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07 janeiro 2025

A histórica e inédita conquista do Globo de Ouro 2025

Elenco e diretor do filme na cerimônia de entrega do Globo de Ouro (Fotos: Globo de Ouro - Shayan Asgharnia)


Silvana Monteiro

Em 1986, Fernanda Torres alcançou um feito histórico ao conquistar o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, tornando-se a atriz brasileira mais jovem a receber essa honraria. Sua performance visceral no filme 'Eu Sei Que Vou Te Amar", dirigido por Arnaldo Jabor, conquistou não apenas o coração dos jurados, mas também deixou uma marca indelével no cenário do cinema internacional. 

Quase quatro décadas depois, em 2025, Fernanda adicionou outro marco memorável à sua história ao vencer o Globo de Ouro. No domingo, 5 de janeiro de 2025, a atriz foi consagrada como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro por sua interpretação de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui". 

                  

Único filme nacional entre o top 10, com mais de 3 milhões de ingressos vendidos, fechou 2024 como a quinta maior bilheteria do ano. Leia a crítica no blog clicando aqui.

Essa conquista histórica foi celebrada com ares de festa nacional e gerou especulações imediatas sobre sua possível inclusão na lista de indicados ao Oscar. 

Embora o Globo de Ouro tenha perdido parte de sua relevância como termômetro para o Oscar - ultrapassado pelas premiações dos sindicatos de atores, produtores, roteiristas e diretores -, é inegável que a vitória trouxe visibilidade global para a atriz brasileira.

Fotos do filme "Ainda Estou Aqui": Alile Dara Onawale

A caminho do Oscar?

Historicamente, apenas duas vencedoras de Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro ficaram fora da lista final do Oscar: Shirley MacLaine por "Madame Sousatzka" (1989) e Kate Winslet por "Foi Apenas Um Sonho" (2009). 

No entanto, a ausência de Fernanda Torres nas indicações ao Critics Choice Awards e na pré-lista do BAFTA lança uma dúvida sobre sua presença na cerimônia da Academia de Hollywood. Ainda assim, sua atuação em "Ainda Estou Aqui" é amplamente reconhecida como uma das mais impactantes do ano. 


Uma carreira repleta de marcos

Filha das lendas da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro e Fernando Torres, Fernanda cresceu imersa em um ambiente artístico. Desde cedo, demonstrou que o talento corria em suas veias. Sua estreia no cinema aconteceu com "A Marvada Carne" (1985), obra que já evidenciava sua habilidade em interpretar personagens complexos e autênticos.

Foi em "Eu Sei Que Vou Te Amar", porém, que Fernanda consolidou seu lugar entre os grandes nomes do cinema mundial. Contracenando com Thales Pan Chacon, deu vida a uma mulher que revisita sua relação amorosa em uma narrativa crua e intensa. Sua atuação, cheia de nuances, encantou audiências e críticos, rendendo comparativos com grandes estrelas do cinema europeu.

"Eu Sei Que Vou Te Amar" (Divulgação)

Conexão pessoal com o Globo de Ouro

A vitória de Fernandinha no Globo de Ouro por "Ainda Estou Aqui" é um testemunho de sua versatilidade e habilidade de transitar entre gêneros como drama, comédia e teatro.

Além disso, a conquista carrega um simbolismo especial: 25 anos atrás, sua mãe, Fernanda Montenegro, esteve entre as indicadas ao mesmo prêmio por Central do Brasil, mas não levou a estatueta. Agora, a filha fecha esse ciclo com uma memorável vitória.

Walter Salles e Fernanda Torres

Multifacetada e inquieta

Ao longo de sua trajetória, Fernanda Torres acumulou experiências que vão além da atuação. Seja na TV, no teatro ou no cinema, ela continua sendo uma referência para novas gerações de artistas. Recentemente, também tem se destacado como escritora, trazendo ao público textos que combinam humor e reflexão sobre a sociedade contemporânea.

Se o Globo de Ouro celebra trajetórias icônicas e talentos únicos, Fernanda Torres representa exatamente isso. Com a estatueta agora em sua prateleira, sua experiência, respaldada pela conquista, de fato transcenderá o tempo e as fronteiras.


O valor histórico e social de "Ainda Estou Aqui"

Adaptado do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, "Ainda Estou Aqui" é uma obra que resgata a importância da memória, da família e da resiliência. Mesclando autobiografia e biografia, o filme retrata a história de Eunice Paiva, mãe do autor, enquanto reflete sobre o contexto histórico e social brasileiro.

A narrativa relembra os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, expondo o impacto pessoal e familiar da repressão. Eunice enfrentou a perda do marido, Rubens Paiva, um político torturado e desaparecido pelo regime militar. 

Mesmo diante dessa tragédia, ela mostrou coragem ao criar os filhos sozinha e lutar por justiça. A história ressalta o papel das mulheres na resistência e reconstrução social.


O filme também explora a relação de Marcelo com sua mãe durante sua batalha contra o Alzheimer, sensibilizando o público para a importância do cuidado com idosos e da empatia diante de doenças neurodegenerativas.  

Além disso, faz um apelo pela busca da verdade e reparação em relação aos desaparecidos políticos, reforçando a importância de manter viva a memória histórica para evitar a repetição de erros no futuro.

"Ainda Estou Aqui" transcende sua condição de uma história íntima e se torna um retrato do Brasil, da luta por direitos humanos e da capacidade de seguir em frente mesmo nas situações mais adversas.


06 janeiro 2025

Fernanda Torres é eleita melhor atriz dramática no Globo de Ouro 2025

Protagonista do filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles, foi a primeira brasileira a faturar
a estatueta (Montagem com reprodução TNT)


Maristela Bretas


A torcida foi grande e desta vez o prêmio saiu para a brasileira Fernanda Torres, que conquistou a estatueta de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro 2025, por seu protagonismo no filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles.

Fernanda Torres entrou na disputa com estrelas premiadas e famosas de Hollywood, como Angelina Jolie, Tilda Swinton, Nicole Kidman, Kate Winslet e Pamela Anderson. Ela é a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro, que já foi disputado por Sônia Braga e por sua mãe, Fernanda Montenegro.

"Ainda Estou Aqui" (Foto: Alile Dara Onawale)

A atriz dedicou o prêmio a ela, que em 1999 disputou na mesma categoria e perdeu para Cate Blanchett. "Quero agradecer Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! Quero dedicar isso para a minha mãe. Ela estava aqui 25 anos atrás. Isso é a prova de que a arte ultrapassa gerações. (...) Esse é um filme que nos ensina a sobreviver em tempos como esses”, discursou Fernanda Torres. 

Também agradeceu ao marido Andrucha Waddington e a seus filhos, a Selton Mello e a todo o elenco de "Ainda Estou Aqui" que, infelizmente, perdeu para a produção "Emília Pérez" na categoria de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa. O longa brasileiro volta a disputar premiação de Melhor Filme Estrangeiro no próximo domingo (12), no 30º Critics Choise 2025.

"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)

Na edição do Globo de Ouro deste ano, realizada no Hotel Hilton, em Los Angeles, o filme "Emilia Pérez" levou outras três estatuetas. O segundo lugar ficou para "O Brutalista", com três premiações, e a série dramática "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" faturou quatro. 

A atriz Viola Davis e o ator Ted Danson receberam prêmios especiais por suas carreiras de sucesso no cinema e na TV. Confira a lista dos vencedores abaixo.

MELHOR FILME DRAMA - "O Brutalista"

MELHOR FILME COMÉDIA OU MUSICAL - "Emília Pérez"

MELHOR SÉRIE DRAMA - "Xógum"

MELHOR SÉRIE COMÉDIA OU MUSICAL - "Hacks"

MELHOR MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - "Bebê Rena"

MELHOR DIREÇÃO DE FILME - Brady Corbet ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE DRAMA - Fernanda Torres ("Ainda Estou Aqui")

MELHOR ATOR FILME DE DRAMA - Adrien Brody ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Demi Moore ("A Substância")

MELHOR ATOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Sebastian Stan ("Um Homem Diferente")

"Emilia Pérez" (Foto: Pathè Films)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Zoe Saldaña ("Emilia Pérez")

MELHOR ATOR COADJUVANTE DE FILME - Kieran Culkin ("A Verdadeira Dor")

MELHOR FILME EM LÍNGUA NÃO-INGLESA - "Emilia Pérez" (França)

MELHOR ANIMAÇÃO LONGA-METRAGEM - "Flow"

MELHOR ROTEIRO DE FILME - "Conclave"

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL DE FILME - "Rivais"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL DE FILME - "El Mal" ("Emilia Pérez")

CONQUISTA CINEMATOGRÁFICA E DE BILHETERIA - "Wicked"

MELHOR ATOR SÉRIE DE DRAMA - Hiroyuki Sanada ("Xógum")

MELHOR ATOR SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jeremy Allen White ("O Urso")

"Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" (Foto: FX)

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE DRAMA - Anna Sawai ("Xógum")

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jean Smart ("Hacks")

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Colin Farrell ("Pinguim")

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Jodie Foster ("True Detective: Terra Noturna")

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE - Tadanobu Asano ("Xógum")

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE - Jessica Gunning ("Bebê Rena")

MELHOR PERFORMANCE EM STAND-UP - Ali Wong ("Single Lady")

25 dezembro 2024

"O Auto da Compadecida 2" - uma sequência de nostalgia, diversão e uma forte amizade

Matheus Nachtergaele e Selton Mello retornam com seus carismáticos personagens João Grilo e Chicó
(Fotos: Laura Campanella)


Maristela Bretas


Passados 25 anos desde o filme original, estreia nesta quarta-feira de Natal a tão esperada produção "O Auto da Compadecida 2". Mesmo não havendo uma sequência da obra literária de Ariano Suassuna, o novo filme buscou no original - "O Auto da Compadecida" (2000) - o que havia de melhor. 

A começar por João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), que retorna com mais emoção, piadas, golpes e uma amizade ainda mais forte. A dupla entrega tudo o que era esperado, com ótimas atuações, criando situações cômicas e emocionantes que fazem até um cisco cair nos olhos. 


Nem o tempo foi capaz de separar estes dois carismáticos trambiqueiros. A cumplicidade e a sintonia dos dois atores é o forte de toda a história. Desaparecido por 20 anos desde que partiu após sua ressurreição graças à intervenção de Nossa Senhora, João Grilo retorna a Taperoá e encontra o velho companheiro Chicó. 

Ele vive da venda de santinhos esculpidos em madeira e de versos que contam a história do milagre do amigo que voltou da morte e agora é considerado quase um santo pelo povo. É Chicó quem narra toda a trama, em prosa e verso.


A dupla vai aproveitar para tirar proveito disso, se envolvendo na política local, usando umas "técnicas" novas que João Grilo aprendeu durante o tempo que viveu no Rio de Janeiro. Tudo com muito humor, piadas novas e velhas e a simplicidade que é a marca dos dois personagens.

A fama de João Grilo passa a ser cobiçada pelos dois políticos que disputam a prefeitura da mítica cidade, Coronel Ernani (Humberto Martins) e o comerciante Arlindo (Eduardo Sterblitch) como principal cabo eleitoral.


Já Chicó continua com suas mentiras e assumidamente um covarde de carteirinha, sempre se envolvendo em confusões amorosas perigosas e de sua capacidade de fazer todo "causo" virar um verso. Como "não sei, só sei que foi assim". 

Os diretores Guel Arraes e Flávia Lacerda utilizam muito bem os efeitos gráficos para apresentar a literatura de cordel nas histórias "espantosas, divertidas, trágicas e jamais imaginadas" de Chicó.


Além destes novos integrantes, o elenco também recebeu novos personagens e perdeu grandes nomes do filme anterior. Nossa Senhora/Compadecida agora é interpretada por Taís Araújo, que substitui Fernanda Montenegro. A atriz tem boa atuação, mas a responsabilidade de ocupar o lugar da maior atriz brasileira é grande demais.

Também estão no elenco Virgínia Cavendish, como Rosinha, mulher de Chicó; Fabiúla Nascimento, a Clarabela, filha do Coronel Ernani; Luis Miranda, no papel de Antônio do Amor, amigo carioca e trambiqueiro de João Grilo, entre outros. 


Outro que retorna, com mais destaque e boa atuação é Enrique Diaz, o Joaquim Brejeiro, agora capanga do Coronel após a morte do cangaceiro Severino, interpretado por Marco Nanini. 

Apesar de seguir bem a fórmula do primeiro, o brilho não é o mesmo, possivelmente por causa da troca do elenco e de ser uma história que não foi criada por Suassuna. Mas nem por isso o roteiro deixa de seguir a cartilha crítica e cômica de Ariano, explorando questões sociais profundos do cotidiano do povo do sertão nordestino, como a miséria e a exploração da fé.


Outro ponto forte do filme é a belíssima trilha sonora, composta por João Falcão e Ricco Vianna, que conta com Maria Bethânia interpretando lindamente a canção "Fiadeira", do pernambucano Juliano Holanda. "Canção da América", de Milton Nascimento e Fernando Brant, em gravação inédita na voz do pernambucano João Gomes, também é outro destaque. 

Até "Como Vai Você", sucesso de Roberto Carlos, cantada por Chico César (mas sem o romantismo do Rei) está entre as composições, que passam pelo baião, forró e samba-choro, muitas delas gravadas por artistas nordestinos.

"O Auto da Compadecida 2" é bacana, divertido e vale pela emoção do reencontro dos personagens de Matheus e Selton, que recebem um encerramento digno da obra do grande escritor e filósofo paraibano. 


Ficha técnica:
Direção: Guel Arraes e Flávia Lacerda
Roteiro: Guel Arraes e João Falcão, com colaboração de Adriana Falcão e de Jorge Furtado
Produção: Conspiração, H2O Produções, Guel Produções
Distribuição: H2O Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h54
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: comédia, drama

10 dezembro 2024

Canal Brasil faz maratona de filmes com Fernanda Torres

Seleção terá entrevista no “Tarja Preta”, apresentado com Selton Mello, e produções como “Os Normais - O Filme”, “Terra Estrangeira” e “Casa de Areia” (Fotos: Alile Dara Onawale)


Da Redação


Em homenagem à atriz Fernanda Torres, o Canal Brasil exibe nesta terça e quarta feiras (10 e 11 de dezembro) uma maratona de 11 filmes da atriz. Nessa segunda-feira, ela foi indicada como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro 2025 pelo filme "Ainda Estou Aqui", indicado a Melhor Filme de Língua Não Inglesa.

Esta é a quarta vez que o diretor Walter Salles concorre à premiação. Em 1999, a atriz Fernanda Montenegro também concorreu como Melhor Atriz, sob a direção de Salles, em "Central do Brasil".

"Ainda Estou Aqui" 

A programação especial inicia com o programa “Tarja Preta”, apresentado por Selton Mello. Na entrevista gravada em 2006, a atriz faz uma retrospectiva de sua carreira, conta curiosidades de bastidores e relembra memórias de filmes como “Terra Estrangeira”, “O que É Isso, Companheiro?” e “O Primeiro Dia”, além de sua experiência como roteirista em filmes como “Gêmeas” e “Traição”.

A maratona termina na quarta-feira com a exibição de “Amigos, Sons e Palavras”. Na atração, comandada por Gilberto Gil, eles conversam sobre o papel da mulher na preservação do afeto e reflexões existenciais sobre feminilidade e sociedade.


Premiações

Com um total de sete prêmios, o longa também foi premiado no 81ª Festival de Veneza (Melhor Roteiro); foi escolhido o Melhor Filme pelo público, na 48ª Mostra de S. Paulo; no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, no Canadá e no Festival de Cinema de Mill Valley, nos Estados Unidos. A atriz Fernanda Torres foi eleita Melhor Atriz em filme internacional pelo Critics Choice Awards.

No domingo (8), Fernanda Torres conquistou o segundo lugar na categoria de Melhor Atuação na premiação da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, ao lado da atriz Demi Moore. 

Na semana passada, o longa "Ainda Estou Aqui" foi escolhido como um dos cinco Melhores Filmes Internacionais, pela National Board of Review, uma das mais importantes associações de cinema dos EUA, sediada em Nova York.


MARATONA FERNANDA TORRES

Tarja Preta: Fernanda Torres (2006)
Horário: Terça, dia 10/12, às 19h30
Episódio: Selton e Fernanda Torres - T03Ep01

Terra Estrangeira (1996) (110’)
Horário: Terça, dia 10/12, às 20h
Classificação: 16 anos
Direção: Walter Salles e Daniela Thomas

O Primeiro Dia (1997) (95’)
Horário: Terça, dia 10/12, às 21h40
Classificação: 14 anos
Direção: Walter Salles e Daniela Thomas

Eu Sei que Vou Te Amar (1986)
Horário: Terça, dia 10/12, às 22h55
Classificação: 14 anos
Direção: Arnaldo Jabor

"Eu Sei Que Vou Te Amar" (Divulgação)

Casa de Areia (2005) (103’)
Horário: Quarta, dia 11/12, à 00h40
Classificação: 16 anos
Direção: Andrucha Waddington

Traição (1998) (104’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 2h35
Classificação: 18 anos
Direção: José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres

Gêmeas (1999) (75’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 4h20
Classificação: 14 anos
Direção: Andrucha Waddington

O Que É Isso companheiro? (1996) (110’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 5h30
Classificação: 16 anos
Direção: Bruno Barreto


"O Que é Isso Companheiro?" (Divulgação)

Jogo de Cena (2007) (106’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 7h25
Classificação: 12 anos
Direção: Eduardo Coutinho

Saneamento Básico (2007) (112’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 10h45
Classificação: 14 anos
Direção: Jorge Furtado

Inocência (1983) (118’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 12h40
Classificação: 14 anos
Direção: Walter Lima

Amigos, Sons e Palavras: Fernanda Torres (2018)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 14h40
Episódio: Gilberto Gil recebe Fernanda Torres - T01Ep02


Serviço
Maratona Fernanda Torres
Data: dias 10 e 11 de dezembro
Horário: a partir das 19h30
Exibição: Canal Brasil
Classificação: Conforme a programação
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense, história, entrevista

06 novembro 2024

"Ainda Estou Aqui" - um filme sobre resiliência, coragem e tempos sombrios

O aguardado longa de Walter Salles entra em cartaz nos cinemas de BH e promete cativar o público
(Fotos: Alile Dara Onawale/Divulgação)


Eduardo Jr.


Estreia nesta quinta-feira (7/11), o longa "Ainda Estou Aqui", novo trabalho do diretor Walter Salles, distribuído pela Sony Pictures. Coincidência ou não, no mesmo dia da morte de Evandro Teixeira, fotojornalista que clicou momentos icônicos do combate à ditadura no Brasil, a equipe do Cinema no Escurinho foi convidada para acompanhar a pré-estreia deste que se configura como mais um resgate memorável desse triste período da história. 

O buzz em torno do filme, após a exibição no Festival de Veneza, tem tudo para se justificar em terras brasileiras. Adaptado do livro homônimo do jornalista Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo e mulher do ex-deputado Rubens Paiva, que é levado de casa por policiais, nos anos 1970, dando início ao drama.


Aliás, o termo "drama" se aplica mais ao segundo ato da obra, que inicia com a apresentação das personagens e com um suspense, canalizado na presença dos caminhões com militares, que passam pelas ruas e provocam um incômodo na protagonista, em contraste com o cotidiano festivo do casal e seus cinco filhos. 

Walter Salles é inteligente ao mostrar Rubens Paiva (Selton Mello) com uma rotina familiar e depois sua prisão sem motivos claros. Imprime a percepção de que, na ditadura, qualquer coisa era motivo para violar direitos. 

Deixa no espectador o vazio da falta daquele personagem (talvez uma espécie de simulacro da falta que um ente desaparecido deixa nos familiares). É aí que o cotidiano solar e colorido da família começa a se transformar.  

(Foto: Lais Catalano Aranha/Divulgação)

A entrada dos milicos é digna de "O Poderoso Chefão" (1972), com sujeitos mal-intencionados emergindo das sombras. A fotografia faz questão de escurecer a tela. A maldade do regime consegue causar impacto no espectador sem apelar para arroubos cinematográficos ou de emoção. E nem precisa. 

A câmera nos faz enxergar a Eunice criada por Fernanda Torres, uma escolha visual que se mostra acertadíssima! A protagonista começa uma mulher de classe média alta, muda para dona de casa sem privilégios, se reinventa como advogada, e comunica tudo com uma atuação e expressões impecáveis, entregando melancolia e força até nos gestos mais sutis. 

Além de Fernanda, todo o elenco parece ter entendido que menos é mais. O filme traz atuações precisas e bem sintonizadas entre atores que dão vida aos personagens na 1ª fase e os que assumem após a passagem de tempo. 


Ponto positivo também para a excelente trilha sonora, com músicas da época muito condizentes com a mensagem e com o momento (de ontem e o atual, embora o filme seja também sobre memória). 

Uma dessas pautas da atualidade já era parte da biografia de Eunice. Após a tragédia familiar, ela voltou a estudar, se formou em Direito e passou a atuar em prol das causas indígenas (que voltaram aos noticiários, recentemente) e violações dos Direitos Humanos. 

Se assim podemos dizer, uma das vitórias foi a dela própria, ao obter a certidão de óbito do marido. Eunice recebe o documento como sempre fez, sorrindo. Por ordem dela, não era permitido à família Paiva chorar ou sofrer frente às câmeras, pois essa seria uma vitória dos assassinos que destruíram tantas outras famílias brasileiras. 


Eunice morreu em dezembro de 2018, com 86 anos, em decorrência do Mal de Alzheimer. Está representada nessa fase final por Fernanda Montenegro. E com a mesma força expressiva que a filha deu à personagem no início e meio do longa. 

No final deste filme, de tamanho refinamento técnico que mal se percebe o passar das duas horas de exibição, o espectador observa algo que pode ser interpretado como o que essas famílias experimentam: a busca de uma completude que nunca mais existirá. O que fica, é memória. Filme imperdível! 

"Ainda Estou Aqui" é a produção brasileira escolhida para integrar a lista de possíveis indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025. A prévia dos finalistas sai no dia 17 de dezembro e a lista com os cinco escolhidos será divulgada no dia 17 de janeiro. 


Ficha técnica:
Direção: Walter Salles
Roteiro: Murilo Hauser e Heitor Lorega
Produção: Mact Productions, VideoFilmes, Arte France, RT Features
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h15
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense