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08 julho 2024

"MaXXXine" decepciona com encerramento fraco para uma trilogia de terror

Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, uma ex-atriz de filme pornô agora em ascensão ao estrelato em Hollywood (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Último filme da trilogia iniciada em 2022 estreia nesta quinta-feira (11) nos cinemas o longa "MaXXXine", dirigido e roteirizado por Ti West. Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, única sobrevivente do massacre de "X – A Marca da Morte". 

No entanto, este terceiro filme, mesmo com algumas mortes violentas e sangue jorrando, é fraco como terror slasher americano, ao contrário de seu antecessor e do prequel "Pearl" (do mesmo ano), que podem ser conferidos no Prime Vídeo. 


Ambientado em Los Angeles dos anos 1980, a estrela de filmes adultos e aspirante a atriz, Maxine Minx, conquista a chance de fazer sua estreia na telona. Mas quando um misterioso assassino começa a perseguir justamente as jovens atrizes de Hollywood, uma trilha de sangue ameaça revelar o passado sinistro de Maxine. 


"MaXXXine" ficou uma produção comum, perdida entre ser um filme B e um terror sem originalidade, apesar de um elenco formado por rostos conhecidos. Isso pode decepcionar alguns fãs que aguardavam que a sequência mantivesse os mesmos moldes dos primeiros.  

Incomoda também o roteiro que conduz para um final quase previsível. Se nos dois longas anteriores, Mia Goth protagonizou cenas violentas mais marcantes, neste ela é quase uma coadjuvante (mesmo sendo uma das produtoras do filme junto com Ti West). 


O longa tem na atuação de Kevin Bacon o maior destaque do elenco. Ele domina os momentos em que aparece, inclusive os divididos com Mia Goth. Outros dois que também poderiam ter sido melhor aproveitados foram Giancarlo Esposito e Lily Collins. Completam o elenco Michelle Monaghan, Bobby Cannavale, Elizabeth Debicki, Moses Sumney e Halsey.

Usando de muitas cenas em ambientes escuros ou iluminados por luzes roxas, o diretor utiliza flashbacks para tentar explicar situações do passado. Mas as mudanças repentinas de cenas interrompem a narrativa e confundem o espectador. "MaXXXine" ficou a desejar como slasher e como a produção de encerramento de uma trilogia que atraiu milhares de fãs.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ti West
Produção: A24, Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

30 junho 2024

"Um Lugar Silencioso: Dia Um" entrega uma boa produção para explicar como tudo começou

Atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn e ótimos efeitos visuais e sonoros ampliaram o suspense
(Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Uma boa indicação de filme em cartaz nos cinemas é "Um Lugar Silencioso: Dia Um" ("A Quiet Place: Day One"). O spin-off amplia a tensão dos filmes anteriores ao explicar os eventos que deram início à franquia a partir do primeiro dia da invasão alienígena à Terra e a destruição das cidades (no caso, Nova York). 

O elenco também muda, contando agora com as ótimas atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn, além de efeitos visuais e sonoros que reforçam o suspense e o terror da trama.


Do caos diário de uma das cidades mais barulhentas do mundo ao silêncio completo, a trama tem em Sam (Lupita Nyong'o, de "Nós" - 2019 e "Pantera Negra" - 2018) seu maior destaque. Ela é uma pessoa amarga e descrente, com doença em fase terminal, que passa a lutar por sua vida para sobreviver às criaturas. As cenas dramáticas e de tensão e, em especial as finais, com a atriz são dignas de uma vencedora do Oscar.

Em seu caminho, ela conhece o estudante de Direito Eric (Joseph Quinn, o Eddie, de "Stranger Things"), um jovem que terá de aprender como vencer seus medos, contando com a ajuda de Sam, e assumir o silêncio como uma arma para sua sobrevivência. Especialmente nos momentos em que a dupla se vê frente a frente com os invasores. 


A parceria com Lupita funciona bem, tanto nas cenas de tensão quanto nas que os dois se permitem falar, com o som abafado pelo barulho da chuva. Este é um dos pontos inclusive que remete a "Um Lugar Silencioso" (2018) - quando Lee Abbott (John Krasinski) solta fogos para abafar os gritos da esposa Evelyn (Emily Blunt) durante o parto de seu bebê.  

A tensão provocada pelo possível ataque dos invasores predomina por toda a trama. Um caco de vidro quebrado ou o simples rasgar de uma roupa desencadeia momentos de pânico e terror, seguidos de um completo massacre. O diretor e roteirista Michael Sarnoski soube empregar bem os efeitos visuais e sonoros nestas situações.


Sarnoski também surpreende o público com um novo personagem, o gato Frodo, que acompanha Sam por toda parte e a coloca em algumas enrascadas. O bichano fofinho (na verdade, são dois intérpretes felinos - Nico e Schnitzel) tem papel fundamental na história, inclusive ajudando a revelar o motivo da invasão.

Outro ator que tem a origem de seu personagem explicada na franquia é Djimon Hounsou, como Henri. Ele é um pai que está tentando salvar a família após a invasão. 

O personagem apareceu pela primeira vez em "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) como o homem da ilha que abriga Evelyn, os filhos e Emmett (Cillian Murphy) na comunidade criada pelos sobreviventes. Ainda no elenco estão Alex Wolff e Deni O'Hare.


O terceiro filme pode não provocar o mesmo impacto dos anteriores, mas ajuda muito a esclarecer alguns pontos, como foi o dia da invasão alienígena, o massacre inicial, a adaptação inicial ao silêncio e a fuga de algumas pessoas das áreas ocupadas pelos alienígenas. 

A produção merece ser conferida no cinema para aproveitar melhor a parte técnica. Se não assistiu os dois primeiros filmes, não perca, eles estão disponíveis nas plataformas de streaming Prime Vídeo, Apple TV+ e Google Play.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Sarnoski
Produção e distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, suspense, terror

14 junho 2024

"Os Observadores" une terror e fantasia em trama repleta de reviravoltas

Filme de estreia de Ishana Shyamalan como diretora explora a necessidade das pessoas de serem "notadas" (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Carolina Cassese

Nos dias atuais, são muitas as pessoas que imploram para serem observadas. Parece que estamos vivendo uma constante disputa de “olhe para mim”, em especial nas redes sociais, onde tantos sentem a necessidade de mostrar o que estão fazendo e, mais especificamente, o que estão conquistando. Afinal de contas, o tom instagramável é sempre muito positivo. 

Um filme de terror chamado "Os Observadores" ("The Watchers"), que apresenta elementos como câmeras e muito espelhos, parece inegavelmente dialogar com o momento atual. O longa, em cartaz nos cinemas, é dirigido por Ishana Night Shyamalan, filha do ilustre cineasta M. Night Shyamalan (que assina como produtor). 


A história, baseada em um romance de A.M. Shine, é centrada em Mina (Dakota Fanning), uma jovem que precisa ir ao oeste da Irlanda para realizar uma tarefa de trabalho. No entanto, seu carro estraga e ela se encontra perdida numa floresta assustadora. 

Desesperada, a personagem começa a correr e encontra um pequeno bunker com uma mulher na porta, Madeleine (Olwen Fouere), que a conduz para dentro.

Nesse lugar, composto por três paredes e uma grande janela, também estão os personagens Ciara (Georgina Campbell) e Daniel (Oliver Finnegan). Mia logo fica sabendo das regras: todas as noites, os prisioneiros devem se expor às criaturas da floresta,"os observadores". 


Eles devem formar filas como manequins de vitrines e, em seguida, se tornam atrações para aqueles que estão assistindo. Os elementos de fantasia aparecem principalmente quando entendemos melhor a história dos “observadores”, criaturas mágicas e primordialmente perigosas. 

O grupo de prisioneiros, por sua vez, só pode sair do bunker durante o dia, quando encontram comida e andam pela floresta - nas horas vagas, a única possibilidade de entretenimento é o DVD de um reality show de casais, outro aceno à tendência do ser humano em se expor das maneiras mais inacreditáveis.


Como já foi mencionado, elementos como câmeras e espelhos aparecem frequentemente no longa, que também trabalha muito com a ideia do "duplo". Para começar, Mia tem uma irmã gêmea, com quem não fala há anos por conta de um trauma familiar. 

Além disso, a personagem costuma "repetir" tudo o que dizem para ela, o que se torna perturbador em determinados momentos do longa.

Assim como pode ser visto no recente lançamento de terror "Fale Comigo" (2023), aqui o luto também aparece como um pano de fundo importante: Mia perdeu a mãe num acidente de carro e, por essa razão, parece estar ainda mais vulnerável a ser vítima de assombrações. 

Em determinado momento, ela até mesmo se compara às criaturas da floresta, pois acredita que às vezes “não consegue encontrar a própria humanidade”. 


Há sem dúvidas muitas temáticas psicológicas interessantes presentes na história, mas as mesmas infelizmente não são bem trabalhas no decorrer do longa, que apresenta problemas significativos de ritmo. 

A estreia de Ishana Shyamalan, vale dizer, foi mal recebida pela maior parte da crítica e dividiu a opinião do público: enquanto uma parte considerou que o filme é bom entretenimento (e apresenta ideias inovadoras), outros afirmaram que as revelações não são de fato surpreendentes.

Para os que se interessaram pela história, muitos críticos recomendam a leitura do elogiado livro homônimo, que inclusive deve ganhar uma continuação em outubro deste ano. 

Por sua vez, o filme está longe de ser o melhor lançamento de terror do ano, mas, para os fãs do gênero e de fantasia, vale conferir e tirar as próprias conclusões - afinal de contas, o sobrenome Shyamalan segue influenciando significativamente a cena cinematográfica.


Ficha técnica:
Direção:
Ishana Shyamalan
Produção: Warner Bros. Pictures, Blinding Edge Pictures, New Line Cinema
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense, fantasia

10 maio 2024

"Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” continua fraco em sua narrativa

Terror é apenas uma sequência um pouco melhor que o filme original (Fotos: Imagem Filmes)


Marcos Tadeu


Com uma narrativa fraca e aproveitando o sucesso do filme original, o longa "Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2" ("Winnie-The-Pooh: Blood And Honey 2"), dirigido por Rhys Frake-Waterfield, ainda pode ser conferido nos cinemas. 

Como no primeiro, a sequência se baseia nos contos de fadas que, após cair em domínio público, ganhou versões de terror, criando situações assustadoras e  chocantes com os personagens, que agora não são mais os fofinhos dos desenhos.


Nesta continuação, após escapar dos horrores do Bosque dos 100 Acres, Christopher Robin (Scott Chambers) enfrenta o descrédito em sua pequena cidade, assombrado pelas memórias de seu irmão sequestrado e pelos eventos sombrios que testemunhou. 

Fazendo terapia e hipnose, ele luta para desvendar o mistério por trás dos recentes assassinatos brutais que estão ocorrendo na comunidade. 


Todos suspeitam dele, mas Christopher sabe que seus antigos amigos de infância, Pooh (Ryan Oliva), Leitão (Eddy MacKenzie), Corujão (Marcus Massey) e Tigrão (Lewis Santer) estão por trás desses eventos. 

Determinado a proteger sua irmã Lexy (Tallulah Evans) e a cidade, Christopher embarca em uma jornada para descobrir a verdade antes que seja tarde demais.

O longa merece crédito por ser melhor que o original, mas esse é seu único ponto positivo. Ele avança na história ao explorar mais o comportamento dos amigos de Pooh e os conflitos de Christopher Robin diante da situação que está vivendo. Ao contrário do primeiro filme. 


Temos novas participações, como a do Tigrão, que apesar de prometer muito no longa original, ficou apenas como um coadjuvante de luxo nesta continuação. Quem dita as regras agora é o Corujão, que mais parece um urubu com fantasia de shopping, mas que convence com suas falas e o tom ameaçador. 

Pooh continua sendo o protagonista, vingando seus amigos e “tacando o terror”. Mais brutal em relação ao original, o longa deixa claro que o terror slasher de qualidade duvidosa pode agradar apenas quem curte vísceras, sangue e mortes das mais variadas formas.


“Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” continua sendo um filme fraco, por mais que tente explorar novos elementos e se consagrar como franquia. Ainda teremos um terceiro filme, quase um Multiverso  de Contos de Fadas, previsto para os próximos anos. O que prova que ainda há público para este gênero. 

Trata-se de um filme que só vale a pena assistir pela curiosidade em ver personagens da infância numa versão assustadora e cruel. Se seguir os moldes do primeiro, poderá conquistar grande bilheteria, mas tem de gostar muito.


Ficha técnica:
Direção: Rhys Frake-Waterfield
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gênero: terror slasher

14 março 2024

“Imaginário: Brinquedo Diabólico” comprova que o cinema não precisava de outro brinquedo assassino

Na trama, um ursinho de pelúcia atormenta a família de sua antiga dona que o abandonou na infância quando se mudou da casa (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Larissa Figueiredo

Estreando nesta quinta-feira nos cinemas, o terror "Imaginário: Brinquedo Diabólico" ("Imaginary") traz a aposta de um novo brinquedo assassino repleto de lugares comuns do gênero do terror misturado a um humor que permeia o “trash”. A nova produção da Blumhouse, em parceria com a Lionsgate, é dirigida por Jeff Wadlow. 

A trama narra o dilema de Jessica (DeWanda Wise, que também é produtora executiva do filme), uma ilustradora recém-casada que decide retornar à sua antiga casa da infância com o marido Max (Tom Payne) e as duas filhas dele. 

Quando chegam ao local, a mais jovem, Alice (Pyper Braun), fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar de a interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficarem sinistras. 


O brinquedo desafia a menina em um jogo de caça tesouros macabro que é a chave para um mundo de imaginação, literalmente. Segredos sobre a infância de Jessica começam a vir à tona quando ela percebe que o amigo imaginário de sua enteada é o mesmo que a acompanhou em sua infância e que se tornou muito infeliz por ter sido abandonado.

A produção, apesar de fazer parte do leque de apostas da Blumhouse, passou longe do sucesso de “M3gan” (2022), "Telefone Preto" (2022), "O Homem Invisível" (2019), o clássico “Corra!” (2017) e o recente “Five Nights At Freddy’s” (2023). Os efeitos visuais, além de não impactarem e não cumprirem sua função enquanto parte do gênero terror, perdem o “timing” em cena. Eles permanecem em tela para além da finalidade do susto propriamente dito, fazendo com que o espectador se acostume com o que deveria ser extraordinário. 


O filme deixa a desejar também nas cenas de ação. Não há luta pela sobrevivência nem grandes doses de violência. Tudo se resolve na força do roteiro e no superpoder da amizade entre as protagonistas, que evadem de situações complexas sem muitas explicações. Aliás, o roteiro deixa a desejar no quesito originalidade, não há nada de inovador em "Imaginário: Brinquedo Diabólico". 

Fora o clímax do longa, todo o resto caminha em um ritmo lento, repleto de informações dispensáveis que não são explicadas no desenrolar da obra, como o paradeiro da mãe das enteadas de Jesus. O que aconteceu com ela antes que as meninas se mudassem? Será que havia relação com o brinquedo? O filme não esclarece, apenas deixa indícios de que ela teria enlouquecido. 

Dois plot twists interessantes definitivamente salvaram o longa da monotonia total e trazem certa emoção e curiosidade à obra.


Ficha técnica
Direção: Jeff Wadlow
Produção: Blumhouse, Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart e Cinemark e no Cinépolis Estação BH
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

07 fevereiro 2024

"Baghead: A Bruxa dos Mortos" decepciona em todos os quesitos

Terror de quase 90 minutos não assusta e deixa o estrago para  entidade maligna tentar consertar
(Fotos: Imagem Films)


Maristela Bretas


Apesar de a produtora Vertigo Entertainment ser a mesma de ótimos filmes de terror como "It: A Coisa" (2017) e "Noites Brutais" (2022), "Baghead: A Bruxa dos Mortos" deixa muito a desejar. O susto é quase zero e a duração de quase 90 minutos é sofrida e não se justifica para um roteiro com diálogos fracos e mal desenvolvidos que atrapalham até mesmo a atuação do elenco. 

Tudo se passa quando a jovem Íris Lark (Freya Allan, da série "The Witcher") herda um antigo bar que pertenceu a seu pai, Owen Lark (Peter Mullan), que teve uma morte violenta dentro do casarão onde ele morava e funcionava o bar. Mal ela assina a escritura e se torna dona do local, descobre que o porão abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos.


Íris conta com sua melhor amiga Katie (Ruby Barker) para tentar explorar os poderes da criatura ajudando pessoas desesperadas em troca de dinheiro - dois mil dólares por dois minutos com a criatura. 

O primeiro a aparecer é o misterioso Neil (Jeremy Irvine). Mas elas vão descobrir que Baghead não pode ser controlada e precisa ser destruída antes que mate todos e escape do porão.

A estratégia do diretor Alberto Corredor de usar flashbacks em histórias passadas para explicar o surgimento da entidade maligna confunde e leva o público a perder o fio da meada. O final é previsível, sem reviravoltas e o elenco não tem nomes de destaque. 


Cabe a Baghead (Anne Müller) segurar a trama, se é que isso é possível. Um ponto positivo é a máscara da entidade, realmente assustadora. Na verdade, o único susto do filme é quando ela aparece sem o capuz. 

O filme é repleto de clichês já desgastados. Incomoda ver diretores de filmes de terror insistirem em situações mais que batidas para causarem pânico ou medo.  Como os ambientes escuros e sombrios onde as entidades do mal habitam. 


Há também das cenas das pessoas entrando e até dormindo nesses lugares, mesmo após serem atacadas ou sabendo que ele é amaldiçoado. Não faltam as repetitivas luzes apagando e acendendo, quadros que caem das paredes, ruídos atrás das portas ao som de uma música para criar um clima, que, de tão mal utilizadas não criam mais suspense. 


Em "Baghead" não é diferente. São poucas as cenas a céu aberto, apenas o tempo de sair do casarão e entrar em outro prédio, também escuro. O espectador fica sem saber o que está acontecendo no ambiente, cria apenas confusão. Os cortes são bruscos e não geram o suspense esperado em muitas cenas. 

Uma pena que "Baghead: A Bruxa dos Mortos" tenha ficado muito aquém do esperado. Infelizmente não foi uma boa estreia de Alberto Corredor como diretor. Boa sorte para quem for conferir no cinema.


Ficha técnica:
Direção: Alberto Corredor
Produção: StudioCanal, Vertigo Entertainment
Distribuição: Imagem Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

09 dezembro 2023

"O Jogo da Invocação": sobreviva ou pague o preço

Uma faca amaldiçoada torna uma família refém do demônio, vivendo uma situação, sem saída, de medo e terror
(Fotos: Diamond Films)


Filipe Matheus


Imagine ouvir uma voz macabra que chama seu nome o tempo todo. Esta é a sensação provocada pelo filme de terror "O Jogo da Invocação" ("All Fun And Games"), que está em cartaz nos cinemas e vai deixar você com muito medo e provocar arrepios.

No longa, adolescentes de Salem se envolvem num jogo e acabam libertando um demônio preso em uma faca amaldiçoada. O grupo é forçado a participar de versões malignas de jogos infantis e terá que fazer de tudo para sobreviver a essa partida mortal.


Os irmãos Jonah (Benjamin Evan Ainsworth), Marcus (Asa Butterfield) e Billie (Natalia Dyer), agora com um demônio à solta, vão buscar por sobrevivência. É a única esperança que lhes resta. Parar de jogar não é uma opção.

Medo, ansiedade, vozes e as cenas macabras dão vontade de sair correndo do cinema. Situações semelhantes a lendas urbanas, em que o personagem não sabe o que fazer quando encontra um ser aterrorizante.


Asa Butterfield ("O Lar das Crianças Peculiares" - 2016) tem uma atuação impecável e demoníaca, especialmente com a marca na testa. O ator mostra que sabe trabalhar de diferentes maneiras. 

Os demais integrantes do elenco também cumprem bem seus papéis, ajudando a envolver ainda mais o espectador no ambiente de pânico e desespero.

Uma falha no enredo é a pouca exploração dos jogos, o que ajudaria o público a compreender melhor a história e a sentir mais medo ao assistir o filme. Mas se você gosta de filmes de terror, não pode deixar de conferir "O Jogo da Invocação", porque se desistir do game não sobrevive.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Eren Celeboğlu e Ari Costa
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h16
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

26 outubro 2023

"Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", um terror que não dá medo nem assusta

Filme é baseado no videogame criado por Scott Cawthon em 2014, que fez sucesso entre adolescentes
(Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Uma pizzaria abandonada, um agenciador de empregos suspeito, bonecos animatrônicos que ganham vida e um desempregado desesperado para conseguir uns trocados. Tem de tudo um pouco em "Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", menos terror e suspense. O longa, que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros, apesar da expectativa pode decepcionar. Não causa medo nem assusta.


A narrativa, que tinha tudo para ser um sucesso como o sinistro videogame criado por Scott Cawthon em 2014, tem um roteiro fraco, que derruba a trama logo no início, deixando claro quem é o vilão e qual rumo a história irá tomar. 

O enredo está mais preocupado em explorar um drama familiar e perde o foco de assustar o espectador que foi ao cinema em busca de um bom terror, recheado de perseguições num ambiente sombrio. Até mesmo quem nunca teve contato com a famosa série de jogos que conquistou centenas de fãs adolescentes vai perceber claramente os clichês. 


O ponto positivo e de destaque do filme são os bonecos mecânicos, criados pela Creature Shop, de Jim Henson, que seguem o visual do game e deixaram os personagens mais reais.

Freddy (o urso que dá nome ao lugar), Chica (que parece um canário), Cupcake (um doce), Foxy (o lobo caolho) e Bonnie (a coelha) estão muito bons e chegam a ser até fofinhos, apesar de destruídos pelo abandono. Afinal, um dia eles foram a alegria da criançada no local. Mas a trama perde ao tirar o forte do jogo que é a caçada dos bonecos às pessoas que estão dentro da pizzaria. 

Outro ponto favorável é a ambientação escura e decadente da pizzaria, com luzes piscando e objetos inanimados e mobiliário encostados nos cantos. Isso ajudou a dar o aspecto sombrio que o lugar exigia, além da boa trilha sonora adequada.


O filme acompanha Mike Schmidt (papel de Josh Hutcherson, da franquia "Jogos Vorazes"), um rapaz problemático que não consegue parar em emprego nenhum. No desespero para pagar as contas e sustentar a irmã, ele aceita a proposta de Steve Raglan (Matthew Lillard, o Salsicha do filme "Scooby-Doo") para trabalhar por cinco noites como segurança da abandonada Pizzaria Freddy Fazbear. 

Já no primeiro dia, ele percebe que o turno da noite no Freddy's não será tão fácil assim e vai precisar contar com a ajuda da policial Vanessa (Elizabeth Lail, da série "Once Upon a Time") para entender o que acontece na pizzaria. 

Para piorar, sua irmã Abby (Piper Rubio) tem uma forte ligação com os bonecos. Exceto pela veterana Mary Stuart Masterson, como a tia de Mike, o restante do elenco é formado por atores e atrizes desconhecidos.


Mesmo sendo produzido pela Blumhouse, responsável por ótimos longas de terror, como "M3GAN" (2023), "O Telefone Preto" (2022) e "O Homem Invisível" (2020), a adaptação para as telonas de "Five Nights At Freddy’s - O Pesadelo sem Fim" ficou a desejar e perdeu a chance de ser um dos sucessos deste ano.  

Fica a dica: não saia antes da meteórica cena pós-crédito, que reforça a possibilidade de uma sequência, ainda tentando aproveitar o sucesso da franquia do videogame.


Ficha técnica:
Direção: Emma Tammi
Produção: Blumhouse Productions e Vertigo Entertainment
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror

12 outubro 2023

“O Exorcista - O Devoto” é corajoso, mas a coragem nunca é um bom sinal no horror

Produção traz “jump scares” que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada (Fotos: Universal Pictures)


Wallace Graciano


Antes de lhe passar uma opinião sobre “O Exorcista - O Devoto” ("The Exorcist - Believer"), preciso traçar contigo um limite, caro leitor: dispa-se de suas convicções sobre a obra pregressa, “O Exorcista”. Afinal, estamos tratando de um épico, de um longa que fez com que um gênero todo girasse ao seu redor e deixasse o underground e colocasse o horror/terror na cultura pop. 

Isso posto, preciso deixar claro que o filme que estreia neste 12 de outubro, Dia das Crianças, em todo o Brasil, está bem longe de igualar a película de 1973. Primeiro, por conta das expectativas e comparações, que são, de longe, o maior entrave para qualquer obra que ouse fazer uma releitura de um clássico. Segundo, porque o roteiro é bem costurado, mas peca em alguns pontos essenciais onde o ápice batia à porta.


“O Devoto”, se assim podemos chamar neste ponto para não confundir com a icônica obra escrita por William Peter Blatty, bebe da fonte da suas antecessoras (“Exorcista II - O Herege” - 1977, “O Exorcista III” - 1990 e “O Exorcista - O Início” - 2004), mas abre caminho para novos filmes da franquia. Nele, a temática de possessão continua presente, com os feitos do passado da Igreja Católica sendo evocados, mas com certo ar de dúvidas que assolam suas próprias certezas.


Em “O Devoto”, Angela (Lidya Jewett) e Katherine (Olivia O'Neill), duas amigas de 13 anos, ganham o protagonismo que outrora foi de Regan (vivida por Linda Blair), que na obra original foi possuída por Pazuzu (spoiler de 50 anos…). 

Após enganarem seus pais e irem a uma floresta para tentar aflorar sua espiritualidade, elas se perdem no caminho, voltando após três dias com comportamentos erráticos e agressivos. Aqui você já deve bem suspeitar o que ocorreu…


Pois bem, é nesse ponto que a trama se desenvolve. Mesmo que com personagens pouco cativantes (incluindo as meninas, que foram pouco desenvolvidas), o filme passa a buscar novas soluções para as possessões do presente através do passado. 

Entre elas, inclusive, está um fanservice, onde o pai de Angela recorre a Chris MacNeil (mãe de Regan), interpretada novamente por Ellen Burstyn, para trazer respostas para o tortuoso caminho que as meninas teriam pela frente. 


E de forma surpreendentemente positiva, a trama, apesar de evocar uma forte personagem do passado, não fica presa ao enredo de outrora para explicar a possessão. 

Agora, “O Devoto” tenta transformar a Igreja Católica como personagem ativa de todo o processo, mas não como única e central, fazendo com que o sincretismo religioso seja uma força na luta contra o mal, incluindo a presença e união de religiões de matrizes africanas e protestantes. 


Em um nicho clichê, onde vários filmes de possessão esgotaram por completo todas as narrativas que se tornaram repetitivas com os mesmos roteiros de sempre, "O Exorcista - O Devoto" acerta ao ousar tentar trilhar um novo caminho. Agora, do ateísmo ao preconceito religioso são colocados em xeque enquanto as certezas se dissolvem. Porém, peca ao desenvolver muito mal seus personagens e trazer jump scares que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada.

Em síntese, "O Exorcista - O Devoto", tal qual Angela e Katherine, peca em suas ações, mas compensa pela coragem do enredo e por um final que pouco se espera. Porém, se quer abrir um caminho para novas adaptações, precisa evoluir. E muito. Afinal, se uma coisa que o horror nos ensinou muito bem nesse meio século é que a coragem é sempre válida, mas perigosa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: David Gordon Green
Produção: Universal Pictures, Blumhouse Productions, Morgan Creek Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: terror

28 setembro 2023

"Jogos Mortais X" volta ao passado e se reinventa como franquia

Décimo capítulo se passa entre os eventos do primeiro e segundo filmes e resgata o assustador Jigsaw (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


O mais novo capítulo da franquia "Jogos Mortais X" ("Saw X") chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, com uma boa novidade: o retorno do ator Tobin Bell, interpretando John Kramer/Jigsaw. Também no elenco principal estão Steven Brand, Synnøve Macody Lund e Shawnee Smith. 

O diretor Kevin Greutert retorna em um filme icônico, cheio de simbolismo e de toda mitologia da franquia construída até aqui. E o público ainda poderá assistir este filme com ingressos a preços populares de R$ 12,00 na Semana do Cinema, que acontece de hoje a 4 de outubro em dezenas de salas do país.


Em "Jogos Mortais X", que se passa entre os eventos do primeiro e do segundo filmes, vemos Kramer, mais velho, doente e desesperado, que parte em uma viagem para o México em busca de um procedimento experimental e uma cura milagrosa para seu câncer. 

Ao descobrir que toda a operação é, na verdade, um golpe, Jigsaw entra em cena para vingar todos os que fizeram mal a ele e a todas as vítimas inocentes mortas. Em um jogo brutal, o protagonista cria armadilhas mais cruéis e dementes do que nunca. Este episódio é o primeiro que se passa no México.

O ritmo do filme é um pouco lento no início, dando a impressão de que as coisas não vão acontecer. Esse talvez seja um ponto negativo do roteiro, que se perde em relação à linha de ação que nosso protagonista irá focar. 


No entanto, a forma como John Kramer busca sua cura é muito bem apresentada, dando tempo para o público entender seu problema. Também temos participações especiais de personagens que marcaram a franquia, o que deverá agradar quem acompanha "Jogos Mortais" nesses quase 20 anos.

As armadilhas e os jogos mantêm sua essência e há um esforço notável para agradar aos fãs, incluindo a presença icônica do boneco em cima da bicicleta velha e as gravações com a voz de Jigsaw usando o jargão "Eu quero jogar um jogo com você". 

A trilha sonora clássica também está presente, embora com uma roupagem nova. A espinha dorsal do que torna "Jogos Mortais" único está bem representada e é um prato cheio para os fãs.


Talvez este seja o filme que mais nos faz questionar quem é o mocinho e quem é o vilão, devido à forma como o roteiro apresenta os personagens. Isso se aplica principalmente ao novo grupo de atores que injeta energia nesse jogo repleto de aflição. Destaque para a dra. Cecília Pederson (Synnøve Macody Lund), a enfermeira Valentina (Paulette Hernandez), Gabriela (Renata Vaca) e seu amante cirurgião Mateo (Octavio Hinojosa).

Arrisco dizer que este é o episódio de "Jogos Mortais" mais pessoal de toda a jornada de John Kramer até agora, explorando questões morais e éticas ao longo da franquia. Sem dúvida, o décimo capítulo traz muitas novidades, especialmente em seu ato final, com reviravoltas surpreendentes e um desfecho digno de continuação. 


A direção de Kevin Greutert é respeitosa com a franquia, especialmente porque ele já dirigiu alguns capítulos anteriores, como "Jogos Mortais 6" (2009) e "Jogos Mortais: O Final" (2010), demonstrando maestria e familiaridade ao retornar com o famoso personagem após quase 13 anos longe das telas. 

Este filme funciona bem por si só, sendo uma ótima oportunidade para novos fãs conhecerem a franquia, embora seja importante estar preparado. "Jogos Mortais" não é para os fracos de estômago, apresenta cenas de tortura de diversas formas, com muito sangue que causam repugnância. 

No entanto, o enredo é bem construído e repleto de reviravoltas, tornando cada jogo mais tenso e fazendo com que questionemos se as pessoas merecem ou não passar por esses desafios para sobreviver. Dito isso, fica o aviso.


"Jogos Mortais X" consegue se reinventar, mesmo que voltando ao passado para explicar suas motivações. O sucesso de crítica e de bilheteria é quase certo. É importante mencionar que o filme possui duas cenas pós-créditos curtas, mas que ajudam a conectar com outras produções da franquia. Estas cenas dão pistas sobre o que podemos esperar no futuro, incluindo personagens icônicos, principalmente do primeiro filme, dirigido por James Wan em 2004. 

Para um melhor aproveitamento do filme, as redes Cinemark e Cinépolis contarão com sessões D-BOX e 4DX respectivamente, em versões dubladas e legendadas. O filme também está em exibição em sessões 2D nas salas da rede Cineart.


Ficha técnica:
Direção: Kevin Greutert
Produção: Lionsgate e Twisted Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense