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23 julho 2024

"Como Vender a Lua" é o marketing bem feito para manter um sonho americano

Comédia romântica tem ótimo elenco e bons efeitos especiais que seguram o roteiro (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Quem hoje está na faixa acima dos 60 anos e acompanhou com olhos colados na tv a famosa imagem do primeiro homem a pisar em solo lunar, vai sentir uma pontinha de saudade no peito ao rever. 

Pois esta cena e muitas outras marcantes estão no longa "Como Vender a Lua" ("Fly Me to the Moon"), filme em cartaz nos cinemas que tem como protagonistas Scarlett Johansson e Channing Tatum. Quase uma homenagem aos 40 anos do evento, ocorrido em 20 de julho de 1969.


Dirigido por Greg Berlandi, o longa explora o marketing montado para divulgar a importância de se manter o projeto espacial Apollo para os Estados Unidos melhorarem a imagem pública da NASA. Somente com o pouso na Lua o governo norte-americano conseguiria recuperar a liderança da corrida espacial, perdida para a Rússia na década de 1960.

Johansson é Kelly Jones, a especialista em marketing de passado nebuloso convocada para este difícil trabalho. E para evitar mais uma falha (outros lançamentos terminaram em destruição e tragédia), ela é convocada pelo assessor do governo Moe Berkus (Woody Harrelson) a criar um Plano B - encenar um pouso na Lua fake com transmissão ao vivo.


Essa é inclusive uma das maiores teorias da conspiração, que vem atravessando décadas: o homem realmente pisou na lua ou foi tudo uma grande produção cinematográfica no estilo Hollywood, que teria sido filmada por Stanley Kubrick? 

O filme é uma aula de marketing da enganação e convencimento, que chega a colocar novamente esta pulga atrás da orelha do espectador.

O que Kelly não esperava era conhecer o diretor de lançamento da Apollo 11 e ex-piloto de combate, Cole Davis (Tatum), que vive a vida pelo sucesso da missão e não aceita sofrer mais uma falha. 

Especialmente agora que o mundo inteiro estará acompanhando pela TV. Ele terá de se unir à marqueteira para garantir que tudo dê certo e o plano seja bem convincente.


Além das armações, mentiras e situações engraçadas, "Como Vender a Lua" também pincela questões delicadas da época, como a Guerra do Vietnã, as missões à Lua desastrosas, inclusive com mortes de tripulantes, e a Guerra Fria, mas sem aprofundar em nada. 

O roteiro é simples, sem muitas novidades, mas o emprego de imagens antigas, os ótimos efeitos visuais e sonoros e as interpretações seguram o longa.

O elenco está bem afinado, com Scarlett (que também é produtora do filme) e Tatum entregando interpretações simpáticas e divertidas em algumas situações. Harrelson também não fica para trás como o agente inescrupuloso do governo, assim como Anna Garcia, como Ruby, assessora de Kelly, e Jim Rash, como Lance, da equipe de lançamento de Cole.    


Destaco (por gostar muito do tema) do filme as imagens dos lançamentos de foguetes que tomam a tela, e a famosa frase dita pelo astronauta Neil Armstrong: "esse é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade".

"Como Vender a Lua", assim como seus protagonistas, é simpático, leve e bom de ser assistido no cinema. Uma viagem no tempo que ainda emociona aqueles, como eu, que acompanharam os fatos na época. Vale conferir.


Ficha técnica
Direção:
Greg Berlandi
Produção: Apple Original Films
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h12
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance

28 maio 2024

Com Anne Hathaway, “Uma Ideia de Você” aborda temas que ainda são tabus nos dias de hoje

Comédia romântica é um entretenimento leve, ideal para ser assistido numa sessão da tarde e debatido
numa boa conversa de bar (Fotos: Prime Video)


Jean Piter Miranda


Solene (Anne Hathaway) é uma mulher que acaba de completar 40 anos. Recém-divorciada e com uma filha adolescente, ela não viveu outro romance desde que se separou do marido. Entretanto, a vida pacata dela muda completamente e de forma inesperada. 

Por um acaso, ela conhece Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), um astro da música pop de apenas 24 anos. Os dois se apaixonam e, aí, pagam para ver no que vai dar. Esse é “Uma Ideia de Você” ("The Idea Of You"), novo filme do diretor Michael Showalter (“Os Olhos de Tammy Faye”, 2021 e “Doentes de Amor”, 2017), disponível no Prime Vídeo. 


A história começa quando Izzy (Ella Rubin), filha de Solene, está se preparando para ir ao famoso festival de Coachella com os amigos adolescentes. Eles estão indo conhecer a banda August Moon, a mais famosa boyband do momento. Desses grupos, compostos por jovens que cantam e dançam, como o Backstreet Boys e o 'N Sync foram para outras gerações. 

Daniel (Reid Scott), o ex-marido de Solene, era quem levaria a filha ao festival. Mas, de última hora, ele fica impedido de ir. Sobra então para ela a missão de acompanhar os adolescentes. Eles compraram pacotes especiais para o festival, com direito a participar de uma sessão de autógrafos com os integrantes da August Moon. É nesse momento que o casal do filme se conhece. 


Como em toda comédia romântica, Solene e Hayes passam por momentos um tanto constrangedores. Situações que são engraçadas e vão aproximando o casal. Aquele jogo de um fazer charme para o outro. Quando os dois querem, mas um quer mais que o outro. É o que vai gerando a química para o casal. E, neste caso, funciona. 

É claro que os dois ficam juntos e iniciam uma “lua de mel”. Isso é bem previsível. A diferença de idade é o grande problema entre eles. Mais dos que isso, é um dilema. Se podem ou não, se devem ou não, como as outras pessoas vão enxergar esse relacionamento e como o casal vai reagir a tudo isso. Se ficam juntos em segredo ou se assumem publicamente o romance. 


O cinema sempre teve o poder de promover debater. De levar determinados temas para a telona que depois podem repercutir em outros meios. Em tempos de redes sociais, isso é uma certeza. É quase instantâneo. Todos os filmes são comentados e até pautam reportagens, podcasts e programas de TV. Há casos que ecoam muito mais quando influencers e celebridades opinam sobre os temas abordados no filme. 

“Uma Ideia de Você” traz vários temas à tona sem se aprofundar em nenhum deles. A mulher mais velha pode namorar um rapaz mais jovem? Isso pode durar? É empoderamento feminino? É etarismo achar que esse tipo de relacionamento é errado? Temos que nos preocupar com a forma com que os outros vão enxergar tudo isso? Dá pra refletir sobre muita coisa. 

Ao longo da trama, como não podia ser diferente, o romance chega aos sites de notícias de celebridades. Com as manchetes mais sensacionalistas possíveis. Muitas são cruéis, preconceituosas e apelativas. É a era do clickbate, de monetizar a audiência, do vale tudo por mais um clique ou um like. Algo bem comum de vermos no mundo real. No filme, isso é turbulento para o casal. 


Solene tem então que lidar com as reações de pessoas conhecidas e de estranhos. Isso afeta as relações com os amigos, com a filha e até mesmo com o ex-marido. São problemas bem críveis, que certamente poderiam ocorrer em uma situação dessas, onde um jovem astro namora uma mulher mais velha. 

Em uma leitura mais profunda, dá para analisar outras situações do filme. Se em décadas passadas os adolescentes seguiam com fãs de determinadas bandas até o início da fase adulta, agora essa transição é muito mais rápida. Uma menina de 16 anos pode já não mais gostar dos ídolos que ela tinha aos 14 ou 15 anos. É um reflexo do nosso tempo. 


Comentários cruéis em redes sociais que podem levar pessoas à depressão ou a coisas piores, também são um reflexo dos dias atuais. Dá pra ver um pouco disso no filme, mesmo não sendo este o foco. E dá pra refletir depois sobre os temas. 

Em outras comédias românticas, dentre as mais conhecidas, muito casais foram formados por um homem mais velho e uma mulher mais jovem. E isso nunca foi problema. O cara rico e/ou famoso com a menina pobre. Agora, uma mulher mais velha com um rapaz mais novo nunca foi visto como algo natural. E, em pleno 2024, ainda não é.  

Um jovem rico e famoso se apaixonar por uma mulher mais velha é o que essa história tem de diferente. Com Anne Hathaway como protagonista, o incomum seria o rapar não se apaixonar. Ela está linda (sempre foi) e nem de longe aparenta 41 anos que tem na vida real. 


A história se desenrola sem grandes reviravoltas. As situações cômicas são bem comedidas. Anne Hathaway e Nicholas Galitzine cumprem bem seus papeis, com boas interpretações. Formam um casal bonito e carismático, com boa química na tela que faz com que a gente torça por eles. 

O ator confirmou que estudou muito as características e o jeito de falar do cantor Harry Styles, que inspirou o personagem, para incorporar Hayes Campbell.

