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09 abril 2024

"Evidências do Amor" é um filme para fãs de Sandy e Fábio Porchat

Dupla tem boa química, mas comédia longa e morna não traz nada de novo e fica bem cansativa da metade
em diante (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Curtiu Sandy e Júnior na adolescência? Acompanha Fábio Porchat no Porta dos Fundos ou em seus programas? Não consegue ficar livre de uma música chiclete, mesmo sendo uma de suas preferidas? Então, "Evidências do Amor", que estreia nesta quinta-feira (11 de abril) é um filme que poderá lhe agradar. 

Dirigido por Pedro Antônio Paes, a comédia traz o casal pouco provável como artistas num romance que começa num piscar de olhos e acaba sem explicações. 


Para delírio dos fãs, o roteiro coloca Sandy e Porchat se beijando de uma maneira bem convincente do início ao fim do filme, ao som de "Evidências", que apesar de ser uma música linda, gruda na cabeça a ponto de irritar, de tanto que toca e nos mais variados formatos.

O filme é inspirado na música, composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle e lançada pela dupla Chitãozinho & Xororó. A história acompanha o casal, Marco Antônio (Fábio Porchat) e Laura (Sandy), que se apaixonam após cantarem "Evidências" juntos em um karaokê. 


Em meio a muitos altos e baixos, eles acabam terminando o namoro, mas todas as vezes que escuta a música, Marco sofre um apagão e retorna a momentos em que discutia com sua ex. Agora ele só quer colocar um fim neste tormento.

A dupla mostra uma boa química, mas não apresenta nada além do que os artistas já fazem em suas carreiras. Sandy é a cantora com uma voz linda e o mesmo rosto bonito de quando era adolescente, que volta a atuar depois de 10 anos e deverá arrastar uma infinidade de seguidores para os cinemas.


Já o humorista exagera nas caras e bocas em cenas cômicas e até mesmo nas dramáticas. Exceto quando o personagem lembra do pai - este é um momento emocionante e ele segurou bem. Mas Porchat passa o filme sendo Porchat. 

Os personagens são superficiais, assim como o roteiro cheio de clichês, com piadas sem graça. A cena de nudez do humorista durante uma festa careta de família até arranca algumas risadas do público. 

Ponto positivo para Evelyn Castro (a amiga Júlia) que, com seu jeito espalhafatoso, consegue segurar os momentos engraçados e poderia ter sido mais bem aproveitada.


A trilha sonora, além da música-tema também é recheada de sucessos sertanejos conhecidos do público, especialmente os cantados pela dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, que também faz uma pequena participação no longa, claro.

Não espere muito de "Evidências do Amor". É uma comédia de sessão da tarde longa e morna, com efeitos especiais que, de tão repetitivos e forçados, chegam a ficar chatos. Mas o que mais marca o filme é a maldição de sair do cinema sem conseguir tirar a música-tema da cabeça. Uma produção para fãs, com certeza.


Ficha técnica:
Direção: Pedro Antônio Paes
Produção: Framboesa Filmes e Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h46
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: comédia, romance

06 março 2024

Comédia “Os Farofeiros 2” aposta na popularidade do primeiro filme

A viagem do grupo de amigos de empresa para um resort na Bahia tem tudo para dar errado
novamente (Fotos: Camisa Listrada)



Eduardo Jr.


Após uma viagem recheada de problemas, Lima, Alexandre, Rocha e Diguinho estão de volta. Em “Os Farofeiros 2”, o diretor Roberto Santucci agora coloca os quatro colegas de trabalho e suas famílias em uma viagem à Bahia. Distribuído pela Downtown Filmes, o longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7), trazendo piadas que fazem o público se identificar. 

A equipe do Cinema no Escurinho acompanhou a pré-estreia em uma das salas da rede Cineart, e observou uma plateia reagindo bem ao roteiro de Paulo Cursino - que também escreveu para o primeiro filme da franquia. 

Desta vez, a trama tem como ponto de partida a tentativa de Alexandre (Antônio Fragoso) de resgatar a popularidade junto à sua equipe de trabalho, e assim conseguir um cargo mais alto na empresa. 


Ao ganhar uma viagem, o gerente é convencido pela chefe a dividir o prêmio com os colegas, como forma de reconquistá-los. E claro, a temporada em um resort de luxo se transforma em uma farofada (daquelas com situações com as quais muita gente vai se identificar). 

Mas a comédia demora um pouquinho pra conquistar as primeiras risadas, porque começa com os filhos dos protagonistas na escola, convocados pela diretora para explicar porque apresentaram redações idênticas sobre suas férias. Serão eles os narradores dos eventos na Bahia. 

Do conhecido elenco, Lima (Maurício Mafrini), Jussara (Cacau Protásio) e Rocha (Charles Paraventi) conduzem muito bem a comédia. Danielle Winits segue como a madame histriônica, usando caras e bocas (até demais, diga-se de passagem). 

Em contrapartida, o Alexandre vivido por Fragoso não arranca risos. Seu resgate de popularidade fica em segundo plano. 


O mesmo acontece com as personagens Vanete (Elisa Pinheiro), Ellen (Aline Campos) e Diguinho (Nilton Bicudo). Este último está altamente paranoico com a pandemia - deixando margem para questionamentos sobre fazer piada com o Covid-19. 

Outro ponto de gosto duvidoso é a construção de piadas sobre a personagem Darcy (Sulivã Bispo). A despachada gerente do resort é uma mulher trans, e a direção optou por tentar fazer graça com a dificuldade das famílias em saber qual pronome usar para se referir a ela, e sobre o incômodo das esposas em dividir espaço na sauna com a funcionária. 


Apesar desses pontos que podem soar como “contras” da produção, as piadas “de tiozão”, a entrada de figuras como o ótimo personagem Edvan e o uso de paródias de outros filmes colocam “Os Farofeiros 2” com grandes chances de repetir o sucesso de bilheteria do primeiro longa e de cair nas graças do público. 

Curiosidades

- "Os Farofeiros", de 2018, esteve no topo das bilheterias, atraindo mais de um milhão de espectadores. 

_ O primeiro filme estreou há exatos seis anos e repete agora o mesmo elenco. 

- O diretor Roberto Santucci também assina este longa, além de outros sucessos da comédia nacional como “De Pernas para o Ar” (2010), "O Porteiro" (2023) e a trilogia “Até Que a Sorte nos Separe” (2012 a 2015).


Ficha técnica:
Direção: Roberto Santucci
Produção: Camisa Listrada, com coprodução Globo Filmes, Globoplay, Telecine e Panorama Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: Comédia, família

26 fevereiro 2024

"Madame Teia" tenta fugir das fórmulas prontas, mas carece de conteúdo e criatividade

Dakota Johnson protagoniza a super-heroína integrante do Universo Homem-Aranha (Fotos: Sony Pictures)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Em cartaz nos cinemas o novo longa da Sony Pictures, "Madame Teia" ("Madame Web"), filme solo de mais um integrante do Aranhaverso que até oferece momentos divertidos e muita ação, mas o conteúdo é fraco e sem criatividade. Uma produção que corre o risco de não ser bem sucedida no cinema, como aconteceu com "Venom" (2018) e "Morbius" (2022). 

Especialmente porque "Morbius" teve a mesma dupla de roteiristas de "Madame Teia" - Matt Sazama e Burk Sharpless -, o que pode explicar as críticas e a baixa bilheteria que o filme atual está registrando. Mesmo assim, a produtora está apostando para este ano na estreia de outro inimigo do "teioso" nos quadrinhos Marvel - "Kraven: O Caçador".


Com direção de S.J. Clarkson, conhecida por trabalhos como "Segredos de um Escândalo", da Netflix, e alguns episódios da série "Succession", da HBO Max, "Madame Teia" conta a origem da super-heroína, estrelada por Dakota Johnson (franquia "Cinquenta Tons de Cinza" - 2015 a 2018).

Ela é Cassandra Webb, ou "Cassie", uma paramédica em Manhattan que descobre possuir habilidades de clarividência. Confrontada com revelações sobre seu passado e fatos relacionados à sua mãe, a protagonista estabelece uma ligação com três garotas comuns, destinadas a terem futuros com superpoderes. Infelizmente o público não vai saber como isso acontece porque o filme não explica.


O desenvolvimento do personagem de Dakota Johnson é adequado, mas nada que não tenhamos visto em outros filmes. O poder de ver o futuro é extremamente sem graça e o roteiro não ajuda muito. 

Apesar de ser a protagonista, Cassie assume mais a postura de "mentora" do que de aprendiz. O foco real fica nas três jovens e a relação da super-heroína com elas.

Sabemos que no futuro as quatro se tornarão heroínas também. Julia Carpenter/Arcane (Sydney Sweeney), Mattie Franklin/Mulher-Aranha (Celeste O'Connor) e Aña Corazon/Garota-Aranha (Isabel Merced) têm uma química que funciona bem e geram boas cenas, com aquele típico humor Marvel. 


Talvez isso agrade alguns espectadores que buscam filmes do gênero, principalmente porque elas precisam se dar bem com a mentora para garantirem suas vidas.

Já o vilão Ezekiel Sims (Tahar Rahim) é um personagem extremamente genérico e mal desenvolvido. Suas motivações são rasas como um pires. Remetem mais a um homem covarde que teme seu passado sombrio do que alguém que enfrenta seu destino. 

Sims é praticamente um Homem-Aranha de uniforme preto e olhos vermelhos. Não entrarei em detalhes para não prejudicar a experiência do público.


Os efeitos visuais também deixam muito a desejar, principalmente no arco final. O uso de Chroma key é evidente, chega a ser ridículo, parecendo mais um filme de qualidade duvidosa do que uma história que nos levaria a torcer pela protagonista. 

As cenas de ação desafiam a lógica, como a do ferro entrando em contato com o fogo, esquentando e machucando.

Sem contar os easter eggs forçados, remetendo constantemente à ideia de que se trata apenas de um spin-off sobre uma aliada do Homem-Aranha. Até a jornada da protagonista parece repetitiva e sem propósito. O único ponto positivo é a história da mãe de Cassie, que tenta ser um fio condutor para amarrar a trama.


"Madame Teia" diverte na medida do possível ao tentar fugir de uma fórmula pronta de herói. Vale a pena assistir se você não conhece nada do personagem ou está buscando algo "leve", sem grandes pretensões, que esquecerá mais tarde. O grande feito da produção é ser bem superior a "Morbius", mas tinha material para ser melhor trabalhado.

Ao sair da sala, fiquei com a sensação de "é ruim, mas poderia ser pior". Pela condução da história (e dependendo da bilheteria), o longa pode ganhar sequências, até para explicar muitas pontas soltas deixadas pelo roteiro. Fica o alerta: "Madame Teia" não tem cenas pós-crédito como nos filmes da Marvel. 


Ficha técnica
Direção: S. J. Clarkson
Produção: Sony Pictures, Di Bonaventura Pictures, Marvel Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura

30 outubro 2023

"O Tubarão Martelo - O Filme" ganha o mundo com mensagem contra poluição ambiental

Sucesso do Youtube agora tem formato de animação, novos personagens e direção de Carlos Magalhães (Fotos: Tubarão Martelo/Divulgação)


Maristela Bretas


São mais de 30 milhões de visualizações no Youtube, sucesso nos vídeos musicais animados e no teatro entre um público bem exigente e inquieto - a turminha de até 6 anos de idade. Agora, "O Tubarão Martelo e Os Habitantes do Fundo do Mar - O Filme" ganha o formato de animação e estreia em breve nos cinemas brasileiros. 

Com direção de Cláudio Fraga e Carlos Magalhães, a obra apresenta novos personagens que falam e fazem um grande alerta ambiental para conscientizar as novas gerações. E o filme soube abordar bem o assunto, com linguagem simples, de fácil compreensão para o público infantil, que entendeu bem a mensagem de não jogar lixo nem poluir o mar.


O filme é um média-metragem de animação infantil de 26 minutos e única produção mineira vencedora nesta categoria da Seleção de animação do edital Petrobras Cultural, realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura - a Lei Rouanet. A obra agora segue para a participação em festivais pelo mundo e tem previsão de estreia no circuito comercial no Brasil em 2024. 

A pré-estreia gratuita para a criançada e suas famílias aconteceu no dia 28 de outubro, no Cineart Boulevard, em Belo Horizonte, e foi um sucesso. Com direito a fotos com os personagens, contou com a presença do diretor, do criador Cláudio Fraga e do elenco de dubladores. Claro que eu e o colaborador Marcos Tadeu não perdemos a oportunidade. 


Fotos:  Ana Cecília Rezende, Marcos Tadeu
  e Maristela Bretas


Maria Beatriz, de 7 anos, e a irmãzinha Maria Gabriela, de 3, assistiram a exibição e gostaram muito do filme. 

                                               Crédito: Ana Cecília Rezende - @Ahhbeaga

Carlos Magalhães falou de sua experiência com a obra infantil. "Tenho mais de 40 anos no audiovisual e é a primeira vez que faço um filme de animação. Foi um aprendizado, é um trabalho muito complexo, cheio de detalhes e decisões importantes que você toma desde o início do processo que vão ter repercussão lá na frente". 

Cláudio Fraga, que assina a criação, co-direção e direção musical, explicou quais serão os próximos passos. "Queremos rodar bastante os festivais e levar essa história tão importante. O mundo precisa muito de vozes que falem do meio ambiente e da importância da infância. Esse filme é uma pegada de amor pelo planeta e depois dos festivais vamos trazer para o circuito comercial de todo o Brasil. Esperamos que essa animação seja um start para produções bem maiores. A gente almeja uma série e futuramente um longa do Tubarão Martelo".


"O Tubarão Martelo e Os Habitantes do Fundo do Mar - O Filme" conta a história do valente navegador Capitão Jack que parte em busca de tesouros escondidos nos oceanos e é surpreendido pelo nosso herói dos sete mares, o Tubarão Martelo e seu fiel escudeiro, o Peixe-Piloto. 

Ajudado pelas sereias Luna e Maya, Jack vai viver uma aventura cheia de suspense e conhecer o maior de todos os tesouros: o fundo do mar, com seus habitantes e riquezas naturais, que estão ameaçados por terríveis predadores, os seres humanos. 


O roteiro é de com Ana Luiza Alves, Carlos Magalhães e Cláudio Fraga, que também participa da criação da trilha, com Richard Neves, Tatá Sympa, Rogério Delayon. A mixagem é de André Cabelo e a animação da Dogzilla Estúdio e Immagini, com produção da Luz Comunicação e de O Tubarão Martelo. 


As dublagens foram feitas por atores mineiros e a finalização pela produtora Caturra Filmes. Cláudio Fraga, o homem das 1001 funções, é também o dublador do Capitão Jack; Ricardo Righi Filho dubla o Tubarão Martelo; Cecília Fernandes faz as vozes das sereias Luna e Maya, e o falador e mal-humorado Peixe-Piloto, recebeu a divertida dublagem de Gustavo Marquezine. 


Animado com a pré-estreia, Ricardo Righi Filho falou sobre sua participação e a importância de falar para o novo público infantil. "Normalmente eu gravo até rápido o trabalho de dublagem. Esse demorou um bocadinho mais, até encontrar o tom de voz. No final, basicamente ficou a minha voz, um pouco mais aveludada (rsrsrsrs). Quem fala pra crianças de até 7 anos tem de ser muito franco, ir direto ao ponto, não tratar como criancinha, é dar a real das coisas. O mais importante é tratá-las de igual pra igual".

E pra galera, o Tubarão Martelo deixa o seguinte recado: "vamos parar de poluir os mares, é muito importante cuidar do nosso lixo porque a situação está mais do que alarmante".


Ficha técnica:
Direção: Carlos Magalhães
Produção: Caturra Filmes e Luz Comunicação
Duração: 26 minutos
Classificação: Livre
Gêneros: animação, infantil

17 novembro 2022

"Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" é sobre representatividade, poder e emoções

Letitia Wright, Lupita Nyong'o e Tenoch Huerta protagonizam o segundo filme da saga (Fotos: Marvel Studios)


Maristela Bretas


Com características bem expressivas, "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" ("Black Panther: Wakanda Forever") reúne ingredientes muito fortes, que se entrelaçam a cada cena. Desde o início até o final, o filme é uma homenagem ao grande ator Chadwick Boseman, que morreu de câncer em agosto de 2020. 

Intérprete do rei T'Challa, ele foi o protagonista de "Pantera Negra", de 2018, filme que abriu as portas e valorizou o trabalho excelente do elenco, formado em sua maioria por atores negros, em especial, por mulheres. Veja o que alguns atores falam sobre o filme e a perda do ator.


Previsto para ser completamente diferente, a perda do ator principal exigiu uma mudança completa no roteiro de "'Wakanda Forever" por parte do diretor e roteirista Ryan Coogler. 

Sem a sua estrela, a nova história se voltou ainda mais para o elenco feminino, que tinha sido destaque no primeiro filme. Perdeu um pouco em ação, mas deixa sua marca na abordagem de temas importantes.


A representatividade da mulher negra é um dos pontos principais da produção, que foca ação, força e emoção em Letitia Wright (Shuri), Angela Basset (rainha Ramonda), Danai Gurira (Okoye), Lupita Nyong'o (Nakia) e Dominique Thorne (Riri Williams). Elas roubam as cenas e entregam grandes e poderosas interpretações. 

Claro, entram em cena também atores masculinos, como Winston Duke (lorde M'Baku), Martin Freeman (agente Everett Ross) e Michael B. Jordan (Killmonger), todos do primeiro filme, mas sem desempenharem papéis de protagonistas. 


Cabe a Shuri a tomada de decisões que irão afetar sua família e transformar o reino de Wakanda. A personagem passa por um amadurecimento forçado. De gênio da ciência e da tecnologia, ela passa a herdeira do maior símbolo de poder e respeito de seu reino - ser a nova Pantera Negra. 


Mas nem tudo é tão fácil. Ela não se conforma com a morte do irmão T'Challa de uma doença que ela não conseguiu achar a cura. Nesse ponto, a cientista, que sempre coloca a razão em primeiro lugar, é tomada pelo rancor e fecha o coração para bons sentimentos. 

Chega a incomodar um pouco essa postura vingativa da futura super-heroína, que não se importa com as consequências de seus atos impensados.


Isso fica ainda pior quando surge o novo vilão da franquia, Namor, rei do reino submarino de Talocan, cujo poder bélico é comparado somente ao de Wakanda, graças ao vibranium que ambos possuem. 

Namor e Shuri têm os mesmos sentimentos amargos e cada um, a sua maneira, busca vingança contra aqueles que lhes tiraram as pessoas que amavam e colocam seus reinos em risco. 


Fragilizado pela morte de T'Challa, o povo de Wakanda se esforça para continuar em frente, o que vai exigir união da família e dos amigos do falecido rei para enfrentarem o Namor e seus guerreiro indestrutíveis. Essa disputa entre as duas potências - da superfície e dos oceanos - proporciona as ótimas cenas de ação, com batalhas em terra e no mar. 


Claro que "Wakanda Para Sempre" não poderia ficar sem uma trilha sonora marcante, que mostrasse a força e a emoção do filme. E o compositor sueco Ludwig Göransson (da série "The Mandalorian"- 2022) cumpriu muito bem a parte ele. 

Destaque para a versão do sucesso "No Woman No Cry" e para canções como "Alone" e "Con La Brisa". Além de contar com a música-tema composta e interpretada por Rihanna - "Lift Me Up". 


Figurino e maquiagem também são destaques, apesar do tom de pele azulada dos habitantes de Talocan lembrar o povo de "Avatar". Confesso que acho muito mais elegantes e bonitos os uniformes das guerreiras de Wakanda, além da classe e da precisão com que lutam. Um show à parte. 


Impossível não comparar Namor com Aquaman. Visualmente, o musculoso tatuado da DC interpretado por Jason Momoa, é mais "interessante" de se ver na tela que Tenoch Huerta, da Marvel. Mas o ator mexicano tem uma interpretação mais marcante, dominando as cenas em que Namor aparece. 

Em seu pais, Huerta também é um forte defensor dos direitos das minorias de seu país, especialmente dos pobres e negros, o que condiz com a proposta do franquia.


Para quem acompanhou os desenhos animados do passado, fica a dúvida do por que não manter Namor como príncipe submarino, e não rei, e por que seu reino é chamado de Talocan e não de Atlantis (ou Atlântida).  


Se ainda não assistiu, não deixe de ir. "Pantera Negra - "Wakanda Forever" é mais que um filme de super-herói. Não supera o primeiro, mas entrega muita emoção em mensagens e situações que inspiram, dão poder e ajudam a criar consciência. 

Além de ser um lindo e emocionante tributo a Chadwick Boseman do início ao fim. Não saia do cinema sem assistir a única cena pós-crédito.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Walt Disney Pictures
Duração: 2h42
Gêneros: ação /aventura / fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos

27 maio 2022

“Top Gun: Maverick” - Um ótimo filme com muita ação e nostalgia

Tom Cruise retorna 36 anos depois com continuação de sucesso que marcou sua carreira (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


A volta ao passado com o mesmo sorriso que enche a tela. “Top Gun: Maverick” é a consagração de Tom Cruise para um de seus maiores sucessos no início da carreira. Com um forte apelo ao filme original de 1986 – “Top Gun: Ases Indomáveis” – que marcou uma geração, da qual faço parte, o ator reforça na nova produção, em cartaz nos cinemas, seu estilo de filmes no gênero muita ação. Mas desta vez, deixou a nostalgia representar um importante papel.


O longa repete cenas que marcaram o primeiro filme, especialmente as do ator “voando” em sua motocicleta. Fora os closes no rosto de Cruise, realçando seu sorriso encantador. O homem é conservado em formol, não envelhece e não perde o charme. 

Em “Top Gun: Maverick” é o passado que conduz a trama, formando um ótimo equilíbrio com as cenas de ação. O diretor Joseph Kosinski não economizou nesse quesito, principalmente as que mostram o treinamento dos pilotos e os ataques. Trabalho excelente. Só isso já vale o filme. 


Tom Cruise, o ator de 1001 aptidões, é um dos produtores do filme, junto novamente com o premiado Jerry Bruckheimer, das franquias "Piratas do Caribe" (2003 a 2017) e "Bad Boys" (1995 a 2020) e séries de TV como "Lúcifer" (2016 a 2021) e todas as franquias C.S.I. (desde 2000). Não tinha como não dar certo. Cruise, que também é piloto, desenvolveu um programa de voo para os demais atores que interpretaram os pilotos. 


Eles tiveram meses de treinamento de fundamentos e mecânica de voo e de Força G. Se há 36 anos, Cruise filmou no cockpit de um F-14 Tomcat, desta vez foi na cabine de um caça F/A-18E/F Super Hornet, onde foram feitas as tomadas de toda a equipe, em pleno voo. A aeronave foi emprestada ao estúdio pela Marinha por uma "bagatela" de pouco mais de US$ 11,3 mil a hora de voo. Mas o resultado foi excelente e deu maior autenticidade às cenas.


Bem saudosista essa continuação de Top Gun traz, além do protagonista Pete “Maverick” Mitchell, vivido por Cruise, o ator Val Kilmer interpretando o ex-piloto e agora almirante Tom “Iceman” Kazanski, amigo de Maverick. E Ed Harris, como o almirante Rear, que detesta o indomável piloto. 

No entanto, deixa de lado personagens importantes do passado, como Kelly McGillis (a instrutora Charlotte “Charlie” Blackwood), que formou par romântico com o “mocinho” no primeiro filme. Para esta sequência foi convidada a bela Jennifer Connelly ("Anita - Anjo de Combate" - 2019), muito bem no papel de Penny Benjamin, dona de um bar que teve um romance com o piloto no passado. 


Nesta continuação, temos Maverick, um piloto à moda antiga da Marinha que coleciona muitas condecorações, medalhas de combate e grande reconhecimento pela quantidade de aviões inimigos abatidos. Mas mantém a fama de rebelde, que rompe limites, desafia a morte e não acata ordens, o que o torna um oficial pouco querido no alto escalão. 

Rebaixado a instrutor e de volta à Academia Top Gun, ele terá de treinar os novos melhores pilotos da Marinha para uma missão quase suicida e provar que o fator humano ainda é fundamental no mundo das guerras tecnológicas.


“Top Gun: Maverick” apresenta rostos novos que vão compor a equipe dos melhores pilotos de caça da Força Aérea dos EUA. Destaque para Miles Teller (da franquia “Divergente” – 2014 a 2016, e "Whiplash - Em Busca da Perfeição" - 2014), como Bradley “Rooster” Bradshaw, filho de Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards), ex-parceiro de Maverick. 

Destaque também para Glen Powell (“Os Mercenários 3”), como o arrogante Hangman, além de Monica Barbaro (Phoenix), Lewis Pulmann (Bob), Jay Ellis (Payback) e Danny Ramirez (Fanboy), além de Jon Hamm, como Cyclone, comandante da Academia Top Gun e do simpático Bashie Salahuddin, como o mecânico Coleman, amigo do Maverick.


A trilha sonora é um dos destaques do novo longa. Está de arrepiar. Se em 1987 "Take My Breath Away", interpretada por Berlin e composta por Giorgio Moroder faturou um Oscar de Melhor Canção Original para "Ases Indomáveis", agora é a vez de Lady Gaga entrar na corrida da estatueta com a belíssima "Hold My Hand", ao lado do premiadíssimo Hans Zimmer.


Também chama a atenção a música-tema "You've Been Called Back to Top Gun", com a participação de Harold Faltermeyer e Lorne Balfe, em duas versões, tocadas no início e no final do filme. Tem ainda One Republic com "I Ain't Worried" e o ator Miles Teller mostrando seu lado cantor ao interpretar "Great Balls of Fire". 

Até "The Who", com "Won't Get Fooled Again" está entre as tocadas no longa, possivelmente uma contribuição de Jerry Bruckheimer, que utilizou a mesma música como tema de abertura da série C.S.I. Miami, produzida por ele de 2002 a 2012.  A trilha sonora está de arrasar, assim como todo o filme. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Joseph Kosinski
Produção: Paramount Pictures / Don Simpson/Jerry Bruckheimer Films / Skydance Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h11
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gênero: Ação

07 agosto 2019

"Simonal" exalta ascensão do cantor e trata superficialmente acusações de dedo-duro da ditadura

Fabricio Boliveira entrega ótima interpretação do cantor e compositor, dono de uma das vozes mais encantadores do país na década de 1970 (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Leonardo Domingues tinha tudo para, na obra ficcional "Simonal", esclarecer melhor o que levou o cantor a carregar por boa parte de sua vida, até depois de sua morte, a imagem de dedo-duro. Porém, mais da metade do filme explorou a ascensão de Wilson Simonal, cantor negro, vindo de uma favela no Leblon, no Rio de Janeiro, dono de uma das vozes mais bonitas e melodiosas do Brasil e de um suingue que conquistava nas primeiras notas. Se a intenção do diretor era tentar mostrar (mais uma vez) que ele pode ter sido usado como bode expiatório das forças da ditadura militar, ele deixou muito a desejar. 


Na produção, a questão racial foi jogada bem para o final, apenas para justificar a cena inicial, não aprofundando nos fatos que realmente teriam ocorrido e que marcaram a vida de Simonal, destruindo sua meteórica carreira. O diretor deixa a entender que tudo não passou de uma trama armada pela polícia da época. Mas a abordagem foi bem superficial, como se temesse mexer em vespeiro. Deixa mais dúvidas do que explicações sobre a culpa de Simonal ter sido ou não informante da ditadura contra artistas da época.


Quem não conhecia a história do cantor (muitos no cinema nem sabiam quem foi Simonal) só conheceu o dono da bela voz que começou do nada e atraiu multidões pelo país. Mas muitos saíram achando que ele realmente "entregou" geral e se deu mal por isso até sua morte em 2000, aos 62 anos.

Boa reconstituição de época, com várias imagens e figurinos bem trabalhados. Fabrício Boliveira estudou com afinco as características de Wilson Simonal e entrega uma ótima interpretação. Isis Valverde também está bem como Tereza, a esposa do cantor. Leandro Hassum muito caricato, não convence como Carlos Imperial, que conseguia ter uma imagem muito marcante, apesar de ter sido considerado desagradável por muitos à época. Caco Ciocler está mediano como Santana, policial do Dops "amigo" de Simonal. Miele foi bem interpretado por João Velho.


Os filhos de Simonal - Wilson e Max - são os responsáveis pela ótima trilha sonora que reúne várias composições que marcaram a carreira do pai, como "Meu Limão, Meu Limoeiro", "Sá Marina", "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "Vesti Azul", "País Tropical" e tantas outras. Inclusive a polêmica "Tributo a Martin Luther King", que levou Simonal a ter seu primeiro contato com o delegado Santana, do Dops, sob a acusação de se envolver com questões "subversivas".

Carismático e de charme irresistível, Wilson Simonal nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, seus gastos descontrolados o levaram a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcaram para sempre sua carreira.

Outras produções

Simonal já foi tema de dois outros filmes. No primeiro, "É Simonal" (1970), uma comédia musical dirigida por Domingos Oliveira, o cantor foi o ator principal.  A produção conta a história de um breve romance do cantor com uma fã mineira que foi ao Rio de Janeiro par conhecê-lo. Esquecível!


O segundo, este sim, um ótimo documentário, com depoimentos de pessoas famosas que conviveram com Wilson Simonal no auge da carreira e depois que caiu no esquecimento; "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei", de 2007, foi dirigido por Cláudio Manoel (do "Casseta e Planeta"), Micael Langer e Calvito Leal. Entre os entrevistados estão Luis Carlos Miele, Chico Anysio, Pelé, Ziraldo, os filhos de Simonal - Wilson Simoninha e Max de Castro, além de Jaguar (do Pasquim), Nelson Motta, o maestro Ricardo Cravo Albin, Boninho e Sérgio Cabral, entre outros.

Uma pena, "Simonal" apesar da duração de 1h45, é lento e se preocupa mais com detalhes da vida pessoal e do casamento dele com Tereza do que fazer um bom trabalho investigativo, juntando fatos comprovados sobre o que realmente aconteceu com o cantor e a acusação que sofreu. Uma biografia fraca de ascensão e queda de um ídolo, amado e odiado na mesma proporção. "Simonal" ficou muito a desejar como história. Vale pelas músicas, a produção e o ótimo trabalho de Fabrício Boliveira e Isis Valverde.


Ficha técnica:
Direção: Leonardo Domingues
Produção: Forte Filmes / Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes 
Duração: 1h45
Gêneros: Drama, Biografia, Musical
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #SimonalOFilme, #WilsonSimonal, #drama, #biografia, #musical, #ForteFilmes, #GloboFilmes, #FabricioBoliveira, #IsisValverde, #EspaçoZ, #Cineart_oficial, @cinemaescurinho

04 julho 2019

Hesitação entre o heroísmo e a vida comum marcam “Homem-Aranha: Longe de Casa”

O super-herói amigo da vizinhança  precisa deixar as férias de lado e assumir a luta contra seres de outra dimensão (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Amanda Lira


No turbilhão da vida adolescente, como lidar com as contradições entre os desejos pessoais e uma vida heroica? É diante desse dilema que se desdobra a trama de “Homem-Aranha: Longe de Casa” ("Spider-Man: Far From Home"), que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas. Sem seu mentor, Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Peter Parker (Tom Holland) é, no filme, um jovem um tanto quanto vulnerável, que sofre com a falta de um referencial para se ancorar. 


Em um mundo em que seres humanos desapareceram repentinamente durante cinco anos e voltam após um “blip”, Parker tem planos para férias “comuns”. Sua maior preocupação, afinal, é conquistar, durante uma excursão para Europa com Ned e a turma da escola, o coração de sua amada MJ (Zendaya). Como esperado, as expectativas do jovem logo são frustradas e o Homem-Aranha se vê obrigado a entrar em ação ao ser convocado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para ajudar a enfrentar os ataques dos seres Elementais.


Durante a luta contra o inimigo, Parker encontra, enfim, um novo mentor e desenvolve uma admiração genuína por Quentin Beck (Jake Gyllenhaal), conhecido como Mysterio. O herói, que escancara a existência de um multiverso, admite trazer consigo o know-how para enfrentar os desafios que recairiam sobre a Terra. O filme se desdobra, então, em uma série de plot-twists. Ao longo das pouco mais de duas horas de projeção, o público assiste a intensas cenas de ação que, de forma genial, envolvem tecnologias de drones e hologramas, além das belas paisagens do Velho Continente.


As consecutivas quebras de expectativas, no entanto, podem confundir espectadores desavisados, que não necessariamente acompanham o universo Marvel e suas inúmeras referências. Nesse sentido, as tentativas de didatismo protagonizadas pelos heróis podem, por um lado, soar levemente forçadas para os fãs, e, por outro, insuficientes para o público em geral. Ainda assim, é inegável que o filme reserva boas surpresas, especialmente nos dois créditos finais.


O humor característico do Homem-Aranha mantém-se em “Longe de Casa” com os devidos ares de juventude e de ingenuidade trabalhados por Holland. A insegurança de um garoto apaixonado, a curiosidade de um sobrinho afetuoso e as indecisões de um jovem frente a escolhas difíceis são algumas das facetas de Parker que conferem leveza ao filme. Isso sem falar nas cenas iniciais, que, embora um pouco deslocadas com relação ao tom do filme como um todo, arrancam risadas da plateia.


“Homem-Aranha: Longe de Casa” trabalha bem a humanização do herói (iniciada em "Homem-Aranha: De Volta ao Lar"), especialmente em suas fragilidades e impotências. A necessidade de realizar escolhas, de lidar com as consequências de suas ações e de ter um referencial no qual se inspirar são as principais mensagens do filme, que dá uma boa continuidade a “Vingadores - Ultimato” sem, de forma alguma, colocar um ponto final na saga. Afinal, a revelação reservada para os últimos segundos do longa é uma grande ponta solta que deixa brecha para muita história.


Ficha técnica:
Direção: Jon Watts
Produção: Sony Pictures  / Columbia Pictures / Marvel Studios / Walt Disney Studios 
Distribuição: Sony Pictures 
Duração: 2h10
Gênero: Aventura
País: EUA
Classificação: 10 anos

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