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24 setembro 2025

"Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" mistura terror infantil, referências clássicas e muito humor

Animação aborda união em meio às diferenças entre espécies ameaçadas por um apocalipse alienígena
(Fotos: Diamond Films)
 
 

Maristela Bretas

 
Repleta de referências a clássicos do cinema como "ET - O Extraterrestre" (1982) e "Tubarão" (1975) e produções de terror, estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" ("Night of the Zoopocalypse"). 

A coprodução canadense, francesa e belga tem a direção de dois veteranos da animação: Ricardo Curtis ("Os Incríveis" - 2004 e "Monstros S.A." - 2001) e Rodrigo Perez-Castro ("Festa no Céu" - 2014 e "O Touro Ferdinando" - 2018). O resultado é uma obra divertida e vibrante, feita para toda a família.


A trama explora temas como união, diversidade e pertencimento para contar a história de Gracie, uma lobinha entediada com sua vida "pouco animal", dublada em português por Viih Tube.  

Ela e seus amigos do Zoológico Colepepper veem suas pacatas e até monótonas rotinas virarem de cabeça pra baixo quando um meteoro atinge o local e transforma os animais em zumbis semelhantes a geleias coloridas.


Com a maioria dos habitantes do zoo controlados por um coelhinho (que lembra bastante o Bola de Neve, de "Pets – A Vida Secreta dos Bichos" - 2016) agora possuído por um alienígena com planos de dominação mundial, cabe a Gracie tentar salvar a todos, especialmente sua alcateia.

Para isso, ela precisará contar com a ajuda de um grupo bem improvável: Dan, um leão-da-montanha rabugento e de poucos amigos; Xavier (dublado por Ed Gama), um lêmure cinéfilo que sabe tudo sobre filmes de terror; Frida, uma capivara destemida; Felix, um babuíno atrapalhado; Ash, um avestruz cheio de estilo; e Lu, uma filhote de hipopótamo pigmeu rosa muito fofa e tagarela. 


Juntos, precisam deixar instintos e diferenças de lado para enfrentar a ameaça alienígena. Dá para imaginar um leão da montanha faminto tendo que proteger um filhotinho rechonchudo de hipopótamo (quase um toucinho)?

Entre planos mirabolantes — nem sempre bem-sucedidos — e tentativas de fuga, o grupo vai aprendendo a confiar uns nos outros e a se unir, sob a liderança da esperta Gracie, para evitar o apocalipse animal. 


O mais engraçado de todos é Xavier, que usa seus conhecimentos adquiridos assistindo filmes de terror durante a madrugada na clínica veterinária para prever os movimentos dos inimigos. 

É por meio dele que são inseridos cenas e trechos icônicos de músicas inesquecíveis de clássicos, tornando a animação ainda mais divertida e nostálgica. 

O elenco de dubladores brasileiros reúne nome como Luiz Feier, Manolo Rey, Valentina Pawlowna, Jorge Vasconcellos, Carina Eiras, Mauro Horta, Mariangela Cantú, Eduardo Drummond, Jessica Dannemann, Marianna Alexandre, Maurício Berger, Rafinha Lima e Telma da Costa. 


Apesar de ser uma comédia com ritmo de aventura, o longa traz algumas cenas de ataques e mutações que podem assustar crianças menores "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" mistura terror infantil, referências clássicas e muito humor de 10 anos. Por isso, vale a atenção dos pais quanto à classificação indicativa.

Mas a emoção e o humor bem dosados, reforçados pelas cores vibrantes e personagens carismáticos, fazem de "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" um filme de terror leve, capaz de divertir e emocionar públicos de todas as idades.


Ficha técnica:
Direção: Ricardo Curtis e Rodrigo Perez-Castro
Roteiro: Steven Hoban e James Kee
Produção: Mac Guff Productions, Copperheart Entertainment, UMedia Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: 10 anos
Países: Canadá, França e Bélgica
Gêneros: animação, aventura, comédia, família

19 setembro 2025

"Sr. Blake ao Seu Dispor": um filme-conforto sem contra-indicações

John Malkovich entrega charme e um bom francês ao dividir o protagonismo com a sempre bela e 
excelente Fanny Ardant (Fotos: Ricardo Vaz Palma/Bidibul Productions)
 
 

Patrícia Cassese

 
O argumento de "Sr. Blake ao seu Dispor" (no original, "Complètement Cramé!", algo como "completamente louco", em tradução livre), roteiro e direção do francês Gilles Legardinier, que está em cartaz no Una Cine Belas Artes, não é necessariamente novo.

Um estranho chega subitamente a uma localidade de tal modo imersa em sua rotina que nem mesmo os incômodos dela decorrentes são suficientes para provocar questionamentos em quem por ali habita. 

A introdução de um novo elemento na dinâmica daquele ecossistema, como de praxe, acaba por desencadear pequenos sismos, que, desse modo, paulatinamente movimentam as rígidas estruturas que sustentam o microuniverso.


O estranho, no caso, é Andrew Blake, um britânico interpretado por John Malkovich (norte-americano, frise-se), com sua elegância habitual - trata-se de sua estreia como protagonista de uma produção francesa.  

Já a localidade em foco é uma imponente mansão no interior da França - belíssima, mas, no momento, destituída dos recursos necessários para sua eficaz manutenção. 

A atual proprietária, Madame Beauvillier (vivida pelo ícone do cinema francês Fanny Ardant - detalhe: cada dia mais linda), pensa em voltar a receber hóspedes, de modo a amenizar os custos. 


Aliás, se hospedar ali é justamente o propósito de Andrew Blake, que deixa a vida na Inglaterra para rever o lugar no qual, décadas atrás, conheceu aquela que se tornou sua parceira de vida, Diane, falecida há quatro meses. 

Descrito assim, o filme pode sugerir, ao leitor, tratar-se apenas de um drama.  Mas não, a história inclusive abre espaço para o riso, ainda que o elemento humor, aqui, concentre-se mais nas tiradas sutis que saem da boca do personagem citado no título dado pela distribuidora brasileira. 

Detalhe: o original repete o do livro homônimo escrito pelo próprio Legardinier, lançado em 2012 e, desde então, traduzido para 17 idiomas.


Como dito, Blake chegou até a mansão no afã de reavivar as memórias do tempo em que conheceu aquela que foi a sua cara-metade, mãe de sua única filha. 

No entanto, uma pequena confusão se instala: é que, na verdade, a casa ainda não está aberta a receber hóspedes e, naquele momento de preparativos para tal, uma vaga para o posto de mordomo foi aberta. 

Com isso, Odile (Émilie Dequenne, ótima), cozinheira e governanta da casa, julga ser o Blake nada mais que um candidato à vaga, e, assim, o instala na ala dos empregados. 


Mesmo quando a confusão se desfaz entre os dois, Blake segue se passando por um aspirante a mordomo perante Madame Beauvillier, posto que só assim conseguiria permanecer por lá.

Nesta "encenação", claro, ele conta com a cumplicidade de Odile, personagem que, no curso do tempo, ergueu um muro em torno de si para se proteger do outro. Aliás, aos poucos, ela acaba revelando a Blake os motivos que a tornaram, assim, tão rígida quanto pouco permeável a estranhos. 

Um comportamento que inclusive a faz dar tudo de si no preparo das refeições do seu gato, Mephisto, mas, em contrapartida, se resumir ao trivial para os demais. 


A interação de Odile com Blake a faz rever comportamentos - e desanuvia suas feições. E o mesmo acontece com os demais personagens que compõem a trama, incluindo a jovem Manon (Eugénie Anselin), responsável pelos serviços gerais da casa, e que está grávida, tendo sido abandonada pelo parceiro e expulsa de casa pela mãe.

E Phillipe (Philippe Bas), o arisco caseiro, que prefere que seus interesses pessoais (como a construção de miniaturas de casas) não sejam do conhecimento das demais pessoas por ali.


Em meio aos acontecimentos provocados pela chegada de Blake, despontam também belas falas, como quando o personagem reflete que os arrependimentos por decisões que tomou no curso da vida, hoje, não o afetam tanto quanto o impacto diante da perda das pessoas que amava. 

O filme também aponta como o dar as mãos, diante de certas situações da existência, é um passo importante até mesmo para mudanças de ordem prática, como arrumar um quarto para a nova habitante da casa central ou um acesso mais inteligente para o gato adentrar a casa.


O fato de o diretor e roteirista (função dividida com Christel Henon) ser também o autor do livro adaptado, claro, garante a fidelidade ao conteúdo da obra e às reflexões - pertinentes - que coloca ao leitor/espectador. 

Um outro chamariz é observar Malkovich se esmerando no francês para fazer bonito - e, voilà, ele vence o desafio! Certo, algumas partes meio non sense (como o enfrentamento aos corretores que visam a venda da mansão) poderiam ser limadas. 

Mas, no frigir dos ovos, "Sr. Blake ao Seu Dispor" insere-se na categoria dos "filmes conforto", o que, em tempos tão bélicos, não é pouca coisa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Gilles Legardinier
Produção: Universal Pictures
Distribuição: Mares Filmes
Exibição: Una Cine Belas Artes - sala 1
Duração: 1h50
Classificação: 12 anos
Países: França, Luxemburgo
Gêneros: comédia, drama

18 setembro 2025

"A Grande Viagem da Sua Vida" - uma jornada mágica ao passado para mudar o futuro

Colin Farrell e Margot Robbie são os protagonistas desta comédia dramática sobre solidão e desafios nos relacionamentos (Fotos: Sony Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Colin Farrell com seu olhar de menino carente. Margot Robbie com seu sorriso aberto e contagiante. Como não se apaixonar e torcer por esse casal? Mesmo quando os fantasmas do passado de ambos ameaçam colocar tudo a perder. Essa é a história de "A Grande Viagem da Sua Vida" ("A Big Bold Beautiful Journey"), em cartaz nos cinemas.

O diretor sul-coreano Kogonada conduz a trama com delicadeza e sensibilidade, equilibrando romance e poesia para falar de amor, sem deixar de lado uma energia vibrante, sustentada pela química dos protagonistas.


Embora o tema não seja original, a direção de Kogonada, o roteiro bem amarrado de Seth Reiss e as atuações carismáticas de Farrell e Robbie garantem uma experiência envolvente e boa diversão.

Farrell interpreta David, um solteirão bonito e charmoso, mas de pouca conversa que não consegue se acertar com ninguém. Até conhecer Sarah, personagem vivida por Margot Robbie, que também tem problema com relacionamentos amorosos duradouros. 


Os dois são apresentados em uma festa de casamento de amigos em comum e não imaginam a reviravolta que o "destino" armou para ambos. Ao aceitarem fazer juntos a "grande viagem" de suas vidas, David e Sarah embarcam numa aventura fantástica e imprevisível. 

Perdidos entre memórias e escolhas, eles têm pendências do passado que os fazem ter medo do presente e acreditar num futuro com alguém. Para seguirem em frente terão de abrir velhas portas e revisitar lembranças, boas e dolorosas, que os fará repensar em tudo o que já passaram até o presente. E, quem sabe, ganhar uma oportunidade de mudar seus futuros. 


"A Grande Viagem de sua Vida" também conta com uma dupla premiada e muito especial no elenco: Kevin Kline e Phoebe Waller-Bridge formam um casal estranho e engraçado, responsável pelos momentos mais cômicos e que vai fazer toda a diferença na narrativa.

Essa viagem pelo tempo fica ainda mais encantadora com os cenários deslumbrantes, que vão de um pôr-do-sol arrebatador a estradas que cortam vales e campos floridos. Um espetáculo visual de muita cor e suavidade que intensifica o clima romântico, sem falar na lua especial criada sob medida.


Para completar, o diretor escolheu uma emocionante trilha sonora para embalar cada passo da jornada e contar essa história de amor quase impossível.

Mas será que tantas mágoas e desencontros do passado vão permitir que Sarah e David fiquem juntos? Só assistindo e torcendo por eles para descobrir. Sem esquecer o lencinho, porque cai muito cisco nos olhos.


Ficha técnica
Direção: Kogonada
Roteiro: Seth Reiss
Produção: Columbia Pictures, Original Films, Imperative Entertainment, 30West
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: drama, romance

25 agosto 2025

"Os Roses – Até que a Morte os Separe": quando o amor vira guerra doméstica

Olivia Colman e Benedict Cumberbatch formam o casal perfeito que passa da paixão a uma relação
decadente e cruel (Fotos: Searchlight Pictures)


Maristela Bretas


Uma bomba-relógio prestes a explodir. Não há mais filtro, nem paciência. As agressões verbais em público tomam o lugar da imagem de casal perfeito. É nesse terreno que “Os Roses – Até que a Morte os Separe” ("The Roses") constrói sua narrativa, fazendo um retrato ácido e, muitas vezes, dolorosamente real de como casamentos longos, aparentemente felizes e ideais, podem ruir.

O longa estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas e traz a direção de Jay Roach, a partir de um roteiro afiado de Tony McNamara ("A Favorita" - 2019, produção estrelada por Olivia Colman, e "Pobres Criaturas" - 2024). A obra é mais um remake do clássico romance de 1981, “A Guerra dos Roses”, de Warren Adler, já adaptado em 1989 por Danny DeVito.


Aqui, o “casal perfeito” é vivido com intensidade por Olivia Colman (Ivy) e Benedict Cumberbatch (Theo). E que dupla! Colman entrega uma Ivy multifacetada, uma chef de cozinha brilhante que vê sua carreira disparar, enquanto Cumberbatch dá corpo a um Theo cada vez mais frustrado e ressentido após perder o emprego de arquiteto renomado.

No início, tudo parece um comercial de margarina: amor, carinho, filhos encantadores e estabilidade. Mas basta um contratempo para o castelo de cartas ruir. A partir daí, os ressentimentos acumulados se transformam em combustível para uma competição tóxica, recheada de implicâncias, disputas públicas e ataques verbais que corroem qualquer traço de afeto.

Humor com desconforto

O humor ácido é a engrenagem que move a trama. Roach não poupa o espectador: ele entrega uma comédia que ri do desconforto, expondo a crueldade que pode se esconder por trás da fachada de família perfeita. Não há espaço para idealizações românticas, mas sim para a amarga constatação de que o amor também pode ser palco de guerra.


“Os Roses – Até que a Morte os Separe” funciona como um espelho distorcido e incômodo. Quem assiste, ri, mas também se reconhece em algum detalhe da vida conjugal. E é justamente aí que o filme acerta: no desconforto que provoca, na tensão crescente que transforma a relação de Ivy e Theo numa batalha sem vencedores.

O elenco conta ainda com os humoristas norte-americanos Kate McKinnon (de "Barbie" - 2023) e Andy Samberg (da série "Brooklyn Nine-Nine"), interpretando o casal de amigos Amy e Barry, que vivem um "casamento moderno", mas que também está desmoronando. São eles os primeiros a chamarem a atenção de Theo e Ivy sobre o desgaste no casamento deles. 


Além da dupla temos outro casal tóxico, vivido por Jamie Demetriou (Rory) e Zoë Chao (Sally) e a rápida, mas marcante aparição de Allisson Janney, como a advogada Eleanor. 

De normais mesmo somente Sunita Mani e Ncuti Gatwa, nos papéis de Jane e Jeffrey, assistentes de Ivy, que tudo vêem e nada comentam.

“Os Roses – Até que a Morte os Separe” é uma comédia, sim. Mas daquelas que deixam gosto amargo, com humor britânico sarcástico e até repreensível em alguns momentos para tratar de amor, ambição e fraquezas. 

Todos esses elementos, sustentados pela brilhante atuação e a química de Colman e Cumberbatch, amigos de longa data, deverão agradar ao público.


Ficha técnica:
Direção:
Jay Roach
Produção: Searchlight Pictures, SunnyMarch, Delirious Media
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, drama

21 agosto 2025

De férias com a família, Bob Odenkirk está mais violento e desequilibrado em "Anônimo 2"

Sequência do longa de 2021 é dirigida por Timo Tjahjanto e, como no primeiro, mantém semelhanças
com a franquia "John Wick" (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Para Hutch Mansell (Bob Odenkirk) tirar férias tranquilas com a família é algo praticamente impossível Ele continua um sujeito explosivo, que precisa de muito pouco para perder o controle, especialmente se sua família está em perigo. 

Não poderia ser diferente em "Anônimo 2" ("Nobody 2"), sequência que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas, trazendo de volta o elenco principal de "Anônimo", lançado em 2021.

Mais violento e sangrento, recheado de lutas e bons efeitos visuais, sem perder o humor irônico que marcou o personagem, "Anônimo 2" entrega uma boa continuação e deve agradar aos fãs. 


Além dos nomes da primeira produção, o elenco ganha reforços de peso: Sharon Stone e Colin Hanks chegam para colocar fim ao sossego da família Mansell.

Há quatro anos, Hutch deixou de ser o homem tão comum que era quase um "ninguém" e retornou à ativa de agente secreto e assassino, agora com o conhecimento da família. Se antes era o marasmo que atrapalhava o casamento, agora é a rotina de "trabalho" para a agência é que o afasta das pessoas que ama. 

Para mudar isso, ele e a esposa Becca (a sempre bela Connie Nielsen) resolvem tirar férias com os filhos Brady (Gage Munroe) e Sammy (Paisley Cadorath). E claro, com a presença do vovô David, papel de Christopher Lloyd, que também retorna na sequência.


Hutch decide levar todos para um parque temático em Plummerville, cidade onde o pai o levava com o irmão na infância. Era para ser uma viagem de boas memórias, mas Hutch não consegue ficar longe de confusões e da violência. 

Uma vilã sádica

Dessa vez o confronto é contra Lendina, a cruel e desequilibrada chefe de uma quadrilha do crime organizado, interpretada pela excelente Sharon Stone. Esbanjando sensualidade, a atriz entrega uma vilã implacável. Ao seu lado está o capanga Abel, xerife corrupto e ganancioso vivido com competência por Colin Hanks. 


Assim como no primeiro filme, o roteiro foi assinado por Derek Kolstad, responsável também pela franquia "John Wick" e "Duro de Matar". Não faltam, portanto, ação, lutas memoráveis e doses generosas de sangue e violência.

Bob Odenkirk, aos 62 anos, dedicou dois anos de sua vida em treinamento físico intenso para atingir uma boa forma física que permitisse a ele encarar cenas de lutas e acrobacias com maior intensidade. O esforço compensou: as sequências de ação ficaram ótimas.

Connie Nielsen também ganha mais destaque. Becca deixa de ser apenas uma mãe e corretora de imóveis para mostrar novas "habilidades" e entrar na briga. Ela se mostra ainda mais apaixonada pelo marido. A química entre os dois atores funciona muito bem em cena.


O elenco conta ainda com John Ortiz, como Wyatt Martin, dono do resort em que a família Mansell se hospeda e RZA, que retorna como Harry Mansell, irmão de Hutch.

"Anônimo 2" esclarece alguns pontos deixados em aberto no primeiro filme e ainda planta dúvidas e segredos que indicam um terceiro longa. Resta esperar para ver. 

Dica: vale à pena assistir ao primeiro longa para compreender melhor a trajetória de Hutch e sua família. Ele está disponível para aluguel na Amazon Prime Video, Google Play Filmes e Apple TV.


Ficha técnica:
Direção: Timo Tjahjanto
Roteiro: Derek Kolstad
Produção: 87North, Eighty Two Films e OPE Partners
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia

18 agosto 2025

“Uma Mulher Sem Filtro” tenta ser comédia nacional, mas não acerta o alvo

Longa dirigido por Arthur Fontes é protagonizado por Fabiula Nascimento e ainda oferece uma experiência interativa (Fotos: Laura Campanella)
  

Eduardo Jr.


Já pensou como seria sua vida se você falasse tudo o que pensa? Este é o mote do filme “Uma Mulher Sem Filtro”, que estreia nos cinemas brasileiros dia 21 de agosto. 

Com roteiro adaptado por Tati Bernard e direção de Arthur Fontes, o longa distribuído pela H2O Filmes se propõe uma comédia - embora sem fôlego - e vai oferecer até uma experiência interativa. 

Na trama, Fabiula Nascimento vive sua primeira protagonista, Bia. Uma publicitária rodeada de problemas que se sente desvalorizada. O marido Antônio (Emílio Dantas) não assume responsabilidades em casa. A melhor amiga Roberta (Patrícia Ramos) não a escuta. A irmã Bárbara (Julia Rabello) é infantilizada e só pede favores. 


Gabriel (Samuel de Assis), colega de trabalho, é machista. O chefe Pedro Paulo (Caito Mainier) é incompetente, e o trabalho, que já era desmotivador, fica ameaçado com a chegada da influencer Paloma (Camila Queiroz) para ser a nova CEO da revista feminina onde Bia trabalha. 

A cada sapo que precisa engolir, a protagonista sente no corpo a insatisfação. No entanto, os efeitos passam a impressão de que algo sobrenatural vai acontecer com Bia, como se ela fosse se transformar em outra criatura. Mas ela não faz nada sozinha. 


O ponto de virada (que, por sinal, demora a ser apresentado) vem em uma experiência esotérica com Deusa Xana (Polly Marinho). A partir daí, Bia perde o filtro e começa a dizer tudo o que sente vontade. 

O público pode gostar do novo comportamento da protagonista, mas nada que atinja o ponto de gargalhadas sem freio. 

A verdade é que, apesar de apostar na ligação com pautas como machismo, silenciamento das mulheres e sororidade ligadas a situações do dia-a-dia, nem a comédia e nem o drama têm força. 


Se há pontos positivos a mencionar, talvez sejam a atuação de Fabiula e a música. A escolha por um repertório exclusivamente nacional se mostra acertada em alguns momentos do filme pelas canções escolhidas e por valorizar nomes femininos no setlist como Iza, Gloria Groove, Gaby Amarantos, Pocah e Letrux, além da pernambucana Duda Beat, com o hit "Que Prazer".
  
Deusa Xana no Whatsapp 

O público também terá a oportunidade de consultar Deusa Xana, a esotérica interpretada por Polly Marinho. Por meio do número (16) 99712-2024 no Whatsapp, integrado à Inteligência Artificial, ela estará disponível 24 horas por dia, dando conselhos sarcásticos, divertidos e empoderadores.


Ficha técnica:
Direção: Arthur Fontes
Roteiro adaptado: Tati Bernardi
Produção: Conspiração, coprodução Star Productions
Distribuição: H2O Films, codistribuição RioFilme
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

06 agosto 2025

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” prova que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan estrelam a sequência desta divertida comédia, perfeita para assistir
com uma pipoca no colo (Fotos: Walt Disney)
 
 

Maristela Bretas

 
De volta ao corpo errado — e ao coração do público. Quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Em “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” (Freakier Friday), Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan provam que sim e voltam como Tess e Anna Coleman, mãe e filha que já enfrentaram uma troca de corpos no sucesso de 2003, “Sexta-Feira Muito Louca”. 

Agora, 22 anos depois, a confusão vem em dose dupla! A sequência estreia nos cinemas nesta quinta-feira (7) e promete encantar não só aos fãs como também uma nova geração.


Desta vez, além de Tess e Anna, duas novas personagens também terão suas identidades trocadas: Harper (Julia Butters), filha de Anna, e Lily (Sophia Hammons), filha do noivo de Anna.

O motivo da nova troca? Nada de biscoito da sorte chinês. Quem causa a bagunça é uma vidente trambiqueira durante uma festa — e o resultado é hilário.

Novas trocas, novos dilemas

A história gira em torno do novo relacionamento de Anna com Eric Davies (Manny Jacinto). O problema é que as filhas Harper e Lily — inimigas declaradas na escola — não aceitam bem a ideia de estarem na mesma família e a possível mudança de Los Angeles para Londres.

Apesar de se odiarem, Harper e Lily, presas nos corpos de duas adultas, acabam se unindo para tentar impedir o casamento dos pais e a mudança da família de Los Angeles para Londres. 


Mas a troca traz também responsabilidades de trabalho, criação dos filhos e até mesmo a troca por um guarda-roupa, completamente diferente do que estavam acostumadas a usar. 

O mesmo acontece com Tess e Anna, nos corpos de adolescentes, vivendo os problemas na escola, os colegas, as aulas e atividades físicas. Com uma vantagem: com a disposição de um corpo jovem.

Nostalgia com toque moderno

A química entre Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan continua intacta — e isso dá o tom cativante do filme. Ambas estão também envolvidas como produtoras executivas, o que mostra o carinho que têm pelo projeto e por seus personagens.

Curtis, aos 66 anos, comentou que este era o momento perfeito para retomar a história, já que Lohan, agora com 39, pode interpretar uma mãe com propriedade, enquanto ela assume o papel da avó.


Além das protagonistas, o filme traz de volta rostos conhecidos do primeiro longa, como Chad Michael Murray (Jake, o crush de Anna), Mark Harmon (Ryan, marido de Tess), Stephen Tobolowsky (Sr. Bates). Até a banda fictícia Pink Slip com o hit “Take Me Away” está volta.

Uma comédia leve e divertida

Sob a direção de Nisha Ganatra, “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” aposta em um tom leve, com momentos quase uma comédia pastelão — o tipo de humor que agrada crianças, adolescentes e adultos com saudade dos anos 2000.

A história entrega exatamente o que promete: diversão, boas atuações, e claro, um final feliz no melhor estilo Disney — com direito a erros de gravação nos créditos finais para fechar com chave de ouro.

Vale a pena assistir? Claro! Se você é fã do original, vai se emocionar com as referências e reencontros. Se está conhecendo agora, vai dar boas risadas e, quem sabe, se apaixonar por essa dupla icônica. Prepare a pipoca: “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” é uma comédia que faz jus ao nome — e ao legado.


Ficha técnica:
Direção: Nisha Ganatra
Produção: Walt Disney Company
Distribuição: Walt Disney Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h51
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, família

31 julho 2025

Em tempos de Tinder, “Amores Materialistas” fala sobre as dificuldades de se encontrar alguém para amar

Longa é uma comédia com pé no chão sobre amor e relacionamentos, sem romantização (Fotos: Divulgação)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira. Ela trabalha em uma agência de encontros, onde os clientes procuram o “amor pra vida inteira”. Ela é uma espécie de “personal Tinder”. Em vez do aplicativo, quem paga pelo serviço tem a consultoria de uma pessoa especializada no assunto. 

Durante a festa de casamento de uma de suas clientes, Lucy conhece Harry (Pedro Pascal). Rico, bonito, charmoso, solteiro, gentil e interessado nela desde o primeiro olhar. Só que aí aparece o garçom John (Chris Evans), o ex-namorado dela. Bonitão, charmoso, porém, pobre. Duro, quebrado, liso. 

Com quem Lucy vai ficar? Esse poderia ser o título do filme, mas estamos falando de “Amores Materialistas”. O novo filme da diretora Celine Song, do ótimo “Vidas Passadas” (2024), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31).


Poderia ser uma comédia romântica. Até tem cenas engraçadas, romance, mas a pitada de drama adicionada à história muda tudo. É sobre amor e relacionamentos, sem romantização. Uma comédia com pé no chão e conversa séria, pra gente adulta, ideal para os dias atuais. 

Os clientes de Lucy são sempre muito exigentes. Altura, peso, profissão, renda, gostos musicais, idade, se tem pet ou não, fumante ou não, preferência política... Se o primeiro encontro der certo, Lucy marca o segundo, o terceiro... Ela vai intermediando até que o casal decida se casar. Aí é case de sucesso!


Em meio aos encontros que vai mediando, Lucy começa a engatar um namoro com Harry. O cara perfeito, nas palavras dela. Ele seria uma ótima opção para todas as mulheres que ela tem na cartela de clientes. Porém, o bonitão só quer a bonitona. 

Mas e o John? Além de garçom, ele é aspirante a ator, sem muita expectativa de dias melhores. Principalmente quando se trata de dinheiro. O encontro entre ele e Lucy mexeu com os dois. Por que eles não deram certo? Por que se separaram? Dá pra voltar ou ficarem juntos outra vez? Ainda se amam? Será que se amavam? São questões para ambos.


O rico bonitão perfeito ou o gato pobre que já não deu certo uma vez? Até onde o dinheiro interfere ou pode interferir nessa equação? Só o amor não basta? É possível encontrar amor e prosperidade financeira na mesma pessoa? E as outras muitas coisas da vida a dois? Essas questões vão surgindo ao longo do filme com reflexões que certamente vão mexer com quem assiste. 

Há também observações sobre os clientes de Lucy que vão interferindo no curso da história. Em tempos de customização de tudo, é possível achar a pessoa ideal, com todos os requisitos que enumeramos? Ou será que isso é um impedimento para se conhecer uma pessoa interessante? E se tirarmos as exigências, por sorte, pode aparecer a “pessoa certa”?


São questões muito atuais abordadas no filme. Em um mundo onde tudo é mercadoria, serviço e descartável, é justo que pessoas também sejam tratadas assim? Onde tudo é passageiro, inclusive os amores, é possível amar e ser amado? A gente tá procurando do jeito certo e no lugar certo?

Esses muitos questionamentos apresentados direcionam as decisões dos personagens e o desfecho do filme. Haverá aqueles que irão gostar e também os que não desgostarão do fim. 

A história é conduzida com sensibilidade e, acima de tudo, com sensatez. Sem malabarismos ou situações de contos de fadas. Não há a menor pretensão de dar receitas prontas ou oferecer respostas. Cada expectador vai levar um caminhão de reflexões pra casa. É isso. 

Gostando ou não do filme, estando solteiro ou à procura de alguém, casado ou separado, não importa. “Amores Materialistas” vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Celine Song
Produção: Stage 6 Films, A24
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance

01 abril 2025

“Câncer com Ascendente em Virgem”: uma obra sobre luta contra o câncer e amor à vida

Suzana Pires é Clara, uma professora diagnosticada com a doença que vai precisar contar com o apoio
da filha e da mãe (Fotos: Mariana Vianna)


Filipe Matheus
Blog Maravilha de Cinema


Dirigido por Rosane Svartman, “Câncer com Ascendente em Virgem”, estrelado por Suzana Pires, em cartaz nos cinemas, aborda a importância da prevenção contra o câncer de mama e de acreditar em si próprio.

Na trama, Clara (Suzana Pires) é professora de matemática e influenciadora educacional, acostumada a ter tudo sob controle. No entanto, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, ela precisa aprender a lidar com a incerteza da vida e aceitar que nem tudo pode ser planejado.

Um dos pontos altos do filme é como ele se conecta com as mulheres, promovendo a conscientização sobre a importância da detecção precoce e dos cuidados preventivos. A produção não apenas sensibiliza o público, mas também oferece um processo de cura e reflexão para aqueles que necessitam.


Além de Suzana Pires, o elenco conta com Marieta Severo, Natalia Costa, Carla Cristina Cardoso, Fabiana Carla, Maria Gal, Giovana Lima, Mariana Costa, Ângelo Paes Leme, Arêne Souza, Júlio Conrad, Heitor Martinez e Yuri Marçal. 

Cada um deles imprime grande profundidade a seu personagem, tocando o coração do espectador e reforçando a importância de discutir o tema.

O longa-metragem é inspirado na história da produtora de cinema Clélia Bessa. Durante o tratamento que a curou de um câncer de mama em 2008, ela criou o blog “Estou Com Câncer e Daí”, transformado em livro, publicado pela Editora Cobogó.


A produção também destaca a importância do apoio de familiares e amigos durante o tratamento, abordando a questão do abandono de mulheres com câncer por parte de seus parceiros. 

Esse é um tema delicado, que não poder ser ignorado, pois a solidão de quem enfrenta a doença pode agravar ainda mais a situação.

É imprescindível que todos os postos médicos ofereçam o tratamento adequado e os exames fundamentais. O filme também aborda sobre a importância de lutar pelos direitos e de não deixar para trás algo tão crucial como a saúde.


A música “Tudo Vai Passar”, de Preta Gil, faz parte da trilha sonora do filme. Em janeiro de 2023, a cantora foi diagnosticada com adenocarcinoma no intestino. Após um tratamento intensivo, que incluiu quimioterapia, radioterapia e cirurgia, ela compartilhou sua experiência e lançou a canção, que se tornou um símbolo de superação. 

Mart'Nália também deixa seu recado ma trilha sonora com o sucesso "Fullgás", de Marina Lima.

Vale a pena conferir “Câncer com Ascendente em Virgem” nos cinemas. O longa vai além de um tema popular. Ele explora a importância de cuidar da saúde, de buscar a felicidade e de estar ao lado de quem amamos. Mais do que um filme sobre a mulher, é uma obra emocionante, inspiradora e indispensável.


Ficha técnica:
Direção: Rosane Svartman
Roteiro: Suzana Pires, Martha Mendonça e Pedro Reinato
Produção: Raccord Produções, com coprodução da Globo Filmes e RioFilme
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, comédia