“Uma Ideia de Você” está longe de ser uma obra que vai participar das principais premiações do cinema. E nem será daquelas comédias românticas que marcam época. É um filme bom, bem feito, que cumpre o que propõe. 

Pode ser assistido como um passatempo, uma “sessão da tarde”. Mas também pode ser um ponto de partida para boas reflexões e boas conversas de bares. E o principal: tem Anne Hathaway. Pra quem é fã, sempre vale a pena. 


Ficha técnica:
Direção: Michael Showalter
Produção: Amazon MGM Studios
Distribuição: Prime Video
Exibição: Prime Video
Duração: 1h55
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: romance, comédia

21 maio 2024

"Morando com o Crush", uma comédia romântica para se apaixonar

Uma peça pregada pelo destino coloca Luana e Hugo morando sob o mesmo teto como irmãos; agora eles precisam esconder sua paixão  (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus

Com uma narrativa doce, abordando a experiência e o amor na adolescência, chega aos cinemas nesta quinta-feira a comédia romântica "Morando com o Crush" que promete entregar humor e muita nostalgia.

Na história, Luana (Giulia Benite, de "Turma da Mônica - Lições", 2021) e Hugo (o estreante no cinema, Vitor Figueiredo) são apaixonados desde a infância. Quando seus pais começam a namorar e decidem aceitar uma proposta de emprego e morar juntos na mesma casa, em uma cidade no interior. 


As mudanças complicam a relação dos jovens. Eles agora precisam aprender a conviver e lidar com a nova dinâmica familiar, escondendo os sentimentos que têm um pelo outro. 

O relacionamento dos pais acabou provocando uma situação delicada: agora eles são considerados praticamente "irmãos” e fazem parte de uma única família.


Fábio (Marcos Pasquim, de "Juntos e Enrolados" - 2022) e Antônia (Carina Sacchelli) interpretam o pai de Luana e a mãe de Hugo, tornando a trama mais divertida e dinâmica. Se não fosse por eles, o amor e o amadurecimento dos filhos não seriam possíveis. 

Juliana Alves ("O Sequestro do Voo 375" - 2023) desempenha um bom papel como Karina, diretora da escola. A atriz poderia ter mais tempo de tela, o que deixaria o roteiro mais interessante e divertido.


A trilha sonora, composta por Silvio Marques, é perfeita, variando de "Coisa Linda", de Tiago Iorc, a "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos. Isso faz com que o espectador se apaixone ainda mais e se envolva profundamente na narrativa do filme.

Com bom humor e uma mensagem positiva, "Morando com o Crush" entrega um diálogo simples e um roteiro com muitos clichês de filmes de romance. Indicado para todas as idades, é um convite para que o público embarque nessa aventura. 


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien
Roteiro: Sylvio Gonçalves
Produção: Paris Entretenimento, coprodução Paramount Pictures e Simba Content e apoio Telecine
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: romance, comédia

03 maio 2024

Com passeios por Paris, belas canções e uma breve lição de vida “Conduzindo Madeleine” é um filme para lavar a alma

Line Renaud e Dany Boon protagonizam este drama francês com pitadas de romance e violência doméstica (Fotos: California Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Histórias que dão voz ao acaso costumam emocionar, assim como as que tratam de relatos de lembranças de pessoas maduras e solitárias. Claramente inspirado em “Conduzindo Miss Daisy” (1989), o longa francês de Christian Carion, “Conduzindo Madeleine”, que estreia no Cineart Ponteio nesta quinta-feira (9), acrescenta a isso pitadas de romance e violência doméstica. Tudo embalado por uma trilha sonora de lindas canções do jazz e do blues. 

Quando Madeleine Keller, de 92 anos, pede um táxi para levá-la à instituição de idosos onde vai passar o resto de seus dias, o mal-humorado taxista Charles, que só aceita a corrida porque precisa muito do dinheiro, não imagina como aquela tarefa pode mudar sua vida. 


Em atuação brilhante de Line Renaud, a velhinha vai amolecendo aos poucos o coração daquele trabalhador que, beirando os 50 anos, está desiludido e cheio de problemas financeiros. E é passeando por toda a Paris que ele vai descobrindo que, por trás de toda aquela aparente doçura, sua passageira esconde uma trajetória de sofrimento e superação.

Além de se emocionar com os laços que vão sendo lentamente construídos naquela viagem pelas ruas de Paris, com direito a passadinhas por símbolos icônicos da Cidade Luz, o espectador ainda pode observar uma discreta declaração de amor ao teatro e um claro discurso em favor da causa das mulheres submetidas à violência. 


Vale ressaltar a interpretação sutil de Dany Boon como Charles, o 'chauffeur' – como querem os franceses – se deixando levar pela conversa da sua passageira, passando, com leveza, do mutismo e da indiferença para o encantamento, as risadas e a cumplicidade.

Como um bom filme que tem as memórias como fundamento, “Conduzindo Madeleine” apela para um sem-número de oportunos flashbacks, claro. E nas lembranças da protagonista, surge a jovem romântica e sonhadora Madeleine (interpretação de Alice Isaaz) que, aos 16 nos, na década de 1950, se apaixona por um soldado americano Matt (Elie Kaempfen). 


Destaque também para Jéreme Laheurte, que faz Raymond, o jovem e violento marido da moça; Gwendoline Hamon como Denise Keller, a mãe dela, e Thomas Alden como Mathieu.

Acima de tudo, “Conduzindo Madeleine” é um filme delicado, cujo título original, não por acaso, é “Une Belle Course”, que pode ser livremente traduzido do francês para “Uma Bela Corrida” ou "Um Belo Curso".

Com roteiro inteligente e bem construído de Cyril Cely, que intercala romance, amizade e violência de forma perspicaz, elenco afinado e belas tomadas de Paris, essa é aquela típica produção que faz com que o público saia do cinema de alma lavada.


Ficha técnica:
Direção: Christian Carion
Distribuição: California Filmes
Exibição: Cineart Ponteio, sessão às 19h15
Duração: 1h31
Classificação: 12 anos
País: França
Gênero: drama

01 maio 2024

"O Dublê" homenageia a arte e a ousadia dos verdadeiros heróis do cinema

Ryan Gosling entrega ótima atuação como um dublê profissional, com momentos de muita ação, romance
e comédia (Fotos: Universal Studios)


Maristela Bretas


Inspirado na série de TV “Duro na Queda”, exibida nos anos de 1980, chega oficialmente aos cinemas nesta quinta-feira (2) o filme "O Dublê" ("The Fall Guy"), mas que já está sendo exibido em algumas sessões especiais. 

Estrelado por Ryan Gosling ("Barbie" - 2023 e "Blade Runner 2049" - 2017) e Emily Blunt ("Um Lugar Silencioso" - 2018 e "Um Lugar Silencioso 2" - 2021), o longa reúne, na medida certa, muita ação, romance e pitadas de comédia para homenagear os profissionais que dão vida ao cinema.

O filme é dirigido por David Leitch, responsável por sucessos como “Trem Bala” (2023), “Deadpool 2” (2018), “Atômica” (2017), “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” (2019), entre outros. O diretor, que já foi dublê na vida real, é dono da 87North, empresa especializada em fornecer estes profissionais para os estúdios de cinema, inclusive os usados no longa. 


Com maestria, ele coreografa sequências de ação emocionantes e realistas, utilizando truques impressionantes que demonstram a criatividade e o talento dos dublês. Uma dessas cenas inclusive foi reconhecido pelo Guinness World Records. 

Logan Holladay, dublê de direção de Ryan Gosling, quebrou o recorde mundial de giros com o carro após uma explosão (conhecido pela expressão inglesa “cannon car rolls”), alcançando o número de 8.5 giros, superando o número anterior de 7 voltas. Confira o vídeo.


O longa acompanha a história de Colt Seavers (Gosling), um dublê experiente que se vê obrigado a abandonar a carreira após um grave acidente. Anos depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex-namorada, Jody Moreno (Emily Blunt). 

Ele terá de realizar as cenas mais intensas de ação do ator Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson, que trabalhou com Leitch em "Trem Bala"), protagonista do longa. Durante as filmagens, Tom desaparece e, enquanto grava suas sequências, Colt passa a investigar o misterioso sumiço do astro.


A química entre Ryan Gosling e Emily Blunt é inegável e contribui para a força da história. Gosling entrega uma atuação carismática e emocionante como Colt, um homem que luta para se adaptar à nova realidade após o acidente e que nunca esqueceu a ex. 

Já Blunt está ótima como Jody, uma mulher forte e independente que não se deixa abater pelos desafios da vida e que, por mais que se esforce, ainda tem muita atração pelo ex-namorado.


No elenco temos ainda a atriz vencedora do Emmy, Hannah Waddingham, Winston Duke (de “Pantera Negra” - 2018), a atriz indicada ao Oscar, Stephanie Hsu (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” - 2022), Teresa Palmer ("A Escolha" - 2016) e Jason Momoa ("Aquaman" - 2018 e "Aquaman 2: O Reino Perdido" - 2023).

O longa se destaca por valorizar e reconhecer o trabalho dos heróis invisíveis muitas vezes subestimados pela indústria cinematográfica, como os dublês e as pessoas envolvidas num filme: designers de produção, diretores de fotografia, técnicos de câmera, de luz, de energia, entre outras milhares. 


As cenas de ação são de tirar o fôlego e demonstram a habilidade desses profissionais, que se arriscam para dar vida aos momentos mais perigosos e eletrizantes de um filme. A trilha sonora, que inclui músicas de Taylor Swift, como "All Too Well", contribui para a atmosfera de pura adrenalina, remetendo a antigos e novos sucessos de bilheteria do cinema. 

"O Dublê" é um filme que merece ser assistido, especialmente em Imax para aproveitar melhor os efeitos visuais e as atuações dos profissionais do perigo. E ainda tem um final bem nostálgico para o público cinquentão, que remete à antiga série "Duro na Queda", criada por Glen A Larson.


Ficha técnica
Direção:
David Leitch
Roteiro: Drew Pearce
Produção: 87North, 360 Pictures, Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia, romance

05 janeiro 2024

Aclamado pela crítica, "Folhas de Outono" impressiona pela sensibilidade

Novo longa de Aki Kaurismäki está na shortlist do Oscar 2024 e foi nomeado ao Globo de Ouro (Fotos: Pandora Film/Sputnik Oy)

Carolina Cassese


Comédias românticas geralmente apresentam uma estrutura similar: o par se conhece aleatoriamente, passa por uma série de desencontros e luta para finalmente ter uma chance de testar o tal do “felizes para sempre”. 

Apesar de dialogar com essa tradição, “Folhas de Outono” ("Kuolleet Lehdet"), o mais novo filme de Aki Kaurismäki, está longe de ser apenas mais um filme do gênero. O longa, que integra a shortlist do Oscar e foi indicado a diversas premiações da temporada, impressiona por tratar de temas densos e variados com uma sutileza ímpar.


Atualmente em cartaz no UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas (e, em breve, disponível na plataforma de streaming Mubi), a produção é centrada nos personagens Ansa (Alma Pöysti) e Holappa (Jussi Vatanen), dois moradores de Helsinque. 

Eles se conhecem num karaokê e, a partir desse encontro, começam a se esbarrar em diferentes pontos da cidade. Ao longo da narrativa, nos deparamos com diversos quadros que exibem um esquema de cores impressionante e, ainda, cenas que referenciam clássicos como “Rocco e Seus Irmãos” - 1960 (Luchino Visconti) e “Pierrot, Le Fou” (“O Demônio das Onze Horas”) - 2002 (Jean-Luc Godard).


Kaurismãki é conhecido por tratar de temas sociais e, mais especificamente, assuntos relacionados ao mundo do trabalho. “Folhas de Outono” não é uma exceção: os protagonistas do filme vivem e trabalham em condições bastante precárias. 

Os acenos da narrativa a Charles Chaplin também podem ser entendidos como uma possível alusão a "Tempos Modernos" (1936), já que, em pleno século XXI, os personagens realizam tarefas bastante repetitivas em seus empregos e são frequentemente desrespeitados pelos patrões.

Em determinado momento, a personagem principal é humilhada na fábrica por comer um sanduíche que seria jogado fora; “Isso deveria estar no lixo”, diz o chefe. Ansa responde: “Pelo visto, eu também”.


Quando a protagonista liga o rádio para buscar alguma distração de seu duro cotidiano, acaba se deparando com os horrores da guerra entre Rússia e Ucrânia. Em diferentes momentos, Ansa demonstra incômodo e muda a estação para poder ouvir música. 

Ao ler críticas de “Folhas de Outono” em sites de notícias, é extremamente significativo o fato de logo nos deparamos com notificações das abas “Guerra Israel-Hamas”, “Explosões no Irã” e “Acidente de avião no Japão”. A guerra entre Rússia e Ucrânia agora fica sem destaque não por ter acabado, mas por infelizmente ter se tornado um acontecimento “banal” em meio a tantas outras tragédias. 


Nesse sentido, a perspectiva da personagem Ansa se torna ainda mais evidente: tentamos nos distrair com a arte, mas a dureza da realidade por vezes se impõe. Como escapar desse sentimento de impotência diante de sucessivos horrores?

