31 março 2017

Go, Go Power Rangers! Hora de morfar e matar a saudade


Jason, Kimberly, Billy, Zack e Trini enfrentam a vilã Rita Repulsa em versão com muitos efeitos gráficos (Fotos: Lionsgate/Divulgação)

Maristela Bretas


Para quem curtiu os cinco super-heróis do anime (que também já foram seis e sete, dependendo da versão) nos anos 90, uma boa pedida é conferir "Power Rangers" ("Saban's Power Rangers") em cartaz nos cinemas. As cores e os nomes da série de TV norte-americana que originou "Mighty Morphin Power Rangers - O Filme" (1995) foram mantidos. Mas a nova versão para o cinema explora os dramas pessoais dos personagens e aborda, mesmo que superficialmente, temas como homossexualidade, cyberbullying, autismo e dramas familiares.

Mesmo assim, o diretor Dean Israelite acerta ao trazer a história de volta para os fãs e também para quem conhece pouco sobre este grupo de jovens. Os modelos das armaduras avançaram com o tempo, bem diferentes dos usados pela turma antiga, mas combinam com os efeitos visuais e gráficos, assim como os zords de cada Ranger e o gigantesco Megazord. Este parece mais um Transformer, inclusive na luta e na destruição.


Por falar em lutas, elas só acontecem a partir do meio do filme, depois que a origem e os dramas pessoais de cada um dos personagens são explicados - como eles se tornaram defensores da Terra contra Rita Repulsa. A vilã é interpretada por Elizabeth Banks, tem um estilo mais exótico e menos espalhafatoso que o da personagem da série de 1995, mas vem mais assustadora. Achei bom o roteiro contar a história, permitindo que outros espectadores, além dos fãs, que quiserem assistir ao filme entendam melhor a franquia que fez tanto sucesso entre os jovens há 24 anos. 

Além de estar atualizado, "Power Rangers" também apresenta uma inversão de personagens - em "Mighty Morphin", Zack Taylor, o Ranger Preto era um negro, interpretado por Walter Jones. Na nova produção, Zack é um descendente de japonês, vivido por Ludi Lin. O ator negro RJ Cyler interpreta Billy Cranston, o Ranger Azul que sofre de autismo, como ele mesmo cita no filme. 

Um momento engraçado acontece quando cada um dos jovens tem sua cor de armadura definida e Billy descobre que a sua não será a preta. Cyler e Lin, assim como Naomi Scott, a Kimberly Ann Hart- Ranger Rosa - estão muito bem em seus papéis e convencem como super-heróis. Não é o caso de Dacre Montgomery, que faz Jason Lee Scott, o Ranger Vermelho. Fraco como líder, ao contrário de seu antecessor, Austin St. John.

Também a cantora e rapper Becky G, que interpreta Trini Trang, a Ranger Amarela, não convence muito e ainda tem um bom caminho de aprendizagem como atriz. Sua interpretação vale por mostrar uma heroína gay que conta sua opção durante uma conversa franca com os novos amigos.


Dois personagens importantes da série também estão de volta, com direito a muitos efeitos visuais e atores conhecidos como dubladores -  Bryan Cranston (da série "Breaking Bad") é Zordon, o chefe dos Power Rangers e sai do tubo para ganhar uma parede virtual. Bill Hader é o dublador do robozinho falante Alpha 5.

"Power Rangers" mostra a jornada de cinco adolescentes que são escolhidos para defenderem sua cidade Angel Grove e o mundo  de um ataque alienígena. Jason, Kimberly, Zack, Billy e Trini terão de aprender a viver em grupo, respeitar uns aos outros e superar seus problemas pessoais. Somente unidos eles conseguiram combater a perigosa Rita Repulsa, antes que seja tarde demais.


Fiquem atentos à participação rápida de Jason David Frank, o Ranger Verde original que na série de 1993 se chamava Tommy Oliver, e de Amy Jo Johnson, a Kimberly, primeira intérprete da Ranger Rosa. Uma dica: só saia do cinema após os créditos finais.

E para quem quer rever as séries antigas, a Netflix liberou todas as temporadas de "Power Rangers". Clique aqui para ver a chamada no Facebook e prepare-se: "é hora de morfar". 



Ficha técnica:
Direção: Dean Israelite
Produção: Lionsgate / Saban Entertainment
Duração: 2h04
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #PowerRangers, #horademorfar, #DacreMontgomery, #RJCyler, #NaomiScott, BeckyG, #LudiLin, #ElizabethBanks, #BryanCranston, #aventura, #acao, #ficcao, #Lionsgate, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

28 março 2017

Versão live-action de "A Bela e a Fera" é cópia fiel da animação com ótimos acréscimos

Emma Watson forma o par principal com Dan Stevens e conta com um grande elenco de apoio (Fotos: Walt Disney Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


A história é a mesma, assim como a trilha sonora (com algumas belas novas canções), a coreografia e o final. Não importa, a nova produção de "A Bela e a Fera" ("Beauty and the Beast"), encanta e emociona como na animação de 1991, também dos Estúdios Disney, que ainda é insuperável. 


Adaptado do conto de fadas francês "La Belle et la Bête", de Gabrielle-Suzanne Barbot (A Dama de Villeneuve), de 1740, a superprodução conta com um elenco de primeira, tendo à frente Emma Watson (a Hermione, da saga "Harry Potter"), cuja semelhança com a  personagem do desenho é muito grande.


Bela conquista o público de cara com seu jeito meigo, mas seguro de quem sabe o que quer e com pensamentos muito além de sua época. O ator por trás da pesada maquiagem ferina e um pouco menos conhecido é Dan Stevens (da série de TV "Legion"), que também desempenha bem seu papel de ex-príncipe e de fera assustadora.


Mais do que o par principal, o destaque desta versão fica para a dupla Luke Evans e Josh Gad, excelentes nas interpretações do vilão Gaston e de seu fiel escudeiro, Le Fou. Eles dominam as cenas em que estão juntos. Gaston é egocêntrico e cruel, um verdadeiro pavão que só se importa com ele e com a ideia fixa de que irá se casar com Bela. Para ele, somente um espelho é seu concorrente.


Já Le Fou é alegre, divertido e ainda mantém alguns princípios e humildade, mas vive á sombra de Gaston, por quem nutre uma paixão não correspondida. O fato de ele ser gay, inclusive, provocou reações homofóbicas em alguns países, com censura às cenas em que o personagem aparece cenas e até mesmo ao filme inteiro. Azar de quem não ver, estão entre as partes mais divertidas de "A Bela e a Fera". Parabéns à Disney por comprar mais esta briga.



Mas o elenco ainda conta com um estrelato de primeira vivendo os demais personagens e objetos mágicos do castelo da fera. Kevin Kline é Maurice, pai de Bela, enquanto Ian McKellen é Horloge, o relógio, e Ewan McGregor, o castiçal Lumière, são os guardiões do castelo, juntamente com Emma Thompson, que faz o bule de chá. Stanley Tucci, o piano de cauda é par romântico com Audra McDonald, o guarda-roupa. Já Gugu Mbatha-Raw é a banqueta Fifi, além de vários outras peças falantes espalhadas pelo local, que tentam ajudar o casal a ficar junto.



O time de dubladores brasileiros não ficou para trás e dá vida e graça à versão tupiniquim: Giulia Nadruz (Bela), Fabio Azevedo (Fera), Nando Pradho (Gaston). Rodrigo Miallaret (Maurice), Alírio Netto (Le Fou), Ivan Parente (Lumière) e Simone Luiz (Guarda-roupa). A Bela e a Fera" brilha também no figurino, na coreografia, na fotografia, nos efeitos visuais e na trilha sonora, principalmente o inesquecível tema "Beauty and the Beast", desta vez gravado por Ariana Grande e John Legend. Confesso que acho a versão anterior, com Celine Dion e Peabo Bryson mais bonita. 


Para quem não se lembra (o que eu acho difícil), essa é a história de Bela, uma jovem diferente das moças do vilarejo onde morava, que queria viajar pelo mundo, conhecer novos lugares e não sonhava em casar com um príncipe encantado. Ela vivia com o pai Maurice, cuidava da casa e dos bichos, adorava ler e recusava a toda hora os pedidos de casamento de Gaston, o herói arrogante e pretensioso da vila que todas as donzelas desejavam.



Numa de suas viagens para vender seus objetos, o pai de Bela acaba chegando ao sombrio castelo de uma fera, transformada assim por uma feiticeira juntamente com todos os funcionários que lá habitavam. Bela sai em seu salvamento e troca de lugar com o pai no calabouço. 


Os objetos mágicos, principalmente Lumière e o Bule, veem nela a salvação para que o patrão se apaixone e quebre o feitiço jogado sobre todos. O que ninguém contava era que Gaston fosse querer matar a fera e tomá-la como um troféu, forçando Bela a se casar com ele.



"A Bela e a Fera" ganhou 45 minutos a mais que seu antecessor, o que permitiu aos roteiristas explicarem melhor alguns dramas individuais, como o desaparecimento da mãe de Bela, o feitiço sobre o príncipe que o transformou em Fera e seus funcionários em objetos mágicos. Esses acréscimos ficaram muito bons. O filme, como a animação, é uma linda história de amor, para ser entendida com o coração, cheia de música, aventura e fantasia. Difícil não sair do filme leve e cantando.



Ficha técnica:
Direção: Bill Condon
Produção: Walt Disney Studios Pictures / Mandeville Films
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h09
Gêneros: Romance / Musical / Fantasia
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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25 março 2017

"Fragmentado" e as múltiplas facetas de James McAvoy

Filme é o retorno do diretor M. Night Shyamalan ao bom suspense (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


James McAvoy está excelente interpretando 23 personagens diferentes, cada um com sua insanidade, no novo filme do diretor M. Night Shyamalan, "Fragmentado" ("Split"). Dessas, apenas dez (Dennis, Patrícia, Hedwig, A Besta, Kevin, Wendell, Crumb, Barry, Orwell e Jade) são apresentadas ao espectador e as demais citadas durante as sessões de análise de Kevin, o dono do corpo.

McAvoy (de "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" - 2014 e "X-Men Apocalipse" - 2016) praticamente incorpora cada personalidade do paciente, ajudando a construir o clima certo de suspense exigido pela história. Aliado a isso está o bom roteiro e a direção de Shyamalan, que conhece bem e sabe explorar o gênero, levando o espectador a viver fortes momentos de tensão.


Tudo isso para contar a história de Kevin, um jovem que consegue alternar quimicamente em seu organismo suas 23 personalidades distintas, usando apenas a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento - Casey (Anya Taylor-Joy, de "A Bruxa"), Claire (Haley Lu Richardson, de "Quase 18") e Marcia (Jessica Sula, da série de TV "Recovery Road"). que encontra em um estacionamento.

Colocadas em um cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e são constantemente ameaçadas por todas de que seu tempo de vida será breve quando algo mais perigoso e cruel chegar para buscá-las. As jovens vão precisar traçar um plano para escapar do local. Somente uma pessoa poderá ajudá-las: a psiquiatra de Kevin, Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley, de "Fim dos Tempos") que começa a notar que algo estranho está tomando conta da mente e do corpo de seu paciente.


"Fragmentado" explora não só os traumas sofridos por Kevin quando criança, de uma mãe abusiva, mas também os de uma das garotas raptadas, que aprendeu a viver com os abusos domésticos para conseguir sobreviver. Mas sem dúvida, se o filme atinge o suspense desejado, isso se deve à múltipla interpretação de James McAvoy. A produção, no entanto, apresenta alguns furos e situações fantasiosas demais, como o surgimento da 24ª personalidade. E ainda acrescenta o personagem David Dunn, vivido por Bruce Willis em "Corpo Fechado" (2000), para dar a sequência na trilogia planejada por Shyamalan. Ou seja, podemos esperar o terceiro filme do diretor.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: M. Night Shyamalan
Produção: Blumhouse Productions / Blinding Edge Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Suspense / Terror / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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22 março 2017

"T2 Trainspotting" e as memórias de uma turma da pesada 20 anos depois

Os quatro ex-amigos voltam a se encontrar e vão ter de acertar as diferenças do passado (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle estão de volta, com os mesmos vícios, traumas e violência de "Trainspotting - Sem Limites" (1996). Vinte anos depois, "T2 Trainspotting" reúne o mesmo elenco interpretando a turma, que agora não é tão amiga quanto antes, que vai se reencontrar após a chegada pouco desejada de Mark "Rent-Boy" Renton (Ewan McGregor) à cidade de Edimburgo, onde ainda mora o restante do grupo.

Cada um tomou um rumo diferente na vida, sem no entanto abandonar velhos hábitos. E agora terão de certar suas diferenças Renton, depois de fugir com o dinheiro dos golpes da turma e se tornar o inimigo número 1, virou contador e casou. Retorna à cidade por causa da morte da mãe. Francis "Franco" Begbie (Robert Carlyle), está mais violento e descontrolado, cumpre pena na penitenciária e jura se vingar de Renton.


Simon "Sick-boy" Williamson (Jonny Lee Miller) só conseguiu ser um golpista que vive de extorsão com a ajuda da namorada búlgara Veronika (Anjela Nedyalkova). Apesar de ser o mais viciado de todos, Daniel "Spud" Murphy (Ewen Bremmer) é o mais sensato e de bom coração, que consegue entender a personalidade de cada um dos amigos.

O filme é uma mistura de ação, comédia, drama e muitas memórias. De um tempo em que os quatro personagens estavam sempre juntos - crianças e adolescentes - participando de festinhas de família, aprontando na cidade e aplicando golpes. "T2 Trainspotting" explora bem os flashbacks e é essa fusão de passado e presente é que o torna mais interessante. Confuso às vezes, por causa dos devaneios de alguns provocados pela heroína correndo nas veias e na cabeça.


O diretor Danny Boyle soube conduzir muito bem essa passagem de tempo, usando os atores originais que também envelheceram como seus personagens. Até mesmo Kelly Macdonald  foi lembrada com uma pequena participação como Diane.

A trilha sonora e a iluminação se destacam ao completarem o ritmo frenético das brigas, perseguições e alucinações. Como na cena na boate, onde os presentes cantam "Radio Gaga", do Queen. "T2 Trainspotting" é uma boa produção, saudosista na maior parte do tempo, com direito a disco de vinil. Uma ótima oportunidade para relembrar seu antecessor. Para quem não viu, sugiro que assista antes para entender melhor a sequência.



Ficha técnica:
Direção e produção: Danny Boyle
Produção: DNA Films / TriStar Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Comédia 
País: Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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20 março 2017

"Lion - Uma Jornada para Casa" é um filme para não esquecer

Emocionante filme dirigido por Garth Davis tem em seu elenco principal Dev Patel. Rooney Mara e Nicole Kidman (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Houve quem dissesse que o filme foi feito com o claro objetivo de levar o espectador às lágrimas. Se foi mesmo essa a intenção, pode-se dizer que Garth Davis, diretor de "Lion - Uma Jornada para Casa" acertou em cheio. É praticamente impossível não chorar diante da bem contada história de Saroo, o menino indiano que, aos cinco anos, se perde do irmão mais velho numa estação de trem e, por uma série de erros, acaba indo sozinho para Calcutá, a 1.600 quilômetros de casa. Com um detalhe: sem conhecer o dialeto que se fala nessa grande cidade.

Claro que a interpretação de Sunny Pawar, que faz o pequeno Saroo, ajuda. Com os olhinhos sempre tristes e carinha de abandonado carente, o menino cativa desde o início da história. Uma história, aliás, muito bem contada. Tanto que um dos seis Oscar a que o filme concorreu foi o de Melhor Roteiro Adaptado, baseado na autobiografia de Luke Davies - "A Long Way Home". Em 1986, um garoto de cinco anos ficou realmente perdido da família na Índia, foi entregue a um orfanato em Calcutá e em seguida adotado por um casal de australianos. Aos 25 anos, maduro e bem-sucedido, o jovem retorna a sua terra para tentar encontrar sua mãe biológica.  

Um dos pontos altos de "Lion..." é a presença de Nicole Kidman como Sue, a mãe adotiva de Saroo. Como excelente atriz que é, ela imprime credibilidade ao discurso em favor da adoção e deixa no ar um sentimento de amor puro. O marido dela, John, vivido por David Wenham também tem atuação correta, embora mais discreta. Completa o time o ator Dev Patel, que faz Saroo adulto e consegue passar ao público a imagem de um jovem atormentado e perdido em busca de suas raízes.

"Lion - uma jornada para casa" concorreu também a Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Dev Patel), Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman), Fotografia e Trilha Sonora. Direção e elenco estão de parabéns, a comoção nada tem de rasa. As mensagens trazidas por "Lion.." são profundas e acompanham o espectador quando ele sai do cinema. Afinal, o tema crianças abandonadas sempre será um assunto muito sério. O filme está em cartaz no Net Cineart Ponteio, às 18h40. Classificação: 12 anos



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13 março 2017

Nova versão de King Kong explora bem os efeitos visuais e é diversão garantida

O gigantesco gorila é o rei e protetor da misteriosa ilha e não vai aceitar que ela seja invadida por desconhecidos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Se você achava que já tinha visto todas as versões do gorila gigante que se apaixona pela bela mocinha, então precisa assistir "Kong: A Ilha da Caveira" ("Kong: Skull Island"). Com efeitos visuais grandiosos e uma ótima trilha sonora, do tipo aplicado em blockbusters como "Transformers", "Jurassic World" e o próprio "King Kong", de 2005, a nova produção chega como uma ótima distração e um elenco de estrelas formado por Tom Hiddleston (o Loki , "Thor"), Samuel L. Jackson ("O Lar das Crianças Peculiares"), Brie Larson ("O Quarto de Jack"), John C. Reilly ("Guardiões da Galáxia") e John Goodman ("Rua Cloverfield, 10"). 


Como era de se esperar, o destaque fica para Kong, o rei da Ilha da Caveira. Apesar de ser dos mesmos produtores, o novo trabalho é infinitamente melhor que "Godzilla". Assustador com seus mais de dez metros de altura e olhar feroz, o enorme gorila é um inimigo mortal para quem tenta invadir sua ilha, mas é tratado quase que como uma divindade pelos habitantes, que veem nele um protetor contra os verdadeiros inimigos.


Invencível, forte e poderoso, somente uma bela jovem poderia conseguir deixar o enorme primata de quatro. Uma relação do tipo "a bela e a fera", como já foi mostrada nas outras seis versões de King Kong ao longo dos anos. Do medo e desconfiança, nasce a paixão pela fotógrafa Mason Weaver (papel de Brie Larson), ao mesmo tempo em que ela se torna uma aliada do gigante e só pensa em protegê-lo. Chega a ser bonita a relação dos dois, mas não é tão fofa quanto a de Naomi Watts e King Kong na versão de 2005, que teve direito até a pôr do sol na floresta e em cima do Empire States Building.


Se no filme anterior a disputa aconteceu no centro de Nova York, em "Kong" tudo acontece na Ilha da Caveira, habitat da fera e de outros gigantescos monstros que há habitam. Por falar em outros monstros. "Kong" deixa postas de uma possível continuação, com direito a uma possível invasão das cidades por criaturas pré-históricas, como em "Planeta dos Macacos".


Outro ponto que chama a atenção é a relação de ódio e disputa de poder entre o gorila e o coronel Preston Packard (papel muito bem interpretado por Samuel L. Jackson). O militar, que não consegue viver fora do campo de batalha, fica satisfeito quando é convocado para levar um grupo de pesquisadores a uma misteriosa ilha no Pacífico, perto do Vietnã, onde antes estava combatendo. Lá ele irá enfrentar Kong, seu pior inimigo. E as batalhas em terra e no ar, já valem o filme.


Tom Hiddleston está bem no papel do não tão mocinho James Conrad, mas agrada mais quando interpreta o sarcástico Loki. John C. Reilly também papel importante na história (não vou contar para não dar spoiler), assim como Corey Hawkins, que interpreta o biólogo Houston Brooks.



Tudo se passa nos anos 70, pouco depois da Guerra do Vietnã. Um grupo de cientistas de um projeto da Empresa Monarch viaja à misteriosa Ilha da caveira para investigar a existência de monstros gigantes na superfície e nas profundezas. Liderados pelo cientista Bill Randa (John Goodman) e escoltados pelo batalhão do Cel. Packard, o grupo conta ainda com o rastreador mercenário James Conrad, a fotógrafa Mason Weaver e vários pesquisadores integrantes da empresa. O que eles não esperavam era encontrar um gigantesco gorila que não quer saber de estranhos em sua ilha. Mas ele será o menor dos problemas dos aventureiros.


"Kong: A Ilha da Caveira" é muito bem feito, com o elenco desempenhando bem seus papéis e efeitos visuais que já valem o ingresso. Uma opção de diversão na sessão da tarde e uma das apostas do gênero para começar o ano com muita ação.

Fica a dica: Não saia do cinema antes dos créditos finais.


Ficha técnica:
Direção: Jordan Vogt-Roberts
Produção: Warner Bros. Pictures  / Legendary Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Aventura / Ação / Fantasia
Países: EUA / Vietnã
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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09 março 2017

"Moonlight", um filme de olhares, silêncio e poesia

Produção dirigida por Barry Jenkins conquistou três Oscars neste ano: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


O vencedor do Oscar 2016, "Moonlight - Sob a Luz do Luar", é o tipo do filme inesquecível. Não é todo dia que alguém consegue contar uma história tão triste quanto trágica - de um negro gay e desgraçadamente pobre - de uma forma tão delicada.  Pois o diretor Barry Jenkins conseguiu. O longa, pode-se dizer, é elegante. E dificilmente vai sair da cabeça - e do coração - de quem o assistiu.

Para início de conversa, "Moonlight" é narrado em três atos. O personagem principal, portanto, é vivido por três atores, todos brilhantes. Ressalte-se a expressão do menino Alex Hibbert, que faz uma criança praticamente sem nome que mora na periferia de Miami. Não por acaso, todos o chamam de "Little". 

E são exatamente o olhar dele e o silêncio constrangedor com os quais ele se relaciona com o mundo que fisgam - e incomodam - o espectador logo nas primeiras cenas. É como se aquele bichinho assustado nos puxasse para dentro de nós mesmos, nos convidando, também, à reflexão e ao silêncio.

Como se não bastasse ser filho de uma mulher drogada (Naomie Harris, indicada ao Oscar de Melhor Atriz), que se prostitui para sustentar o vício, Little se percebe diferente em relação à própria sexualidade. Perseguido e vítima de bullying na escola, encontra alguma proteção na amizade com Juan, o traficante da região interpretado magistralmente por Mahershala Ali, Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Sem nenhum traço de estereótipos, a atuação de Ali comove e arrebata. Pena que fique tão pouco na tela. Só no primeiro ato.

Na adolescência, quando decide se impor perante os amigos e à vida, o personagem, já mais calejado, é vivido por Ashton Sanders, também em ótimo momento. Já não se chama mais Little e sim Chiron, seu nome de batismo. Mas o olhar triste e assustado permanece. Na vida adulta, Chiron é Black (Trevante Rhodes), agora aparentemente dono de si, mesmo sem saber direito quem é, buscando em alguns símbolos de poder - como o carro, o corpo malhado e o aparelho nos dentes - a própria identidade.

Já se disse que "Moonlight..." fala de escolhas. Pode ser. Mas seria melhor dizer que o filme fala sobre como a vida pode nos empurrar para algum caminho, como o ambiente é fundamental para definir a personalidade, o caráter. Ou ainda: como a figura paterna pode ser crucial na formação de um indivíduo. Talvez resida aí a sutileza do longa, que foge a todas as fórmulas. É poético e tem delicadeza. Pena que tenha sido traduzido como "Sob a Luz do Luar". O nome do livro que deu origem ao filme é "Sob a luz da Lua, garotos negros parecem azuis". Mais poético ainda.



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"Insubstituível" é suave como um vinho e encanta pela fotografia e atuações



Diretor e roteirista, Thomas Lilti também é médico e aproveitou sua experiência para fazer um filme próximo à realidade do tratamento no campo (Fotos: Jair Sfez/Divulgação)


Maristela Bretas


Um filme francês, tendo como ator principal François Cluzet (conhecido por seu trabalho em "Intocáveis", de 2011) e uma linha de roteiro sem oscilações, quase retilínea. Um pouco longo talvez, mas nada que comprometa a bela e simples história de "Insubstituível" ("Médecin de Campagne"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH. O blog Cinema no Escurinho, a Revista PQN e outros jornalistas assistiram a uma sessão especial a convite da Rede Cineart.

Cluzet divide a comédia dramática com Marianne Denicourt, ambos nos papéis de médicos disputando os pacientes no interior da França. A história é até comum, mas os dois atores franceses conseguem dar o brilho necessário para tirar o roteiro da lentidão inicial. A relação de trabalho e a aproximação dos personagens principais passa do ciúme à admiração e vai um pouco além.

"Insubstituível" tem uma belíssima fotografia. A região da França foi muito bem escolhida pelo diretor, que passeia com sua lente por campos e estradas pela manhã e ao entardecer, proporcionando belas imagens ao espectador. Esta talvez seja a parte mais atraente do filme, além da atuação da dupla. principal e do elenco que ajudou a compor a simplicidade típica da população do campo.

Numa região rural, o médico Jean-Pierre Werner (François Cluzet) é o único a tratar de todos os moradores dando, além de remédios, atenção e conselhos como melhor receita. Ele atravessa diariamente vilarejos e fazendas para o atendimento em domicílio, além de receber pacientes em seu consultório na cidade.

Por recomendações médicas, Jean-Pierre precisa diminuir o ritmo de trabalho, mas ele se recusa a abandonar seus pacientes. Até que chega à cidade a médica recém-formada Natalie Delezia (Marianne Denicourt). Além de ter de enfrentar o ciúme do velho médico, ela ainda terá de ganhar a confiança dos pacientes que não aceitam substituir Jean-Pierre por uma estranha e, principalmente, mulher.

Jean-Pierre e Natalie formam um casal agradável, simpático, que conquista o público. Considerado um dos maiores nomes do cinema francês da atualidade, François Cluzet por sua atuação em "Insubstituível" foi indicado ao prêmio César de Melhor Ator de 2016. O filme também recebeu indicação no Festival de Cinema de Edinburg de 2016. Marianne Denicourt tem o olhar forte de sedução que é bem explorado pela personagem na relação com o médico.

Uma curiosidade sobre o filme: além de diretor e roteirista, Thomas Lilti também é médico e aproveitou sua experiência ao criar situações, às vezes dramáticas, às vezes cômicas de atendimento clínico no campo como as apresentadas no filme. Mais um ponto que justifica a ida ao cinema.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Thomas Lilti
Produção: Juin Films
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h42
Gênero: Comédia dramática
País: França
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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