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18 agosto 2025

“Uma Mulher Sem Filtro” tenta ser comédia nacional, mas não acerta o alvo

Longa dirigido por Arthur Fontes é protagonizado por Fabiula Nascimento e ainda oferece uma experiência interativa (Fotos: Laura Campanella)
  

Eduardo Jr.


Já pensou como seria sua vida se você falasse tudo o que pensa? Este é o mote do filme “Uma Mulher Sem Filtro”, que estreia nos cinemas brasileiros dia 21 de agosto. 

Com roteiro adaptado por Tati Bernard e direção de Arthur Fontes, o longa distribuído pela H2O Filmes se propõe uma comédia - embora sem fôlego - e vai oferecer até uma experiência interativa. 

Na trama, Fabiula Nascimento vive sua primeira protagonista, Bia. Uma publicitária rodeada de problemas que se sente desvalorizada. O marido Antônio (Emílio Dantas) não assume responsabilidades em casa. A melhor amiga Roberta (Patrícia Ramos) não a escuta. A irmã Bárbara (Julia Rabello) é infantilizada e só pede favores. 


Gabriel (Samuel de Assis), colega de trabalho, é machista. O chefe Pedro Paulo (Caito Mainier) é incompetente, e o trabalho, que já era desmotivador, fica ameaçado com a chegada da influencer Paloma (Camila Queiroz) para ser a nova CEO da revista feminina onde Bia trabalha. 

A cada sapo que precisa engolir, a protagonista sente no corpo a insatisfação. No entanto, os efeitos passam a impressão de que algo sobrenatural vai acontecer com Bia, como se ela fosse se transformar em outra criatura. Mas ela não faz nada sozinha. 


O ponto de virada (que, por sinal, demora a ser apresentado) vem em uma experiência esotérica com Deusa Xana (Polly Marinho). A partir daí, Bia perde o filtro e começa a dizer tudo o que sente vontade. 

O público pode gostar do novo comportamento da protagonista, mas nada que atinja o ponto de gargalhadas sem freio. 

A verdade é que, apesar de apostar na ligação com pautas como machismo, silenciamento das mulheres e sororidade ligadas a situações do dia-a-dia, nem a comédia e nem o drama têm força. 


Se há pontos positivos a mencionar, talvez sejam a atuação de Fabiula e a música. A escolha por um repertório exclusivamente nacional se mostra acertada em alguns momentos do filme pelas canções escolhidas e por valorizar nomes femininos no setlist como Iza, Gloria Groove, Gaby Amarantos, Pocah e Letrux, além da pernambucana Duda Beat, com o hit "Que Prazer".
  
Deusa Xana no Whatsapp 

O público também terá a oportunidade de consultar Deusa Xana, a esotérica interpretada por Polly Marinho. Por meio do número (16) 99712-2024 no Whatsapp, integrado à Inteligência Artificial, ela estará disponível 24 horas por dia, dando conselhos sarcásticos, divertidos e empoderadores.


Ficha técnica:
Direção: Arthur Fontes
Roteiro adaptado: Tati Bernardi
Produção: Conspiração, coprodução Star Productions
Distribuição: H2O Films, codistribuição RioFilme
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

15 março 2023

Com pegada feminina, “La Situación” é inteligente, perspicaz e não tem nada de comédia romântica

Uma viagem à Argentina coloca Thati Lopes, Natália Lage e Júlia Rabello  entre as mais procuradas pela polícia (Fotos: Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane. O filme “La Situación”, dirigido por Tomás Portella, não tem nada da tradicional comédia romântica como pode parecer na sinopse ou no início da projeção. 

Trata-se de uma produção deliciosamente inteligente e engraçada, capaz de provocar muitas risadas com os perrengues vividos por três mulheres cujas vidas não andam excitantes nem felizes.

No elenco, Natália Lage (Ana), Júlia Rabello (Letícia) e Thati Lopes (Yovanka), se encarregam de imprimir uma pegada ágil de humor bem ao estilo Porta dos Fundos. A estreia nos cinemas é dia 23 de março.


Letícia e Ana são duas amigas que não estão vivendo exatamente os melhores momentos de suas vidas. 

A primeira vive um casamento morno com um marido zen (Marcelo Gonçalves) e está sempre às voltas com o cuidado com os filhos, uma criançada teimosa e bagunceira.

A segunda tem um trabalho burocrático, anda solitária e sofre horríveis cólicas menstruais que limitam sua vida. 

Para complicar, está hospedando em sua casa, a mais tempo do que gostaria, uma prima jovem, Yovanka, mocinha atrevida e meio maluquete, sempre envolvida com todo tipo de medicamento e drogas ilícitas.


Férias alucinadas

A aventura das três – duas amigas e uma intrusa – começa quando Ana, interpretada na medida por Natália Lage, recebe a notícia de que sua avó teria deixado de herança um valiosíssimo terreno na Argentina, para onde ela deveria ir tomar posse da propriedade.

Claro que a amiga Letícia – numa atuação cheia de nuances de Júlia Rabello - se oferece para acompanhá-la visando, quem sabe, a umas breves férias de marido e filhos.


Para completar o trio, Yovanka se intromete na viagem. O papel é feito por Thati Lopes, talvez a mais engraçada das três e responsável pelas mais inusitadas situações vividas por elas. Estão ainda no elenco Roberto Soares e Soledad Pelayo.

Só para dar ao espectador a falsa impressão de que esta será mais uma comédia romântica, logo no início, já dentro do avião, as três conhecem Antônio, interpretado por Dudu Azevedo, que imprime a seriedade possível dentro de tantas gargalhadas.


Traficantes, drogas e perseguição

Na viagem, as três se envolvem com traficantes violentos - quase um clichê quando se trata de América Latina - correm riscos e se metem em fugas perigosas. 

Detalhes maliciosos como uma falsificadíssima logomarca da Apple numa loja em algum canto do Paraguai, e o chefão do tráfico completamente gago tentando ser mau, são nuances que ajudam a enriquecer o filme.


Não seria exagero dizer que “La Situación” é um filme feminino. Afinal, embora dirigido por um homem, o roteiro foi escrito por duas mulheres: Carolina Castro e Natália Klein. 

Há entraves e perrengues íntimos vividos por elas, os quais só as mulheres são capazes de compreender e, consequentemente, rir.

Os diálogos ligeiros e a forma como as jovens vivem situações inusitadas antes mesmo de embarcar rumo à Argentina fazem desse road movie rodado no Uruguai uma imperdível e oportuna comédia.


Ficha técnica:
Direção:
 Tomás Portella
Produção: Migdal Filmes / Caravela Filmes
Distribuição: Star Distribuction
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 14 anos
País: Brasil, Argentina, Uruguai
Gêneros: comédia, aventura