Claro, o filme de Kaurismäki não está interessado em fornecer respostas prontas. Mas, ao longo da narrativa, os dois personagens conseguem encontrar bonitos momentos de respiro em meio aos problemas sociais e questões particulares, como a depressão e a dependência alcoólica.

Em comparação a longas-metragens de grande orçamento e com inúmeros efeitos especiais, “Folhas de Outono” pode parecer um filme pequeno - inclusive por durar “apenas” 81 min. No entanto, como pontuou a crítica Stephanie Zacharek na revista Time, “às vezes pequenos milagres aparecem em forma de filmes”. Ao considerarmos todos os méritos do longa e o quanto ele consegue nos tocar, essa fábula do cotidiano se torna grandiosa.



Ficha técnica
Direção e roteiro:
Aki Kaurismäki
Produção: Sputnik Films e Pandora Film Produktion
Distribuição: O2 Play
Exibição: sala 3 do UNA Cine Belas Artes (sessão 14 horas) e sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas (sessão 21 horas)
Classificação: 14 anos
Duração: 1h21
País: Finlândia
Gêneros: comédia, drama, romance

30 dezembro 2023

Novo longa de Sofia Coppola, “Priscilla” acerta em alterar as direções do holofote

Jacob Elordi e Cailee Spaeny entregam ótimas interpretações como Elvis Presley e sua ex-mulher (Fotos: A24)


Carolina Cassese


Vários veículos de imprensa mundiais indagaram a roteirista e diretora Sofia Coppola sobre como o projeto de dedicar um filme à relação entre Elvis e Priscilla, de seu despontar até o término, veio a sua mente. 

A resposta dela foi, com pequenas variações, a mesma: na adolescência, ela havia lido o livro "Elvis e Eu", lançado em 1985 por Priscilla Presley e Sandra Harmon, e a história nunca mais saiu de sua cabeça.

"Priscilla" foi um grande trunfo para a diretora por ter recebido o aval da própria Priscilla, que assina como produtora do filme. Para o papel da ex-mulher de Elvis Presley, a atriz escalada foi Cailee Spaeny. Já para Elvis, o nome escolhido foi Jacob Elordi.


O novo filme, que já pode ser visto em alguns cinemas da capital mineira, traz o recorte específico do relacionamento de Elvis e Priscilla, que teve início na Alemanha, em 1959. Na época, Elvis estava servindo o exército, assim como o pai da jovem. O cantor já tinha alcançado a fama, enquanto ela era uma adolescente de 14 anos. 

Na base militar, a jovem é convidada para ir a uma festa na qual Elvis estaria e, apesar da recusa inicial dos pais, acaba conseguindo comparecer. A partir desse primeiro encontro, Priscilla passa a ser constantemente convidada para os eventos e se envolve com o cantor.


Após algum tempo, Elvis chama a jovem para ir morar em Graceland, a casa do astro em Memphis. Priscilla deixa os pais e chega aos Estados Unidos, onde passa a viver uma realidade bem diferente da que idealizou. Para se “adaptar”, a jovem acaba sacrificando muito de si.

Um dos principais acertos do filme é o de não cair na tentação de direcionar demasiado destaque a Elvis, inegavelmente uma das figuras mais icônicas da história do show business. Por essa razão, boa parte do longa se passa no ambiente doméstico, já que Priscilla vivia solitária, muitas vezes à espera de seu companheiro.


Essa diferença de cenários é eficiente em ilustrar a disparidade entre as duas figuras: enquanto o cantor estava constantemente em turnê e filmava em diferentes lugares dos Estados Unidos (já que também era ator), Priscilla passava boa parte do tempo em casa. Além disso, ele impede que sua esposa trabalhe fora e ainda busca controlar sua aparência.

Para ilustrar a passagem do tempo e o isolamento da protagonista, vemos folhas de calendário arrancadas e inúmeras bandejas de comida sendo tiradas de seu quarto. As histórias também são contadas por meio de recortes: manchetes de jornais e bilhetes assinados por Elvis desencadeiam eventos que são importantes para a narrativa.

O ritmo do longa é bastante eficiente; por mais que muitas cenas não contem com os típicos “grandes acontecimentos” de filmes estadunidenses, o espectador provavelmente permanecerá atento e interessado no desenrolar da trama. Nesse sentido, vale também destacar as performances dos atores, que entregam cenas intensas e comoventes.


Ao longo da história, podemos também nos lembrar da canção de uma das cantoras mais célebres da nova cena musical. Em "All-american bitch", Olivia Rodrigo fala das expectativas direcionadas às jovens mulheres estadunidenses: “Eu sei meu lugar, eu sei meu lugar/E é esse aqui/Eu não fico com raiva quando estou irritada/Sou a eterna otimista/Eu grito por dentro para lidar com isso”. Priscilla definitivamente entende esse sentimento, já que é chamada de “maluca” a cada vez que se revolta.

Se considerarmos que a maioria das narrativas são centradas nos poderosos (ou seja, naqueles que necessariamente saem para “conquistar o mundo”) é, sem dúvidas, um ganho termos acesso a outra perspectiva - de uma mulher que, ao decidir deixar Graceland, está dando um passo bem mais grandioso do que poderia imaginar.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sofia Coppola
Produção: Stage 6 Films e A24
Distribuição: O2Play e Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h53
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: romance, drama

20 novembro 2023

"Primeiros Amores", a novidade da Netflix que vai abalar seu coração

Série polonesa de seis episódios trata de amadurecimento, romance e paixão pelo cinema (Fotos: Netflix)


Filipe Matheus


"O sonho sempre vem pra quem sonhar". Esse trecho da música "Lua de Cristal", da Xuxa, tem tudo a ver com a nova série "Primeiros Amores" ("Absolutni Debiutanci"), já disponível no catálogo da Netflix. A primeira temporada está repleta de descobertas e nos inspira a sonhar, amar e ser feliz.

A história conta sobre dois amigos, ambos apaixonados por filmes, e que juntos trabalham em um longa para entrarem na faculdade de Cinema. Lena (Martyna Byczkowska), uma jovem com espectro autista, e Niko (Bartlomiej Deklewa) têm uma amizade muito forte e bela, e desde criança vivem aventuras, sonhando com o mundo mágico da sétima arte. 


O verbo amar é tão poético, e nessa história de amor, ele não pode faltar. Por isso, Igor (Jan Salasinski) entra na trama, para tocar o coração de Niko e a mente de Lena. Abalados com tanta beleza, força e masculinidade do jovem. Juntos, eles vão criar uma história fenomenal e fazer dela uma linda obra. 

Igor é um jogador de basquete que ama o esporte, mas passará por momentos difíceis, mas ao conhecer ambos, verá que viver algo novo e mergulhar de cabeça na atuação vale à pena. Uma série que te deixa intrigado, não só pelos personagens, mas também pela beleza da Polônia, cidade que é retratada nos episódios. 


Lena, quer muito ter uma cena de sexo no filme, mas o personagem de Niko não concorda, além da ética e por respeito a Igor. Porque será que ele não quer viver essa arte de maneira completa? O que tem de errado em uma simples cena de sexo? 

Para saber mais, você terá que assistir e vivenciar as emoções dos personagens que no decorrer da história, vão aprender mais sobre o que é a vida e como é difícil decifrá-la. E olha que a palavra VIDA, tem apenas quatro letras! 


A série fala também de família e de como os laços são importantes na construção das pessoas. Não tem como viver uma experiência sem recorrer a eles, as histórias, os encontros e até mesmo os traumas. De forma rápida e perspicaz, a trama tem seis episódios que vão deixar você querendo mais, ou melhor, a segunda temporada. 

Como eu disse no começo, "Primeiros Amores" fala muito sobre sonhar, mas nem sempre esses sonhos vão se realizar. Assista e me diga o que achou, meu caro leitor. 


Ficha técnica:
Direção:
Kamila Tarabura
Distribuição e exibição: Netflix
Duração: 6 episódios/média de 45 minutos de duração cada
Classificação: 16 anos
País: Polônia
Gêneros: romance, série, drama

16 junho 2023

Curioso e diferente, "A História de Minha Mulher" vale pelo estranhamento e sensualidade

Romance com Léa Seydoux e Gijs Naber concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes
(Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Estranho. Muito estranho. Talvez seja essa a melhor definição para "A História de Minha Mulher", produção francesa baseada no livro homônimo do escritor húngaro Milán Füst que está em cartaz no UNA Cine Belas Artes. A começar pela direção, da pouco conhecida cineasta húngara – pelo menos no Brasil - Ildikó Enyedi, que também cuidou do roteiro. 

O filme é repleto de situações improváveis e, às vezes, inverossímeis. E causa tanto estranhamento que pode estar aí, na curiosidade que acaba provocando no espectador, seu mérito maior.


Jacob Störr (Gijs Naber) é um capitão do mar de nacionalidade até certo ponto indefinida que, até onde se sabe, é competente e corajoso, mas tem problemas estomacais, embora o chef de cozinha da embarcação lhe sirva as mais apetitosas e caprichadas refeições. “Para os males do estômago, o melhor é o casamento”, orienta o cozinheiro. A partir daí, começa a estranha trama.

