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23 julho 2024

"Como Vender a Lua" é o marketing bem feito para manter um sonho americano

Comédia romântica tem ótimo elenco e bons efeitos especiais que seguram o roteiro (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Quem hoje está na faixa acima dos 60 anos e acompanhou com olhos colados na tv a famosa imagem do primeiro homem a pisar em solo lunar, vai sentir uma pontinha de saudade no peito ao rever. 

Pois esta cena e muitas outras marcantes estão no longa "Como Vender a Lua" ("Fly Me to the Moon"), filme em cartaz nos cinemas que tem como protagonistas Scarlett Johansson e Channing Tatum. Quase uma homenagem aos 40 anos do evento, ocorrido em 20 de julho de 1969.


Dirigido por Greg Berlandi, o longa explora o marketing montado para divulgar a importância de se manter o projeto espacial Apollo para os Estados Unidos melhorarem a imagem pública da NASA. Somente com o pouso na Lua o governo norte-americano conseguiria recuperar a liderança da corrida espacial, perdida para a Rússia na década de 1960.

Johansson é Kelly Jones, a especialista em marketing de passado nebuloso convocada para este difícil trabalho. E para evitar mais uma falha (outros lançamentos terminaram em destruição e tragédia), ela é convocada pelo assessor do governo Moe Berkus (Woody Harrelson) a criar um Plano B - encenar um pouso na Lua fake com transmissão ao vivo.


Essa é inclusive uma das maiores teorias da conspiração, que vem atravessando décadas: o homem realmente pisou na lua ou foi tudo uma grande produção cinematográfica no estilo Hollywood, que teria sido filmada por Stanley Kubrick? 

O filme é uma aula de marketing da enganação e convencimento, que chega a colocar novamente esta pulga atrás da orelha do espectador.

O que Kelly não esperava era conhecer o diretor de lançamento da Apollo 11 e ex-piloto de combate, Cole Davis (Tatum), que vive a vida pelo sucesso da missão e não aceita sofrer mais uma falha. 

Especialmente agora que o mundo inteiro estará acompanhando pela TV. Ele terá de se unir à marqueteira para garantir que tudo dê certo e o plano seja bem convincente.


Além das armações, mentiras e situações engraçadas, "Como Vender a Lua" também pincela questões delicadas da época, como a Guerra do Vietnã, as missões à Lua desastrosas, inclusive com mortes de tripulantes, e a Guerra Fria, mas sem aprofundar em nada. 

O roteiro é simples, sem muitas novidades, mas o emprego de imagens antigas, os ótimos efeitos visuais e sonoros e as interpretações seguram o longa.

O elenco está bem afinado, com Scarlett (que também é produtora do filme) e Tatum entregando interpretações simpáticas e divertidas em algumas situações. Harrelson também não fica para trás como o agente inescrupuloso do governo, assim como Anna Garcia, como Ruby, assessora de Kelly, e Jim Rash, como Lance, da equipe de lançamento de Cole.    


Destaco (por gostar muito do tema) do filme as imagens dos lançamentos de foguetes que tomam a tela, e a famosa frase dita pelo astronauta Neil Armstrong: "esse é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade".

"Como Vender a Lua", assim como seus protagonistas, é simpático, leve e bom de ser assistido no cinema. Uma viagem no tempo que ainda emociona aqueles, como eu, que acompanharam os fatos na época. Vale conferir.


Ficha técnica
Direção:
Greg Berlandi
Produção: Apple Original Films
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h12
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance

21 julho 2024

"Eu Sou: Celine Dion" um relato da fragilidade e dos dias sombrios da artista

Documentário mostra o amor da artista em se apresentar em público, o desejo de voltar aos palcos e a paixão por sapatos (Reproduções Prime Video)

 

Marcos Tadeu


"Eu Sou: Celine Dion" é um dos bons documentários que vale a pena ser assistido no Prime Video. A produção revela um lado desconhecido da cantora canadense, mostrando sua rotina diária entre os afazeres de uma estrela, a vida doméstica, os momentos de vulnerabilidade. Além da paixão por sapatos - mais de 10 mil pares de diversos tamanhos -, guardados num depósito em Las Vegas, cidade onde a artista mora.


Celine Dion alcançou fama mundial nos anos 1990 com sucessos como "My Heart Will Go On" (da trilha sonora de "Titanic”), "The Power of Love" e "Because You Loved Me". Ganhou cinco Grammys Awards, incluindo Álbum do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. 

E foi na entrega do Grammy de 2024, no dia 4 de fevereiro, que ela fez uma aparição surpresa ao anunciar o prêmio de Melhor Álbum do Ano, conquistado por Taylor Swift.

Conhecida por sua poderosa voz e emocionantes baladas, Dion vendeu mais de 200 milhões de álbuns globalmente. Além de sua carreira musical, realizou uma bem-sucedida passagem por Hollywood, com participações no cinema, como em "Era uma Vez... Deadpool" (2018)


Dirigido por Irene Taylor, o documentário nos apresenta a artista em seus dias comuns e como ela se tornou o sucesso atual, sem seguir uma linha cronológica. Conhecemos o auge de sua carreira, a relação com a família, e descobrimos que Céline Marie Claudette Dion é a mais jovem de 14 irmãos, todos com um amor pela música.

René Angélil, seu marido, também tem um papel importante no documentário, mostrando como o casal lidou com o nascimento de seus filhos em meio à fama e aos holofotes.


O documentário apresenta um dos aspectos mais comoventes da vida da cantora e compositora: seu diagnóstico de Síndrome da Pessoa Rígida (SPR), uma doença neurológica rara e autoimune, que causa rigidez e espasmos musculares dolorosos. 

Celine fala abertamente sobre suas dificuldades e sentimentos, contrastando com suas palavras de gratidão por tudo o que conquistou. Ela brilha e comove o público, especialmente quando vemos como a doença afetou o instrumento mais potente de sua vida - a voz.


Apesar da força do documentário, senti falta de depoimentos de pessoas próximas a Celine. Ouvir a família e amigos que a acompanham poderia reforçar a mensagem de que, mesmo sendo uma grande estrela, ela é frágil em seus momentos e não precisa ser forte o tempo todo. 

"Eu Sou: Celine Dion" é um convite para conhecer os dias sombrios da artista de maneira crua, forte e bela, impactando profundamente seu público e oferecendo a oportunidade para novos fãs conhecerem mais de sua história. Emocionante!


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Irene Taylor
Produção: Amazon MGM, Sony Music Entertainment, Vermilion Films
Exibição: Prime Video
Duração: 1h42
Classificação: Livre
Países: Canadá e EUA
Gêneros: documentário, musical

18 julho 2024

Minissérie “Ripley”, da Netflix, nos dá o direito de torcer pelo vilão

Andrew Scott interpreta o protagonista que vive de aplicar golpes, mas também tem um passado sombrio
(Fotos Netflix)


Jean Piter Miranda


Para quem gosta de torcer pelo vilão, está disponível na Netflix a minissérie “Ripley”. A obra tem como protagonista Tom Ripley (Andrew Scott), um homem que vive de aplicar pequenos golpes na Nova York dos anos 1960. Ele é recrutado por um empresário muito rico para uma missão: viajar para a Itália e convencer o filho desse milionário a voltar para casa. 

Tom aceita. Além de ter todas as despesas pagas para passear pelo país europeu, a proposta inclui um bom pagamento em dinheiro. Nesse cenário, ele vê uma ótima oportunidade de ter ganhos ainda maiores. 


O filho do milionário é Dickie Greenleaf (Johnny Flynn), que vive na pequena e bela cidade de Atrani, no sul da Itália. Ele passa os dias com a namorada Marge Sherwood (Dakota Fanning), em uma rotina de muita tranquilidade. Entretanto, tudo muda com a chegada de Tom. 

Ao longo da trama, o golpista contratado usa mentiras e mais mentiras, se comportando como uma pessoa sensata, calma e centrada. Faz encenações e consegue disfarçar muito bem a pessoa fria, cruel, manipuladora e calculista que realmente é. Assim, aos poucos, se aproxima de Dickie e vai ganhando a confiança do jovem. Isso enquanto sua presença incomoda cada vez mais a bela Marge. 


A minissérie tem apenas oito capítulos e um poder enorme de prender a atenção do espectador. É um suspense psicológico. A dúvida é saber se Tom vai ser pego nessa vez ou na próxima. Ele parece ter sempre uma carta na manga e estar um passo à frente. Mesmo assim, a todo o momento fica a dúvida se deixou pistas, rastros, vestígios e como vai reagir se for pego de surpresa. 

Em um determinado momento, a obra vira uma trama policial. Investigação, corrida de gato e rato, sem deixar o suspense de lado.E no meio disso tudo, é supernormal torcer pelo vilão só pra ver onde tudo vai dar. 


Os oito capítulos são todos em preto e branco, o que deixa a ambientação ainda mais perfeita. As roupas, os carros, os cenários, tudo é feito com muito cuidado. Reproduzem com perfeição os anos 1960. Andrew Scott está impecável. Dakota Fanning também tem muita presença. Johnny Flynn destoa e entrega atuação bem sem graça. 

Coco Sumner, cantor e ator britânico, interpreta Freddie Miles de forma brilhante. Um personagem muito chato e bem arrogante que, quando está em tela, rouba as atenções. 

O elenco ainda é composto por vários atores italianos, falando o idioma local, o que traz um realismo ainda maior à minissérie. Não é como aqueles filmes em que todo mundo, convenientemente, fala inglês fluente onde quer que esteja. É um detalhe que faz muita diferença. 


Vale destacar que, mesmo com imagens monocromáticas, os cenários são lindos. Veneza, Nápoles, Roma e Sicília. Igrejas, esculturas, obras de artes, casarões, praias, paisagens, viagens de trem. Uma riqueza cultural sem tamanho. Dá muita vontade de viajar pela Itália. 

E para deixar a obra ainda mais rica, a trama amarra bem a história de Tom com a do grande pintor Caravaggio. É uma minissérie para maratonar e contemplar. 

Música

A trilha sonora está simplesmente perfeita. Não há outra forma de descrever o trabalho de Jeff Russo. Canções que podem ser ouvidas clicando nesta playlist


Adaptação

“Ripley” é baseado no livro “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith. A direção é do armênio-americano Steven Zaillian, que atuou como roteirista de grandes produções como “O Irlândês” (2019), “Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” (2011) e “Gangues de Nova York” (2002). 

A obra, de 1955, considerada um clássico da literatura policial,já foi adaptada para o cinema em “O Sol por Testemunha” (1960), com Alain Delon como protagonista. 

Em 1999, outra versão foi lançada, mantendo o título original: “O Talentoso Ripley”. O filme tem Matt Damon como Ripley, Jude Law e Gwyneth Paltrow formando o casal Dickie e Marge, com a ótima direção de Anthony Minghella.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Steven Zaillian
Produção: Netflix e Filmrights
Exibição: Netflix
Duração: 8 episódios
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, suspense, policial
Nota: 4,5 (0 a 5)

15 julho 2024

“O Sequestro do Papa” busca fato do passado para falar de fundamentalismo e intolerância religiosa

Atual e sensível, filme é baseado em uma história verídica que chocou a Itália no século XIX
(Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane. Embora o título possa induzir, “O Sequestro do Papa” ("Rapito") não é uma comédia. Ao contrário, trata-se de um filme denso, sério, questionador e, acima de tudo, atual. 

Com uma reconstituição perfeita do século XIX, conta a história do garoto Edgardo Mortara, que, aos seis anos, foi raptado de sua casa em Bolonha, para ser criado num seminário em Roma. O longa entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (18).


Com muita coragem e um elenco afiado, o diretor Marco Bellocchio coloca o dedo na ferida, relembrando um tempo em que Estado e religião se misturavam. 

Na época em que se passa o filme, em 1858, a Itália era comandada com mãos de ferro por Pio IX e, apesar da carolice, faltava compaixão e sobrava a arrogância típica dos donos da verdade.


No auge da autoridade do Papado, a família judia de Momolo Mortara é surpreendida um dia com a chegada dos agentes do Estado/Igreja para levar Edgardo, um de seus oito filhos. 

O menino é retirado à força dos braços dos pais em cumprimento a uma denúncia de que ele havia sido batizado. De acordo com a lei vigente, cristãos não podiam ser criados por judeus pagãos.


A partir desse sequestro, o espectador acompanha a luta de Marianna e Momolo Mortara para reaver o filho, enfrentando viagens a Roma, humilhações e processos até o julgamento do caso, em 1860. A história deles revela um capítulo sombrio da tirania histórica na Igreja tendo como pano de fundo uma nação à beira da revolução. 

Cabe ressaltar a atuação, convincente e comovente, do menino Enea Sala como Edgardo. Aliás, todo o elenco merece aplausos: Leonardo Maltese como Edgardo adulto, Paolo Pierobon como o arrogante Papa Pio IX, Filippo Timi como o cardeal Giacomo Antonelli, Fabrizio Gifuni como o advogado Jussi, Anna Morisi como a babá, Bárbara Ronchi como a mãe Marianna Padovani, Fausto Russo Alesi como Momolo Mortara e outros.


Enfim, “O Sequestro do Papa” é, antes de tudo, um filme político como outros de Marco Bellocchio, que antes dirigiu, por exemplo, “Bom Dia, Noite” (2003).

O longa tem tudo para prender a atenção do público e é uma ótima oportunidade de reflexão para esses tempos de moralismo, lavagem cerebral, intolerância religiosa, investidas fundamentalistas e perigosas misturas de religião e Estado.


Ficha técnica:
Direção: Marco Bellocchio
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h14
Classificação: 12 anos
Países: Itália, França, Alemanha
Gêneros: drama, história

11 julho 2024

"Twisters" estreia nos cinemas com tornados em dobro e mais arrasadores

Longa reúne elenco simpático e faz uma linda homenagem a dois clássicos do cinema (Fotos: Universal Pictures)

Maristela Bretas


Passados 28 anos, os tornados estão de volta, mais violentos por causa das mudanças climáticas, e continuam sendo caçados, agora por um elenco de novas estrelas. Entrou em cartaz nos cinemas o longa "Twisters", dirigido por Lee Isaac Chung. A produção emprega o que há de mais moderno em tecnologia para mostrar a força e a destruição causada por estas tempestades. 

Além dos ótimos efeitos visuais, o filme também faz uma homenagem a dois clássicos do cinema: o antecessor "Twister" (1996), mostrando os equipamentos empregados pelas equipes, e "O Mágico de Oz" (1939), com seus personagens icônicos. Dá até um quentinho no coração!


Três grandes estúdios de Hollywood - Warner Bros. Pictures, Universal Pictures e Amblin Entertainment (de Steve Spielberg, um dos produtores executivos) - se uniram neste longa, que teve um orçamento de US$ 200 milhões, incluindo os efeitos de CGI e o elenco. Como protagonistas temos Daisy Edgar-Jones ("Um Lugar Bem Longe Daqui" - 2022) e Glen Powell ("Top Gun: Maverick" - 2022), que formam um casal simpático e com boa química, e o indicado ao Globo de Ouro, Anthony Ramos.

A expectativa é grande quanto ao faturamento desta segunda produção, especialmente se compararmos com a primeira, que custou US$ 92 milhões e atingiu US$ 495 milhões de bilheteria. No elenco principal estavam Helen Hunt e Bill Paxton, falecido em 2017. 

Uma curiosidade: nos anos de 1990 havia o brinquedo Twister no Universal Park, em Orlando, que simulava um tornado atingindo uma cidade, com direito a ventania, queda de raios em postes e explosões de fios, como no filme. Era bem divertido e fez bastante sucesso. Até hoje, o longa atrai fãs e pode ser assistido no Globo Play e Telecine.  


"Twisters" não perde em nada para seu antecessor e foi considerado por muitos espectadores que assistiram a pré-estreia, até melhor. Especialmente porque, como o próprio nome diz, agora os tornados estão em dupla e mais devastadores. São eles as verdadeiras estrelas do filme e que deverão atrair boa parte do público para os cinemas. Como no primeiro longa, as locações foram em Oklahoma, estado com a maior taxa de grandes tornados super destruidores dos Estados Unidos. 

Agora, os efeitos visuais e sonoros foram trabalhados juntamente com imagens reais filmadas por caçadores de tornados durante a temporada dos fenômenos e usadas pelo diretor. Segundo o roteirista Mark L. Smith, ele se inspirou em algo real, nas mudanças no comportamento do clima que tem ficado mais severo e extremo. Para a forte ventania, o diretor utilizou ventiladores gigantes e os atores tiveram que filmar com vários objetos sendo jogados contra eles.


Na história, Daisy Edgar-Jones é Kate Cooper, uma ex-caçadora de tempestades que teve uma experiência assustadora quando estava na faculdade. Largou tudo e se mudou para Nova York onde estuda padrões de tempestades em uma agência meteorológica. Até que é chamada de volta a Oklahoma por seu amigo Javi (Anthony Ramos) para testar um novo sistema revolucionário de rastreamento de tornados.

Lá, ela fica conhecendo Tyler Owens (Glen Powell), o charmoso e imprudente astro das redes sociais que se diverte postando aventuras de caça a tempestades com sua equipe barulhenta. No entanto, os fenômenos estão ficando cada vez piores, colocando Kate, Tyler e as demais equipes diretamente no caminho de múltiplos tornados que atingem tanto a área rural quanto as cidades. 


O elenco conta também com David Corenswet (próximo Superman em "Legacy"), Brandon Perea de Nope, Sasha Lane, Daryl McCormack, Kiernan Shipka, Nik Dodani e a vencedora do Globo de Ouro e estrela da série "E.R.", Maura Tierney.

Infelizmente não temos vaca voando, mas os tornados arrastam muito mais objetos e pessoas, proporcionando cenas bem eletrizantes e tensas. "Twisters" é ação do início ao fim, especialmente quando a natureza mostra a sua força. Vale muito a pena ser conferido nos cinemas, especialmente em Imax, para aproveitar melhor os efeitos especiais.


Ficha técnica
Direção: Lee Isaac Chung
Roteiro: Mark L. Smith
Produção: Amblin Entertainment, Warner Bros. Pictures, Universal Pictures, The Kennedy Marshall/Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, ação, suspense

10 julho 2024

"Ninguém Sai Vivo Daqui" - dramatização não aprofunda realidade cruel do Hospital Colônia

Longa em preto e branco aborda o tratamento desumano dado a pacientes internados em unidade psiquiátrica de Barbacena, na década de 1970 (Fotos: Gullane) 


Silvana Monteiro


Saúde mental, política manicomial, machismo, exclusão, segregação, padrões sociais, abusos e maus-tratos são alguns dos temas abordados no longa "Ninguém Sai Vivo Daqui", distribuído pela Gullane+, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (11). Em BH ele está em exibição no Cine Una Belas Artes. 

Inspirado no premiado livro "Holocausto Brasileiro", da jornalista Daniela Arbex, o filme, dirigido por André Ristum, apresenta uma história impactante, apesar de algumas falhas.  


O foco principal da trama é em Elisa, uma jovem saudável que, por quebrar alguns dos padrões sociais mais defendidos da época, a tal honra feminina, é internada à força pelo pai no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG), no início dos anos 1970. 

Apesar de hoje esta prática causar espanto em muitas pessoas, era comum no passado, quando uma jovem engravidava sem estar casada e passava a representar "uma desonra" para as famílias.


A fotografia em preto e branco, fruto da parceria entre Ristum e o diretor de fotografia Hélcio Alemão Nagamine, é sim um personagem fundamental no filme. E claro, cumpre a missão de destacar a falta de vida e alegria na experiência dos internos. Contudo, essa escolha estilística, embora dramática, não consegue sustentar alguns trechos rasos da obra. 

A ausência de cor simboliza a desumanidade e o sofrimento dos pacientes do Colônia, mas se o filme fosse colorido e mais profundo, detalhando alguns acontecimentos à cor, talvez seu impacto fosse ainda maior. 

A paleta monocromática tenta reforçar a atmosfera sombria e opressiva, mas em alguns pontos a narrativa acaba se tornando uma miscelânea, que desvia o foco de um tema sério, necessário e pouco explorado no Brasil.


A trilha sonora, composta por Antônio Pinto, é notável. O uso de ruídos e texturas sonoras cria uma ambiência inquietante que se funde perfeitamente com as imagens em preto e branco, nesse ponto, a obra se torna diferenciada. As imagens do “trem de doido” são um ponto alto da produção ao mostrar como as pessoas eram levadas para o local. 

Ristum, que assina o roteiro com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo, poderia ter explorado mais histórias para humanizar melhor o contexto da política manicomial da época. A experiência cinematográfica é impactante, mas em alguns momentos, o sofrimento dos personagens, especialmente das mulheres, se dilui. 


É o caso de Vanda, magistralmente interpretada por Rejane Faria. Vale destacar também as interpretações de Bukassa Kabengele, no papel de Raimundo, um interno que demonstra bem como aquele ambiente desconcerta e causa ira. Além de Augusto Madeira, como Juraci, um verdadeiro crápula. 

O elenco, liderado por Fernanda Marques no papel de Elisa, entrega performances memoráveis. Ela transmite, com maestria, a dor, a angústia e a luta de sua personagem, representando a luta de tantas outras mulheres internadas injustamente no Colônia. 


Um dos grandes trunfos da obra é a demonstração de que sororidade é algo sublime em qualquer situação e contexto. "Ninguém Sai Vivo Daqui" expõe a podridão da política manicomial na história do Brasil. Contudo, carece de uma abordagem mais visceral que corresponda à sua estética impactante, tal como é a marca da história do Colônia.

Cidade dos Loucos

O Hospital Colônia de Barbacena, fundado em 1903, foi inicialmente construído para tratar pacientes com tuberculose. Conhecido como "Cidade dos Loucos" por abrigar sete instituições psiquiátricas, tornou-se notório pelo tratamento desumano aos pacientes, sendo comparado a um campo de concentração nazista. 


Em 1961, contava com cerca de cinco mil pacientes, muitos sem diagnóstico de doença mental, incluindo opositores políticos e grupos marginalizados. 

Estima-se que 70% dos internos não possuíam transtornos de saúde mental, eram enviados por não se adequarem aos padrões da época, tais como políticos, prostitutas, homossexuais, mendigos, pessoas sem documentos, entre outros grupos marginalizados na sociedade. Dados levantados à época mostram que pelo menos 60 mil pessoas tenham morrido no Hospital Colônia de Barbacena.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: André Ristum
Produção: Sombumbo, TC Filmes, coprodução Gullane, Geração Entretenimento, Canal Brasil e Karta Film
Distribuição: Gullane+
Exibição: Cine Una Belas Artes, sala 2, sessão Às 18h40 e sala 3, às 13h50
Duração: 1h26
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gênero: drama

08 julho 2024

"MaXXXine" decepciona com encerramento fraco para uma trilogia de terror

Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, uma ex-atriz de filme pornô agora em ascensão ao estrelato em Hollywood (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Último filme da trilogia iniciada em 2022 estreia nesta quinta-feira (11) nos cinemas o longa "MaXXXine", dirigido e roteirizado por Ti West. Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, única sobrevivente do massacre de "X – A Marca da Morte". 

No entanto, este terceiro filme, mesmo com algumas mortes violentas e sangue jorrando, é fraco como terror slasher americano, ao contrário de seu antecessor e do prequel "Pearl" (do mesmo ano), que podem ser conferidos no Prime Vídeo. 


Ambientado em Los Angeles dos anos 1980, a estrela de filmes adultos e aspirante a atriz, Maxine Minx, conquista a chance de fazer sua estreia na telona. Mas quando um misterioso assassino começa a perseguir justamente as jovens atrizes de Hollywood, uma trilha de sangue ameaça revelar o passado sinistro de Maxine. 


"MaXXXine" ficou uma produção comum, perdida entre ser um filme B e um terror sem originalidade, apesar de um elenco formado por rostos conhecidos. Isso pode decepcionar alguns fãs que aguardavam que a sequência mantivesse os mesmos moldes dos primeiros.  

Incomoda também o roteiro que conduz para um final quase previsível. Se nos dois longas anteriores, Mia Goth protagonizou cenas violentas mais marcantes, neste ela é quase uma coadjuvante (mesmo sendo uma das produtoras do filme junto com Ti West). 


O longa tem na atuação de Kevin Bacon o maior destaque do elenco. Ele domina os momentos em que aparece, inclusive os divididos com Mia Goth. Outros dois que também poderiam ter sido melhor aproveitados foram Giancarlo Esposito e Lily Collins. Completam o elenco Michelle Monaghan, Bobby Cannavale, Elizabeth Debicki, Moses Sumney e Halsey.

Usando de muitas cenas em ambientes escuros ou iluminados por luzes roxas, o diretor utiliza flashbacks para tentar explicar situações do passado. Mas as mudanças repentinas de cenas interrompem a narrativa e confundem o espectador. "MaXXXine" ficou a desejar como slasher e como a produção de encerramento de uma trilogia que atraiu milhares de fãs.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ti West
Produção: A24, Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

05 julho 2024

“Orlando, Minha Biografia Política” adapta obra de Virgínia Woolf com mistura de gêneros

Livro da escritora inglesa ganha eco entre as novas gerações com longa de diretor trans (Fotos: Filmes do Estação)


Eduardo Jr.


Paul B. Preciado estreia na direção cinematográfica de mãos dadas com Virginia Woolf. O livro “Orlando”, da escritora inglesa, foi adaptado e chega às telonas sem se encaixar em um único gênero. “Orlando, Minha Biografia Política” é ficção e é documentário. 

Algo muito coerente, se considerarmos que o diretor, filósofo e ativista trans, que nasceu Beatriz e se tornou um dos principais pensadores contemporâneos das novas políticas do corpo, gênero e sexualidade, também desafia a binaridade. A distribuição é da Filmes do Estação.  Em Belo Horizonte, o longa pode ser conferido no Cine UNA Belas Artes.


No livro, lançado em 1928, o protagonista um dia acorda no corpo de uma mulher, dando início aos questionamentos acerca dos comportamentos e diferenças entre gêneros. O longa de Preciado também segue a premissa da transformação, mas parte de uma carta do diretor para a escritora (falecida em 1941), dizendo que Orlando saiu das páginas, está vivo, e se transformando diariamente

O elenco, composto de 25 pessoas trans e não binárias, desfila na tela, hora atuando, hora fazendo relatos pessoais. Ao vestir um acessório de época é como se estivessem personificando o protagonista das páginas da escritora inglesa. Soma-se à fala desses atores a narração de trechos do livro, o que expõe a fragilidade do diretor em construir um desenvolvimento imagético. Cenas monótonas de algo que já está sendo contado puxam pra baixo a energia do filme. 


A força fica por conta da mensagem. O texto vai imprimindo na compreensão do público que, se a cada dia nos modificamos em relação ao ontem, as pessoas trans também estão realizando uma transformação, no entanto, não encontram aprovação social. Ao contrário, na época do "Orlando" de Virginia Woolf, atravessar as fronteiras de gênero era um atestado de necessidade de tratamento psiquiátrico, uma doença a ser curada. Alguma semelhança com os dias atuais?  

O mérito da obra talvez resida na coragem de apresentar de tal maneira os escritos das páginas de Virginia. As dores, a libertação, os desafios e a beleza da vitória dessas 25 pessoas/atores/atrizes provando que são herdeiros de uma história apagada, reforçam a noção de que, assim como o Orlando de 1928, outras existências também vão atravessar gerações. 


O longa também pode garantir uma vida longa, se depender de reconhecimento. Vencedor do Teddy Award e do Prêmio Especial do Júri da mostra Encounters no Festival de Berlim de 2023, o filme chega às telonas do país como vencedor da categoria Melhor Documentário do Prêmio Félix, honraria do Festival do Rio que destaca narrativas LGBTQIAPN+ no audiovisual. 

Também foi escolhido como Melhor Longa-Metragem Internacional do Festival Mix Brasil, além de participar do Festival Varilux. Se não é só documentário e nem é só ficção, pode ser descrito como um filme interessante.   


Ficha técnica:
Diretor e roteiro: Paul B. Preciado
Produção: Les Films du Poisson, 24 Imagens e Canal Arte França
Distribuição: Filmes do Estação
Exibição: Cine UNA Belas Artes - sala 3, sessão às 20h30
Duração: 1h38
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, documentário

04 julho 2024

Minions roubam a cena novamente e arrasam em "Meu Malvado Favorito 4"

Gru e a família correm perigo e precisam se esconder de um vilão com sotaque francês e da namorada dele (Fotos: Illumination Entertainment) 


Maristela Bretas


Eles estão de volta, ainda mais engraçados e trapalhões. Os Minions não ganharam um terceiro filme, mas "Meu Malvado Favorito 4" ("Despicable Me 4"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, é quase como uma continuação dos sucessos "Minions" (2015) e "A Origem de Gru" (2022). Os famosos baixinhos amarelos de macacão azul arrasam e roubam as cenas cada vez que aparecem, provocando boas gargalhadas. 


A famosa franquia, iniciada em 2010, com sequência em 2013, volta a reforçar a importância da família, como aconteceu em "Meu Malvado 3" (2017). Os Minions seguem com as vozes inconfundíveis de Pierre Coffin (original) e Guilherme Briggs (dublagem em português), para alegria dos fãs. Eles ganham mais espaço e superpoderes e confirmam que são a maior atração (ou pelo menos, a mais divertida) das cinco animações criadas pelos estúdios Illumination e Universal Pictures. 

Gru (novamente dublado por Steve Carell e em português por Leandro Hassum) e Lucy (vozes de Kristen Wiig e Maria Clara Gueiros) agora estão casados e são pais de Margô (Bruna Laynes), Edith (Ana Elena Bittencourt) e a caçula super fofa Agnes (Pamella Rodrigues). 


A novidade do quarto filme da franquia é o novo membro da família - Gru Jr.. Ele lembra muito o bebê Zezé, de "Os Incríveis 2" (2018), mas sem superpoderes. Seu único objetivo é atormentar o pai com suas travessuras. 

Depois de deixar de ser um supervilão, apesar de todas as tentações, Gru se torna agente da Liga Antivilões. Mas ele e sua família passam a ser perseguidos por um novo inimigo, Maxime Le Mal (Will Ferrell/Jorge Lucas) e sua namorada mulher-fatal Valentina (Sofia Vergara/Angélica Borges) que escapam da prisão. 


Maxime é bem caricato, atrapalhado em seus planos e ainda tem sotaque francês. Lembra outro antigo inimigo de Gru, Balthazar Bratt (que foi dublado por Evandro Mesquita no filme 3). Apesar de escolher se transformar em um bicho asqueroso, ele convence em ser o novo inimigo número 1 da família Gru. Além de serem obrigados a mudarem suas vidas e identidades, os Gru ainda vão conhecer Poppy (Joey King/Lorena Queiroz), uma vizinha adolescente que vai lhes trazer grandes problemas.

O diretor Chris Renaud, que acompanha a franquia desde o início, também apresenta no quarto filme do ex-vilão várias referências a filmes famosos de super-heróis, como Homem-Aranha, e relembra personagens das animações anteriores. Quem acompanha Gru e os Minions vai se lembrar, com certeza.


Como se não bastasse toda a ação e diversão, "Meu Malvado Favorito 4" ainda tem uma trilha sonora frenética, composta novamente por Heitor Pereira, responsável pelos outros filmes. Além de sucessos como "Through The Fire And Flames", do Dragonforce, "Sweet Child O’ Mine", do Guns N’ Roses, e a minha preferida, usada na cena mais marcante da animação, "Everybody Wants to Rule the World", da banda Tears For Fears.

Recomendo rever todas as animações da franquia, disponíveis no Telecine, Amazon Prime Video, Google Play e Apple TV. "Meu Malvado Favorito 4" está ainda mais divertido. Agora é pegar a pipoca e o refri (ou suquinho) e preparar para rir muito (e até se emocionar).


Ficha Técnica
Direção: Chris Renaud
Produção: Ilumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h34
País: EUA
Classificação: Livre
Gêneros: animação, comédia, aventura

02 julho 2024

"A Flor do Buriti": ode ao povo Krahô e à resistência indígena

Fotografia alterna entre planos abertos e detalhes, revelando o cotidiano e os diálogos de uma vivência indígena (Fotos: Renée Messora)


Silvana Monteiro


Uma produção feita por três nações. Este é o longa "A Flor do Buriti", distribuído pela Embaúba Filmes, que entra em cartaz nesta quinta-feira (4), no Centro Cultural Unimed BH-Minas. O roteiro é assinado pelo português João Salaviza, pela brasileira Renée Nader Messora e pelos integrantes do povo Krahô - Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô e Henrique Ihjãc Krahô.

Produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr., da produtora mineira Entre Filmes, a história oferece uma visão documental e holística da vida dos Krahô. O documentário foi filmado durante 15 meses em quatro aldeias diferentes, dentro da terra indígena Kraholândia.


A fotografia alterna entre planos abertos, e planos detalhe, que revelam o cotidiano e os diálogos autênticos de uma vivência indígena. Essa abordagem cinematográfica consegue traduzir o sentimento de um povo cuja história esteve à beira da extinção.

O pajé e os demais parentes do povo Krahô realizam um ritual entoando um cântico à flor do buritizeiro. Curumins com flechas tentam proteger a mata e a aldeia. A menina Jotat é perturbada em seus sonhos por espíritos. 


Sempre vigilante, a curumim que habita o território Pedra Branca, na Kraholândia, norte de Tocantins, preocupa-se com a chegada dos cupé (invasores) à sua terra. Lapsos da memória ancestral marcada pela violência dos fazendeiros criadores de gado.

São cenas das crianças que se misturam à natureza, das mulheres trabalhando o artesanato nos capinzais, da arte marcada no rosto. Da busca pela proteção das aves, do velho índio em confronto para guardar seu povo e das conversas que revelam não só histórias mitológicas, mas também uma vida de luta pela sobrevivência. Todas enriquecem a obra e nos dão a sensação de estarmos ali, aldeados junto a eles.


As sombras do passado ainda assombram os Krahô. Enquanto uma mulher está prestes a dar à luz, seu marido vigia a porteira do território para impedir a expropriação dos bens naturais de seu povo. 

Simultaneamente, uma jovem envolvida em movimentos sociais se prepara para viajar a Brasília, onde participará da Mobilização Nacional dos Povos Indígenas ao lado da líder Sônia Guajajara, hoje Ministra dos Povos Indígenas.

"A Flor do Buriti" atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, trazendo para a tela memorias e relatos de um massacre ocorrido em 1940, onde morreram dezenas de pessoas. Perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a despertare o espírito  guerreiro desse povo.


"A Flor do Buriti" é um retrato sincero da resiliência e da espiritualidade dos Krahô, celebrando a sua cultura e resistência diante das adversidades. É uma história que ressoa com força e urgência, convidando o espectador a uma profunda reflexão sobre a importância da preservação da cultura dos povos originários.

Premiações

Exibido em mais de 100 festivais ao redor do mundo, o filme recebeu o prêmio coletivo para melhor elenco na mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes. Também foi vencedor em 14 outros importantes festivais, como o de Munique (Cinevision Award), Lima (Prêmio Signis), Mar del Plata (Prêmio Apima Melhor filme Latino-Americano), Festival dei Popoli (Melhor Filme), Huelva (Prêmio Especial do Júri e Prêmio Melhor Filme Casa Iberoamérica), RIDM Montreal (Prêmio Especial do Júri), Biarritz, Viennale, e Forumdoc.BH.


Ficha técnica
Direção:
João Salaviza e Renée Nader Messora
Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Henrique Ihjãc Krahô
Produção: Entre Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 2h04
Classificação: 14 anos
Países: Brasil e Portugal
Gêneros: documentário, drama