28 agosto 2018

Javier Bardem e Penélope Cruz brilham em "Escobar - A Traição"

Filme é adaptação do livro escrito por Virginia Vallejo, amante do narcotraficante na década de 1980 (Fotos: Califórnia Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


A história de Pablo Escobar já foi contada e recontada inúmeras vezes, nos mais diversos idiomas, cada versão sob um ponto de vista. "Escobar - A Traição" ("Loving, Pablo") é mais uma delas. Adaptado da obra literária "Amando a Pablo, Odiando a Escobar", a escritora e apresentadora de TV Virginia Vallejo narra seu período como amante do narcotraficante colombiano que comandou o Cartel de Medelín nos anos de 1980.

Claro que Virgínia alivia sua imagem, como alguém que sabia de onde vinha toda a fortuna de Escobar, tirou proveito disso, mas seria uma pessoa inocente em meio a toda a violência do mundo do tráfico de drogas. E Penélope Cruz está excelente (e lindíssima) no papel de Virginia Vallejo, a amante cara e elegante, odiada pela esposa e considerada um perigo pelos parceiros do traficante.

Javier Bardem, claro, entrega uma ótima interpretação, como na maioria de seus trabalhos, assumindo de corpo, alma e aparência o personagem Pablo Escobar. Um homem com olhar frio e ameaçador, temido até mesmo por outros líderes do tráfico, mas que tinha na família seu ponto fraco. O ator assimilou as características do famoso traficante: engordou, ganhou um cabelo emplastado e deixou temporariamente de lado a beleza e o charme que fazem tanto sucesso com o público feminino.

No entanto, o roteiro desta produção espanhola, que tem Bardem como um dos produtores, não expande muito na história de Escobar. Uma falha que compromete um pouco o filme e não aproveita mais o talento das duas grandes estrelas. Apesar das mais de duas horas de duração, ele passou superficialmente por alguns pontos importantes, até mesmo no romance entre Pablo e Virgínia. O personagem de Bardem somente aparece mais quando não contracena como o de Cruz.

A traição citada no título ficou mal explicada e as cenas apenas deixam a entender que Virgínia teria entregado Escobar para os agentes federais dos EUA, mas não contam como isso aconteceu. Vou ter de ler o livro para saber, se é que ele conta. Também alguns fatos mais marcantes da trajetória do narcotraficante, especialmente as mortes encomendadas, foram só pincelados.

"Escobar - A Traição" é um filme feito sob a ótica de Vallejo, que apresentou um homem poderoso preocupado com os mais pobres e idolatrado por eles. Se elegeu como deputado prometendo casas e armas, quando na verdade estava apenas evitando ser extraditado para os EUA onde seria julgado por seus crimes. Os jovens carentes que ele dizia ajudar eram transformados em sicários (assassinos do tráfico).

Virginia Vallejo sabia dos crimes, mas segundo a obra, teria se separado do amante somente quando estes começaram a afetar sua carreira e ela passou a temê-lo. Ou seja, era uma apresentadora de TV famosa, se uniu a um chefão do tráfico poderoso, ganhou joias, roupas caras e muito luxo, era respeitada como "segunda dama" e fingia que nada daquilo era com ela. Quando a corda apertou, mudou de lado. E sempre insistiu que amava Pablo, mas odiava Escobar. 

Se o expectador quiser saber mais sobre a vida do narcotraficante mais temido da Colômbia vale conferir outros filmes como "Feito na América" (2017), com Tom Cruise, "Conexão Escobar" (2016), "Escobar: Paraíso Perdido" (2014), além da famosa série da Netflix, "Narcos" (2016/2017), com o ator brasileiro Wagner Moura no papel de Escobar

"Escobar - A Traição" tem também tem boa fotografia e trilha sonora que agrada, belo figurino, em especial o de Penélope Cruz, e a reconstituição de época foi bem feita. Mas o forte mesmo é a dupla principal, que tem no elenco de apoio o ótimo Peter Sarsgaard, como o agente Shepard, do DEA, e o ator espanhol Óscar Jaenada, que faz o papel de Santoro, braço direito do narcotraficante. Trata-se de um filme que vale a pena ser visto, principalmente pela atuação do casal principal.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fernando León de Aranoa
Produção: Millennium Films / DNP Productions / Pinguin Films
Distribuição: Califórnia Filmes
Duração: 2h03
Gêneros: Drama / Biografia
País: Espanha
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #EscobarATraicao, #PabloEscobar, #narcotrafico, #Colombia, #traficodedrogas, #VirginiaVallejo, #JavierBardem, #PenelopeCruz, #PeterScarsgaard, #CaliforniaFilmes, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

23 agosto 2018

Com roteiro fraco, "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" é pouco assustador e previsível

Quatro amigas invocam uma criatura sobrenatural e passam a ser perseguidas por ela (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Muitos sustos e clichês, algum suspense, mas "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" entrega menos do que prometia para a criatura sobrenatural mais temida da Web e que já estampou vários videogames. O filme é capaz de deixar o espectador inquieto na cadeira em algumas cenas em que Slender Man prende ou se aproxima das vítimas, com seus braços e mãos esticados que parecem galhos de árvores mortas. Assusta, mas não chega a ser aterrorizante como o palhaço Pennywise, de "It - A Coisa".

Com um roteiro fraco e história confusa, cheia de buracos, o filme é ambientado na maior parte do tempo em locais escuros ou com pouca luminosidade. Com certeza para dar destaque à figura da criatura. Isso ainda ajudado por clichês como o de estar dentro de casa, escutar um barulho estranho e sair percorrendo todos os cômodos sem acender uma lâmpada. Ou entrar numa mata fechada, à noite, sabendo que tem um monstro esperando para atacar.

As quatro jovens amigas que se invocam Slender Man têm seus dramas familiares ou existenciais e busca na "Invocação do Mal" online uma diversão para passar o tempo. Tentam também provar aos rapazes da escola que têm coragem de assistir o vídeo de Slender Man, acreditando que nada iria acontecer depois. Diga-se de passagem, ser possuído por imagens vindas da tela de um notebook é forçar demais a inteligência.

O diretor Sylvain White (em seu primeiro longa) poderia ter trabalhado melhor o terror, não ficando tão restrito aos poucos pesadelos assustadores e aparições do monstro sem rosto. Os desaparecimentos e mudanças de comportamentos das vítimas deixam o filme confuso, capenga. A produção também deixa a entender que Slender Man é como um vírus, semelhante aos espalhados pela internet. Com seus longos braços, ele envolve e seduz jovens e pessoas emocionalmente mais fracas que estão buscando um sentido para suas vidas.


Sem derramar uma gota de sangue, a criatura atrai suas vítimas usando um medo psicológico insuportável, como numa hipnose. Mas até esta abordagem fica superficial e, a partir da segunda metade do filme, a impressão é de que o diretor quer acabar logo com o sofrimento dele (e o nosso!).

Na história, as amigas Wren (Joey King), Hallie (Julia Goldani Telles), Chloe (Jaz Sinclair) e Katie (Annalise Basso) levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num ser sobrenatural chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. 


A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece e, sem ajuda da polícia, as amigas decidem procurá-la e enfrentar a criatura e o pavor que ela provoca.


Para quem gosta muito de filmes de terror, vale uma conferida, mas alerto ser um dos mais fracos do gênero deste ano. A expectativa inicial de "Slender Man" de bons sustos, daqueles de pular na cadeira e roer as unhas se transforma em decepção com a criatura que adquire diversas formas ao longo da trama.



Ficha técnica:
Direção: Sylvain White
Produção: Mythology Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h34
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: SlenderManPesadeloSemRosto, #SlenderMan, #terror, #pesadelo, #SonyPictures, #EspaçoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

22 agosto 2018

"Te Peguei" - uma comédia leve e boba com elenco desperdiçado

Grupo de quarentões que deixa suas vidas de lado para brincar de pega-pega uma vez por ano (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Pode até entrar no gênero comédia, mas "Te Peguei" ("Tag") é um filme bobo, que provoca poucos sorrisos e vontade de sair no meio. Risadas então, nem pensar. O elenco é bom e foi desperdiçado, talvez porque a história não justificasse um filme, menos ainda com 1h40 de duração. Nem mesmo a matéria especial do jornal The Washington Post, que acabou virando produção cinematográfica. 

"Te Peguei" é comédia com humor norte-americano, com muitos palavrões, que só interessa aos personagens interpretados no filme e suas famílias e amigos. Sim, é uma produção baseada em fatos reais e o grupo existe e é ainda maior que o mostrado. O diretor poderia ter passado uma boa mensagem de amizade e união, mas isso foi mal explorado. 

Os cinco integrantes do grupo vivem em estados diferentes, um não sabe o que o outro faz nem como estão suas vidas. Só se preocupam em brincar de pega-pega uma vez no ano, deixando empregos ou relacionamentos em segundo plano. E ainda se unem a mulheres tão sem noção quanto eles.


Isso acontece por 30 anos, sempre no mês de maio, até que o jogador mais invicto, Jerry (papel de Jeremy Renner, que não dá para entender porque embarcou nesta canoa furada) vai se casar e abandonar a brincadeira. Comandados por Hogan (Ed Helms, que já fez comédias melhores), Randy (Jake Johnson), Kevin (Hannibal Buress) e Bob (Jon Hamm) vão tentar quebrar a invencibilidade do amigo enquanto ele estiver ocupado com os preparativos.

Para piorar, ainda surge a repórter do The Washington Post, Rebecca (Annabelle Wallis), que descobre, durante a entrevista com um deles, a curiosa brincadeira anual do grupo e resolve transformar aquilo numa "grande matéria" a ser contada. É o jornalismo investigativo dando lugar ao jornalismo comédia, feito por um dos meios de comunicação mais influentes do mundo e que já foi capaz de derrubar um presidente. 

O ponto positivo de "Te Peguei" é a ótima trilha sonora, que inclui sucessos como "Can't touch this" (Mc Hammer), tema do filme, "Crazy train" (Ozzy Osbourne) e "With a little help from my friends" (Joe Cocker). 



Ficha técnica:
Direção: Jeff Tomsic
Produção: Broken Road Productions
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h41
Gênero: Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #TePeguei, #Tag, #JeremyRenner, #EdHelms, #comedia, #EspaçoZ, #WarnerBrosPictures, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

20 agosto 2018

Subjetivo, lento e poético, "Unicórnio" é quase uma fábula

Trama aborda a vida de mãe e filha num lugar distante de tudo, cercado por belas paisagens (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Unicórnio é uma figura mitológica representada por um cavalo branco com apenas um chifre no meio da cabeça. Entre outros símbolos, pode significar pureza e castidade. Pode ser que seja essa a representação sugerida no filme do mesmo nome, em cartaz no Belas Artes 3 (sessão vitrine às 19h10). Ou não. Pode ser também que o diretor tenha buscado, na representação, algo como força e vida, outras interpretações possíveis para o animal.

Mas ninguém precisa saber disso para gostar - ou não - de "Unicórnio", filme mais recente de Eduardo Nunes com elenco encabeçado por Patrícia Pillar. Enigmático, subjetivo, lento e poético, o longa tem tudo para não agradar os espectadores mais acostumados a tramas bem amarradas e construídas.

Com poucas palavras - na verdade, pouquíssimas - e imagens lindíssimas de paisagens que parecem ter saído de um quadro impressionista, a história se arrasta por 120 longos minutos, criando, na primeira metade da exibição, a impressão de que nada acontece ou vai acontecer. Quase isso. É visível o incômodo que provoca nas pessoas, que se mexem nas poltronas e cochicham, como se cobrassem um andamento, uma ação. É como se o diretor Eduardo Nunes, que é também o roteirista, quisesse que o público sentisse na pele o marasmo, a sensação de "tempo que não passa" - como os personagens.

Baseado em dois contos de Hilda Hilst, "Unicórnio", contado assim de um jeito bem simples, é a história de duas mulheres - mãe e filha - que vivem no campo, de forma muito rústica, enquanto esperam a volta do homem da casa que, aos poucos, o público vai descobrindo, está internado. Não se sabe se em um hospital para tratamento de alguma doença do corpo, ou numa instituição de tratamento de saúde mental, para cuidar, digamos, da alma.

Enquanto esperam, descobrem a presença de um vizinho, um misterioso criador de cabras muito bem interpretado por Lee Taylor. Pelo jeito, ele é o queridinho da vez no cinema e na TV. Brilhou em "Paraíso Perdido", na telona, e em "Os dias eram assim" e "Onde nascem os fortes", na telinha. Patrícia Pillar faz a mãe, bonita e lacônica, expressiva como sempre. O pai hospitalizado é Zécarlos Machado, correto e comedido como convém ao seu personagem, meio lunático, meio filósofo.


Mas quem carrega o filme, também com poucas palavras e muitos olhares e expressões, é a novata Bárbara Luz. (Parênteses para informar, pra quem não sabe, que ela é filha de Inês Peixoto e Eduardo Moreira, artistas fundadores do Grupo Galpão, velhos conhecidos, principalmente dos mineiros).

Enfim, "Unicórnio" não é um filme para todos. Autoral, ousado e enigmático, vale a pena ser visto para quem busca subjetividade, reflexão e poesia. Sem pressa, sem ação, sem trama. Com direito apenas a vislumbrar, interpretar, adivinhar e construir junto com o diretor uma espécie de fábula.
Duração: 2h02
Classificação: 10 anos



Tags:#Unicornio, #drama, #PatriciaPillar, #LeeTaylor, #BarbaraLuz, #ZecarlosMachado, #EduardoNunes, #VitrineFilmes, #BelasArtes, #CinemanoEscurinho

18 agosto 2018

Denzel Washington reforça o lado humano e reduz a ação em "O Protetor 2"

Filme traz de volta o personagem Robert McCall preocupado em ajudar as pessoas sem que elas saibam (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Há quatro anos, quando apresentou o personagem Robert McCall em "O Protetor", Denzel Washington contou um pouco da história do ex-agente especial da CIA que deixou tudo para trás para viver um homem comum preocupado em ajudar as pessoas sem que elas soubessem usando seu treinamento militar. Pegou gosto pela dupla jornada e retorna agora, de novo com direção de Antoine Fuqua, em "O Protetor 2" ("The Equalizer 2"). 


A sequência estreou em 1º lugar no ranking e teve o maior dia de abertura de todos os tempos para um filme do Denzel Washington no Brasil, acumulando R$ 635 mil no 1º dia de exibição (16/08) e é a primeira sequência da carreira de Denzel Washington em 40 anos.

A produção tem menos cenas de ação (mas violentas como as do primeiro filme) e a preocupação com as pessoas ainda maior, o que deixa o longa mais arrastado em alguns momentos e um pouco menos interessante que seu antecessor, que soube equilibrar bem ação e drama.

Novamente como um dos produtores, Denzel faz um McCall mais cansado, solitário como antes e com a amargura de quem não consegue esquecer o passado e a morte da mulher. Em Boston, ele agora é motorista de aplicativo e passa o dia transportando pessoas e escutando suas histórias, tentando sempre ajudar ou fazer justiça pelos passageiros mais próximos e sua comunidade.

O excesso de histórias paralelas acaba fazendo o expectador perder um pouco do foco do filme na trama principal: o assassinato da melhor amiga de McCall, a agente Susan Plummer (Melissa Leo). A partir daí, ele retoma o papel de justiceiro e se une ao antigo parceiro Dave (Pedro Pascal). Com a experiência de ex-agente, ele mata com precisão, empregando os mais variados objetos como armas, especialmente seu TOC para planejar sua defesa ou ataque aos inimigos.


Outros pontos favoráveis são a fotografia, bem explorada tanto nas locações em Boston quanto na área litorânea e a trilha sonora de Harry Gregson-Williams, que cumpre bem o seu papel, com classe e estilos variados, em especial o Rap, bem a cara do ator. Destaque para "In The Name of Love" (Jacob Banks), "Trouble Man" (Marvin Gaye), "In a Sentimental Mood" (Duke Ellington e John Coltrane) e o tema principal "Never Stop ft Jung Youth" (Hidden Citizens).

McCall é frio, mas ainda dá chance a seus oponentes de se arrependerem dos erros. E Denzel Washington está ótimo como sempre, com uma atuação mais confortável de seu personagem, apesar de brigar e matar menos. Só a presença dele já é garantia de um bom filme que merece ser visto. Mas "O Protetor 2" fica atrás do primeiro (imperdível), que pode ser visto na Netflix como "The Equalizer". Recomendo uma maratona no final de semana.



Ficha técnica:
Direção: Antoine Fuqua
Produção: Columbia Pictures / Sony Pictures / Escape Artists
Distribuição: Sony Pictures do Brasil
Duração: 2h01
Gêneros: Ação / Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #OProtetor2, #TheEqualizer2, #DenzelWashington, #AntoineFuqua, #MelissaLeo,  #acao, #Netflix, #drama, #SonyPictures, #EspacoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

15 agosto 2018

Sem nada de novo, "Mentes Sombrias" copia sucessos, tem pouca ação e nenhum clímax

Bolota, Zu, Ruby e Liam formam o quarteto que consegue escapar do campo de custódia de superpoderosos (Fotos: Fox Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma mistura piorada de outras produções que conquistaram sucesso até pouco tempo atrás. Creio que seja a melhor definição para "Mentes Sombrias" ("The Darknest Minds"), filme que entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas sem apresentar nada de novo. Ele entrega um roteiro fraco, com atores pouco conhecidos e diálogos que reúnem um amontoado de clichês, além de locações bem restritas e efeitos visuais medianos. Salvam algumas músicas da trilha sonora.

O espectador vai perceber logo no início que "Mentes Sombrias" copia ideias e situações de franquias anteriores do mesmo gênero, voltadas para adolescentes, como "Maze Runner" ("Correr ou Morrer"- 2014, "Prova de Fogo" - 2015 e "A Cura Mortal" - 2018), "Divergente" ("Divergente" -2014, Insurgente - 2015 e Convergente - 2016) e "Jogos Vorazes" (2012 a 2015). Mas está muito aquém desses, que conquistaram uma legião de fãs ávidos por cada sequência e que devoraram pelo mundo milhares de livros sobre as sagas.

"Mentes Sombrias" chegou com atraso (primeiro erro) e perdeu o boom do interesse juvenil por estes temas. Para piorar, é morno e sem ação, apesar de ser produzido pelos diretores Dan Levine ("A Chegada" - 2016) e Shawn Levy (série da Netflix, "Stranger Things" - 2017 - e trilogia  "Uma Noite no Museu", de 2006, 2009 e 2014). A diretora Jennifer Yuh Nelson (apesar de boas animações no currículo, como Kung Fu Panda 2 e 3) também não fez bem a lição de casa e entrega um filme que deixa o espectador esperando por uma grande ação, um clímax que vai mudar tudo. Só que isso não acontece.

A produção menospreza a inteligência até mesmo dos fãs deste gênero de filme de ficção ao mostrar um mundo apocalíptico, atingido por uma pandemia que mata a maioria das crianças e adolescentes da América. Alguns sobreviventes, como Ruby Daly, Liam, Bolota (Skylan Brooks) e a pequena e encantadora Zu (Myia Cech) desenvolvem superpoderes e são tirados de suas famílias e isolados pelo governo em verdadeiros campos de concentração para estudo e aproveitamento de seus dons. Lembra algo recente?

Claro, existem os rebeldes que vão combater o sistema, os grupos que exterminam aqueles que não acatam as ordens, o vilão psicopata com sede de poder e o casal romântico. Esta parte fica por conta de Ruby (interpretada por Amandla Stenberg , de "Tudo e Todas as Coisas" - 2017 e "Jogos Vorazes" - 2012) e Liam (o fofo, mas bem iniciante Harris Dickinson, fazendo o estilo "aquele que toda a sogra queria pra genro").

O longa acaba tão mal que praticamente exige uma continuação para explicar tudo. Não tem pontas soltas, é uma corda inteira desfiada. Inspirado no livro homônimo, "Mentes Sombrias" é o primeiro da trilogia escrita por Alexandra Bracken, que é composta ainda por "Never Fade" e "In The After Light" (ambos ainda sem tradução no Brasil). A versão para o cinema, que vale no máximo uma sessão da tarde na TV, pode desagradar os leitores da saga literária.



Ficha técnica:
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Produção: 21 Laps Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h44
Gênero: Ficção
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #MentesSombrias, #AmandlaStenberg, #ficcao, #FoxFilmdoBrasil, #espaçoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

13 agosto 2018

"O Quê do Queijo" feito no Serro é tema de belo documentário mineiro

Estocagem do queijo para o processo de maturação (Foto: Reprodução do documentário do IEPHA)

Maristela Bretas


Certos estão os mineiros que não dispensam "um queijim" no café. E essa tradição é ainda maior no interior. Afinal, "Roça sem queijo não dá". E foi esta tradição e a importância deste produto genuinamente mineiro (os demais estados que me perdoem, mas "queijim quinem o de Minas num tem não sinhô!"), que nasceu o belíssimo documentário "O Quê do Queijo - Um Segredo da Região do Serro", realizado para o IEPHA.

Uma viagem encantadora feita pela região do Serro, uma das maiores produtores do Estado de queijo artesanal, tombado como patrimônio imaterial. Como dizem alguns moradores entrevistados, "no Serro só não vende queijo em farmácia".



O registro sobre as diversidades deste patrimônio mineiro e suas peculiaridades ficou a cargo de dois ótimos profissionais, os jornalistas TV Paulo Henrique Rocha, responsável pela direção, roteiro e edição do material, e Leandro Borboleta, produtor do documentário. É deles também a fotografia do filme, que ainda conta com trilha sonora de Marcus Felipe Mota e som direto de Jorge Alvarenga.




O documentário mostra como o queijo artesanal da região do Serro é feito, o cuidado com as vacas, a ordenha, separação do leite, a modelagem do queijo nos recipientes para que tome a forma arredondada e todo o preparo. Uma tradição familiar mineira (assim como as receitas) passada de geração para geração, assim como as frases famosas:: "Mineiro que é mineiro não fica sem queijo" ou "Quer ver um mineiro correr? Solta um queijo ladeira abaixo".



Até mesmo o transporte no lombo de burro pelo cerrado mineiro, do campo para a cidade, ainda pode ser visto. O documentário traz ainda entrevistas com diversos produtores da região, moradores e explicações históricas e científicas de Célia Lúcia Ferreira, professora titular de Ciências Domésticas da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tudo isso é a paixão pelo queijo do Serro.

O documentário completo pode ser conferido abaixo:



Tags: #OQueDoQueijo, #documentario, #QueijodoSerro, #queijoartesanal, #Serro, #LeandroBorboleta, #PauloHenriqueRocha, #IEPHA, #CinemanoEscurinho

"Megatubarão" - Um filme de ação para divertir e chinês nenhum botar defeito

Produção tem ação de sobra, bons efeitos e Jason Statham de mocinho (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Jason Statham está emplacando mais um sucesso sem precisar da ajuda de amigos "Mercenários" ou "Velozes e Furiosos". "Megatubarão" ("The Meg") abocanhou a liderança das bilheterias no seu primeiro final de semana de estreia, levando mais de 442 mil pessoas aos cinemas nacionais e somando uma arrecadação de R$ 7,9 milhões. O elenco principal conta ainda com a premiada atriz chinesa Bingbing Li, completando com Statham e o monstro gigante a receita certa para arrastar o lucrativo público chinês, que ainda aguarda o lançamento do filme nas salas do país.

O longa entrega o que propõe: ação, um pouco de suspense, muitos clichês, efeitos especiais que enchem a tela (literalmente), diálogos divertidos e o romance do par principal. Feito para agradar ao público que vai ao cinema para ver um filme sobre um tubarão gigantesco dado como extinto, situações previsíveis, cenas inacreditavelmente irreais mas muito bem feitas e, claro, Jason Statham.

O ator está bem no papel, nem precisou dar porrada em ninguém, só bancar o mocinho que defende a cientista Suyin (Bingbing Li) que não o tolera e a filhinha dela (interpretada pela fofa Sophia Cai). E ainda faz questão de mostrar o dorso "tanquinho" e totalmente em forma no auge de seus 51 anos.

O megalodon de mais de 20 metros de comprimento é um belo e gigantesco trabalho de computação gráfica. O animal surge do nada, é assustador e provoca até alguns sustos, principalmente quando vai abocanhar alguém ou alguma coisa, como um iate ou um minissubmarino. Cumpriu bem sua função de estrela principal.

Além de Jason Statham e o Megalodon, destaque também para Bingbing Li, que não ficou apenas como coadjuvante, mostrando seu talento (até desperdiçado), que já lhe garantiram bons prêmios. O elenco, apesar de ser composto por muitas caras pouco conhecidas, se mostra bem entrosado e ajuda a entregar uma produção que agrada como entretenimento. Clique aqui para assistir os depoimentos do diretor Jon Turteltaub e sua equipe com detalhes e curiosidades sobre a produção.

Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico, a tripulação de um submarino fica presa dentro do local após ser atacada por uma criatura pré-histórica que se achava estar extinta, um tubarão de quase 30 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, oceanógrafo chinês (Winston Chao) contrata Jonas Taylor (Jason Statham), um mergulhador especializado em resgates em água profundas que já encontrou com a criatura anteriormente.

Entre bocadas e ataques a barcos e banhistas, "Megatubarão" não chega aos pés de "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg, mas é muito melhor em efeitos que os filmes da franquia "Sharknado" (que são tão surreais que provocam ótimas risadas). Harry Gregson-Williams é o responsável pela trilha sonora, segundo trabalho dele em cartaz nos cinemas desta semana - o primeiro é "O Protetor 2".

"Megatubarão" é para divertir, feito sem pretensão de discutir temas polêmicos ou passar mensagens patrióticas ou lições de moral. Apenas oferecer muita ação. Vale o ingresso e a pipoca com refrigerante.



Ficha técnica:
Direção: Jon Turteltaub
Produção: Warner Bros Pictures / 
Distribuição: Warner Bros. Pictures 
Duração: 1h54
Gêneros: Ação / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

09 agosto 2018

"Vidas à Deriva": romance, aventura e superação no balanço das ondas

O longa se passa quase que inteiramente numa embarcação - com direito a paisagens maravilhosas (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Filmes baseados em histórias reais costumam interessar e cativar o público pela possibilidade de verdade e realismo que possam oferecer. Mas esse não é o caso de "Vidas à Deriva" ("Adrift"), dirigido por Baltasar Kormákur, inspirado na saga vivida por um casal de velejadores, que depois foi transformada em livro homônimo. Como o longa se passa quase que inteiramente numa embarcação - com direito a paisagens maravilhosas - e o roteiro foi todo concebido em flashbacks, cria-se uma distância entre a tela e o espectador, dificultando o envolvimento e, de certa forma, travando a emoção.

Aos 24 anos, Tami Oldham, interpretada pela atriz e também produtora do filme Shailene Woodley, da série "Divergente" (2014) - Insurgente (2015), "Convergente" (2016) e "Ascendente" (em breve) vive uma vida errante, meio sem destino, aceitando pequenos trabalhos para custear suas próximas viagens. Voltar para casa em San Diego, na Califórnia, não faz parte dos seus planos.



De passagem pelo Taiti, ela conhece Richard Sharp (Sam Claflin, de "Como Eu era Antes de Você" - 2016 e a franquia "Jogos Vorazes"), jovem velejador tão aventureiro quanto ela e a paixão entre eles é imediata. Até que ambos aceitam o desafio feito por um casal maduro de viajantes: levar a embarcação deles até a Califórnia, com direito a retornar ao Taiti com passagens de primeira classe, além de um bom dinheiro. Era o ano de 1983.

Desafio aceito, os jovens saem velejando em alto mar a bordo do luxuoso Hazaña e, enquanto viajam, vão se conhecendo em longas e amorosas conversas, jantares românticos, juras de amor, tarefas e projetos. Até que são surpreendidos pelo furacão Raymond, que praticamente destrói o barco e fere gravemente Richard. Durante 41 dias, eles ficam em alto mar, literalmente à deriva, enquanto compartilham conhecimentos sobre navegação, suprimentos e amor.


Não dá para dizer que "Vidas à Deriva" é um filme ruim. Há suspense, aventura, romance. Mas, talvez para não cansar tanto o espectador com o balanço contínuo e o vai e vem das ondas do mar, o diretor tenha optado pelos flashbacks para contar como Tami e Richard se conheceram. E isso, de certa forma, atrapalha o ritmo do longa. Vale a pena ir ao cinema, nem que seja para conhecer a história de esforço, superação e amor de Tami Oldham e Richard Sharp.



Ficha técnica:
Direção e produção: Baltasar Kormákur
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h38
Gêneros: Drama / Romance / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos

Tags: #VidasADeriva, #Adrift, #ShaileneWoodley, #SamClaflin, #historiareal, #superacao, #TamiOldham, #RichardSharp, #drama, #romance, #aventura, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho

03 agosto 2018

Série de Humor no Netflix? Grace & Frankie

Produção com grande elenco está na quarta temporada (Fotos: Reprodução Netflix)

Por Cristiane Mendonça - Blog Crônicas Irônicas


Quer uma dica de comédia no Netflix? Anote aí o seriado "Grace & Frankie"​. As personagens principais, vividas pelas atrizes veteranas, Jane Fonda e Lily Tomlin, estão na terceira idade, quando seus maridos, sócios em um escritório, revelam que estão apaixonados um pelo o outro e planejam se casar. Risada na certa!

Assim que seus parceiros, interpretados pelos atores, Martin Sheen e Sam Waterston, saem de casa para viverem juntos, após 20 anos se relacionando como amantes, Grace, uma perua antipática, se vê obrigada a morar na mesma casa com a eterna hippie Frankie.

A história do seriado é conduzida com muita leveza e humor! E aborda os problemas e preconceitos que pessoas da terceira idade vivem, deixando claro que faixa etária não é sinônimo de falta de desejos e novos objetivos de vida! 



A quarta temporada, que começou em janeiro último, tem como mote a linha de vibradores criados especialmente para mulheres acima de 60 anos, idealizado pelas personagens principais, que com suas personalidades tão diferentes, se envolvem nas situações mais inusitadas!

Detalhe: Grace & Frankie é da mesma criadora da premiadíssima série Friends, Marta Kaufman, além de Howard Morris. 

Fique por dentro:

Lily Tomlin foi indicada tanto ao Globo de Ouro quanto ao Emmy em 2017 por interpretar Frankie. 

Assista ao trailer oficial:


Tags: #GraceAndFrankie, #JaneFonda, #LilyTomlin, #MartinSheen, #SamWaterston, #Netflix, #humor, #blogCronicasIronicas

02 agosto 2018

Continuação de "Mamma Mia" é uma divertida e sonora volta ao passado

A juventude de Donna é a novidade deste filme, que repete grande elenco (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Carolina Cassese


Dez anos atrás, a adaptação cinematográfica da peça "Mamma Mia" entrava em cartaz. Contando com atuações de Meryl Streep, Amanda Seyfried, Colin Firth e Pierce Brosnan, o musical gerou ampla repercussão e foi bem sucedido comercialmente. A reação da crítica foi dividida. Em maio de 2017, foi anunciada a continuação do longa: "Mamma Mia 2! Lá Vamos Nós de Novo", que estreou nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros.

Se no primeiro filme o espectador acompanha os preparativos para o casamento de Sophie, na continuação o evento da vez, também organizado por Sophie, é a reinauguração do hotel de Donna. As canções do grupo Abba estão de volta. Algumas músicas são as mesmas do primeiro filme (mas é difícil se cansar de "Dancing Queen" ou "Mamma Mia").


Nesta continuação, destaque para "Fernando", interpretada em cena memorável por Cher e Andy Garcia. O repertório conta ainda com "Waterloo" "Knowing Me, Knowing You" e "I Have a Dream", que ganharam novas versões (as originais são melhores) e algumas canções menos conhecidas. No Reino Unido, a trilha sonora lidera as listas de vendas, com alguns dos sucessos interpretados por Lily James, Amanda Seyfried e Meryl Streep.

Em "Mamma Mia 2" conhecemos o passado de Donna. A jovem é interpretada por Lily James, que teve atuação mais do que satisfatória. A atriz, que protagonizou "Cinderela" (2015), participou da série "Downton Abbey" e ainda neste ano irá estrelar o longa "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" ("The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society") afirmou ter chorado ao conhecer Meryl Streep. “Sou tão fã do musical, vi tantas vezes quando eu era mais nova... e amei o filme também. Acho que capturou o espírito da peça, o que é muito difícil de fazer — manter a essência e a atmosfera”, disse em entrevista.

A história se passa um ano após a morte de Donna (Meryl Streep), quando a filha Sophie (Amanda Seyfried) está prestes a reinaugurar o hotel da mãe que foi todo reformado. A jovem, que não casou com Sky (Dominic Cooper) no primeiro filme, convida seus três "pais" - Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgärd) para a festa, organizada com a ajuda das amigas da mãe, Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski). 


O reencontro da "família" se torna uma avalanche de boas memórias da juventude de Donna no final dos anos 70, quando conhece os pais de Sophie e resolve se estabelecer na Grécia.

Em relação ao primeiro, o filme pode não apresentar grandes novidades, mas conta com um roteiro melhor trabalhado. É um bom entretenimento, especialmente para os fãs do Abba e do musical. O espectador pode se preparar para matar a saudade dos personagens e se encantar com as paisagens estonteantes (dessa vez, o longa foi filmado em Vis, uma ilha da Croácia).
Duração: 1h54
Classificação: 10 anos
Distribuição: Universal Pictures



Tags: #MammaMiaLaVamosNosDeNovo, #MammaMia, #Amanda Seyfried, #MerylStreep, #Cher,  #LilyJames, #UniversalPictures, #comedia, #EspaçoZ, #cinemas.cineart, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho