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09 agosto 2025

Qual filme você assistiria com seu maior amigo?

 

  

Equipe do Cinema no Escurinho

 
Chegamos a mais um Dia dos Pais. E se aqui, no mundo real tem pais de todos os tipos, ausentes, presentes, despachados, formais e vários outros... na dramaturgia não seria diferente, né? 

Aqui vai uma listinha da equipe do Cinema no Escurinho, pra você se divertir, se emocionar, odiar, ou até questionar por que aquele pai daquela série ou daquele filme não apareceu por aqui. Deixe seu comentário também.

Eduardo Jr.
- Julius ("Todo Mundo Odeia o Chris")
- Joel ("The Last of Us")
- Don Vito Corleone ("O Poderoso Chefão")
- Mufasa ("Mufasa: O Rei Leão")
- Chris Gardner ("À Procura da Felicidade")


Marcos Tadeu
- Jack ("This is Us")
- Gepeto ("Pinóquio")
- Marlin ("Procurando Nemo")
- Francisco ("2 Filhos de Francisco")
- Max ("Meu Filho, Nosso Mundo")
 
Mirtes Helena Scalioni
- David Sheff ("Querido Menino")
- Osamu Shibata ("Assunto de Família")
- Memo - ("O Milagre da Cela 7")
- Chris Gardner ("À Procura da Felicidade")
- Anthony ("Meu Pai")



Maristela Bretas

- Parker ("Sempre a Seu Lado")
- Darth Vader ("Star Wars")
- Ben ("Capitão Fantástico")
- Bryan Mills ("Busca Implacável")
- Indiana Pai ("Indiana Jones e a Última Caçada")
 
Filipe Mateus
- Guido ("A Vida é Bela")
- Nate Oullman ("Extraordinário")
- Eddie Palmer "(Palmer")
- Joe Kingman ("Treinando o Papai")
- Luiz Gonzaga ("Gonzaga de Pai pra Filho")



Silvana Monteiro
- Richard ("King Richard: Criando Campeãs")
- Memo ("O Milagre da Cela 7")
- Dr. Seyolo Zantoko ("Bem-vindo a Marly-Gomont")
- Ollie Trinke ("Menina dos Olhos")
- Harry Hamilton ("Tal Pai, Tal Filha")

 
SUGESTÕES DE ANIMAÇÕES
- Shrek - "Shrek Terceiro" (2007)
- Stoico - "Como Treinar Seu Dragão" (2010)
- Drácula - "Hotel Transilvânia" (2012)
- Roz - "Robô Selvagem" (2024)
- Gru - "Meu Malvado Favorito" (2010)
- Beto - "Os Incríveis" (2004)
- Grug - "Os Croods" (2013)
- Homer Simpson - "Os Simpsons" (a partir de 1989)
- Sr. Anderson - "Divertida Mente" (2015)





29 julho 2025

Com muita ação, “Predador: Assassino de Assassinos” une filmes da franquia e abre novas possibilidades

Animação tem uma dinâmica muito boa com a divisão em três histórias distintas que acabam interligadas (Fotos. 20th Century Studios)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Está disponível no Disney+ “Predador: Assassino de Assassinos” (2025). O longa-metragem de animação dá continuidade à franquia dos Yautjas. São três histórias, ocorridas em épocas distintas, que acabam se cruzando. 

Primeiro, uma guerreira viking busca vingança junto de seu grupo. Eles são observados por um predador. Da mesma forma, no Japão feudal, dois irmãos, um ninja e um samurai lutam entre si para resolver questões pessoais. O outro personagem é um piloto estadunidense em batalha na Segunda Guerra Mundial. 


Nas três histórias, os personagens são confrontados por predadores. Os Yautjas, como sempre, estão em busca de enfrentar os guerreiros mais fortes do universo. 

O filme é dirigido por Dan Trachtenberg, que também esteve à frente do ótimo “Predador: A Caçada” (2022). A animação tem um gráfico bem particular. É um tanto sombrio e bem envolvente, reforçado pela trilha sonora de Alan Silvestri, responsável pelas composições de sucessos como "Vingadores: Ultimato" (2019) e "Vingadores: Guerra Infinita" (2018).


A divisão do longa em três histórias dá uma dinâmica muito boa à animação. Os diálogos são suficientes e não se perdem em explicações desnecessárias e repetitivas. Os trechos silenciosos também dizem muito. Tudo na medida certa. 

As cenas de ação são intensas, bem desenvolvidas e muito bem construídas. A parte da guerreira viking traz uma violência bruta, em cenários de neve e gelo. Uma composição muito acertada. Da mesma forma a representação do Japão feudal com seus guerreiros e suas espadas afiadas. É poesia em forma de pancadaria. 


Destoando das duas primeiras histórias, a parte do piloto estadunidense é menos envolvente. Por se tratar de batalhas aéreas, perde o envolvimento das narrativas anteriores. Mesmo tudo sendo feito com a mesma qualidade, fica a sensação de que algo ficou faltando. 

No fim, como se espera, as histórias se cruzam e deixam muitas portas abertas. Com certeza uma continuação já está em produção. Há ainda pontos que ligam o filme com a série “Predador: Badlands (2025)”, que será lançada em novembro no Disney+. 


Também são apresentadas conexões com “Predador: A Caçada” (2022) e com os dois primeiros filmes da franquia: “O Predador” (1987), com Arnold Schwarzenegger, e “O Predador 2: A Caçada Continua” (1990), com Danny Glover. 

E pra deixar os fãs ainda mais eufóricos, há também ligações com “Alien: Romulus” (2024). Ao que tudo indica, muito em breve, predadores e aliens devem se enfrentar novamente.

“Predador: Assassino de Assassinos” tem muitas qualidades e faz uma ligação entre todos os filmes já produzidos pela franquia. Mostra que há muita coisa a ser explorada sem ser repetitivo. É pra curtir e esperar os próximos capítulos.


Ficha técnica:
Direção: Dan Trachtenberg e Josh Wassung
Roteiro: Micho Rutare
Produção: 20th Century Studios
Exibição: Disney+ Brasil
Duração: 1h30
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, animação

26 maio 2025

"Lilo & Stitch", a animação que encantou o público em 2002 e ganhou um live-action

O charme do filme está na simplicidade ao mostrar que mesmo sendo de mundos diferentes, um precisa
do outro (Foto: Walt Disney Pictures)
 
 

Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


No dia 22 de maio de 2002, chegava aos cinemas brasileiros uma das animações mais adoráveis e anárquicas da Disney: "Lilo & Stitch". Um sucesso que garantiu uma bilheteria de US$ 273 milhões e a indicação ao Oscar na categoria naquele ano.

Passados 23 anos, "Lilo & Stitch" ganhou um remake, que estreou nos cinemas em live-action (confira a crítica aqui) e está atraindo milhares de fãs, de todas as idades, especialmente famílias. Para quem não assistiu a animação original, ela pode ser conferida no canal por assinatura Disney+.


Trazendo uma aventura em solo havaiano, o filme nos apresenta a Experiência 626 — um alienígena violento, mas irresistivelmente fofo — e a pequena e rebelde Lilo, duas figuras deslocadas que vão precisar uma da outra para entender o verdadeiro significado da palavra "ohana".

Lilo é uma menina solitária, criativa e com um coração enorme. Ela recolhe lixo nas praias para proteger os animais marinhos, enquanto tenta lidar com a ausência dos pais e o convívio com a irmã mais velha, Nani, que luta para sustentar as duas e manter a guarda da caçula. 


A rotina muda drasticamente quando Lilo adota Stitch, um “cachorro” estranho e destruidor que, na verdade, é uma criatura alienígena foragida. Juntos, a dupla constrói uma amizade improvável, cheia de caos, mas também de descobertas emocionais.

O charme de “Lilo & Stitch” está na sua simplicidade. Mesmo sendo de mundos completamente diferentes, Stitch precisa de Lilo tanto quanto ela precisa dele. Ela o ensina o que é amor, cuidado e pertencimento. 

Se há algo que a menina aprende e ensina com toda essa jornada é que "ohana' significa família, e família nunca abandona ou esquece.


Apesar de sua origem destrutiva, Stitch vai sendo moldado pelo afeto — e sua convivência com Lilo, Nani e até com o cientista maluco Jumba (seu criador). Mostra que, às vezes, só é preciso alguém que enxergue além das aparências para despertar o melhor em nós.

Outro ponto que encanta é o cenário: o Havaí, com sua energia solar, vibrante e cultural, casa perfeitamente com o caos fofo de Stitch. Os diretores Chris Sanders e Dean DeBlois acertaram ao incorporar elementos como o surf, a espiritualidade havaiana, e a trilha sonora com toques de Elvis Presley. 

É uma mistura que traz frescor e originalidade à animação. Confira aqui uma das músicas.


Visualmente, o longa é um presente. Com fundos pintados em aquarela e um estilo que remete à animação 2D clássica, “Lilo & Stitch” tem um toque artesanal, quase nostálgico, que contrasta com sua trama moderna e subversiva.

Vale lembrar que, no material de divulgação, tanto da animação quanto do live-action, Stitch invade pôsteres de outros filmes da Disney, assustando princesas, príncipes e personagens do estúdio — um sinal claro de que esse "monstrinho azul" não estava aqui para seguir as regras.


Já Lilo é uma das representações mais autênticas da infância no cinema: cheia de imaginação, imprevisível, birrenta, afetuosa. Ela não é a menina idealizada — e justamente por isso, é real e inesquecível. 

Stitch, por sua vez, é a metáfora perfeita para o "monstro" que existe em cada um de nós, e que pode ser transformado pelo amor e pela convivência.


Se há uma pequena falha, talvez seja o espaço dado à história de Nani. A animação não aprofunda muito o contexto das dificuldades que ela enfrentou para criar Lilo sozinha, mas, mesmo assim, é impossível não admirar sua força, coragem e dedicação. O live-action repara isso e dá mais espaço a Nani.

“Lilo & Stitch” é uma animação que merece ser (re) vista com carinho. É um filme sobre pertencimento, laços improváveis que viram amor — e como, mesmo sendo diferentes, todos temos valor. Ohana nunca abandona. E esse filme também não.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Chris Sanders e Dean DeBois
Produção e distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: Canal Disney+
Duração: 1h25
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia

22 maio 2025

Prepare o lencinho, live-action "Lilo & Stitch" é 'ohana' do início ao fim

Remake da animação de 2002 emprega CGI para criação do alienígena azul que fugiu para a Terra e foi
adotado como cachorro (Fotos: Walt Disney Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Para quem não sabe, "ohana" significa família. E família quer dizer nunca abandonar ou esquecer. A partir daí, prepare-se para muitos momentos emocionantes com o remake em live-action "Lilo & Stitch", que estreia nesta quinta-feira (22 de maio) nos cinemas, 23 anos após o lançamento da animação no Brasil, e que promete derreter os corações. Recomendo a versão dublada, que tem um toque mineirês na fala de um dos personagens.

Depois de vários erros em live-actions, como "O Rei Leão" (2019) e o mais recente "Branca de Neve" (2025), a Disney mostra que ainda sabe encantar muito bem seus fãs ao regravar esta animação de 2002. Para quem não assistiu o desenho, recomendo, pois ambas as produções são muito fofas. 


O live-action não fica em nada a dever, especialmente na recriação de Stitch, o extraterrestre mal-humorado que conquista o coração da simpática e levada Lilo, uma menina havaiana que só deseja ter um melhor amigo. 

Ele ganhou vida com o emprego de CGI e a dublagem de seu criador e ilustrador Chris Sanders (responsável pela animação e que também dirigiu "Robô Selvagem" - 2024).

O filme não perde o encanto, graças aos personagens que são bem carismáticos. A começar por Maya Kealoha, , que interpreta a menina Lilo Pelekai, e à amizade que se forma entre a menina e seu "estranho cachorro azul" que acaba sempre em muita confusão.


Tudo acontece quando o Experimento 626, um ser considerado muito agressivo e destruidor  escapa do planeta Turo e vem cair em Kauai, no Havaí. Após criar muita confusão, ele é capturado e acaba adotado pela órfã Lilo, que o elege seu melhor amigo e lhe dá o nome de Stitch. 

Para desespero de Nani (Sidney Agedong), sua irmã, que sempre está correndo o risco de perder o emprego por causa das aprontações de Lilo, além de brigar para manter a guarda da menina.

A parte cômica fica por conta dos atrapalhados Zack Galifianakis, como Jumba Jookiba, e Billy Magnussen, como o agente Pleakley. Eles são os alienígenas que vêm à Terra para tentar capturar o Experimento 626. 


O elenco conta ainda com Courtney B. Vance (o agente Cobra Bubbles), Kaipo Dudoit (David), Hannah Waddingham (a Grande Conselheira da Federação das Galáxias), Tia Carrere (a assistente social Sra. Kekoa) e Jason Scott Lee (patrão de Nani). Estes dois últimos fizeram a dublagem na animação de 2002 dos personagens Nani e David. 

Também Amy Hill, que agora faz a vizinha Tutu, participou da animação, dublando a Sra. Hasagawa. Saiba quem é quem na animação e no live-action na foto abaixo.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Chris Sanders,
Maya Kealoha, Sidney Agedong, Kaipo Dudoit, Courtney B. Vance, 
Zack Galifianakis Billy Magnussen, Tia Carrere e Amy Hill

Embalado por canções havaianas e um toque nostálgico de Elvis Presley, "Lilo & Stitch" ainda tem a seu favor as deslumbrantes paisagens da Costa Norte do Havaí, onde foi filmado. 

A produção é colorida, emocionante e entrega situações  muito divertidas de completo caos provocadas pelo alien azul que vão agradar crianças e adultos. 

Mais do que isso, o filme passa, do início ao fim, reforçando a mensagem da importância da família. "Ohana" é a palavra mais pronunciada, em cenas que derretem o mais duro dos corações. 


São abordados temas como perda, bullying na escola, diferenças sociais e o amor entre irmãs, por mais que elas briguem. Maya Kealoha e Sidney Agedong têm uma ótima sintonia e até parecem irmãs mesmo. 

Até Stitch, que é o caos em pele de "cachorro", muda seu comportamento quando se torna parte da família. É emocionante vê-lo junto de Lilo. 

O live-action não fica a dever em nada à animação de 2002, que arrecadou mais de US$ 270 milhões em todo o mundo com um orçamento de US$ 80 milhões, além de ter sido indicado ao Oscar como Melhor Filme de Animação. 

Não deixe de conferir "Lilo & Stitch"; confesso que chorei muito.


Ficha técnica:
Direção: Dean Fleischer Camp
Produção: Walt Disney Studios Motion Pictures e Rideback
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia

16 abril 2025

Emocionante e perturbador, "A Mais Preciosa das Cargas" faz o coração bater mais forte

Ambientado durante a 2ª Guerra Mundial, animação trata de humanidade e amor ao próximo, contrastando com a dor e a crueldadedo ser humano (Fotos: StudioCanal)
  
  

Maristela Bretas

 
Impactante, sensível, arrebatadora. São alguns dos adjetivos para descrever um pouco a animação "A Mais Preciosa das Cargas" ("La Plus Précieuse Des Marchandises"). O coração bate mais forte e as lágrimas descem pelo rosto já no início do filme, que estreia nesta quinta-feira (17), em versão legendada, no Cinemark Pátio Savassi. O que posso garantir é que dificilmente quem assistir não sairá tocado pela história.

O drama se passa durante a 2ª Guerra Mundial, em um lugar isolado no meio de uma floresta, durante o rigoroso inverno da Europa Central. O frio e a fome são constantes na vida dos poucos moradores, como o humilde lenhador e sua esposa (vozes de Grégory Gadebois e Dominique Blanc). A única distração desta vida dura, cercada pelo conflito armado, é a passagem diária de um trem que corta a mata em alta velocidade, sem nunca parar. 


Até que um dia, a mulher escuta o choro de um bebê atirado de um dos trens e o encontra em meio ao gelo. Ela resolve ficar com a criança, mesmo contra a vontade do marido que a considera amaldiçoada por pertencer aos chamados "sem coração" que ocupavam os trens. 

O que o casal não imaginava era que este bebê iria mudar por completo suas vidas. E que eles seriam capazes de tudo para protegê-la da desumanidade do mundo.

Baseada no conto homônimo escrito por Jean-Claude Grumberg e que no Brasil foi publicado como "A Mercadoria Mais Preciosa", a animação brilha em todos os sentidos ao abordar o amor materno, humanidade, dor, sofrimento, guerra e, especialmente, o holocausto.


A narrativa começa trazendo as questões da solidão, da pobreza e do isolamento em meio à guerra. O pouco que o casal consegue conquistar com a lenha vendida mal dá para alimentá-los. E o pouco de luxo, como uma cabra que produz leite, é algo a ser escondido de todos. 

Os diálogos do casal são curtos e diretos, com uma carga pesada de dor e rancor contra o mundo externo e as perdas diárias. Sem acesso à informação correta do que ocorre além da floresta, consideram todos inimigos. Mas por mais dura que seja a realidade, o lenhador e sua esposa ainda conseguem resgatar o pouco de humanidade que ainda resta em suas vidas com a chegada do bebê. 

O "serzinho" fofo, de bochechas rosadas, jogado do trem e encontrado enrolado num cobertor (que vai dar a primeira dica direta da temática da história) será capaz de amolecer o mais duro dos corações com seu olhar e gargalhadas. E mostrar ao velho e rabugento lenhador que nem todo mundo que está no trem é um "sem coração".


Além do casal, outro personagem que tem importante papel na trama é o também morador da floresta e dono da cabra conhecido como o homem do rosto quebrado, na voz de Denis Podalydès. Ele e Dominique Blanc são atores do Comédie-Française. A narração do conto, em francês, foi entregue a ninguém menos que o famoso ator francês Jean-Louis Trintignant.

Outro ponto que mexe com os sentidos do espectador é a parte gráfica. O diretor emprega um traço leve e cores pastéis que variam do cinza e branco da neve, aos tons mais escuros e carregados como a escuridão da floresta ou das luzes de velas que mal iluminam a casa do lenhador. 

Até mesmo a passagem do trem reforça a escuridão do ambiente e da narrativa, especialmente pela fumaça preta de suas chaminés e seu aspecto sombrio, sem indicar o tipo de carga que transporta.


Ao mesmo tempo em que a escuridão é parte da composição para tornar o ambiente sombrio e preparar para o rumo que vai tomar a narrativa da metade para frente, ela também atrapalha. A cópia que assisti estava tão escura em algumas partes que mal dava para distinguir a cena. No cinema a situação deverá ser diferente. 

Talvez o propósito do diretor Michel Hazanavicius e do escritor Jean-Claude Grumberg, que atuou como roteirista, seja exatamente mostrar quão sombrio, cruel e desumano foi este período da história: o massacre de judeus nos campos de concentração. 

O diretor soube fazer uma abordagem equilibrada do tema Holocausto, chamado pelos judeus de Shoah, para que fosse compreensível para todas as idades. Usou uma linguagem simples e sensível, ilustrada com imagens gráficas de cenas marcantes da história. Emprega o preto e branco em momentos críticos, além de diálogos repletos de ódio e ignorância, que contrastam com momentos de amor e ternura de uma família simples. 


Mas o que seria de uma narrativa sem uma boa trilha sonora. A animação não deixou por menos e o responsável, Alexandre Desplat, incluiu obras como "La Berceuse" (Schluf Je Iedele), e "Chiribim, Chiribom", ambas interpretadas em iídiche, idioma usado pelos judeus da Europa Central.

Assistir à animação foi capaz de me fazer retomar o bom e velho hábito da leitura, abandonado há tempos pela correria diária. Por indicação da amiga e grande colaboradora, Carolina Cassese, que leu o livro e também viu o filme, acabei comprando a obra. 

"A Mais Preciosa das Cargas" é imperdível, para ser vista com o coração e um lencinho do lado. Certeza de muita emoção, o longa é merecedor de todos os prêmios de cinema que vier a concorrer este ano.


Ficha técnica:
Direção, criação gráfica dos personagens e montagem: Michel Hazanavicius
Roteiro: Michel Hazanavicius e Jean-Claude Grumberg
Produção: Ex Nihilo, Les Compagnons Du Cinéma, com coprodução de StudioCanal, France 3 Cinéma, Les Films Du Fleuve, Radio Télévision Belge Francophone (RTBF)
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: Cinemark Pátio Savassi
Duração: 1h21
Classificação: 12 anos
Países: França e Bélgica
Gêneros: animação, drama, história

24 fevereiro 2025

Famoso personagem dos quadrinhos, "O Homem-Cão" ganha divertida versão no cinema

Animação foi adaptada do primeiro livro da coleção iniciada em 2016 por Dav Pilkey que já reúne 12 obras (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


“Metade cão, metade homem, totalmente herói”. Esta é a animação "O Homem-Cão" ("Dog Man"), da DreamWorks Animation, que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas, tratando de temas como lealdade, amizade e superação. Ideal para ser assistido em família, garantindo boas risadas.

Na história, o dedicado, mas atrapalhado oficial de polícia Rocha e seu inteligente e fiel cachorro Greg sofrem um grave acidente durante o trabalho. A única saída para salvar suas vidas é uma cirurgia que vai fundir o corpo de Rocha com a cabeça do cão.  


Nasce daí o Homem-Cão (voz original do diretor Peter Hastings e dublagem em português de Eduardo Drummond), o melhor policial da cidade, que jurou proteger e servir aos cidadãos, enquanto corre, senta e rola, como qualquer cachorro.

Aprendendo a aceitar sua nova identidade, o Homem-Cão precisa se esforçar para impressionar seu chefe (Lil Rel Howery, de "Corra!" - 2017 e dublagem de Rodrigo Oliveira). Sua principal missão é impedir que Pepê, o Gato (Pete Davidson/Gustavo Pereira), cometa uma série de crimes. 


O mais recente plano diabólico do supervilão é clonar a si mesmo para duplicar suas habilidades criminosas. Ele só não contava que mais esta invenção iria dar errada e acabaria criando o gatinho Pepezinho (Lucas Hopkins Calderon), um felino muito fofo que o chama de pai. Mas a história ainda pode piorar, com novos vilões surgindo. Você só vai saber mais assistindo a esta animação.

Assistir "O Homem-Cão" é uma experiência interessante, como se estivesse lendo uma HQ na telona. Os personagens, especialmente os "do mal", são divertidos com seus planos mirabolantes. 


O protagonista canino encarna bem o papel de protetor de todos os cidadãos, independente da raça, movido pela astúcia e emoção, mas atrapalhado às vezes, herança da sua meia metade humana. E ainda tem o Pepezinho, que vai conquistar o coração das mamães.

Adaptação

O diretor Peter Hastings também é responsável pelas séries "Kung Fu Panda: Lendas do Dragão Guerreiro" - 2011 e "As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme" - 2017. Vale lembrar que "O Homem-Cão" é um spin off de "Capitão Cueca", personagem também criado por Dav Pilkey.


Adaptado do primeiro livro com o personagem criado pelo escritor e ilustrador em 2016, que virou best-seller nos EUA, "O Homem-Cão" é também o primeiro dos quadrinhos da franquia a ganhar a telona. 

A coleção tem 12 best-sellers nos EUA, a maioria traduzida para o português e outros 46 idiomas. As obras podem ser adquiridas em sites de livrarias e de compras online. 

Esta versão de "O Homem-Cão" para o cinema ficou bem próxima dos quadrinhos. Tem até algumas cenas de lutas que lembram os filmes  de monstros e robôs, do tipo Power Rangers, o que deverá agradar aos fãs e conquistar novos leitores para a franquia, além de oferecer bons momentos em família.


Ficha técnica:
Direção: Peter Hastings
Roteiro: Dav Pilkey (autor da obra)
Produção: DreamWorks Animation
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: comédia, aventura, ação

18 fevereiro 2025

Somos "Flow" 100% como animação do ano

Filme aborda a questão climática, a necessidade de conviver com as diferenças e de união em situações extremas (Fotos: Sacrebleu Productions)


Jean Piter Miranda e Eduardo Jr.


"Flow" é como uma obra de arte. É uma animação que não tem diálogos (isso é impressionante), e ainda assim, os animais se comunicam. Você tira várias camadas para poder interpretar a crise climática que a gente está vivendo, a necessidade de pensar no coletivo, de pensar no próximo, de ter empatia, de saber conviver com as diferenças e de, realmente, um necessitar do outro. 

Não dá para ser individualista em situações extremas. Poderíamos ser mais coletivistas no nosso dia-a-dia? "Flow" é uma obra para  refletir, ela leva a gente a pensar e sentir. Por estas razões que esta produção da Letônia, dirigida por Gints Zilbalodis, merece ser conferida nos cinemas a partir do dia 20 de fevereiro.


Na história, o mundo está devastado, coberto apenas por vestígios da presença humana. Um gato preto solitário que, um dia, enquanto é perseguido por uma manada de cães, vê seu lar ser destruído por uma grande enchente. 

Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, ele enfrenta diferentes ameaças, até que encontra refúgio em um pequeno veleiro povoado por diversas espécies. Todos tentam fugir dessa situação hostil e precisam se unir apesar de suas diferenças.


É aquela questão de experiência. "Robô Selvagem" é mais uma produção norte-americana, muito boa por sinal, mas que a gente coloca naquele mesmo pacote das outras boas produções hollywoodianas, como "Monstros S.A"., "Vida de Inseto" ou "Divertida Mente". 

Tem muita produção boa da Disney, da Pixar, da DreamWorks e a gente coloca ali, está tudo igual. Como experiência, eu falo que foram boas, mas é mais daquilo que a gente já viu. 

Como obra cinematográfica, "Flow" é diferente em tudo. A parte gráfica, a mixagem de som, a temática, ficaram ótimas. A animação ser feita sem diálogo, apenas com sinais sonoros e gestos entre os animais, e você ter que ler a situação para entender o que está passando, ficou fabuloso. 


As metáforas ficam na nossa cabeça, por muito, muito tempo. É um filme que marca. Você não vai conseguir tirar ele da cabeça. E tem cenas que são maravilhosas, na água, no céu, que dão para fazer pôster e pregar na parede. Por mim não precisava nem ter votação. Já poderia dar o Oscar direto para "Flow".

O colaborador Eduardo Jr. concorda com Jean Piter. Para ele, "se você chegou a este texto esperando encontrar análises sobre técnica e execução cinematográfica, pode se decepcionar. A interpretação das camadas e mensagens do filme tem tudo para ganhar mais espaço no gosto do público (no meu, já ganhou). 


Em tempos em que a perfeição parece ser o objetivo dos estúdios de animação, "Flow" se preocupa menos com a estética e mais com o conteúdo. Não que o desenho tenha traços malfeitos, mas notoriamente está um pouco distante daquele "padrão Pixar", tão amplamente difundido. 

Na tela os gráficos remetem a videogames dos anos 90. Aqui os personagens são um gato, um cachorro, uma capivara, um lêmure e uma garça, que juntos tentam sobreviver a uma inundação. No desenvolver da trama vão se abrindo camadas para interpretar diversas pautas e mensagens no filme. 


O grupo improvável de cinco animais, domésticos e selvagens, em uma floresta e precisando aprender como conviver em harmonia até remete à necessidade de união entre os cinco continentes pela preservação do nosso planeta.

"Flow' não tem diálogos, mas as escolhas e os gestos dos personagens falam por si só. Ou seja, a arte se faz até sem palavras. As ações e cenas ficam reverberando na cabeça da gente durante um tempo. 

Um filme lindo, especialmente na fotografia, capaz de deixar o público embasbacado. Merecedor do Globo de Ouro como Melhor Animação. E mesmo com um orçamento de 3,5 milhões de euros (em torno de R$ 21 milhões) é também um dos fortes candidatos ao Oscar 2025.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gints Zilbalodis
Roteiro: Gints Zilbalodis, Matïss Kaza e Ron Dyens
Produção: Sacrebleu Productions
Distribuição: Mares Filmes, Alpha Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h25
Classificação: Livre
País: Letônia, França e Bélgica
Gêneros: animação, fantasia, família, aventura

30 dezembro 2024

Cinema no Escurinho e parceiros escolhem os melhores filmes de 2024


Nossa Redação


O blog Cinema no Escurinho preparou sua tradicional lista com os cinco melhores e os cinco não recomendados que foram assistidos por alguns de seus colaboradores no ano de 2024. Neste primeiro post, vamos mostrar quais foram nossos preferidos. E deixar para divulgar na próxima postagem o que não indicamos

A lista dos longas que mais agradaram entre os exibidos no ano de 2024 ficou equilibrada. O brasileiro "Ainda Estou Aqui", pré-selecionado para entrar na disputa pelo Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional, obteve o maior número de votos. 

"Robô Selvagem" - DreamWorks Animation

Na sequência estão a linda animação “Robô Selvagem" e o polêmico "Guerra Civil", com Wagner Moura e Kirsten Dunst. As duas listas respeitam a ordem de escolha do colaborador. Clicando nos links de alguns filmes é possível saber mais sobre eles e ler as críticas da equipe do blog.

Carol Cassese
- O Quarto ao Lado
- A Substância
- Ainda Estou Aqui
- Wicked
- Inverno em Paris

Eduardo Jr.
- Ainda Estou Aqui
- Wicked
- Robô Selvagem
- Guerra Civil
- Não Solte


"Guerra Civil" - Diamond Films

Filipe Matheus

Parceiro do blog Maravilha de Cinema
- Guerra Civil
- Robô Selvagem
- Sorria 2
- Ainda Estou Aqui
- As Polacas


Jean Piter Miranda
- Robô Selvagem
- Guerra Civil
- Deadpool & Wolverine
Alien: Romulus

"Deadpool & Wolverine" - Marvel

Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema
- Robô Selvagem
- Ainda Estou Aqui
- A Substância
- Mufasa: O Rei Leão
- Guerra Civil


Maristela Bretas
- Robô Selvagem
- Guerra Civil
- A Substância
- Ainda Estou Aqui
- Deadpool & Wolverine

A categoria em que foram incluídos alguns títulos pode agradar ou não vocês, seguidores do blog. Comentem aqui o que acharam de nossas escolhas, lembrando que não serão aceitas ofensas pessoais ou palavrões.


28 novembro 2024

"Moana 2" aposta em trazer frescor à franquia, mas derrapa em alguns aspectos

Três anos depois, a personagem e seu amigo Maui partem para uma nova viagem ao lado de uma 
tripulação de marinheiros improváveis (Fotos: Disney Pictures)


Eduardo Jr.


Em 2017 a música perguntava: "o horizonte me pede pra ir tão longe; será que eu vou?" E Moana foi. Agora, a jovem navegadora da famosa animação, fará uma nova viagem, em busca de outros povos. "Moana 2" desembarca nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 28 de novembro, com direção de David Derrick Jr. e distribuição da Disney Studios. 

Derrick substitui John Musker e Ron Clements, diretores do primeiro filme, "Moana: Um Mar de Aventuras" (2016), e mantém a proposta de busca de identidade para a protagonista. Desta vez, Moana (novamente com a voz de Auli'i Cravalho) assume a responsabilidade (e as dores e alegrias) de ser a navegadora do seu povo. 


Após encontrar um artefato que indica a existência de outros povos, ela recebe um chamado de seus ancestrais. Em dúvida sobre sua capacidade de partir em busca de outras tribos e sobre o melhor momento de realizar essa tarefa, os conselhos da mãe atuam como incentivo. 

Mas desta vez não está sozinha. Nesta viagem, Moana seguirá acompanhada de uma tripulação - e do velho amigo semideus, Maui (voz de Dwayne Johnson). 

A entrada de novos personagens na aventura da protagonista deixou a animação mais dinâmica, refrescando o texto e as mensagens. O objetivo da vez é encontrar uma ilha, escondida por um vilão - Nalo, deus das tempestades -, que queria impedir que os diversos povos se conectassem entre si por meio deste lugar especial. 


Por se tratar de uma animação, obviamente esperamos um final feliz. E ele vem, mas deixa questionamentos sobre as escolhas aplicadas ao roteiro de Jared Bush. Durante uma hora e meia de filme, o espectador encontrará referências ao longa anterior, cenas com desenhos super realistas, músicas mais modernas acompanhando os mais diversos ritmos, magia...tudo isso. Exceto o vilão!   

Também chama atenção na jornada de Moana o encontro com Matangi. A nova personagem tem um desenvolvimento um pouco falho, e o desfecho de seu arco não se concretiza como prometido - o que deve acontecer apenas em "Moana 3". 


Não é possível dizer que se trata de um longa memorável. Até no material de divulgação na porta do cinema há deslizes. No totem de papelão colocado na entrada, se tirarmos o "2" do nome do filme, parece que se trata do primeiro longa, pois só as imagens da protagonista e do coadjuvante Maui estão ali. 

Outro ponto a se observar é que, nesta continuação, Moana ganha uma companheira de viagem, Moni. O que nos leva a pensar em um aspecto feminista - duas mulheres solucionando os problemas do percurso. No entanto, nem uma foto da integrante recém-chegada mereceu destaque na divulgação. 


Sendo um pouco mais rigoroso na análise, a motivação de Moana permanece rasa. É um pouco questionável que, só depois de três anos a protagonista se pergunte se há outras pessoas fora da ilha habitada por seu povo. Se ela já se incomodava com o que havia depois dos recifes, não seria um pouco óbvio esperar encontrar outros povos?   

Tecnicamente, como era de se esperar, a Disney entrega mais uma animação musical interessante. "Moana 2" é um longa infantil que dialoga muito bem com o público adulto. Trilhas, cores e desenhos enchem os olhos. 

Os traços da personagem principal e de seu pai foram cuidadosamente amadurecidos para destacar a passagem do tempo, já que a história acontece três anos depois da primeira aventura. Mas é um cuidado que não salva o todo. 

A música tema do primeiro filme permanece na lembrança, enquanto a atual eu já nem lembrava direito após sair da exibição. É um filme que diverte, porém, esquecível. 


Ficha técnica:
Direção: David Derrick Jr., Dana Ledoux Miller e Jason Hand
Roteiro: Jared Bush e Dana Ledoux Miller
Produção: Walt Disney Pictures, Walt Disney Animation Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação musical, aventura, família