Como o espectador não sabe nada sobre a história de vida de Jacob Störr, o estranhamento continua quando ele decide pedir em casamento a primeira mulher que lhe aparece pela frente: a francesa Lizzy, interpretada por Léa Seydoux (“007 - Contra Spectre" - 2015; “007 - Sem Tempo para Morrer” – 2021 e “A Bela e a Fera” – 2014 ), que esbanja sensualidade, mas de quem também não se sabe nada.


A sedução, aliás, está o tempo todo no filme, cheio de jogos, olhares, sorrisos, poses. Gijs Naber, o ator holandês que interpreta o capitão, é belo, viril, charmoso e enigmático. O casal, enfim, é mesmo irresistível, embora as cenas de sexo sejam às vezes lentas e excessivamente coreografadas. Chama a atenção uma dança do casal em uma festa, verdadeiro show de sensualidade e beleza.

Para completar o estranhamento, o longa é dividido em capítulos. São sete, cada um com um nome específico. Outro detalhe: em nenhum momento o espectador é informado sobre a época em que se passa a trama. Presume-se, pelo figurino impecável e lindo, os carros e o excesso de cigarros, que tudo se passa nos anos de 1920. 


Além de Gijs Naber e Léa Seydoux, estão no filme, em papeis que apenas servem de escada para o casal, Luna Weder como Grete, e Louis Garret como Dedin, entre outros.

Como nada é óbvio e há sempre interrogações sobre a fidelidade de Lizzy quando o marido está no mar, "A História de Minha Mulher" vale pela dúvida, pelas belas imagens (foi filmado em Budapeste) e por uma ou outra reflexão sobre a vida, a obsessão, o mar, o casamento. O filme, enfim, vale por ser curiosamente estranho.


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Ildikó Enyedi
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 2h49
Classificação: 14 anos
Países: Alemanha, França, Hungria e Itália
Gênero: drama romântico

15 fevereiro 2023

"Casamento em Família" tem elenco de estrelas numa história fraca sobre relacionamentos

Richard Gere, Diane Keaton, William H. Macy e Susan Sarandon estão no elenco da produção (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Maristela Bretas


Um filme agradável, apesar do roteiro mediano e totalmente previsível, que reúne uma infinidade de clichês. Este é "Casamento em Família" ("Maybe I Do"), longa-metragem que estreia nesta quinta-feira (16) nos cinemas. 

Quem salva a produção é o elenco, formado por estrelas como Richard Gere, Susan Sarandon, Diane Keaton e William H. Macy, além de Emma Roberts e Luke Bracey.


A história se resume em discutir relacionamentos desgastados, arrependimentos, frustrações, traições e a instituição do casamento como uma solução para os problemas.

Três casais estão envolvidos na trama e, claro, acabam descobrindo que têm mais em comum do que desejavam. 

Gere e Keaton são os pais de Michelle (Emma Roberts) e, apesar de se amarem, não estão vivendo o melhor momento do casamento.


A jovem se baseia na boa relação deles e acredita que o "próximo pulo" de sua vida seja a troca de alianças com Allen (Luke Bracey). 

Mas o namorado não vê essa mesma "harmonia" em casa entre seus pais (Macy e Sarandon), que se odeiam. E teme que sua relação acabe como a deles.


Entre situações constrangedoras, longas conversas, juras de amor e redescobertas, "Casamento em Família" até pode levar casais a questionarem até onde vale à pena manter uma união desgastada, especialmente se envolve traição.

Sem surpresas

O longa é pura água com açúcar, não tem grandes momentos nem surpresas, mas distrai pelas atuações dos atores mais experientes. Especialmente a partir do momento que o jovem casal decide que as famílias devem se conhecer.

Também a música-tema "Always You" ("Wedding Version"), interpretada por Ruth B., é um dos destaques. Clique aqui para conferir. 


Outro ponto positivo do filme é a utilização de recursos de acessibilidade por meio do aplicativo Mobi Load, que oferece audiodescrição, legendas descritivas e libras.

"Casamento em Família" é uma comédia romântica, ideal para uma sessão da tarde. Mas ainda fica atrás de outra recente produção do gênero, "Ingresso para o Paraíso" (2022), com Julia Roberts e George Clooney , bem mais simpática e engraçada.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Jacobs
Produção: Fifth Season, Vertical Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance