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14 agosto 2025

Impactante e surpreendente, "Os Enforcados" é sobre jogo, culpa e confiança

Leandra Leal e Irandhir Santos entregam excelentes atuações como o casal que vive da contravenção e
acredita que pode manter as mãos limpas (Fotos: Paris Filmes)
 
 

Maristela Bretas

 
Reunindo várias semelhanças com fatos reais e atuações brilhantes de Leandra Leal e Irandhir Santos, estreia nesta quinta-feira (14) a produção nacional "Os Enforcados". O filme, dirigido por Fernando Coimbra, é um thriller tragicômico impactante, com reviravoltas a todo instante.

Na trama, o casal Valério (Irandhir Santos) e Regina (Leandra Leal) vive numa mansão na Zona Oeste do Rio de Janeiro, à custa do império do jogo do bicho construído pelo pai e pelo tio dele, Linduarte, vivido por Stepan Nercessian. Até que Valério revela à esposa que está falido, cheio de dívidas e pretende vender ao tio a parte herdada do pai.


Tudo muda quando ele resolve seguir os conselhos da ambiciosa Regina e dar um grande golpe, que consideram infalível, em Linduarte e nos contraventores do bicho e sair de mãos limpas. Ao contrário do que esperavam, o crime passa a ser uma rotina do casal e até mesmo o casamento começa a desandar.

Em "Os Enforcados", quando você acredita que já sabe qual caminho o filme está seguindo, ele toma novo rumo. E prova que todo mundo que se envolve com o mundo do crime e conquista poder está sujeito a ser contaminado e sujar as mãos. Se torna até mesmo capaz de matar para manter este poder e o padrão alto de vida.


Leandra Leal e Irandhir Santos estão excelentes em seus papéis e são os responsáveis pela trama dar certo do início ao fim, expondo uma realidade diária da criminalidade no Rio de Janeiro e os esquemas por trás do jogo do bicho.

A violência, o crime organizado e a corrupção de autoridades policiais da capital carioca são apontados no roteiro, inclusive numa fala da sempre excelente Irene Ravache, no papel de mãe de Regina. 

A cartomante de araque não se surpreende com as ações do genro e da filha e só se interessa em tirar proveito do lucrativo negócio de Valério.


No elenco temos ainda Pêpê Rapazote, como delegado da Polícia Federal; Thiago Tomé, braço direito de Valério; Augusto Madeira e Ernani Moraes, parceiros de Linduarte, entre outros.

Coincidências?

Coincidência ou não, "Os Enforcados" apresenta situações semelhantes a uma disputa entre familiares do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, após o assassinato dele em 1998. Ele era chamado de "Rei do Rio" e era padrinho da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Assim como Maninho, Linduarte era o padrinho da Escola de Samba Unidos da Pavuna e quando Valério assume os negócios da família após a morte do tio, ele recebe uma coroa dourada durante o ensaio da escola.


Terceiro filme do diretor

Este é o terceiro filme de Fernando Coimbra e marca seu retorno ao cinema brasileiro, após dirigir episódios das séries internacionais “Narcos”, “Outcast” e “Perry Mason” e o longa “Castelo de Areia”, com Nicholas Hoult e Henry Cavill. 

Coimbra explica que "Os Enforcados" é, antes de tudo, sobre um casamento. "O casal sela um pacto e faz um plano de vida que é incapaz de cumprir. Só que esse plano se faz a partir de um crime que os levaria em direção à realização dos seus sonhos. Mas a realidade é muito diferente do sonho, e as coisas desandam".



"Os Enforcados" é violento e brutal, tanto nos crimes envolvendo a guerra pelo poder quanto na relação conjugal de Valério e Regina. E a cereja do bolo é a trilha sonora, que tem o sucesso "Muito Estranho", com Nando Reis, como música principal.

"Cuida bem de mim" é um refrão que vai acompanhando as etapas da vida do casal quando tudo começa a desmoronar até o final brilhante. Filme imperdível e merece entrar na disputa para a indicação brasileira ao Oscar.


Ficha técnica:
Direção:
Fernando Coimbra
Produção: Gullane e coprodução da Fado Filmes, Telecine, Globo Filmes e Pavuna Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
Classificação: 18 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense, thriller de crime

07 agosto 2025

"A Hora do Mal" - Um fato, seis capítulos e violência extrema que só chega no final

O desaparecimento de 17 crianças durante a madrugada dá início a esta trama, narrada em capítulos
(Fotos: Warner Bros. Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Com duração acima do necessário, "A Hora do Mal" ("Weapons") estreia nesta quinta-feira nos cinemas prometendo um terror recheado de cenas de violência extrema, que, no entanto, só começam a acontecer nos 30 minutos finais. 

O longa é narrado por uma criança e apresentado a partir do ponto de vista de vítimas e de moradores da cidade, cujas histórias se entrelaçam até o último relato que vai explicar toda a trama.

"A Hora do Mal" tem um pouco de tudo para agradar aos fãs do gênero: bruxaria e rituais macabros, mortes sangrentas e brutais, e pessoas enlouquecidas correndo de braços abertos pelas ruas como zumbis de um condomínio onde, teoricamente, todos levavam uma vida perfeita e sem grandes acontecimentos. 


Tudo muda quando 17 crianças de uma mesma sala de aula, com exceção de uma - Alex Lilly (Cary Christopher) - saem correndo de suas casas exatamente às 2h17, de forma desconexa e com os braços abertos como se estivessem voando. 

Elas nunca mais são vistas. A aparente paz do local deixa de existir e dá lugar a uma atmosfera sombria, cheia de fatos estranhos e novos surtos de violência inexplicável de outros moradores. 


Boas atuações sustentam o filme

A principal suspeita, segundo os pais, é a recém-chegada professora Justine Gandy (Julia Garner, que interpreta a Surfista Prateada em "Quarteto Fantástico"), responsável pela classe dos alunos desaparecidos. 

Determinada a descobrir o que houve com as crianças, Justine começa a investigar o caso e tentar entender por que Alex foi o único sobrevivente. 
Ela conta com a ajuda de Archer Graff (Josh Brolin, o vilão Thanos, de "Vingadores: Ultimato" - 2019), pai de uma das 17 crianças, e do policial Paul Morgan (Alden Ehrenreich, de "Han Solo" - 2018).

No elenco, temos ainda a presença essencial de Amy Madigan, como Gladys Lilly, tia de Alex, uma personagem mais sinistra que o palhaço Pennywise, de "It - A Coisa" (2017). 

Destaque também para as boas atuações de Benedict Wong ("Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa" - 2021), no papel do diretor Andrew, e Austin Abrams (das séries "This is Us" e "Euphoria"), como James, um ladrão comum que estava no lugar errado e na hora errada.


Fotografia em destaque

A fotografia de Larkin Seipe é um dos pontos altos da produção. Ela consegue traduzir com precisão a transição do clima leve e colorido - marcado pelos gramados perfeitamente verdes e casas bem cuidadas - para a escuridão sombria das ruas e mata para onde as crianças fugiram. 

Após o desaparecimento das crianças, a narrativa se desenvolve em capítulos, iniciando pela perspectiva de Justine e seguindo com outros cinco relatos de personagens que estavam envolvidos nos fatos, direta ou indiretamente. 

O suspense cresce com a presença de elementos ocultos e aparições inexplicáveis que dão a tensão perturbadora, reforçado pela ótima trilha sonora composta por Zach Cregger ("Noites Brutais" - 2022), também dirige, roteiriza e produz o filme. 


Pontos negativos

"A Hora do Mal", no entanto, peca em alguns pontos: a duração exagerada cansa, e o final que desagrada ao dar solução para uns e deixar outros de fora. Não vou contar mais para não dar spoiler. 

O filme é bom, mas está mais para suspense que terror, mesmo com as cenas grotescas e perturbadoras. Há até momentos de humor involuntário, como a referência ao clássico "O Iluminado", de 1980. Ainda assim, não colocaria na minha lista de melhores do ano do gênero.


Ficha técnica:
Direção e roteiro
: Zach Cregger
Produção: New Line Cinema, Subconscious, Vertigo Entertainment e Boulderlight Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h08
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

04 junho 2025

"Bailarina" - Um novo banho de sangue do universo John Wick

Ana de Armas é a nova assassina que busca vingança contra os matadores de sua família (Fotos: Divulgação)
 
 

Maristela Bretas

 
Violento, com muitas cenas de lutas e um banho de sangue, como era de se esperar, "Bailarina - Do Universo de John Wick" ("From The World of John Wick: Ballerina") estreia nesta quarta-feira (4) nos cinemas trazendo de volta o estilo que marcou a franquia protagonizada por Keanu Reeves.

Encerrada em 2023, a saga conta ainda com a série "The Continental", lançada no mesmo ano e que está disponível no Prime Video, assim como todos os quatro filmes da franquia: "De Volta ao Jogo" (2014), "Um Novo Dia Para Matar" (2017), "Parabellum" (2019) e "John Wick 4: Baba Yaga" (2023).

A nova produção é um spin-off que tem Ana de Armas no papel principal de Eve Macarro, a nova assassina de aluguel. Ela é criada desde criança para ser uma bailarina pelas tradições da organização Ruska Roma enquanto aprende a arte de matar. Viu o pai ser morto e agora busca vingança contra aqueles que destruíram sua família. 


"Bailarina" se passa entre os longas "Parabellum" e "Baba Yaga". E como não poderia deixar de ser, aproveitando o sucesso do personagem, Keanu Reeves está presente, mostrando que John Wick ainda é capaz de atrair público para a saga. 

Pronunciando a mesma meia dúzia de palavras de sempre e dando muita porrada, mas num papel secundário, deixa o brilho para Ana de Armas.

O elenco traz boas surpresas e a participação de atores que marcaram a franquia, como Ian McShane (Winston Scott) e Lance Reddick (o concierge Charon), que faleceu pouco depois. 

Além de nomes conhecidos como Angélica Huston (diretora da escola de mercenários Ruska Roma), Gabriel Byrne (Chanceler) e Norman Reedus (o matador Pine).


Além da violência e dos ótimos efeitos visuais, "Bailarina apresenta Ana de Armas muito bem no papel da implacável Eve, repetindo as façanhas de Wick, com muitos tiros, facadas, explosões, não deixando em nada a desejar aos filmes da franquia. 

Ela seguiu o exemplo de Reeve e fez um treinamento físico intenso de quatro meses para interpretar, sem dublê, muitas das cenas de luta. 

De Armas transmite a fúria e a determinação da personagem com uma intensidade impressionante. Visualmente, "Bailarina" eleva o patamar da franquia. 

As sequências de ação são coreografadas com uma precisão impressionante, misturando a brutalidade dos combates corpo a corpo com a elegância dos movimentos de sua personagem.


As locações são também destaque do filme. Filmado em Budapeste (Hungria), Praga (República Tcheca), Áustria e Croácia, a produção entrega belíssimas paisagens e cenas eletrizantes gravadas em pontos turísticos conhecidos do Leste Europeu que surpreendem. É o caso de Hallstatt, um vilarejo austríaco cercado pelas montanhas cobertas de neve. 

Mesmo sendo um bom filme, que pode ser considerado o quinto da franquia, "Bailarina" passou por momentos delicados ao ter seu lançamento adiado por um ano. 

A direção é de Len Wiseman, mas segundo rumores da imprensa estrangeira, Chad Stahelski, que dirigiu os quatro filmes da saga, teria feito várias mudanças na primeira versão do longa, regravando muitas cenas para deixá-lo como está.


E foi um trabalho muito bem feito. A produção entrega uma experiência alinhada com o tom e o estilo estabelecidos pela franquia, sem parecer uma mera imitação. "Bailarina" expande o universo de John Wick, apresentando uma nova protagonista carismática que pode abrir a oportunidade para outros spin-offs continuarem dando fôlego à franquia. 

Só não é certa a participação de Reeves, como aconteceu neste, uma vez que o ator anunciou sua aposentadoria com "Baba Yaga" (será?). Se depender do desempenho de Ana de Armas, ela pode até se tornar a nova Baba Yaga em novas produções. 

Para os fãs de ação estilizada e narrativas de vingança implacáveis, "Bailarina" é um espetáculo imperdível.


Ficha técnica:
Direção: Len Wiseman
Produção: Lionsgate, Lakeshore Recirds
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

28 maio 2025

"Premonição 6: Laços de Sangue" - impecável nos efeitos visuais e na essência aterrorizante da franquia

Produção marca história no Brasil como a maior estreia de um filme de terror com classificação 18+
(Fotos: Warner Bros. Pictures)
  
 

Maristela Bretas

 
Para quem é fã da ensanguentada franquia, o novo capítulo - "Premonição 6: Laços de Sangue" ("Final Destination: Bloodlines") é uma experiência imperdível. O filme já se consagra como um sucesso de bilheteria, tendo levado mais de 1 milhão de pessoas aos cinemas no Brasil. 

Também acumula uma arrecadação de US$ 130 milhões desde o dia 15 quando foi lançado, marcando história como a maior estreia no país de um filme de terror com classificação 18+.

Passados 14 anos desde o último filme e novamente produzido pela New Line Cinema, a trama entrega efeitos visuais impecáveis, com sequências de mortes absurdamente violentas, capazes de gerar muita tensão e sustos na plateia. A criatividade por trás de cada fatalidade é, por vezes, inacreditável. 


A maquiagem e a atmosfera sombria complementam a excelência técnica do filme, transportando o público de volta ao perturbador senso de justiça distorcido da Morte que consagrou a saga.

"Premonição 6: Laços de Sangue" estabelece uma conexão com os filmes anteriores da franquia, explicando a origem das mortes do passado e até mesmo repetindo algumas delas, como muitos fãs deverão relembrar e curtir. 

O filme apresenta uma narrativa envolvente e repleta de reviravoltas, mantendo a essência aterrorizante que tornou a saga um fenômeno mundial.


Atormentada por um pesadelo violento e recorrente, a estudante universitária Stefani (Kaitlyn Santa Juana) volta para casa em busca de sua avó Íris (Gabrielle Rose/Brec Bassinger), que ela nunca conheceu e que é considerada insana pelos familiares. 

Contudo, a reclusa idosa pode ser a única capaz de romper o ciclo fatal que paira sobre sua linhagem e salvar sua família do terrível destino que aguarda todos eles. Afinal, na macabra lógica da franquia, é sempre a Morte quem dita a ordem dos eventos. E, invariavelmente, eles acontecem, manifestando-se das formas mais brutais e inesperadas.


O elenco conta ainda com Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Rya Kihlstedt e Anna Lore. Uma participação especialmente emocionante é o retorno de Tony Todd no icônico papel de William Bludworth, marcando sua despedida do público em seu último trabalho antes de falecer de um câncer no estômago.

"Premonição 6: Laços de Sangue" honra o legado sangrento da franquia com uma trama que inteligentemente revisita e expande a mitologia estabelecida. Para os apreciadores de um terror visceral e criativo, este novo capítulo é uma jornada aterradora que certamente deixará marcas – e talvez alguns hematomas nos braços de quem se agarra à poltrona.


Ficha técnica:
Direção: Zach Lipovsky e Adam Stein
Produção: New Line Cinema, Dorman Entertainment, Practical Pictures, Freshman Year, Fireside Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nas redes de cinemas de BH, Contagem e Betim
Duração: 1h50
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

24 abril 2025

"O Contador 2" acerta ao equilibrar ação, emoção e humor

Ben Affleck e Jon Bernthal entregam ótimas atuações e uma boa química tanto nas discussões familiares quanto nos conflitos contra os criminosos (Fotos: Warner Bros.)
 
 

Maristela Bretas

 
Ben Affleck retoma seu enigmático personagem Christian Wolff, um contador com Síndrome de Asperger (uma forma de Transtorno do Espectro Autista) dotado de habilidades extraordinárias em raciocínio, matemática e combate. Uma interpretação, mais uma vez, impecável.

Em "O Contador 2" ("The Accountant 2"), com estreia marcada para esta quinta-feira nos cinemas, a grande novidade é o protagonismo igualmente conferido a Jon Bernthal, que reassume o papel de Braxton, o irmão de Chris e matador de aluguel.


A dupla explosiva, em todos os sentidos, prende a atenção do espectador do princípio ao fim da trama, com uma generosa dose de ação, tiroteios, pancadaria e até mesmo momentos de bom humor. 

A química entre Affleck e Bernthal se mostra eficaz, com ambos visivelmente mais à vontade em seus respectivos papéis.

Chris, o Contador, ainda procurado pelo FBI, é recrutado pela agente do Tesouro americano Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson) para identificar os responsáveis pela morte de um antigo amigo em comum. 

Envolvido em uma conspiração internacional, ele precisará da ajuda de seu irmão, de quem se separou ao final de "O Contador" (2016), para rastrear os suspeitos, ligados a uma perigosa rede de tráfico humano.


Em "O Contador 2", Gavin O'Connor, que também dirigiu o filme original, adiciona camadas de emoção à narrativa ao explorar as dinâmicas familiares, tanto a dos irmãos justiceiros quanto a das vítimas da rede de tráfico. 

Essa profundidade emocional não compromete a ação intensa e as reviravoltas eletrizantes, que se manifestam em perseguições e confrontos bem coreografados protagonizados pela dupla. E a munição parece não ter fim em meio a tantos tiroteios.


Do filme anterior, além do trio de protagonistas Affleck, Bernthal e Addai-Robinson, o elenco conta com o retorno de J.K. Simmons e a adição de dois personagens relevantes, interpretados por Daniella Pineda e Allison Robertson.

Os toques de humor injetados em "O Contador 2" conferem ao filme uma leveza bem-vinda, especialmente nas interações entre os irmãos e na representação da dificuldade de interação social de Chris, uma característica de sua condição. 

A tentativa desajeitada do protagonista de encontrar um parceiro romântico por meio de uma agência de relacionamentos é particularmente divertida. Uma sequência que vale à pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Gavin O'Connor
Produção: Amazon MGM Studios e Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Entertainment
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama

18 abril 2025

"Pecadores": Michael B. Jordan interpreta ‘gângsteres’ gêmeos em "Crepúsculo" do século passado

Ambientado no sul dos EUA, filme aborda a ancestralidade preta que resistiu às perseguições nos anos
de 1930 (Fotos: Warner Bros. Pictures)
 
 

Larissa Figueiredo 

 
Imagine uma mistura entre "Crepúsculo" (2008) e "Assassinos da Lua das Flores" (2023) — é assim que "Pecadores" ("Sinners"), de Ryan Coogler, funciona. O longa, que conta com o protagonismo de Michael B. Jordan (de “Pantera Negra” - 2018, “Creed - Nascido para Lutar" - 2015) em um papel duplo como os irmãos Elijah e Elias Smoke, e Hailee Steinfeld ("Bumblebee" - 2018) como Mary, às vezes mocinha, às vezes vilã, já está em cartaz nos cinemas.

Ambientado nos anos de 1930 no sul dos Estados Unidos, "Pecadores" aborda, por meio do misticismo, a ancestralidade preta que resistiu às perseguições durante o segregacionismo norte-americano. 


A família do jovem músico Sammy Moore (Miles Caton) enfrenta preconceitos, vampiros e até a Ku Klux Klan, grupo extremista que surgiu nos EUA para perseguir e matar pessoas negras no país à época. A temática do filme, no entanto, está longe de se restringir ao racismo.

Com os gângsteres gêmeos Elijah e Elias de volta à cidade e dispostos a viver a melhor noite de suas vidas, Sammy vê a oportunidade de mostrar sua música fora da igreja. 

Ele embarca em uma missão para convidar a comunidade negra para uma noite de blues em um antigo celeiro da Klan. Com comida à vontade e bebida de qualidade, o grupo pretende abrir um clube de blues na cidade.


A jornada acontece em meio à evolução de uma trilha sonora impecável, composta por Ludwig Göransson, já nos primeiros minutos. A fotografia acompanha o ritmo a partir de planos abertos de encher os olhos, com destaque para as paisagens dos campos de algodão, que cumprem papel sociopolítico na narrativa.

Até o fim da primeira metade do longa, quase não é possível perceber a presença do gênero terror no roteiro. O espectador se acostuma por muito tempo com um ritmo de filme de aventura e se afeiçoa aos “heróis” apresentados. 


O misticismo chega junto da personagem Annie (Wunmi Mosaku), uma bruxa natural e interesse romântico de um dos protagonistas, que fala sobre perigos espirituais e vampiros pela primeira vez. O roteiro parece desconectado à primeira vista, como se fosse metade aventura e metade terror.

Apesar da estranheza dos jump scares aleatórios e da aparente desconexão do roteiro, o filme prende o espectador e não apresenta elementos desnecessários — apenas desorganizados. A caracterização dos vampiros beira ao satírico; resta ao diretor dizer se é proposital ou não. 


A partir da primeira aparição, os personagens se desenrolam com um quê de Stephenie Meyer (autora da saga "Crepúsculo"), com dentes gigantes, alho, estacas de madeira e romances cheios de química.

A trama vampiresca se encerra como começa: do nada. Coogler, que dirigiu Jordan em “Pantera Negra” e “Creed: Nascido para Lutar”, repete elementos do filme sobre o super-herói negro da Marvel. E mistura o espiritual e o real para emocionar, não economizando nos simbolismos para falar sobre a morte. 

A cena pós-créditos é dispensável e sem sentido, mas (infelizmente) existe e impacta um final irretocável. Assista por sua conta e risco.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Warner Bros Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense, terror

12 abril 2025

"Força Bruta: Punição" é pancadaria com toques de humor e denúncia contra os jogos online ilegais

Quarto filme da franquia traz de volta o detetive Ma Seok-do vivido pelo famoso ator sul-coreano Don Lee (Fotos: Sato Company)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog
Jornalista de Cinema


"Força Bruta: Punição" ("Beomjoidosi 4") chegou ao cinema oferecendo uma explosão de ação de primeira linha e se consolidando como uma excelente porta de entrada para quem deseja conhecer o cinema sul-coreano. 

Dirigido por Heo Myeong-haeng, o quarto capítulo da famosa franquia traz de volta o detetive Ma Seok-do vivido por Don Lee, agora envolvido em uma nova investigação ligada ao submundo digital.


A trama começa com Ma Seok-do rastreando um aplicativo ligado ao tráfico de drogas, o que o leva a descobrir uma teia de crimes que se estende até as Filipinas, onde um desenvolvedor foi assassinado. 

A investigação coloca o detetive frente a frente com uma organização internacional de apostas ilegais, liderada pelo impiedoso Baek Chang-gi (Kim Mu-yeol). Ele é um ex-soldado de elite que domina o mundo dos jogos online com uma combinação de sequestros, chantagens e assassinatos.


Confesso que não conhecia a franquia antes, mas esse capítulo despertou em mim um interesse imediato em assistir os filmes anteriores. A narrativa é amarrada de forma envolvente e vai ganhando intensidade a cada revelação.

"Força Bruta: Punição" consegue equilibrar muito bem o ritmo de ação com momentos de crítica social, apontando para um submundo ainda pouco retratado no cinema: o das apostas ilegais digitais.


Heo Myeong-haeng, em sua estreia na direção da franquia, traz consigo anos de experiência como coordenador de cenas de luta e dublês. Isso se reflete nas coreografias precisas e brutais, com destaque especial para o duelo entre Ma Seok-do e Baek Chang-gi — uma pancadaria visceral, com pegada realista e forte influência do boxe.

Don Lee mais uma vez se impõe como protagonista. Seu personagem é uma força da natureza - e o ator entrega cenas que vão da tensão ao alívio cômico com habilidade. Do outro lado, Kim Mu-yeol constrói um vilão frio, calculista e profundamente irritante, o tipo de antagonista que provoca ódio desde a primeira aparição.


O grande mérito do filme é não se contentar apenas com a ação frenética. Ele mergulha de cabeça no universo das apostas online, escancarando como esse sistema opera em diversas camadas da sociedade: dentro de presídios, envolvendo menores de idade e manipulando figuras de alto escalão. 

A narrativa não hesita em denunciar a lógica perversa do dinheiro fácil, evidenciando práticas como as dos jogos “bets” e do famoso “tigrinho”, que se tornaram populares no Brasil.


"Força Bruta: Punição" funciona como uma denúncia embalada em entretenimento. É uma história que prende a atenção pela violência estilizada e ao mesmo tempo faz pensar sobre os bastidores sombrios do crime organizado digital. É pancadaria com propósito: crítica social embalada em golpes precisos.

Vale cada minuto, cada pipoca e, quem sabe, a curiosidade para maratonar os filmes anteriores. Os três primeiros filmes - "Cidade do Crime" (2017); "Força Bruta" (2022) e "Força Bruta: Sem Saída (2023) - este a maior bilheteria da história do K-Action na Coreia do Sul - estão disponíveis no Prime Video. Uma verdadeira aula de ação com a assinatura única do cinema sul-coreano.


Ficha técnica:
Direção:
Heo Myeong-haeng
Distribuição: Sato Company
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 16 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: ação, policial, suspense

11 abril 2025

"Cidade dos Sonhos", de David Lynch, retorna aos cinemas em versão restaurada

Naomi Watts e Laura Harring são as protagonistas deste clássico do cinema contemporâneo lançado
em 2001 (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Uma grande oportunidade de assistir a um clássico do cinema contemporâneo dirigido por David Lynch. Neste sábado, 12 de abril, 20 salas de cinema diferentes localizadas em 14 cidades brasileiras, recebem a pré-estreia de "Cidade dos Sonhos" (“Mulholland Drive”). 

Em Belo Horizonte, o Cine Una Belas Artes e o Centro Cultural Unimed-BH Minas foram os escolhidos para esta exibição especial. Os ingressos já podem ser adquiridos por meio dos sites ou bilheterias dos próprios cinemas.

O filme, lançado originalmente em 2001, é uma oportunidade para rever ou conhecer, agora em alta definição, uma das obras mais aclamadas do cinema moderno. A estreia nos cinemas acontece dia 17 de abril.


Na trama, Betty/Diane Selwyn (papel de Naomi Watts) é uma jovem aspirante a atriz que viaja para Hollywood e se vê emaranhada numa intriga secreta com Rita/Camila Rhodes (Laura Harring), uma mulher que escapou por pouco de ser assassinada, e que agora se encontra com amnésia devido a um acidente de carro. 

O mundo de Diane se torna um pesadelo e as duas passam a procurar pistas por Los Angeles sobre o que ocorreu com Rita e desvendar sua identidade. O elenco conta ainda com Justin Theroux, Billy Ray Cyrus, Ann Miller, Robert Forster, Patrick Fischler, entre outros. A bela trilha sonora ficou a cargo do compositor Angelo Badalamenti.


Com distribuição da Retrato Filmes, as pré-estreias representam não apenas a volta de uma obra-prima ao circuito cinematográfico, mas também a renovação do diálogo entre o cinema e o público que poderá redescobrir um dos maiores filmes do século XXI de forma única.

O relançamento de "Cidade dos Sonhos" nos cinemas é uma celebração da obra-prima de David Lynch, que volta às telas com uma nova remasterização digital, oferecendo aos espectadores uma experiência visual e sonora inédita. 


A versão restaurada em 4K traz uma clareza impressionante para a cinematografia única de Lynch, revelando detalhes sutis da obra que antes passavam despercebidos. Uma mixagem sonora aprimorada intensifica a atmosfera de mistério e tensão que caracteriza o filme, tornando-se uma experiência cinematográfica imersiva e inesquecível.  

"Cidade dos Sonhos" conquistou o troféu de Melhor Direção no Festival de Cannes de 2001, entregue a David Lynch, e no ano seguinte foi indicado na mesma categoria ao Oscar. Além da direção, o filme é elogiado pela fotografia, trilha sonora e montagem.


Ficha Técnica
Direção e roteiro: David Lynch
Produção: Studio Canal, The Picture Factory, Les Films Alain Sarde, Asymmtrical Productions, Touchstone Television e Imagine Television
Distribuição: Retrato Filmes
Duração: 1h27
Exibição: Cine Una Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Classificação: 16 anos
Países: EUA e França
Gêneros: drama, fantasia, suspense

09 abril 2025

Polêmico e atual, "Adolescência" alerta para um perigo real e crescente

Apesar da pouca experiência, o jovem Owen Cooper entrega uma interpretação carregada de verdades e vulnerabilidades (Fotos: Netflix)


Equipe do Cinema no Escurinho


A equipe do Cinema no Escurinho assistiu a nova minissérie da Netflix, "Adolescência" ("Adolescence"), e se juntou para abordar a essência desta produção. E concordam que se trata de uma produção impactante, atual e que serve de alerta para pais e educadores para o problema da violência contra as mulheres, não importando a idade.

Para o parceiro e colaborador Marcos Tadeu, do blog Jornalista de Cinema, até o momento é uma das séries mais necessárias e impactantes do ano. Ela se destaca pela urgência do tema e pela capacidade de provocar discussões importantes sobre juventude, violência, papel da escola, da família e as estruturas que nos cercam.

Desde que chegou ao catálogo da Netflix em 13 de março, "Adolescência" viralizou rapidamente e ultrapassou a marca de 66,3 milhões de visualizações, deixando o público em choque — e cheio de perguntas.


A produção começa com a brutal interrupção da rotina da família Miller, quando a polícia invade sua casa à procura de Jamie (Owen Cooper), acusado de esfaquear a colega de escola Katie Leonard (Emilia Holliday). 

O que poderia parecer um caso direto de violência entre adolescentes se transforma, aos poucos, em uma trama densa, repleta de nuances e contradições. 

À medida que os detetives Luke Bascombe (Ashley Walters) e Misha Frank (Faye Marsay) avançam na investigação, segredos vão surgindo e abalam não só o núcleo familiar, mas também a comunidade escolar e os demais envolvidos.


O maior trunfo da série está na forma como a história é contada: a narrativa recorre a diferentes pontos de vista — da polícia, da escola, dos amigos de Jamie, da psicóloga e da família — e evita qualquer tipo de resposta fácil. 

Em vez de dizer o que o público deve pensar "Adolescência" o convida a refletir: o ambiente em que o adolescente está inserido contribui para afastá-lo ou aproximá-lo da violência?

Para amplificar esse efeito, mais do que apostar no plano-sequência como um artifício estético, a minissérie usa a câmera em movimento constante como um observador silencioso, que se infiltra nos espaços, capta as tensões e torna a experiência do espectador mais íntima e visceral.

As atuações acompanham o rigor da proposta. Stephen Graham (Eddie Miller, pai de Jamie), Erin Doherty (Briony) e o jovem Owen Cooper entregam interpretações carregadas de verdade e vulnerabilidade. 


O texto, bem escrito e afiado, ganha ainda mais potência com a escolha precisa do elenco. Nada soa artificial ou encenado — é como se estivéssemos acompanhando tudo de dentro, em tempo real.

No entanto, nem tudo é acerto. Um dos pontos mais frágeis da narrativa é justamente a construção da vítima. Katie Leonard quase não tem voz própria: seu ponto de vista aparece apenas por meio da amiga Jade (Fatima Bojang), e seus pais ou outras pessoas próximas sequer são mostrados. Isso enfraquece a complexidade emocional que a série poderia ter explorado. 

Além disso, o desfecho sem um julgamento formal pode soar frustrante para quem esperava um posicionamento mais claro. O final aberto, ao invés de corajoso, parece fugir da responsabilidade de encerrar a história com uma decisão.


Cada vez mais perto de nós

Para Jean Piter Miranda, a essência de “Adolescência” deixa bem claro que jovens bem criados podem cometer atrocidades. E que isso está mais perto de todos nós do que podemos imaginar. 

O menino Jamie de apenas 13 anos é branco, de família de classe média na Europa, tem bom relacionamento com os pais e com a irmã e ainda é bom aluno. Um jovem acima de qualquer suspeita. Entretanto, ele é acusado de matar a facadas uma menina da mesma idade que ele. O motivo? Ódio pelas mulheres. 

Jamie participava de comunidades online que pregam ódio às mulheres, os chamados "incels". Grupos esses que têm membros de todas as idades. Se dizem vítimas do feminismo, se sentem rejeitados pelo sexo oposto. Por isso, se acham no direito de cometer todo tipo de violência contra o sexo feminino. 


"Adolescência" retrata um problema social silencioso, que vem crescendo em todo o mundo. Um problema social ligado a outros problemas. Pais que trabalham demais e que estão sempre ausentes. Como você vai educar seus filhos se nunca está presente? Crianças que desde muito cedo passam bastante tempo diante de telas, expostas a vários riscos sem que os pais desconfiem de algo. 

A minissérie também mostra vulnerabilidades das instituições. As escolas e a polícia não estão preparadas para lidar com esse problema. Não há política pública estruturada para o enfrentamento e prevenção desses casos. 


A obra propõe reflexões e, acertadamente, não tem a pretensão de indicar soluções. Não há sensacionalismo de mostrar violência explícita, ao mesmo tempo em que constrói um ambiente de tensão. 

As atuações são ótimas, muitas delas carregadas de emoção, porém, sem exageros, sem perder a mão. A filmagem em plano sequência prende o expectador, dando a impressão de que tudo está acontecendo naquele exato momento. 

São apenas quatro episódios, o que não deixa a série ser cansativa. O desfecho fica subentendido, sem reviravoltas e sem desgastes com cenas clichês de tribunais. E cada um é feito na medida, com abordagem específica. Tudo isso faz da produção uma obra excelente que merece ser vista e debatida por todos.


Misoginia

Silvana Monteiro tem opinião semelhante. As mulheres enfrentam um tratamento desrespeitoso nas comunidades virtuais, refletindo a desvalorização que também ocorre na sociedade. O chamado "clube do bolinha", para determinados assuntos, pode representar um risco maior do que muitos imaginam.

As pessoas aparentemente comuns podem praticar as piores atrocidades. Famílias perfeitas não existem. Filhos não são o que os pais tentam, pensam ou querem. Mentes sagazes não têm idade. Pais não se prepararam para o mundo e o submundo da web. E criminoso não vem com estrela na testa.

Estamos vendo uma grande número de meninas de 11, 12, 13 e 14 sendo assassinadas todos os dias, a maioria por marmanjos ordinários. É chocante, virou uma coisa sem tamanho, uma situação desesperadora. Antes mesmo de atingir a adolescência plena, as meninas estão se tornando números. Estão tendo donos, "donos" que tiram suas vidas a qualquer espirro.


Para Carol Cassese é uma tristeza como essas meninas já são objetificadas. É toda uma cultura mesmo. Uma existência que fica associada à estética, à ideia de agradar ou não homens. Essa (a objetificação) é uma parte do problema, definitivamente não é apenas isso. Mas faz parte do problema também.

Mirtes Helena Scalioni gostou muito de “Adolescência” e afirma que a produção fez acender luzinhas nas cabeças de pais, filhos e professores. As plataformas não são o que parecem ser. Meninos estão sim fazendo cursos de misoginia na internet. E aprendendo a odiar e matar mulheres e meninas. O último capítulo da série é, para mim, uma pequena obra-prima de reflexão. E o pior de tudo é que as meninas estão sendo, de novo, apontadas como culpadas.

Segunda temporada?

Há rumores de que a série pode ganhar uma nova temporada, não como continuação direta do caso de Jamie, mas com uma nova história e a mesma abordagem. Se mantiver essa profundidade e cuidado na construção narrativa, ela tem tudo para seguir como um dos projetos mais relevantes da Netflix.


Ficha técnica:
Direção: Philip Barantini
Roteiro: Jack Thorne e Stephen Graham
Produção: Warp Films, Plan B Entertainment e Matriarch Productions
Distribuição: Netflix
Exibição: Netflix
Duração: 4 episódios
Classificação: 14 anos
País: Reino Unido
Gêneros: drama, policial, suspense