Mostrando postagens com marcador #terror. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #terror. Mostrar todas as postagens

14 março 2024

“Imaginário: Brinquedo Diabólico” comprova que o cinema não precisava de outro brinquedo assassino

Na trama, um ursinho de pelúcia atormenta a família de sua antiga dona que o abandonou na infância quando se mudou da casa (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Larissa Figueiredo

Estreando nesta quinta-feira nos cinemas, o terror "Imaginário: Brinquedo Diabólico" ("Imaginary") traz a aposta de um novo brinquedo assassino repleto de lugares comuns do gênero do terror misturado a um humor que permeia o “trash”. A nova produção da Blumhouse, em parceria com a Lionsgate, é dirigida por Jeff Wadlow. 

A trama narra o dilema de Jessica (DeWanda Wise, que também é produtora executiva do filme), uma ilustradora recém-casada que decide retornar à sua antiga casa da infância com o marido Max (Tom Payne) e as duas filhas dele. 

Quando chegam ao local, a mais jovem, Alice (Pyper Braun), fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar de a interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficarem sinistras. 


O brinquedo desafia a menina em um jogo de caça tesouros macabro que é a chave para um mundo de imaginação, literalmente. Segredos sobre a infância de Jessica começam a vir à tona quando ela percebe que o amigo imaginário de sua enteada é o mesmo que a acompanhou em sua infância e que se tornou muito infeliz por ter sido abandonado.

A produção, apesar de fazer parte do leque de apostas da Blumhouse, passou longe do sucesso de “M3gan” (2022), "Telefone Preto" (2022), "O Homem Invisível" (2019), o clássico “Corra!” (2017) e o recente “Five Nights At Freddy’s” (2023). Os efeitos visuais, além de não impactarem e não cumprirem sua função enquanto parte do gênero terror, perdem o “timing” em cena. Eles permanecem em tela para além da finalidade do susto propriamente dito, fazendo com que o espectador se acostume com o que deveria ser extraordinário. 


O filme deixa a desejar também nas cenas de ação. Não há luta pela sobrevivência nem grandes doses de violência. Tudo se resolve na força do roteiro e no superpoder da amizade entre as protagonistas, que evadem de situações complexas sem muitas explicações. Aliás, o roteiro deixa a desejar no quesito originalidade, não há nada de inovador em "Imaginário: Brinquedo Diabólico". 

Fora o clímax do longa, todo o resto caminha em um ritmo lento, repleto de informações dispensáveis que não são explicadas no desenrolar da obra, como o paradeiro da mãe das enteadas de Jesus. O que aconteceu com ela antes que as meninas se mudassem? Será que havia relação com o brinquedo? O filme não esclarece, apenas deixa indícios de que ela teria enlouquecido. 

Dois plot twists interessantes definitivamente salvaram o longa da monotonia total e trazem certa emoção e curiosidade à obra.


Ficha técnica
Direção: Jeff Wadlow
Produção: Blumhouse, Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart e Cinemark e no Cinépolis Estação BH
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

07 fevereiro 2024

"Baghead: A Bruxa dos Mortos" decepciona em todos os quesitos

Terror de quase 90 minutos não assusta e deixa o estrago para  entidade maligna tentar consertar
(Fotos: Imagem Films)


Maristela Bretas


Apesar de a produtora Vertigo Entertainment ser a mesma de ótimos filmes de terror como "It: A Coisa" (2017) e "Noites Brutais" (2022), "Baghead: A Bruxa dos Mortos" deixa muito a desejar. O susto é quase zero e a duração de quase 90 minutos é sofrida e não se justifica para um roteiro com diálogos fracos e mal desenvolvidos que atrapalham até mesmo a atuação do elenco. 

Tudo se passa quando a jovem Íris Lark (Freya Allan, da série "The Witcher") herda um antigo bar que pertenceu a seu pai, Owen Lark (Peter Mullan), que teve uma morte violenta dentro do casarão onde ele morava e funcionava o bar. Mal ela assina a escritura e se torna dona do local, descobre que o porão abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos.


Íris conta com sua melhor amiga Katie (Ruby Barker) para tentar explorar os poderes da criatura ajudando pessoas desesperadas em troca de dinheiro - dois mil dólares por dois minutos com a criatura. 

O primeiro a aparecer é o misterioso Neil (Jeremy Irvine). Mas elas vão descobrir que Baghead não pode ser controlada e precisa ser destruída antes que mate todos e escape do porão.

A estratégia do diretor Alberto Corredor de usar flashbacks em histórias passadas para explicar o surgimento da entidade maligna confunde e leva o público a perder o fio da meada. O final é previsível, sem reviravoltas e o elenco não tem nomes de destaque. 


Cabe a Baghead (Anne Müller) segurar a trama, se é que isso é possível. Um ponto positivo é a máscara da entidade, realmente assustadora. Na verdade, o único susto do filme é quando ela aparece sem o capuz. 

O filme é repleto de clichês já desgastados. Incomoda ver diretores de filmes de terror insistirem em situações mais que batidas para causarem pânico ou medo.  Como os ambientes escuros e sombrios onde as entidades do mal habitam. 


Há também das cenas das pessoas entrando e até dormindo nesses lugares, mesmo após serem atacadas ou sabendo que ele é amaldiçoado. Não faltam as repetitivas luzes apagando e acendendo, quadros que caem das paredes, ruídos atrás das portas ao som de uma música para criar um clima, que, de tão mal utilizadas não criam mais suspense. 


Em "Baghead" não é diferente. São poucas as cenas a céu aberto, apenas o tempo de sair do casarão e entrar em outro prédio, também escuro. O espectador fica sem saber o que está acontecendo no ambiente, cria apenas confusão. Os cortes são bruscos e não geram o suspense esperado em muitas cenas. 

Uma pena que "Baghead: A Bruxa dos Mortos" tenha ficado muito aquém do esperado. Infelizmente não foi uma boa estreia de Alberto Corredor como diretor. Boa sorte para quem for conferir no cinema.


Ficha técnica:
Direção: Alberto Corredor
Produção: StudioCanal, Vertigo Entertainment
Distribuição: Imagem Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

09 dezembro 2023

"O Jogo da Invocação": sobreviva ou pague o preço

Uma faca amaldiçoada torna uma família refém do demônio, vivendo uma situação, sem saída, de medo e terror
(Fotos: Diamond Films)


Filipe Matheus


Imagine ouvir uma voz macabra que chama seu nome o tempo todo. Esta é a sensação provocada pelo filme de terror "O Jogo da Invocação" ("All Fun And Games"), que está em cartaz nos cinemas e vai deixar você com muito medo e provocar arrepios.

No longa, adolescentes de Salem se envolvem num jogo e acabam libertando um demônio preso em uma faca amaldiçoada. O grupo é forçado a participar de versões malignas de jogos infantis e terá que fazer de tudo para sobreviver a essa partida mortal.


Os irmãos Jonah (Benjamin Evan Ainsworth), Marcus (Asa Butterfield) e Billie (Natalia Dyer), agora com um demônio à solta, vão buscar por sobrevivência. É a única esperança que lhes resta. Parar de jogar não é uma opção.

Medo, ansiedade, vozes e as cenas macabras dão vontade de sair correndo do cinema. Situações semelhantes a lendas urbanas, em que o personagem não sabe o que fazer quando encontra um ser aterrorizante.


Asa Butterfield ("O Lar das Crianças Peculiares" - 2016) tem uma atuação impecável e demoníaca, especialmente com a marca na testa. O ator mostra que sabe trabalhar de diferentes maneiras. 

Os demais integrantes do elenco também cumprem bem seus papéis, ajudando a envolver ainda mais o espectador no ambiente de pânico e desespero.

Uma falha no enredo é a pouca exploração dos jogos, o que ajudaria o público a compreender melhor a história e a sentir mais medo ao assistir o filme. Mas se você gosta de filmes de terror, não pode deixar de conferir "O Jogo da Invocação", porque se desistir do game não sobrevive.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Eren Celeboğlu e Ari Costa
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h16
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

26 outubro 2023

"Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", um terror que não dá medo nem assusta

Filme é baseado no videogame criado por Scott Cawthon em 2014, que fez sucesso entre adolescentes
(Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Uma pizzaria abandonada, um agenciador de empregos suspeito, bonecos animatrônicos que ganham vida e um desempregado desesperado para conseguir uns trocados. Tem de tudo um pouco em "Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", menos terror e suspense. O longa, que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros, apesar da expectativa pode decepcionar. Não causa medo nem assusta.


A narrativa, que tinha tudo para ser um sucesso como o sinistro videogame criado por Scott Cawthon em 2014, tem um roteiro fraco, que derruba a trama logo no início, deixando claro quem é o vilão e qual rumo a história irá tomar. 

O enredo está mais preocupado em explorar um drama familiar e perde o foco de assustar o espectador que foi ao cinema em busca de um bom terror, recheado de perseguições num ambiente sombrio. Até mesmo quem nunca teve contato com a famosa série de jogos que conquistou centenas de fãs adolescentes vai perceber claramente os clichês. 


O ponto positivo e de destaque do filme são os bonecos mecânicos, criados pela Creature Shop, de Jim Henson, que seguem o visual do game e deixaram os personagens mais reais.

Freddy (o urso que dá nome ao lugar), Chica (que parece um canário), Cupcake (um doce), Foxy (o lobo caolho) e Bonnie (a coelha) estão muito bons e chegam a ser até fofinhos, apesar de destruídos pelo abandono. Afinal, um dia eles foram a alegria da criançada no local. Mas a trama perde ao tirar o forte do jogo que é a caçada dos bonecos às pessoas que estão dentro da pizzaria. 

Outro ponto favorável é a ambientação escura e decadente da pizzaria, com luzes piscando e objetos inanimados e mobiliário encostados nos cantos. Isso ajudou a dar o aspecto sombrio que o lugar exigia, além da boa trilha sonora adequada.


O filme acompanha Mike Schmidt (papel de Josh Hutcherson, da franquia "Jogos Vorazes"), um rapaz problemático que não consegue parar em emprego nenhum. No desespero para pagar as contas e sustentar a irmã, ele aceita a proposta de Steve Raglan (Matthew Lillard, o Salsicha do filme "Scooby-Doo") para trabalhar por cinco noites como segurança da abandonada Pizzaria Freddy Fazbear. 

Já no primeiro dia, ele percebe que o turno da noite no Freddy's não será tão fácil assim e vai precisar contar com a ajuda da policial Vanessa (Elizabeth Lail, da série "Once Upon a Time") para entender o que acontece na pizzaria. 

Para piorar, sua irmã Abby (Piper Rubio) tem uma forte ligação com os bonecos. Exceto pela veterana Mary Stuart Masterson, como a tia de Mike, o restante do elenco é formado por atores e atrizes desconhecidos.


Mesmo sendo produzido pela Blumhouse, responsável por ótimos longas de terror, como "M3GAN" (2023), "O Telefone Preto" (2022) e "O Homem Invisível" (2020), a adaptação para as telonas de "Five Nights At Freddy’s - O Pesadelo sem Fim" ficou a desejar e perdeu a chance de ser um dos sucessos deste ano.  

Fica a dica: não saia antes da meteórica cena pós-crédito, que reforça a possibilidade de uma sequência, ainda tentando aproveitar o sucesso da franquia do videogame.


Ficha técnica:
Direção: Emma Tammi
Produção: Blumhouse Productions e Vertigo Entertainment
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror

12 outubro 2023

“O Exorcista - O Devoto” é corajoso, mas a coragem nunca é um bom sinal no horror

Produção traz “jump scares” que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada (Fotos: Universal Pictures)


Wallace Graciano


Antes de lhe passar uma opinião sobre “O Exorcista - O Devoto” ("The Exorcist - Believer"), preciso traçar contigo um limite, caro leitor: dispa-se de suas convicções sobre a obra pregressa, “O Exorcista”. Afinal, estamos tratando de um épico, de um longa que fez com que um gênero todo girasse ao seu redor e deixasse o underground e colocasse o horror/terror na cultura pop. 

Isso posto, preciso deixar claro que o filme que estreia neste 12 de outubro, Dia das Crianças, em todo o Brasil, está bem longe de igualar a película de 1973. Primeiro, por conta das expectativas e comparações, que são, de longe, o maior entrave para qualquer obra que ouse fazer uma releitura de um clássico. Segundo, porque o roteiro é bem costurado, mas peca em alguns pontos essenciais onde o ápice batia à porta.


“O Devoto”, se assim podemos chamar neste ponto para não confundir com a icônica obra escrita por William Peter Blatty, bebe da fonte da suas antecessoras (“Exorcista II - O Herege” - 1977, “O Exorcista III” - 1990 e “O Exorcista - O Início” - 2004), mas abre caminho para novos filmes da franquia. Nele, a temática de possessão continua presente, com os feitos do passado da Igreja Católica sendo evocados, mas com certo ar de dúvidas que assolam suas próprias certezas.


Em “O Devoto”, Angela (Lidya Jewett) e Katherine (Olivia O'Neill), duas amigas de 13 anos, ganham o protagonismo que outrora foi de Regan (vivida por Linda Blair), que na obra original foi possuída por Pazuzu (spoiler de 50 anos…). 

Após enganarem seus pais e irem a uma floresta para tentar aflorar sua espiritualidade, elas se perdem no caminho, voltando após três dias com comportamentos erráticos e agressivos. Aqui você já deve bem suspeitar o que ocorreu…


Pois bem, é nesse ponto que a trama se desenvolve. Mesmo que com personagens pouco cativantes (incluindo as meninas, que foram pouco desenvolvidas), o filme passa a buscar novas soluções para as possessões do presente através do passado. 

Entre elas, inclusive, está um fanservice, onde o pai de Angela recorre a Chris MacNeil (mãe de Regan), interpretada novamente por Ellen Burstyn, para trazer respostas para o tortuoso caminho que as meninas teriam pela frente. 


E de forma surpreendentemente positiva, a trama, apesar de evocar uma forte personagem do passado, não fica presa ao enredo de outrora para explicar a possessão. 

Agora, “O Devoto” tenta transformar a Igreja Católica como personagem ativa de todo o processo, mas não como única e central, fazendo com que o sincretismo religioso seja uma força na luta contra o mal, incluindo a presença e união de religiões de matrizes africanas e protestantes. 


Em um nicho clichê, onde vários filmes de possessão esgotaram por completo todas as narrativas que se tornaram repetitivas com os mesmos roteiros de sempre, "O Exorcista - O Devoto" acerta ao ousar tentar trilhar um novo caminho. Agora, do ateísmo ao preconceito religioso são colocados em xeque enquanto as certezas se dissolvem. Porém, peca ao desenvolver muito mal seus personagens e trazer jump scares que não conseguiriam assustar nem uma criança desalmada.

Em síntese, "O Exorcista - O Devoto", tal qual Angela e Katherine, peca em suas ações, mas compensa pela coragem do enredo e por um final que pouco se espera. Porém, se quer abrir um caminho para novas adaptações, precisa evoluir. E muito. Afinal, se uma coisa que o horror nos ensinou muito bem nesse meio século é que a coragem é sempre válida, mas perigosa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: David Gordon Green
Produção: Universal Pictures, Blumhouse Productions, Morgan Creek Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: terror

28 setembro 2023

"Jogos Mortais X" volta ao passado e se reinventa como franquia

Décimo capítulo se passa entre os eventos do primeiro e segundo filmes e resgata o assustador Jigsaw (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


O mais novo capítulo da franquia "Jogos Mortais X" ("Saw X") chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, com uma boa novidade: o retorno do ator Tobin Bell, interpretando John Kramer/Jigsaw. Também no elenco principal estão Steven Brand, Synnøve Macody Lund e Shawnee Smith. 

O diretor Kevin Greutert retorna em um filme icônico, cheio de simbolismo e de toda mitologia da franquia construída até aqui. E o público ainda poderá assistir este filme com ingressos a preços populares de R$ 12,00 na Semana do Cinema, que acontece de hoje a 4 de outubro em dezenas de salas do país.


Em "Jogos Mortais X", que se passa entre os eventos do primeiro e do segundo filmes, vemos Kramer, mais velho, doente e desesperado, que parte em uma viagem para o México em busca de um procedimento experimental e uma cura milagrosa para seu câncer. 

Ao descobrir que toda a operação é, na verdade, um golpe, Jigsaw entra em cena para vingar todos os que fizeram mal a ele e a todas as vítimas inocentes mortas. Em um jogo brutal, o protagonista cria armadilhas mais cruéis e dementes do que nunca. Este episódio é o primeiro que se passa no México.

O ritmo do filme é um pouco lento no início, dando a impressão de que as coisas não vão acontecer. Esse talvez seja um ponto negativo do roteiro, que se perde em relação à linha de ação que nosso protagonista irá focar. 


No entanto, a forma como John Kramer busca sua cura é muito bem apresentada, dando tempo para o público entender seu problema. Também temos participações especiais de personagens que marcaram a franquia, o que deverá agradar quem acompanha "Jogos Mortais" nesses quase 20 anos.

As armadilhas e os jogos mantêm sua essência e há um esforço notável para agradar aos fãs, incluindo a presença icônica do boneco em cima da bicicleta velha e as gravações com a voz de Jigsaw usando o jargão "Eu quero jogar um jogo com você". 

A trilha sonora clássica também está presente, embora com uma roupagem nova. A espinha dorsal do que torna "Jogos Mortais" único está bem representada e é um prato cheio para os fãs.


Talvez este seja o filme que mais nos faz questionar quem é o mocinho e quem é o vilão, devido à forma como o roteiro apresenta os personagens. Isso se aplica principalmente ao novo grupo de atores que injeta energia nesse jogo repleto de aflição. Destaque para a dra. Cecília Pederson (Synnøve Macody Lund), a enfermeira Valentina (Paulette Hernandez), Gabriela (Renata Vaca) e seu amante cirurgião Mateo (Octavio Hinojosa).

Arrisco dizer que este é o episódio de "Jogos Mortais" mais pessoal de toda a jornada de John Kramer até agora, explorando questões morais e éticas ao longo da franquia. Sem dúvida, o décimo capítulo traz muitas novidades, especialmente em seu ato final, com reviravoltas surpreendentes e um desfecho digno de continuação. 


A direção de Kevin Greutert é respeitosa com a franquia, especialmente porque ele já dirigiu alguns capítulos anteriores, como "Jogos Mortais 6" (2009) e "Jogos Mortais: O Final" (2010), demonstrando maestria e familiaridade ao retornar com o famoso personagem após quase 13 anos longe das telas. 

Este filme funciona bem por si só, sendo uma ótima oportunidade para novos fãs conhecerem a franquia, embora seja importante estar preparado. "Jogos Mortais" não é para os fracos de estômago, apresenta cenas de tortura de diversas formas, com muito sangue que causam repugnância. 

No entanto, o enredo é bem construído e repleto de reviravoltas, tornando cada jogo mais tenso e fazendo com que questionemos se as pessoas merecem ou não passar por esses desafios para sobreviver. Dito isso, fica o aviso.


"Jogos Mortais X" consegue se reinventar, mesmo que voltando ao passado para explicar suas motivações. O sucesso de crítica e de bilheteria é quase certo. É importante mencionar que o filme possui duas cenas pós-créditos curtas, mas que ajudam a conectar com outras produções da franquia. Estas cenas dão pistas sobre o que podemos esperar no futuro, incluindo personagens icônicos, principalmente do primeiro filme, dirigido por James Wan em 2004. 

Para um melhor aproveitamento do filme, as redes Cinemark e Cinépolis contarão com sessões D-BOX e 4DX respectivamente, em versões dubladas e legendadas. O filme também está em exibição em sessões 2D nas salas da rede Cineart.


Ficha técnica:
Direção: Kevin Greutert
Produção: Lionsgate e Twisted Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

07 setembro 2023

Valak está mais cruel e demoníaco em "A Freira 2"

Taissa Farmiga, agora Irmã Irene, terá de enfrentar novamente o temível demônio com roupa de freira (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Passados cinco anos desde o lançamento do primeiro filme, os fãs do terror vão reencontrar uma das mais temidas personagens da franquia Invocação do Mal. O assustador Valak, que usa o traje de freira, está de volta em "A Freira 2" ("The Nun 2"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas com força total e ainda mais cruel. 

A produção, dirigida por Michael Chaves ("A Maldição da Chorona" e "Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio" - ambos de 2019) e produção de James Wan, um dos criadores dos personagens da franquia, não poupa crianças, idosos, religiosos e o que atravessar pelo caminho de entidade demoníaca.  

O longa está mais aterrorizante e mesmo nos momentos de suspense, com a tradicional musiquinha de terror que indica que algo ruim vai acontecer, ainda é possível se assustar com a cena. 


Também estão de volta do filme original - "A Freira" (2018) os atores Taissa Farmiga, interpretando a Irmã Irene, Bonnie Aarons, como Valak, e Jonas Bloquet, repetindo seu papel como Maurício/Frenchie, o camponês francês que ajudou Irmã Irene na primeira produção. 

Para completar o elenco e entregando uma boa atuação temos ainda Storm Reid, como Irmã Debra, auxiliar da Irmã Irene.


Taissa Farmiga está amadurecida e mais segura no papel, dividindo bem o protagonismo com Bonnie Aarons, que arrasa como a freira-demônio. Por sinal, ela ganhou mais tempo de tela, o que agrada bastante, apesar do nível mais intenso de maldade. 

A entidade domina as cenas e a maquiagem está mais assustadora, especialmente quando a face do monstro é mostrada em close. Valak também ganhou ajudantes em sua nova aparição.

A personagem demoníaca foi apresentada em "Invocação do Mal 2" (2016), terror dirigido e roteirizado por James Wan, e dois anos depois ganhou seu primeiro filme, "A Freira" (2018), sob a direção de Corin Hardy.


Em 1956, quatro anos após os eventos do primeiro longa na Romênia, vários crimes com as mesmas características começam a ocorrer na França, inclusive o assassinato de um padre. Irmã Irene é chamada pelo Vaticano e precisará ficar frente a frente com Valak. 

O filme se passa num internato de jovens, que também será palco da nova batalha entre o bem e o mal, com cenas que entregam um bom suspense e muitos sustos. 


O cenário com pouca luz, em locais sombrios, foram bem pensados, oferecendo iluminação suficiente para identificar a sombra da entidade e acompanhar toda a ação. Diferente de muitos filmes atuais do gênero que não dá para saber quem é quem e o que está acontecendo. 

Isso aliado à boa trilha sonora composta por Marco Beltami e atuação dos personagens principais, incluindo Maurice, que tem papel fundamental na história.  


"A Freira 2" vale a pena ser conferido, especialmente se tiver assistido o primeiro. Este é ainda melhor e está entre os bons da franquia, fazendo também conexão com “Invocação do Mal 2”. Não saia correndo do cinema, a produção também tem cenas pós-crédito. 

Dica para quem quiser acompanhar a franquia pela ordem cronológica dos acontecimentos (e não dos lançamentos dos filmes):
"A Freira" (1952);
"A Freira 2" (1956);
"Annabelle 2" (1958);
"Annabelle" (1970);
"Invocação do Mal" (1971);
"Annabelle 3" (1972);
"Invocação do Mal 2" (1977);
“Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio" (1981).


Ficha técnica
Direção: Michael Chaves
Produção: Warner Bros., New Line Cinema, The Safran Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: terror

29 agosto 2023

Roteiro de "Toc Toc Toc - Ecos do Além" patina entre terror psicológico e real

Relação abusiva familiar é um das abordagens do terror baseado em conto do escritor Edgar Allan Poe
(Fotos: Paris Filmes)


Maristela Bretas


Edgar Allan Poe era, sem dúvida, um grande escritor de contos de terror e suspense. E foi um deles, "O Coração Revelador ("The Tell-Tale Heart"), de 1843, que serviu de inspiração para o roteiro de "Toc Toc Toc - Ecos do Além" ("Cobweb"), escrito por Chris Thomas Devlin, que estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas. 

Apesar de a história apontar para um final diferente do que se propunha, o que seria bem interessante, ela insiste nos clichês conhecidos. Cenas escuras (às vezes nem dá para ver o que está acontecendo), uma voz misteriosa vinda de uma parede, protagonistas com caras de psicopatas, uma criança retraída e sempre com medo e uma pessoa disposta a enfrentar o desconhecido para ajudá-la.


Inicialmente, o filme leva a crer que poderia ser um suspense, abordando temas como violência psicológica doméstica, bullying na escola e traumas provocados por uma relação abusiva dentro de casa. 

Mas a partir da segunda metade, o roteiro fica embolado e as cenas deixam a desejar. Começa uma explicação, deixa pela metade, já pula para outra cena, não se sabe nada da família de Peter, apenas que é assustadora, especialmente o pai. Os crimes acontecem, mas ninguém investiga e nem suspeita de ninguém. Tudo fica solto no ar.


Na história, Peter (Woody Norman), de 8 anos, é atormentado por um misterioso e constante barulho que vem de dentro da parede de seu quarto, um toque que seus pais abusivos insistem que se trata apenas da imaginação do garoto. 

À medida que o medo de Peter se intensifica, ele acredita que seus pais podem estar escondendo um segredo perigoso e passam a ameaçá-lo. O garoto passa a confiar apenas na professora e na voz misteriosa vinda da parede.


No elenco estão Antony Starr (pai) e Lizzy Caplan (mãe), ambos da série “The Boys” (2019 a 2022), da Prime Video, que conta com a produção de Seth Rogen e Evan Goldberg, os mesmos deste filme. A dupla também é roteirista de "As Tartarugas Ninja - Caos Mutante", que estreia também nesta quinta-feira (31) nos cinemas.

Destaque para Woody Norman, que pelo visto gostou de fazer o gênero - este é o segundo filme de terror este ano. O primeiro foi "Drácula - A Última Viagem do Deméter", que entrou em cartaz nos cinemas na semana passada. Também fazem parte do longa Cleopatra Coleman (a professora Miss Devine) e Ellen Dublin (a voz vinda da parede do quarto de Peter).


"Toc Toc Toc - Ecos do Além" não é um terror ruim, mas não provoca impacto, do tipo que faz a gente dar pulo na cadeira do cinema. Muito antes de a entidade dar as caras, o que acontece nos minutos finais, já dá para saber que não vai dar boa coisa para Peter. E agora, o que é capaz de provocar mais pavor: os pais do garoto ou a voz na parede? Só assistindo para saber.


Ficha técnica:
Direção: Samuel Bodin
Produção: Lionsgate, Vertigo Entertainment e Point Grey Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror

24 agosto 2023

"Drácula - A Última Viagem do Deméter" agrada pelo roteiro, produção e atuações

A famosa criatura do romance de Bram Stoker traz terror e sustos à telona (Fotos: Universal Pictures)


Eduardo Jr. e Maristela Bretas


Os fãs de "Crepúsculo" que me perdoem, mas o maior vampiro de todos os tempos está de volta. “Drácula: A Última Viagem do Deméter” ("The Last Voyage Of The Demeter"), é o longa do diretor norueguês André Ovredal, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, trazendo muitas mortes ao cair da noite. Trata-se de um terror que agrada por contar um capítulo da obra do escritor irlandês Bram Stoker, publicado em 1897. 

Com um bom roteiro, produção e parte técnica corretas, além de um elenco sem estrelas milionárias, mas que entregam boas interpretações, o filme segue um caminho diferente do costumeiro conde Drácula. 

A história aposta no famoso vampiro e como ele saiu de sua terra natal para procurar um "cardápio" diferente, do tipo sangue inglês correndo nas veias. 


Na história, o navio Deméter, comandado pelo capitão Eliot (o experiente Liam Cunningham, da série "Game of Thrones"), parte do porto da Romênia em direção a Londres com uma carga particular misteriosa que vai colocar toda a tripulação em risco. Ao longo do percurso, uma presença assustadora vai deixando um rastro de sangue e mortes.

No elenco principal também estão Corey Hawkins (“Infiltrado na Klan" - 2018) como Clemens, médico do navio, que luta para tentar salvar os ocupantes da embarcação, e o ator espanhol Javier Botet ("It - A Coisa" - 2017), no papel de Drácula.


Já na escolha da tripulação do navio que levará uma carga misteriosa da Romênia para a Londres, os avisos de que algo ruim vai acontecer são apresentados. 

Logo no início da viagem, o primeiro evento: a descoberta de uma mulher, Anna (Aisling Franciosi), dentro de uma das caixas transportadas. Um dos marujos diz que “a presença de mulheres em navios é sinônimo de azar”. 

Começa a ser construída a tensão do filme, com cenas escuras, silêncios e sustos, e o estranho ataque que mata todos os animais que estavam sendo transportados. Daí vem a sequência de mortes noturnas e a apresentação em relances do Drácula. 


A maquiagem do vampiro ficou ótima, é assustadora, mesmo o personagem não tendo praticamente nenhuma fala, só grunhidos, ao contrário de outros filmes sobre o "chupador de sangue", em que ele é um sedutor conde, cercado de lindas mulheres e esbanjando riqueza.   

Destaque também para o garoto Woody Norman, que interpreta Toby, neto do capitão que vive no navio. O menino está muito bem, entregando uma carga emocional surpreendente em seu papel. Pelo visto gostou do gênero terror, pois está também no elenco de "Toc Toc Toc - Ecos do Além", que estreia dia 31 de agosto.


Falando do garoto Toby, vale dizer que o roteiro se mostra corajoso - só não vou dizer o porquê pra não dar spoiler. Mas dá pra dizer que há cenas bem legais à noite e também durante o dia, como a representação da incapacidade de um vampiro suportar a luz do sol.   

O filme traz ainda um certo drama. Isso se percebe, por exemplo, na história do capitão que deseja se aposentar tranquilamente, mas se vê incapaz diante das tragédias daquela última viagem. E também no dilema do médico que não é aceito nos hospitais por racismo, mas no navio é o mais capacitado para aquela luta por usar sua inteligência como arma pra enfrentar a criatura.


Verdade seja dita, o vampiro poderia ter mais tempo de tela, e talvez uma explicação de como se deu seu surgimento. Mas o longa vale o ingresso e a pipoca. 

É um filme que, mesmo não sendo um arrasa-quarteirão, se sustenta. Não tenta sobreviver apenas do nome do vampiro mais famoso de todos os tempos. 


Ficha técnica:
Direção: André Ovredal
Produção: Universal Pictures, DreamWorks Pictures, Phoenix Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

16 agosto 2023

"Fale Comigo" mostra as aterrorizantes consequências de ir ao encontro do sobrenatural

Terror australiano chega aos cinemas como uma das melhores apostas do gênero para este ano
(Fotos: Diamond Films)


Carolina Cassese
Colunista do Zint


Como lidar com uma perda? Essa é uma pergunta importante para o desenrolar de "Fale Comigo" ("Talk To Me"), filme de estreia dos irmãos youtubers australianos, Danny e Michael Philippou, que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (17). E com a marca de 95% de aprovação no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, após exibições internacionais.

A história é centrada em Mia (Sophie Wilde), adolescente que sofre com a morte da mãe. Por não saber conviver com o luto do pai Max (Marcus Johnson), a garota acaba se aproximando da família de Jade (Alexandra Jensen), sua melhor amiga.


No aniversário da morte de sua mãe, Mia convoca Jade e o irmão dela Riley (Joe Bird) para a atração do momento: uma festa onde adolescentes são possuídos por espíritos e se comportam das maneiras mais inusitadas. Jade insiste que é tudo uma farsa, mas Mia quer descobrir por si mesma. Depois de muita insistência, os três se dirigem para a festa.

O ritual funciona dessa maneira: ao agarrarem a mão decepada de um médium, embalsamada e envolta em cerâmica, eles entram em contato com os mortos assim que dizem a frase “fale comigo”.  A personagem Hayley (Zoe Terakes), uma das guardiãs da mão, explica que o contato não pode durar mais do que 90 segundos, ou então os espíritos “podem querer permanecer”. 


Os jovens se divertem e ficam viciados na brincadeira, repetindo-a por dias e dias. Até que, em determinado momento, algo dá errado. Muito errado. Ao realizar a experiência da mão, um deles (não diremos qual para evitar spoilers) fica gravemente ferido e precisa ser hospitalizado às pressas. Ele não é o único a sentir os efeitos do contato com o sobrenatural.

A partir desse momento, acompanhamos a luta dos personagens para se livrarem da influência dos espíritos. O filme ganha um ritmo eletrizante e, como esperado, se torna ainda mais assustador.


Em relação à atmosfera de terror, vale destacar que os diretores utilizam recursos variados. Sim, há jump scares, mas o medo também é construído por meio da trilha sonora de Cornel Wilczek e do design de som de Emma Bortignon. Além disso, a trama explora os anseios mais profundos dos personagens.

A protagonista, por exemplo, se encontra muito debilitada por causa da morte da mãe. Tal estado emocional a deixa ainda mais vulnerável no contato com os espíritos, já que ela busca respostas no mundo sobrenatural. Nesse sentido, o filme mostra como é mais fácil cair em armadilhas quando estamos fragilizados.


Outro tema abordado na história é a cultura das redes sociais. Os vídeos divulgados em aplicativos são uma parte importante da experiência realizada pelos adolescentes. Qual é o limite para conseguir uma filmagem surpreendente, viralizar na internet e impressionar os colegas? Os jovens da trama definitivamente não medem as consequências e vão longe demais. 

Ao longo do filme, os diretores não chegam a dar muita atenção para essa problemática, e, diante de tantos acontecimentos arrebatadores, o espectador também acaba se voltando para outros pontos: ele quer saber o que acontece a seguir. 


Além do ritmo dinâmico e tenso, um dos principais destaques do longa diz respeito às atuações, em especial a de Sophie Wilde, responsável por cenas intensas. A atriz se mostra versátil e transita muito bem entre diferentes estados emocionais. A veterana Miranda Otto, que interpreta Sue, a mãe de Jade, também entrega cenas excelentes.

Nesse sentido, "Fale Comigo" é um filme repleto de revelações: jovens atores talentosos, uma protagonista impecável e uma dupla de diretores que surpreende positivamente com o trabalho de estreia. 

O longa anda agradando os fãs de carteirinha do gênero terror, ao passo que também pode ser uma boa pedida para os que simplesmente gostam de explorar as profundezas da mente humana. Afinal de contas, a obra é também sobre luto, culpa e, claro, sobre nossos medos mais entranhados.


Ficha técnica:
Direção:
Danny e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou
Produção: A24, The South Australian Film Corp, Causeway Films, Metrol Technology
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: Austrália
Gêneros: terror, suspense