após enganarem seus pais e irem a uma floresta para tentar aflorar sua espiritualidade, elas se perdem no caminho, voltando após três dias com comportamentos erráticos e agressivos. Aqui você já deve bem suspeitar o que ocorreu…


Pois bem, é nesse ponto que a trama se desenvolve. Mesmo que com personagens pouco cativantes (incluindo as meninas, que foram pouco desenvolvidas), o filme passa a buscar novas soluções para as possessões do presente através do passado. 

Entre elas, inclusive, está um fanservice, onde o pai de Angela recorre a Chris MacNeil (mãe de Regan), interpretada novamente por Ellen Burstyn, para trazer respostas para o tortuoso caminho que as meninas teriam pela frente. 


E de forma surpreendentemente positiva, a trama, apesar de evocar uma forte personagem do passado, não fica presa ao enredo de outrora para explicar a possessão. 

Agora, “O Devoto” tenta transformar a Igreja Católica como personagem ativa de todo o processo, mas não como única e central, fazendo com que o sincretismo religioso seja uma força na luta contra o mal, incluindo a presença e união de religiões de matrizes africanas e protestantes. 


Em um nicho clichê, onde vários filmes de possessão esgotaram por completo todas as narrativas que se tornaram repetitivas com os mesmos roteiros de sempre, "O Exorcista - O Devoto" acerta ao ousar tentar trilhar um novo caminho. Agora, do ateísmo ao preconceito religioso são colocados em xeque enquanto as certezas se dissolvem. Porém, peca ao desenvolver muito mal seus personagens e trazer jump scares que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada.

Em síntese, "O Exorcista - O Devoto", tal qual Angela e Katherine, peca em suas ações, mas compensa pela coragem do enredo e por um final que pouco se espera. Porém, se quer abrir um caminho para novas adaptações, precisa evoluir. E muito. Afinal, se uma coisa que o horror nos ensinou muito bem nesse meio século é que a coragem é sempre válida, mas perigosa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: David Gordon Green
Produção: Universal Pictures, Blumhouse Productions, Morgan Creek Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: terror

24 agosto 2023

"Drácula - A Última Viagem do Deméter" agrada pelo roteiro, produção e atuações

A famosa criatura do romance de Bram Stoker traz terror e sustos à telona (Fotos: Universal Pictures)


Eduardo Jr. e Maristela Bretas


Os fãs de "Crepúsculo" que me perdoem, mas o maior vampiro de todos os tempos está de volta. “Drácula: A Última Viagem do Deméter” ("The Last Voyage Of The Demeter"), é o longa do diretor norueguês André Ovredal, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, trazendo muitas mortes ao cair da noite. Trata-se de um terror que agrada por contar um capítulo da obra do escritor irlandês Bram Stoker, publicado em 1897. 

Com um bom roteiro, produção e parte técnica corretas, além de um elenco sem estrelas milionárias, mas que entregam boas interpretações, o filme segue um caminho diferente do costumeiro conde Drácula. 

A história aposta no famoso vampiro e como ele saiu de sua terra natal para procurar um "cardápio" diferente, do tipo sangue inglês correndo nas veias. 


Na história, o navio Deméter, comandado pelo capitão Eliot (o experiente Liam Cunningham, da série "Game of Thrones"), parte do porto da Romênia em direção a Londres com uma carga particular misteriosa que vai colocar toda a tripulação em risco. Ao longo do percurso, uma presença assustadora vai deixando um rastro de sangue e mortes.

No elenco principal também estão Corey Hawkins (“Infiltrado na Klan" - 2018) como Clemens, médico do navio, que luta para tentar salvar os ocupantes da embarcação, e o ator espanhol Javier Botet ("It - A Coisa" - 2017), no papel de Drácula.


Já na escolha da tripulação do navio que levará uma carga misteriosa da Romênia para a Londres, os avisos de que algo ruim vai acontecer são apresentados. 

Logo no início da viagem, o primeiro evento: a descoberta de uma mulher, Anna (Aisling Franciosi), dentro de uma das caixas transportadas. Um dos marujos diz que “a presença de mulheres em navios é sinônimo de azar”. 

Começa a ser construída a tensão do filme, com cenas escuras, silêncios e sustos, e o estranho ataque que mata todos os animais que estavam sendo transportados. Daí vem a sequência de mortes noturnas e a apresentação em relances do Drácula. 


A maquiagem do vampiro ficou ótima, é assustadora, mesmo o personagem não tendo praticamente nenhuma fala, só grunhidos, ao contrário de outros filmes sobre o "chupador de sangue", em que ele é um sedutor conde, cercado de lindas mulheres e esbanjando riqueza.   

Destaque também para o garoto Woody Norman, que interpreta Toby, neto do capitão que vive no navio. O menino está muito bem, entregando uma carga emocional surpreendente em seu papel. Pelo visto gostou do gênero terror, pois está também no elenco de "Toc Toc Toc - Ecos do Além", que estreia dia 31 de agosto.


Falando do garoto Toby, vale dizer que o roteiro se mostra corajoso - só não vou dizer o porquê pra não dar spoiler. Mas dá pra dizer que há cenas bem legais à noite e também durante o dia, como a representação da incapacidade de um vampiro suportar a luz do sol.   

O filme traz ainda um certo drama. Isso se percebe, por exemplo, na história do capitão que deseja se aposentar tranquilamente, mas se vê incapaz diante das tragédias daquela última viagem. E também no dilema do médico que não é aceito nos hospitais por racismo, mas no navio é o mais capacitado para aquela luta por usar sua inteligência como arma pra enfrentar a criatura.


Verdade seja dita, o vampiro poderia ter mais tempo de tela, e talvez uma explicação de como se deu seu surgimento. Mas o longa vale o ingresso e a pipoca. 

É um filme que, mesmo não sendo um arrasa-quarteirão, se sustenta. Não tenta sobreviver apenas do nome do vampiro mais famoso de todos os tempos. 


Ficha técnica:
Direção: André Ovredal
Produção: Universal Pictures, DreamWorks Pictures, Phoenix Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

10 agosto 2023

As cores (e humores) de Wes Anderson estão de volta em “Asteroid City”

Novo longa recebeu indicação em Cannes, mas não é claro em sua proposta (Fotos: Universal Pictures)


Eduardo Jr.


Wes Anderson está de volta. Estreia nesta quinta-feira nos cinemas seu mais novo longa, “Asteroid City”. A produção, distribuída pela Universal Pictures, põe na tela 105 minutos de uma obra fiel às características do cinema do diretor norte-americano. 

E ainda vem com uma chancela importante: a indicação à Palma de Ouro no 76º Festival de Cinema de Cannes de 2023. Filmado na Espanha, em uma paisagem rural desértica, a obra pode fazer tanto sentido quanto uma imensidão de areia. Mas diverte o público em alguns momentos. 


No filme, uma convenção de observadores de astronomia em uma cidade no deserto norte-americano ganha novos contornos após um evento marcante (e cômico). A história se passa na década de 1950 e parece confusa em alguns momentos, por pincelar vários temas de uma vez. 

Também por ser uma produção que avisa ao espectador que a trama vai ser apresentada em um programa de TV, mas tudo não passa de uma encenação teatral (oi?). Tem ainda uma família com o carro estragado que ficou presa em Asteroid City, cuja população se dedica a observar nossa galáxia após a queda de um meteorito tempos atrás. 


Apesar da presença dessa família, não dá pra dizer que o longa tenha um protagonista. É típico dos filmes de Wes Anderson um elenco digno de novela de Glória Perez, com dezenas de personagens. 

Pela tela desfilam nomes famosos e de peso como Tom Hanks, Scarlett Johansson, Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Jeffrey Wright, Bryan Cranston, Edward Norton, Liev Schreiber, Adrien Brody, Jeff Goldblum, Margot Robbie, Willem Dafoe, Matt Dillon, Steve Carell, Maya Hawke e Rita Wilson - e mesmo que eles não tenham uma história pra desenvolver, a lista segue aumentando. 


Se o diretor já adotou esse expediente de riqueza de elenco, como em “O Grande Hotel Budapeste” (2014), por que não repetir também as participações especiais? Em “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004), o cantor Seu Jorge participou do longa. 

E agora, o brasileiro retorna em “Asteroid City” como integrante de um grupo de músicos - e reforçando a amizade de longa data que mantém com Wes Anderson. 


A cena musical em que Seu Jorge aparece com seu violão e sua voz grave é hilária. Aliás, o filme como um todo parece um grande deboche do diretor com relação ao comportamento americano em situações diversas. Mas também traz pitadas de drama e de romance (que não funciona, você vai ver). 

Provavelmente é uma comédia com uma história incompleta, um pouco maluca. Nota dez, só para os enquadramentos e cores do longa, embora isso não seja nenhuma novidade a respeito de um cineasta que já se tornou até trend top no TikTok, com usuários fazendo vídeos do cotidiano como se estivessem em uma obra do americano. 


Fiel a sua estética e a sua forma de conduzir, Wes Anderson entrega um filme que se pretende divertido, com fotografia apurada, figurinos com vários modelos e designs clássicos dos anos 1950 e uma paleta de cores pastel. 

A divisão em atos, o deslizar das câmeras nos planos-sequência e a mudança do colorido para o preto e branco são bem ajustados. 


Ainda assim, é difícil resumir, de forma clara, do que se trata o longa quando assuntos como luto, alienígenas, romance e autoridades estúpidas são misturados. 

A experiência de “Asteroid City”, no entanto, pode valer a pena. Faz o público sair da sala escura levando algumas dúvidas e muitos risos. 


Ficha técnica:
Direção: Wes Anderson
Produção: Universal Pictures, Focus Features, American Empirical, Indiam Paintbrush
Distribuição: Universal Pictures   
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 14 anos
País: Estados Unidos
Gêneros: comédia, drama

28 junho 2023

"Ruby Marinho: Monstro Adolescente" - Uma divertida animação para falar de família e adolescência

Simpática e inocente, a jovem kraken quer conhecer o mundo e fazer amizades (Fotos: DreamWorks Animation)


Maristela Bretas


As mudanças provocadas pela adolescência, relação familiar e aceitação pelos colegas são temas que já foram muitas vezes abordados em animações. Mas sempre ha uma nova forma de mostrar esses assuntos, especialmente se for com diversão, aventura, muitas cores e animais marinhos simpáticos. 

E é isto que o público vai encontrar em "Ruby Marinho: Monstro Adolescente", que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas. Dirigida pelo cineasta indicado ao Oscar Kirk DeMicco. Pela primeira vez, uma animação da DreamWorks é dublada em São Paulo - elas sempre foram feitas no Rio de Janeiro.  


A animação nos apresenta a jovem Ruby Marinho (dublada por Lana Condor e, em português, por Agatha Paulita). No auge dos seus 15 anos, com a rebeldia típica da idade, ela só quer conhecer o mundo, ser aceita pelos demais colegas e criar coragem para se declarar para o humano Connor (Jaboukie Young-White/Gabriel Santana), um colega da aula de matemática.  


Ruby cresceu em uma cidade litorânea na Flórida e, como todo adolescente, tem vergonha de sua família. O que ela não sabe e vai descobrir de uma maneira inesperada, é que vem de uma família de monstros marinhos muito poderosos. 

A jovem vive em constante conflito com a mãe Agatha (voz original de Toni Collette e dublagem nacional de Adriana Pissardini), que não quer que ela faça as coisas normais de uma adolescente para não colocar sua identidade em risco. 

Irônico, uma vez que a jovem tem pele azul (como uma Smurff) e fala para todo mundo que é diferente por ser do Canadá. 


Para piorar, Agatha é uma mãe superprotetora que esconde dos filhos segredos sobre seu passado e o conflito com a mãe, a Rainha Guerreira dos Sete Mares, cuja voz original é de Jane Fonda (dublada em português por Patrícia Scalvi).

A chegada de Chelsea (Annie Murphy/Giovana Lancellotti) à escola vai revolucionar a vida de Ruby. Ela é a aluna bonita, corpão e cabelo parecendo propaganda de xampu e se torna o centro das atenções. 

A novata logo se aproxima da inocente jovem monstro e se torna sua melhor amiga e passa a incentivá-la a se assumir e enfrentar a mãe. 


A animação reforça o poder das mulheres, que aqui são representadas pelas figuras marinhas. Somente elas podem se tornar gigantes. 

Já os machos são pequenos e funcionam como coadjuvantes, mas bem divertidos, especialmente Brill (Sam Richardson /Rodrigo Araújo), tio de Ruby.


Outro ponto que chama a atenção é a transformação de Ruby em uma gigantesca e desengonçada kraken roxa, com as mudanças no corpo e no humor, como acontecem na adolescência. 

Alterações provocadas pela puberdade e relação entre pais e filhos nesta fase da vida já foram temas de outras animações, como "Meu Malvado Favorito 3" (2017), "Divertida Mente" (2015), "Elementos" (2023) e "Red - Crescer é uma Fera" (2021), da Disney.


Para as crianças, o colorido e os bichinhos do fundo do mar serão as atrações do filme e nem vão se assustar com a vilã. Enquanto os adultos, especialmente mães e adolescentes, vão se identificar com as reações de Ruby e as relações familiares. 

"Ruby Marinho: Monstro Adolescente" emociona, tem personagens bem divertidos, simpáticos e fofinhos. Uma animação que vale a pena ser conferida em família.


Ficha técnica:
Direção: Kirk DeMicco e Faryn Pearl
Produção: DreamWorks Animation e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, comédia, família, aventura

11 maio 2023

"Do Jeito Que Elas Querem - O Próximo Capítulo" uma comédia livre, leve e solta, para sair bem do cinema

As quatro amigas levam seu clube do livro para uma divertida viagem de despedida de solteira (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas

Leve, divertido e com um superelenco feminino que retorna após cinco anos do filme original. Este é "Do Jeito Que Elas Querem - O Próximo Capítulo" ("Book Club: The Next Chapter"), que reúne novamente quatro grandes estrelas do cinema: Diane Keaton (Diane), Jane Fonda (Vivian), Candice Bergen (Sharon) e Mary Steenburgen (Carol). 

Sem papas na língua, falando de sexo, frustrações, alegrias, romances tórridos (e outros nem tanto), as quatro mulheres, amigas há 50 anos, agora só pensam em fazer uma grande despedida de solteira. A felizarda é Vivian, que finalmente vai se casar com Arthur (Don Johnson, que participou do primeiro filme). 


Nada melhor que viajarem juntas para a Itália, terra do romance e do vinho. Um passeio planejado anos atrás e que nunca foi realizado por motivos diversos. 

Chegou a hora e elas não vão deixar passar. Influenciadas pelo livro "50 Tons de Cinza", lido por todas no clube do livro do primeiro filme, além de outros romances, elas agora estão mais maduras, aposentadas e dispostas a uma turnê do tipo "clube das garotas". 


Mas elas vão encontrar muito mais que bons hotéis. As férias relaxantes vão se transformar em uma aventura de cross-country única pelo país, regada a muito vinho, novos e velhos amores e vários perrengues.

Com esse elenco não se poderia esperar mais do que excelentes atuações, com diálogos recheados de insinuações picantes que proporcionam boas gargalhadas. Além de um figurino bem no estilo das atrizes. Destaque para o vestido de noiva de Vivian.


Candice Bergen, no papel de uma juíza aposentada, é a mais divertida. Especialmente quando se envolve com pretendentes que surgem ao longo do percurso. 

Vivian continua sendo a revolucionária, que agora tem hábitos mais saudáveis, como dormir cedo para preservar a pele e um café da manhã de muitas frutas. Sem recusar, claro um bom espumante.


Carol ainda é a mais careta e cheia de preocupações, especialmente com o marido Bruce (Craig T. Nelson, outro do primeiro filme). Diane não fica muito atrás e, mesmo vivendo há anos com Mitchell (Andy Garcia, também retornando neste longa), ainda permanece presa ao passado e ao marido morto. 

As novidades do elenco são os atores Giancarlo Giannini (o chefe de polícia), Hugh Quarshie (Ousmane) e Vincent Riotta (Gianni).


Como em "Do Jeito Que Elas Querem", de 2018, Bill Holderman é o diretor e divide roteiro e produção com Erin Simms. Novamente, eles acertaram no enredo ao tratar a uma amizade sincera e leal com o toque de humor ideal. Uma ótima continuação do primeiro filme que vale conferir para sair leve do cinema.


Ficha técnica:
Direção: Bill Holderman
Produção: Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance