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19 agosto 2025

2ª Edição do Festival Bárbara de Cocais começa nesta quarta-feira, com programação gratuita

Ações acontecem em Barão de Cocais e Santa Bárbara, com cinema, palestras, oficinas, Creche Parental Pública e Espaço Livre de Brincar (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Com programação gratuita, o município de Santa Bárbara, em Minas Gerais, recebe a 2ª edição do Festival Bárbara de Cocais, que começa hoje e vai até o dia 24 de agosto. O evento é integrado à Bárbara de Cocais – Escultura Comunitária #01, obra de longa duração que, desde 2023, atua com gestos de escuta, aproximação e criação compartilhada.

Idealizada pelo artista visual e cineasta Pablo Lobato, a escultura se expande pelos territórios de Santa Bárbara e Barão de Cocais por meio de mostras de cinema, oficinas, creches temporárias, pesquisas e encontros com as comunidades, tramando experiências que cruzam arte e formação humana.

A mostra de cinema principal será realizada em uma sala especialmente montada para esta edição no Cine Vitória (Santa Bárbara), com três sessões diárias entre 20 e 23 de agosto, além de encontros e conversas com convidados. 


A curadoria da mostra, assinada por Pablo Lobato e Gustavo Jardim, se aproxima das infâncias e adolescências como quem observa a nascente de um rio, acompanhando gestos inaugurais, riscos e invenções que fazem brotar mundos inéditos. 

“O cinema aqui não explica a infância, aprende com ela — deixando-se atravessar por caminhos imprevisíveis e potências de transformação, como revelam, entre outras obras, a errância sensível de "Saudade Fez Morada Aqui Dentro" (Haroldo Borges), os laços de solidariedade de "Conduta" (Ernesto Daranas), a fuga inventiva de "Micróbio e Gasolina" (Michel Gondry), a animação contemplativa "À Deriva" (Gints Zilbalodis) e a força criativa de "Jonas e o Circo Sem Lona" (Paula Gomes)”, explica Pablo.

O Cinema ao Ar Livre, ação itinerante da escultura, segue ao longo do ano levando sessões para distritos, ruas, praças e quintais de Santa Bárbara e Barão de Cocais, criando espaços de encontro, cuidado e imaginação coletiva.

"Micróbio e Gasolina" - Michel Gondry

Oficina de cinema

Durante o festival, o público ainda tem a oportunidade de se inscrever na oficina "O cinema ao redor", conduzida pelo cineasta e educador Gustavo Jardim, que propõe experiências audiovisuais para explorar o mundo por meio de imagens e sons e criar sentidos singulares sobre o cotidiano. 

A atividade gratuita ofertará 20 vagas e acontecerá na Casa da Cultura, no período de 19 a 22 de agosto, das 8h às 11h. Para saber mais sobre as inscrições, acesse o perfil @barbaradecocais, no Instagram. 

"No Caminho Com Mario" - Coletivo Mbya-Guarani de Cinema

Encontros e espaços infantis

O evento contará ainda com palestras que abrem espaço para pensar o brincar livre, a imaginação e a cultura da infância como fundamentos da formação humana, integrando arte e cuidado.

Inspiradas na Abordagem Pikler que enfatiza o desenvolvimento infantil através do movimento livre, as famílias com bebês e crianças pequenas terão a Creche Parental Pública, montada na Praça Joaquim Aleixo Ribeiro, no Centro de Santa Bárbara, e o Espaço Livre de Brincar, em Barão de Cocais.

"Recreio" - Abbas Kiarostami

Programação de filmes

- "Projeto do Meu Pai", de Rosária Moreira - curta-metragem (Brasil)
- "A Batalha do Passinho", de Emílio Domingos - 1h12 (Brasil)
- "Billy Elliot", de Stephen Daldry = 1h50 (Reino Unido)
- "Recreio" ("Breaktime"), de Abbas Kiarostami - curta-metragem (Irã)
- "O Cavalinho Azul", de Eduardo Escorel - 1h20 (Brasil)
- "No Caminho com Mario", Coletivo Mbya-Guarani de Cinema - curta-metragem (Brasil)
- "Difícil é Não Brincar", de Papoula Bicalho - curta-metragem (Brasil)
- "Micróbio e Gasolina", de Michel Gondry - 1h43 (França)
- "As Aventuras do Príncipe Achmed", de Lotte Reiniger - 1h06 (Alemanha)
- "Saudade Fez Morada Aqui Dentro", de Haroldo Borges - 1h50 (Brasil)

"Difícil é Não Brincar" - Papoula Bicalho

- "À Deriva", de Gints Zilbalodis - 1h10 (Letônia e França)
- "Jonas e o Circo Sem Lona", de Paula Gomes - 1h20 (Brasil)
- "Conduta", de Ernesto Daranas Serrano - 1h48 (Cuba)
- "5x Favela" (episódio "Couro de Gato"), de Joaquim Pedro de Andrade - 15 minutos (Brasil)
- "5x Favela — Agora por Nós Mesmos" – “Arroz com Feijão” e "Deixa Voar”, produção Carlos Diegues, Renata de Almeida Magalhães - 1h35 (Brasil)
- "Wolfwalkers", de Tomm Moore e Ross Stewart - 1h43 (Irlanda, Reino Unido, Luxemburgo, França, EUA)
- "O Menino e o Mundo", de Alê Abreu - 1h20 (Brasil)
- "Volta às Aulas", de Jacques Rozier -curta-metragem (França)
- "Cartão Vermelho", de Lais Bodanzky - curta-metragem (Brasil)
- "Isso Não é Uma Performance", de Ana Pi - curta=metragem (Brasil e França)
- "Marte Um", de Gabriel Martins - 1h12 (Brasil)

"As Aventuras do Príncipe Achmed" - Lotte Reiniger

Serviço:
Festival Bárbara de Cocais – Cinema e Formação Humana
Datas:
20 a 24 de agosto de 2025
Entrada: gratuita
Locais:
Santa Bárbara 

- Cine Vitória (Rua João Mota, 81, Centro)
- Praça Joaquim Aleixo Ribeiro (ao lado da Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Centro)
- Casa da Cultura (Av. Petrina de Castro Chaves, 48, Centro)
Barão de Cocais 
- Creche Mafiza Ribeiro (Rua Domingos Maia,755, bairro Lagoa)
Confira a programação: gratuita
Informações e programação completa: https://festival2025.barbaradecocais.org/
@barbaradecocais

18 agosto 2025

“Uma Mulher Sem Filtro” tenta ser comédia nacional, mas não acerta o alvo

Longa dirigido por Arthur Fontes é protagonizado por Fabiula Nascimento e ainda oferece uma experiência interativa (Fotos: Laura Campanella)
  

Eduardo Jr.


Já pensou como seria sua vida se você falasse tudo o que pensa? Este é o mote do filme “Uma Mulher Sem Filtro”, que estreia nos cinemas brasileiros dia 21 de agosto. 

Com roteiro adaptado por Tati Bernard e direção de Arthur Fontes, o longa distribuído pela H2O Filmes se propõe uma comédia - embora sem fôlego - e vai oferecer até uma experiência interativa. 

Na trama, Fabiula Nascimento vive sua primeira protagonista, Bia. Uma publicitária rodeada de problemas que se sente desvalorizada. O marido Antônio (Emílio Dantas) não assume responsabilidades em casa. A melhor amiga Roberta (Patrícia Ramos) não a escuta. A irmã Bárbara (Julia Rabello) é infantilizada e só pede favores. 


Gabriel (Samuel de Assis), colega de trabalho, é machista. O chefe Pedro Paulo (Caito Mainier) é incompetente, e o trabalho, que já era desmotivador, fica ameaçado com a chegada da influencer Paloma (Camila Queiroz) para ser a nova CEO da revista feminina onde Bia trabalha. 

A cada sapo que precisa engolir, a protagonista sente no corpo a insatisfação. No entanto, os efeitos passam a impressão de que algo sobrenatural vai acontecer com Bia, como se ela fosse se transformar em outra criatura. Mas ela não faz nada sozinha. 


O ponto de virada (que, por sinal, demora a ser apresentado) vem em uma experiência esotérica com Deusa Xana (Polly Marinho). A partir daí, Bia perde o filtro e começa a dizer tudo o que sente vontade. 

O público pode gostar do novo comportamento da protagonista, mas nada que atinja o ponto de gargalhadas sem freio. 

A verdade é que, apesar de apostar na ligação com pautas como machismo, silenciamento das mulheres e sororidade ligadas a situações do dia-a-dia, nem a comédia e nem o drama têm força. 


Se há pontos positivos a mencionar, talvez sejam a atuação de Fabiula e a música. A escolha por um repertório exclusivamente nacional se mostra acertada em alguns momentos do filme pelas canções escolhidas e por valorizar nomes femininos no setlist como Iza, Gloria Groove, Gaby Amarantos, Pocah e Letrux, além da pernambucana Duda Beat, com o hit "Que Prazer".
  
Deusa Xana no Whatsapp 

O público também terá a oportunidade de consultar Deusa Xana, a esotérica interpretada por Polly Marinho. Por meio do número (16) 99712-2024 no Whatsapp, integrado à Inteligência Artificial, ela estará disponível 24 horas por dia, dando conselhos sarcásticos, divertidos e empoderadores.


Ficha técnica:
Direção: Arthur Fontes
Roteiro adaptado: Tati Bernardi
Produção: Conspiração, coprodução Star Productions
Distribuição: H2O Films, codistribuição RioFilme
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

16 agosto 2025

"Meu Ano em Oxford": quando o amor desafia o tempo e veste a beleza dos jardins ingleses e da poesia

Longa com Sofia Carson e Corey Mylchreest se destaca por seu cuidado visual e sua atmosfera envolvente (Fotos: Netflix)


Silvana Monteiro

 
"Não há tempo consumido
nem tempo a economizar
O tempo é todo vestido

de amor e tempo de amar."
Carlos Drummond de Andrade
 
Os versos do poeta mineiro abrem com perfeição o caminho para falar de outro tipo de poesia: a cinematográfica. E mais que isso: uma poesia que atravessa os corredores da literatura e se manifesta nas imagens de "Meu Ano em Oxford" ("My Oxford Year").

O filme, adaptado do romance de Julia Whelan e lançado em 2024, acaba de entrar na coleção da Netflix e é dos mesmos produtores de "A Culpa é das Estrelas" (2014).


A história gira em torno de Anna de La Vega, uma jovem norte-americana vivida por Sofia Carson, que se muda para Oxford, na Inglaterra, para cursar seu tão sonhado mestrado. 

Lá, ela conhece Jamie Davenport, interpretado por Corey Mylchreest, um professor-adjunto carismático, admirado e temido por sua fama de amores efêmeros. 

O encontro entre os dois rende mais do que trocas intelectuais: nascem sentimentos atribulados, atravessados por obstáculos, escolhas difíceis e um segredo que vira a perspectiva da história de cabeça para baixo.

Apesar de o enredo seguir a linha clássica dos romances de formação com tintas dramáticas e reviravoltas já conhecidas do público, o filme se destaca por seu cuidado visual e sua atmosfera envolvente. 


Destaque para a fotografia 

A fotografia é um espetáculo à parte. Oxford é retratada em toda sua glória: bibliotecas de madeira antiga com vitrais coloridos, salões silenciosos onde a luz atravessa o tempo, jardins palaciais em flor e uma paleta que remete ao romantismo vitoriano.

Mas o que realmente marca a experiência de "Meu Ano em Oxford" é a sensibilidade com que trata a relação entre amor e tempo. Afinal, quantos dias são necessários para um amor valer à pena? 

O filme não responde com fórmulas prontas, mas convida à reflexão. Em tempos acelerados, é um lembrete delicado de que há sentimentos que não se medem em anos, e que o amor pode ser eterno mesmo quando breve.


Anna se reinventa ao longo da trama, e é isso que torna o filme mais interessante do que apenas a história romântica. É uma narrativa sobre recomeços, amadurecimento e coragem. E sim, é um clichê, mas daqueles que acolhem, emocionam e aquecem o coração.

"Meu Ano em Oxford" é um romance que, mesmo querendo aprofundar em uma complexidade sobre a duração da vida, consegue ser raso, mas sem deixar de oferecer beleza, esperança e a certeza de que, como dizia Drummond, "amar é mesmo o sumo da vida".

E ficam a pergunta e a resposta que intitulam a poesia do nosso grande escritor: "O tempo passa? Não passa. Para o amor, não passa".


Ficha técnica:
Direção: Iain Morris
Produção: Temple Hill Entertainment
Exibição: Netflix
Duração: 1h53
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: romance, comédia

13 agosto 2025

"No Céu da Pátria Nesse Instante" mostra a tensão provocada pela polarização das eleições de 2022

Documentário dirigido por Sandra Kogut traz um retrato histórico necessário do Brasil contemporâneo
(Fotos: O2Play)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Os atentados de 8 de janeiro de 2023 marcaram profundamente a história recente do Brasil. Uma história que ainda ecoa pelo país, seja pela polarização, que ainda persiste, seja pela luta por anistia aos que atacaram a democracia. 

Mas como foi que chegamos a esse ponto? A resposta está em “No Céu da Pátria Nesse Instante”, documentário da diretora Sandra Kogut, que estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas. 

A produção leva para as telas pessoas comuns que militavam em favor de Lula e de Bolsonaro. Cada uma contando sobre suas expectativas nos dias que antecederam as votações em primeiro e segundo turnos das eleições de 2022. 

Diretora Sandra Kogut

Marcelo Freixo, então candidato a governador do Rio, e sua esposa, a roteirista Antônia Pellegrino são acompanhados em atos de campanha. Assim como uma família bolsonarista também participa do documentário. Kogut equilibra bem o tempo de tela de cada lado, sem favorecer nenhum deles. 

Outros personagens são inseridos ao longo do documentário. Além dos militantes, também aparecem servidores da Justiça Eleitoral. O treinamento de mesários, a preparação das urnas e os desafios para realizar as eleições em todos os municípios, em especial os do Norte do país. 


Tensão no ar

Tudo vai sendo apresentado de forma leve, embora seja perceptível um clima de tensão no ar. É como se todo mundo soubesse o que estava por vir. Os atos de campanha dos dois lados. O medo de sair com camisa de candidato, o clima tenso de ir às ruas fazer campanha. Bolsonaristas confiantes na vitória. Lulistas temerosos com o futuro. 

Caminhoneiros organizados, pastor pedindo voto, a bomba no aeroporto de Brasília, denúncia de boca de urna e as blitze ilegais no dia das eleições. Tem muita coisa nessa complexa história que se apresenta em ordem cronológica, sem narrador. 

A tensão que vai aumentando durante a apuração. Uma história que a gente viu e viveu, mas que, ao ser revista, traz de volta um turbilhão de emoções, independente de que lado você esteja. 


Vem o resultado, vem a posse e a explosão do 8 de janeiro. Apoiadores do governo derrotado inconformados com o resultado das eleições e a vitória de Luis Inácio Lula da Silva invadem o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Violência, quebradeira, vandalismo, pedido de intervenção militar. Um dia que entrou para história e que ainda não acabou. 

O documentário reconta essa história sem adjetivar ninguém. Não faz juízo de valor, não debocha, não ironiza, nem comemora. É uma produção honesta e muito bem feita que merece ser vista para que tudo o que ocorreu não caia no esquecimento.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Sandra Kogut
Produção: Ocean Films em coprodução com Marola Filmes, Kiwi Filmes, GloboNews, Globo Filmes e Canal Brasil
Distribuição: O2 Play e Lira Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

11 agosto 2025

“Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” idealiza a "família perfeita" e peca em profundidade

Reboot dirigido por Matt Shakman apresenta a equipe em uma realidade paralela sem fazer referências a produções anteriores (Fotos: Marvel Studios)
 
 

Filipe Matheus
Parceiro do blog Maravilha de Cinema


A Marvel Studios trouxe de volta às telonas o “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” ("The Fantastic Four: First Steps") novo filme em cartaz em todo o Brasil, dirigido por Matt Shakman e baseado nos icônicos quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby. 

O longa nos transporta para 1961, acompanhando um grupo de astronautas que, durante um voo experimental, é exposto a uma tempestade de raios cósmicos, resultando em seus superpoderes. Com as novas habilidades, eles se tornam os protetores de Nova York contra grandes vilões.

Este reboot apresenta a equipe em uma realidade paralela dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), coexistindo com clássicos como “Vingadores” e “Guardiões da Galáxia” (2014, 2017 e 2023), sem fazer referências a produções anteriores do “Quarteto Fantástico”.


Elenco estelar

Uma curiosidade que agradou bastante aos fãs é a inclusão da Fundação do Futuro, organização idealizada por Reed Richards nos quadrinhos para usar a ciência em prol da humanidade. Ver essa parte da mitologia ganhando vida na tela grande é um deleite para quem acompanha as HQs, mostrando um cuidado com o material original.

O elenco estelar conta com Pedro Pascal ("Gladiador II" - 2024) como Reed Richards/Senhor Fantástico, Vanessa Kirby ("Missão: Impossível - Efeito Fallout" - 2018) como Sue Storm/Mulher Invisível, Joseph Quinn ("Um Lugar Silencioso: Dia Um" - 2024) como Johnny Storm/Tocha Humana e Ebon Moss-Bachrach ("O Urso" - 2024) como Ben Grimm/O Coisa. Apesar do esforço dos heróis, o filme peca no desenvolvimento dos conflitos, que por vezes carecem de profundidade.


Um dos pontos altos do longa é, sem dúvida, a performance de Joseph Quinn como Tocha Humana. Sua atuação é um show à parte e crucial para o andamento da história, adicionando uma camada de carisma e dinamismo à equipe. Ele consegue criar conflitos com os vilões sem forçar, diferente do Senhor Fantástico de Pedro Pascal, que se perde no papel.

Em contraste, o filme por vezes cai na idealização da “família perfeita” dos Fantásticos, o que soa um tanto superficial. Essa tentativa de retratar uma harmonia impecável acaba tirando um pouco do drama e da profundidade que a equipe poderia ter, deixando um gosto de “pura balela”.


Vilões pouco aproveitados

O icônico vilão Galáctus (Ralph Ineson, de "Resistência" - 2023) tenta chegar com tudo, mas acaba ofuscado pela Surfista Prateada, interpretada por Julia Garner ("A Hora do Mal" - 2025). A personagem, que deveria ter sido mais explorada, parece mais uma coadjuvante do que uma das vilãs centrais, um potencial perdido que poderia ter enriquecido muito mais a trama.

A expectativa para ver o “Quarteto Fantástico” nos próximos filmes dos “Vingadores” que fazem parte da Fase 6 do MCU é alta, mas também gera preocupações. A chance de eles aparecerem em “Vingadores: Doomsday” (que estreia este ano) pode ser um risco, embora faça parte da estratégia da Marvel de inserir seus personagens no multiverso.

No geral, o novo filme do “Quarteto Fantástico” entrega uma experiência mista. Há atuações de destaque e a promessa de uma equipe icônica no MCU, mas acaba pecando em seus personagens. É um reboot que tem seus momentos empolgantes, mas que poderia ter ido além na construção de conflitos e na profundidade dos heróis.


Ficha técnica:
Direção: Matt Shakman
Produção: Marvel Studios e 20th Century Fox
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h55
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção

29 junho 2025

Mostra “Prêmio Grande Otelo” exibe produções nacionais de graça no Cine Humberto Mauro

Programação foi feita a partir de 15 filmes indicados ao Troféu Grande Otelo, que acontece dia 30 de julho,
no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)


Da Redação

O Cine Humberto Mauro, de 1º a 6 de julho, apresenta a mostra “Prêmio Grande Otelo”, com uma programação, feita a partir de obras indicadas ao Prêmio Grande Otelo e dedicada às produções contemporâneas realizadas no Brasil. 

As sessões têm entrada gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria do cinema, a partir de meia hora antes das sessões, mediante apresentação de documento com foto. Informações no site https://fcs.mg.gov.br/evento/premio-grande-otelo/.

"Ainda Estou Aqui" (Crédito: Walter Salles)

O público poderá conferir sucessos como o longa premiado “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, "O Auto da Compadecida 2", "Estômago 2 – O Poderoso Chef" e “Motel Destino”, entre outros. Na seleção estão presentes filmes indicados em três categorias do prêmio realizado pela Academia Brasileira de Cinema. 

Com uma curadoria de 15 filmes, a mostra reúne os indicados a Melhor Longa-Metragem Ficção, Melhor Longa-Metragem Comédia e Melhor Longa-Metragem Documentário. A premiação, que possui outras 27 categorias, homenageia a qualidade das obras contemporâneas e a trajetória de um cinema que resiste, inova e se reinventa. 

"Baby" (Crédito: Marcelo Caetano)

Vitor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro e curador da mostra, comenta sobre a difusão do cinema nacional. “Ao reunir produções indicadas em categorias centrais do Prêmio Grande Otelo, reconhecemos a qualidade artística e técnica das obras realizadas no país e destacamos a importância de manter espaços dedicados à difusão do nosso audiovisual. É uma forma de convidar o público a acompanhar de perto o que vem sendo produzido e de fortalecer o vínculo entre o cinema nacional e seus espectadores”. 

A programação carrega um forte elo simbólico com a retrospectiva imediatamente anterior: “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo”, realizada de 5 a 29 de junho. Nela, o público pôde revisitar a vasta e complexa trajetória de um dos maiores nomes do cinema brasileiro através das exibições, debates, sessões comentadas e encontros críticos.

"Estômago - O Poderoso Chef"
(Crédito: Marcos Jorge)

Fortalecimento da produção nacional 

A Academia Brasileira de Cinema, criada em 2002 para representar os profissionais do setor e promover o reconhecimento da excelência artística e técnica do audiovisual nacional, é hoje a responsável pela realização do Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro. 

Atualmente, são 30 categorias que contemplam desde longas-metragens de ficção, documentários, animações e séries até aspectos técnicos, como montagem, fotografia, trilha sonora e direção de arte. 

A estatueta feita com a imagem de Grande Otelo foi desenhada por Ziraldo e esculpida por Altair Souza. A seleção é realizada pelos próprios profissionais do setor, em processo conduzido pela Academia. 

Troféu Grande Otelo
(Crédito: Academia Brasileira de Cinema)

A premiação tem um papel importante no reconhecimento da qualidade das produções contemporâneas, na criação de uma memória do cinema nacional e no fortalecimento da indústria cinematográfica do país. 

Anteriormente nomeada como Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, a premiação passou a levar o nome de Grande Otelo a partir de 2024, como uma forma de exaltar a trajetória artística do ator. 

A cerimônia de entrega do Prêmio Grande Otelo de 2025 acontece dia 30 de julho, na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo no Youtube da Academia e no CanalBrasil.


"Milton Bituca Nascimento (Crédito: Flávia Moraes)

PROGRAMAÇÃO 

01/07 - TERÇA-FEIRA
17h - "Othelo, o Grande" (Lucas H. Rossi dos Santos, Brasil, 2024) / Livre / 1h23

19h - "Milton Bituca Nascimento" (Flávia Moraes, Brasil, 2024) / 10 anos / 1h50


02/07 – QUARTA-FEIRA
15h - "Fernanda Young – Foge-me ao Controle" (Susanna Lira, Brasil, 2024) / 16 anos |/ 1h27

17h - 3 Obás de Xangô (Sérgio Machado, Brasil, 2024) | Livre | 1h16

19h - "Luiz Melodia – No Coração do Brasil' (Alessandra Dorgan, Brasil, 2024) / Livre / 1h15

"Câncer com Ascendente em Virgem"
 (Crédito: Rosane Svartman)

03/07 – QUINTA-FEIRA
15h - "Assexybilidade" (Daniel Gonçalves, Brasil, 2024) / 16 anos / 1h26

17h30 - "Câncer com Ascendente em Virgem" (Rosane Svartman, Brasil, 2024) / 14 anos / 1h35

19h30 - "Baby" (Marcelo Caetano, Brasil/França/Países Baixos, 2024) / 16 anos / 1h47

"O Auto da Compadecida 2"
(Crédito: Guel Arraes e Flávia Lacerda)

04/07 – SEXTA-FEIRA
15h - "Malu" (Pedro Freire, Brasil, 2024) | 16 anos | 1h40

17h - "Kasa Branca" (Luciano Vidigal, Brasil, 2024) / 16 anos / 1h35

19h - Cinema e Psicanálise - "O Segredo de Brokeback Mountain" ("Brokeback Mountain", Ang Lee, EUA/Canadá, 2005) / 14 anos / 2h14 / Sessão comentada por Vinícius Lima, Doutorando e Mestre em Psicologia (UFMG)



05/07 - SÁBADO
15h - "O Auto da Compadecida 2" (Flávia Lacerda e Guel Arraes, Brasil, 2024) / 12 anos / 1h52

17h30 - "Motel Destino" (Karim Aïnouz, Brasil/França/Alemanha/ Reino Unido, 2024) / 18 anos /| 1h55

20h - "Ainda Estou Aqui" (Walter Salles, Brasil/França, 2024) / 14 anos / 2h16

"Motel Destino" (Crédito: Karim Aïnouz)

06/07 - DOMINGO
18h - "O Dia Que Te Conheci" (André Novais Oliveira, Brasil, 2024) / 12 anos / 1h10

19h30 - "Estômago 2 – O Poderoso Chef" (Marcos Jorge, Brasil/Itália, 2024) / 18 anos / 2h10

Serviço:
Mostra “Prêmio Grande Otelo”
Data: 1º a 6 de julho
Horários: variados
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)
Classificações indicativas: Variáveis
Entrada: gratuita; os ingressos será distribuído presencialmente pela bilheteria, meia hora antes da sessão, mediante a apresentação de documento com foto.
Informações: (31) 3236-7307 ou no site https://fcs.mg.gov.br/evento/premio-grande-otelo/

27 junho 2025

"M3GAN 2.0" entrega mais violência, ação e uma versão atualizada para combate

Boneca-robô assassina retorna após dois anos do último filme com upgrade para enfrentar uma rival
criada com IA (Fotos: Universal Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
A icônica robô assassina que arrebatou mais de 2 milhões de espectadores nos cinemas nacionais em 2023, mantendo-se por cinco semanas entre as dez maiores bilheterias do país, está de volta.

"M3GAN 2.0" estreou nos cinemas pronta para confrontar uma adversária ainda mais violenta e sem controle, criada com Inteligência Artificial para ser uma máquina de guerra.

A história se passa dois anos após Gemma (Allison Williams) ter criado M3GAN para ser a companhia ideal de sua sobrinha Cady (Violet McGraw). A androide, no entanto, se tornou uma boneca assassina implacável e precisou ser desativada. 

Gemma agora é uma autora de prestígio e defensora da supervisão governamental da IA, enquanto Cady, já adolescente, discorda da superproteção da tia.


Sem o conhecimento da criadora, a tecnologia de M3GAN é roubada e utilizada para desenvolver um novo protótipo cuja única missão é ser uma arma militar extremamente letal. Batizada de Amélia (Ivanna Sakhno), ela rapidamente cria consciência própria e se torna uma máquina sem controle, disposta a exterminar a raça humana. 

A única chance de impedir que esta versão 2.0 destrua a humanidade é ressuscitar M3GAN (interpretada por Amie Donald e dublada por Jenna Davis), fazendo algumas atualizações para deixá-la mais rápida, mais forte e preparada para enfrentar Amélia. Apesar de ter se tornado uma assassina, M3GAN não perdeu seu principal objetivo - proteger Cady.


Assim como no filme original, "M3GAN 2.0" é violento, com sangue espirrando nas paredes e apresenta mais de um vilão, que inicialmente até parece bonzinho. 

Os efeitos visuais são destaque, principalmente nas coreografias de luta, capazes de transformar até mesmo personagens comuns em verdadeiros lutares no estilo Bruce Lee. O ponto alto da produção é o confronto eletrizante entre M3GAN e Amélia. 

Embora o filme apresente situações por vezes forçadas, elas estão dentro do esperado e contribuem para a agilidade da trama, mantendo a narrativa dinâmica e envolvente. 


O longa se afasta do gênero terror puro, apesar de contar com a Blumhouse (responsável por sucessos como "Sobrenatural - A Porta Vermelha" - 2023 e "O Homem Invisível" - 2020), e James Wan (diretor de "Invocação do Mal 2" - 2016 e "Maligno" - 2021) como produtores.

"M3GAN 2.0" explora mais a ação, o suspense violento e uma abordagem futurista que questiona o destino da humanidade caso os robôs assumirem o controle da tecnologia global. É quase uma Skynet de "O Exterminador do Futuro", mas com um corpo humanizado e atualizada com Inteligência Artificial.


No elenco, além das protagonistas temos o retorno de Brian Jordan Alvarez (Cole) e Jen Van Epps (Tess), parceiros de pesquisa de Gemma no primeiro filme. E novos participantes como Aristotle Athari (Christian, namorado de Gemma), Timm Sharp (Agente Sattler), Jermaine Clement (o empresário Alton Appleton) e Mayen Mehta (Naveen).

Com efeitos visuais de alta qualidade e uma boa produção, o filme apresenta a famosa robô mais madura e uma rival assassina tão bela quanto letal, prometendo mais uma vez conquistar o público.


Sucesso do anterior

A nova produção pretende repetir o sucesso de seu antecessor que permaneceu por cinco semanas entre as dez maiores bilheterias do Brasil. "M3GAN", que teve um orçamento de US$ 12 milhões, também quebrou recordes, arrecadando US$ 30,4 milhões em sua estreia nos EUA.

O filme tornou-se a maior abertura de final de semana de um filme de terror PG-13 desde “Um Lugar Silencioso - Parte II”. No total, ultrapassou US$ 180 milhões na bilheteria mundial. A expectativa é de que "M3GAN 2.0" alcance números de bilheteria tão impressionantes quantos os de seu antecessor. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gerard Johnstone
Produtores: James Wan, Jason Blum e Allison Williams
Produção: Blumhouse Productions e Atomic Monsters
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2 horas
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ficção, ação, suspense

17 junho 2025

“Prédio Vazio” tenta desbravar o campo do terror urbano no cinema brasileiro

Longa ambientado na cidade de Guarapari mescla o horror com o folclore (Fotos: Retrato Filmes)
 
 

Eduardo Jr.

 
Primeira história de Rodrigo Aragão a se passar em ambiente urbano, “Prédio Vazio”, distribuído pela Retrato Filmes que está em exibição no Centro Cultural Unimed-BH Minas, é uma tentativa de colocar uma obra como referência do gênero terror-ficção no cinema nacional.  

O diretor capixaba é conhecido pelas produções “Mangue Negro”, “A Noite do Chupacabras” e “O Cemitério das Almas Perdidas", todas ambientadas longe das grandes cidades. 

Aragão também é renomado por mesclar o horror com o folclore, criando narrativas que destacam a cultura e a identidade regional do Espírito Santo.


Neste longa de terror, uma jovem embarca de Belo Horizonte para Guarapari (ES) para procurar a mãe desaparecida no último dia de carnaval. Ao encontrar o prédio onde ela morava, a garota é envolvida pelo perigo, pois o sobrenatural habita o edifício que parecia vazio após o término do feriado.  

O que o espectador pode perceber, no geral, é ousadia. Embora no início seja algo morno, que flerta com o trash em razão da luz estourada e das cenas apresentadas, o filme é, na verdade, uma identidade assumida - uma identidade composta de exagero. 


Grandes quantidades de sangue não demoram a ocupar a tela, e a sensação de que o mal é, também, humano, fica clara na boa atuação de Gilda Nomacce, que dá vida a uma zeladora digna de toda a nossa desconfiança. 

E ela se confirma como uma aliada dos espíritos malignos que promovem o terror no assustador edifício. E mais que isso, é executante de atos brutais. Mas não se trata de um banho de sangue sem motivo. O diretor traz uma explicação e um final interessante para a trama. 


Para o espectador, vale destacar que não encontrar neste longa uma cópia da estética hollywoodiana é algo positivo. O sangue, os cenários, os efeitos criados artesanalmente e a violência executada por corpos reais, é sinal de coragem do cineasta - e pode acabar ganhando o público. 

Um sinal do valor deste filme está no reconhecimento obtido até aqui, como o Prêmio Retrato Filmes, na 28ª Mostra de Tiradentes, que garantiu investimento e contrato de distribuição para o longa. 


Ficha técnica:
Direção, roteiro e efeitos especiais: Rodrigo Aragão
Produção: Fábula Filmes
Distribuição: Retrato Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h20
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: terror, ficção