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04 junho 2025

"Bailarina" - Um novo banho de sangue do universo John Wick

Ana de Armas é a nova assassina que busca vingança contra os matadores de sua família (Fotos: Divulgação)
 
 

Maristela Bretas

 
Violento, com muitas cenas de lutas e um banho de sangue, como era de se esperar, "Bailarina - Do Universo de John Wick" ("From The World of John Wick: Ballerina") estreia nesta quarta-feira (4) nos cinemas trazendo de volta o estilo que marcou a franquia protagonizada por Keanu Reeves.

Encerrada em 2023, a saga conta ainda com a série "The Continental", lançada no mesmo ano e que está disponível no Prime Video, assim como todos os quatro filmes da franquia: "De Volta ao Jogo" (2014), "Um Novo Dia Para Matar" (2017), "Parabellum" (2019) e "John Wick 4: Baba Yaga" (2023).

A nova produção é um spin-off que tem Ana de Armas no papel principal de Eve Macarro, a nova assassina de aluguel. Ela é criada desde criança para ser uma bailarina pelas tradições da organização Ruska Roma enquanto aprende a arte de matar. Viu o pai ser morto e agora busca vingança contra aqueles que destruíram sua família. 


"Bailarina" se passa entre os longas "Parabellum" e "Baba Yaga". E como não poderia deixar de ser, aproveitando o sucesso do personagem, Keanu Reeves está presente, mostrando que John Wick ainda é capaz de atrair público para a saga. 

Pronunciando a mesma meia dúzia de palavras de sempre e dando muita porrada, mas num papel secundário, deixa o brilho para Ana de Armas.

O elenco traz boas surpresas e a participação de atores que marcaram a franquia, como Ian McShane (Winston Scott) e Lance Reddick (o concierge Charon), que faleceu pouco depois. 

Além de nomes conhecidos como Angélica Huston (diretora da escola de mercenários Ruska Roma), Gabriel Byrne (Chanceler) e Norman Reedus (o matador Pine).


Além da violência e dos ótimos efeitos visuais, "Bailarina apresenta Ana de Armas muito bem no papel da implacável Eve, repetindo as façanhas de Wick, com muitos tiros, facadas, explosões, não deixando em nada a desejar aos filmes da franquia. 

Ela seguiu o exemplo de Reeve e fez um treinamento físico intenso de quatro meses para interpretar, sem dublê, muitas das cenas de luta. 

De Armas transmite a fúria e a determinação da personagem com uma intensidade impressionante. Visualmente, "Bailarina" eleva o patamar da franquia. 

As sequências de ação são coreografadas com uma precisão impressionante, misturando a brutalidade dos combates corpo a corpo com a elegância dos movimentos de sua personagem.


As locações são também destaque do filme. Filmado em Budapeste (Hungria), Praga (República Tcheca), Áustria e Croácia, a produção entrega belíssimas paisagens e cenas eletrizantes gravadas em pontos turísticos conhecidos do Leste Europeu que surpreendem. É o caso de Hallstatt, um vilarejo austríaco cercado pelas montanhas cobertas de neve. 

Mesmo sendo um bom filme, que pode ser considerado o quinto da franquia, "Bailarina" passou por momentos delicados ao ter seu lançamento adiado por um ano. 

A direção é de Len Wiseman, mas segundo rumores da imprensa estrangeira, Chad Stahelski, que dirigiu os quatro filmes da saga, teria feito várias mudanças na primeira versão do longa, regravando muitas cenas para deixá-lo como está.


E foi um trabalho muito bem feito. A produção entrega uma experiência alinhada com o tom e o estilo estabelecidos pela franquia, sem parecer uma mera imitação. "Bailarina" expande o universo de John Wick, apresentando uma nova protagonista carismática que pode abrir a oportunidade para outros spin-offs continuarem dando fôlego à franquia. 

Só não é certa a participação de Reeves, como aconteceu neste, uma vez que o ator anunciou sua aposentadoria com "Baba Yaga" (será?). Se depender do desempenho de Ana de Armas, ela pode até se tornar a nova Baba Yaga em novas produções. 

Para os fãs de ação estilizada e narrativas de vingança implacáveis, "Bailarina" é um espetáculo imperdível.


Ficha técnica:
Direção: Len Wiseman
Produção: Lionsgate, Lakeshore Recirds
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

21 maio 2025

Tom Cruise encerra "Missão: Impossível" com cenas eletrizantes e conexão com o passado

Em "Acerto Final" o agente especial Ethan Hunt precisa destruir uma Inteligência Artificial que está
controlando os computadores do planeta (Fotos: Paramount Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Relembrando cenas dos filmes passados, o ator Tom Cruise e sua equipe do IMF encerram com "Missão: Impossível - O Acerto Final" ("Mission: Impossible - The Final Reckoning") a milionária franquia iniciada em 1996 (há quase 30 anos). 

O filme, que estreia nesta quinta-feira (22), mas já está com exibições especiais em várias salas de cinema do país, traz o agente Ethan Hunt completando sua última missão, iniciada em 2023 com "Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1". Recomendo assistir para entender melhor a trama e os novos personagens.


No longa, ele e sua equipe têm a chave para destruir um vilão virtual, a Inteligência Artificial chamada de Entidade, que controla o sistema global de computadores e toda a rede de internet. A Entidade pretende acionar as armas nucleares das grandes potências para dizimar o planeta.

Com oito produções, Tom Cruise, conhecido por dispensar dublês de muitas cenas perigosas de seu personagem, mantém o mesmo estilo no novo filme. Segundo ele declarou no Festival de Cannes, este será mesmo o último da franquia. O nome foi até mudado de "Acerto de Contas - Parte 2" para "O Acerto Final".


Contando novamente com Christopher McQuarrie, também sócio da produtora de Cruise, diretor e roteirista dos filmes da franquia desde 2018, e a produção da Paramount Pictures, "MI-8: O Acerto Final" traz novamente os fiéis parceiros de Ethan Hunt da maioria das missões - Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg). 

Apesar de as maiores perdas terem sido no elenco feminino, com as saídas de Rebecca Ferguson, Michelle Monaghan e Vanessa Kirby, pelo menos no oitavo filme, assim como no anterior, o público passa a contar com novos rostos. 


Retornam Angela Bassett (como Erika Sloane, presidente dos EUA), Hayley Atwell (Grace) e Pom Klementieff (Paris), novas parceiras de Hunt. 

O longa dá uma boa distribuição de tempo na tela para todos, mesmo sendo Cruise a estrela, destacando o papel de cada um na missão, especialmente no final. 

O vilão ainda é o nada convincente Gabriel, interpretado por Esai Morales. A franquia já teve vilões melhores, como Owen Davian (interpretado pelo excelente Philip Seymour Hoffman), de "Missão: Impossível 3" (2006); e Solomon Lane (papel de Sean Harris), de "Nação Secreta" (2015) e "Efeito Fallout" (2018).


Em compensação, as cenas de ação são eletrizantes, chegam a dar agonia ver Tom Cruise pendurado em aviões. Clique aqui para ver. Ou nas gravações embaixo d'água. O ator fala como foi a experiência. Confira.

Mesmo com tantas cenas que prendem o espectador na cadeira, "Missão: Impossível - O Acerto Final" ainda tem menos ação que seu anterior. 

O início é mais lento, explicando o que Ethan e sua equipe devem fazer. Mas depois que engrena, é muito tiro, porrada e bomba, como esperado.


O mais longo filme da franquia, com 2h49, faz conexões durante toda a trama com os demais filmes (quem acompanhou a saga vai se lembrar de muitas cenas). A produção é muito boa, mas o encerramento poderia ter sido mais forte. Perde para "Efeito Fallout" e "Nação Secreta".

"Acerto Final" tem todos os ingredientes para ser o blockbuster do primeiro semestre e um dos melhores do ano e deve agradar aos fãs do ator. E mesmo ele negando, deixa uma interrogação no ar se esta será mesmo a última Missão Impossível. 

Vale muito à pena conferir, especialmente na sala IMAX para aproveitar todos os efeitos.


Ficha técnica:
Direção: Christopher McQuarrie
Produção: Paramount Pictures e Skydance Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h49
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, espionagem, suspense

24 abril 2025

"O Contador 2" acerta ao equilibrar ação, emoção e humor

Ben Affleck e Jon Bernthal entregam ótimas atuações e uma boa química tanto nas discussões familiares quanto nos conflitos contra os criminosos (Fotos: Warner Bros.)
 
 

Maristela Bretas

 
Ben Affleck retoma seu enigmático personagem Christian Wolff, um contador com Síndrome de Asperger (uma forma de Transtorno do Espectro Autista) dotado de habilidades extraordinárias em raciocínio, matemática e combate. Uma interpretação, mais uma vez, impecável.

Em "O Contador 2" ("The Accountant 2"), com estreia marcada para esta quinta-feira nos cinemas, a grande novidade é o protagonismo igualmente conferido a Jon Bernthal, que reassume o papel de Braxton, o irmão de Chris e matador de aluguel.


A dupla explosiva, em todos os sentidos, prende a atenção do espectador do princípio ao fim da trama, com uma generosa dose de ação, tiroteios, pancadaria e até mesmo momentos de bom humor. 

A química entre Affleck e Bernthal se mostra eficaz, com ambos visivelmente mais à vontade em seus respectivos papéis.

Chris, o Contador, ainda procurado pelo FBI, é recrutado pela agente do Tesouro americano Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson) para identificar os responsáveis pela morte de um antigo amigo em comum. 

Envolvido em uma conspiração internacional, ele precisará da ajuda de seu irmão, de quem se separou ao final de "O Contador" (2016), para rastrear os suspeitos, ligados a uma perigosa rede de tráfico humano.


Em "O Contador 2", Gavin O'Connor, que também dirigiu o filme original, adiciona camadas de emoção à narrativa ao explorar as dinâmicas familiares, tanto a dos irmãos justiceiros quanto a das vítimas da rede de tráfico. 

Essa profundidade emocional não compromete a ação intensa e as reviravoltas eletrizantes, que se manifestam em perseguições e confrontos bem coreografados protagonizados pela dupla. E a munição parece não ter fim em meio a tantos tiroteios.


Do filme anterior, além do trio de protagonistas Affleck, Bernthal e Addai-Robinson, o elenco conta com o retorno de J.K. Simmons e a adição de dois personagens relevantes, interpretados por Daniella Pineda e Allison Robertson.

Os toques de humor injetados em "O Contador 2" conferem ao filme uma leveza bem-vinda, especialmente nas interações entre os irmãos e na representação da dificuldade de interação social de Chris, uma característica de sua condição. 

A tentativa desajeitada do protagonista de encontrar um parceiro romântico por meio de uma agência de relacionamentos é particularmente divertida. Uma sequência que vale à pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Gavin O'Connor
Produção: Amazon MGM Studios e Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Entertainment
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama

18 abril 2025

"Pecadores": Michael B. Jordan interpreta ‘gângsteres’ gêmeos em "Crepúsculo" do século passado

Ambientado no sul dos EUA, filme aborda a ancestralidade preta que resistiu às perseguições nos anos
de 1930 (Fotos: Warner Bros. Pictures)
 
 

Larissa Figueiredo 

 
Imagine uma mistura entre "Crepúsculo" (2008) e "Assassinos da Lua das Flores" (2023) — é assim que "Pecadores" ("Sinners"), de Ryan Coogler, funciona. O longa, que conta com o protagonismo de Michael B. Jordan (de “Pantera Negra” - 2018, “Creed - Nascido para Lutar" - 2015) em um papel duplo como os irmãos Elijah e Elias Smoke, e Hailee Steinfeld ("Bumblebee" - 2018) como Mary, às vezes mocinha, às vezes vilã, já está em cartaz nos cinemas.

Ambientado nos anos de 1930 no sul dos Estados Unidos, "Pecadores" aborda, por meio do misticismo, a ancestralidade preta que resistiu às perseguições durante o segregacionismo norte-americano. 


A família do jovem músico Sammy Moore (Miles Caton) enfrenta preconceitos, vampiros e até a Ku Klux Klan, grupo extremista que surgiu nos EUA para perseguir e matar pessoas negras no país à época. A temática do filme, no entanto, está longe de se restringir ao racismo.

Com os gângsteres gêmeos Elijah e Elias de volta à cidade e dispostos a viver a melhor noite de suas vidas, Sammy vê a oportunidade de mostrar sua música fora da igreja. 

Ele embarca em uma missão para convidar a comunidade negra para uma noite de blues em um antigo celeiro da Klan. Com comida à vontade e bebida de qualidade, o grupo pretende abrir um clube de blues na cidade.


A jornada acontece em meio à evolução de uma trilha sonora impecável, composta por Ludwig Göransson, já nos primeiros minutos. A fotografia acompanha o ritmo a partir de planos abertos de encher os olhos, com destaque para as paisagens dos campos de algodão, que cumprem papel sociopolítico na narrativa.

Até o fim da primeira metade do longa, quase não é possível perceber a presença do gênero terror no roteiro. O espectador se acostuma por muito tempo com um ritmo de filme de aventura e se afeiçoa aos “heróis” apresentados. 


O misticismo chega junto da personagem Annie (Wunmi Mosaku), uma bruxa natural e interesse romântico de um dos protagonistas, que fala sobre perigos espirituais e vampiros pela primeira vez. O roteiro parece desconectado à primeira vista, como se fosse metade aventura e metade terror.

Apesar da estranheza dos jump scares aleatórios e da aparente desconexão do roteiro, o filme prende o espectador e não apresenta elementos desnecessários — apenas desorganizados. A caracterização dos vampiros beira ao satírico; resta ao diretor dizer se é proposital ou não. 


A partir da primeira aparição, os personagens se desenrolam com um quê de Stephenie Meyer (autora da saga "Crepúsculo"), com dentes gigantes, alho, estacas de madeira e romances cheios de química.

A trama vampiresca se encerra como começa: do nada. Coogler, que dirigiu Jordan em “Pantera Negra” e “Creed: Nascido para Lutar”, repete elementos do filme sobre o super-herói negro da Marvel. E mistura o espiritual e o real para emocionar, não economizando nos simbolismos para falar sobre a morte. 

A cena pós-créditos é dispensável e sem sentido, mas (infelizmente) existe e impacta um final irretocável. Assista por sua conta e risco.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Warner Bros Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense, terror

15 abril 2025

"Nas Terras Perdidas" se perde em roteiro confuso e protagonistas sem química

Milla Jovovich e Dave Bautista são os protagonistas deste novo filme pós-apocalíptico dirigido por Paul W. S. Anderson (Fotos: Diamond Filmes)
 
 
Maristela Bretas
   
O diretor Paul W.S. Anderson claramente tentou fundir a ação frenética de "Resident Evil" com o cenário pós-apocalíptico de "Mad Max" para criar "Nas Terras Perdidas" ("In The Lost Lands"). Infelizmente, o resultado é um filme confuso, sustentado por um roteiro fraco, com diálogos superficiais, quase esquecível. 

Nem mesmo os efeitos visuais, que deveriam ser um dos pilares de uma produção de ação e fantasia, que em muitos momentos lembra um faroeste, conseguem salvar a obra. Mais uma vez Anderson coloca sua esposa Milla Jovovich como protagonista, dividindo a tela com Dave Bautista, mas a química entre eles é zero.


Jovovich permanece presa ao estilo que a consagrou na franquia "Resident Evil", entregando uma atuação sem profundidade, focada em combates contra ameaças sobrenaturais.

Sua personagem, assim como em trabalhos anteriores, comunica-se predominantemente através da ação, carecendo de desenvolvimento verbal - usa no máximo dez palavras em cada frase.

Bautista não fica longe. Embora seu físico seja imponente para o papel de caçador, ele é melhor como lutador do que numa interpretação dramática, seguindo a trajetória de outros atletas que tentam a carreira no cinema. 

Alguns conseguiram encontrar seu nicho, o que ainda não aconteceu com Bautista. Ele acertou um pouco na comicidade na franquia "Guardiões da Galáxia".


Na história, a bruxa Gray Alys, interpretada por Milla, viaja para as Terras Perdidas em busca de um poder mágico que deverá passar para a rainha (Amara Okereke) que permitirá que ela se transforme em um lobisomem. Gray encontra em seu caminho o caçador Boyce (Bautista) que vai guiá-la até o reino das criaturas sombrias.

O problema maior da história é que ela é toda fragmentada. O filme falha em estabelecer adequadamente seus personagens e o contexto em que se inserem. 

A origem da bruxa, o passado do caçador e a natureza do lobisomem permanecem envoltos em mistério, deixando o espectador desorientado quanto às motivações e ao significado da jornada. 


Adaptado de um conto de 1992 de George R.R. Martin, autor da aclamada série "Game of Thrones", o longa pode até fazer sentido para os fãs do escritor, mas para o público geral, a condução da trama é pouco convidativa.

As sequências de lutas, apesar de cumprirem minimamente seu propósito, sofrem com efeitos visuais que ficam aquém das expectativas, mesmo com alguns bons cenários.

"Nas Terras Perdidas" se revela uma experiência cinematográfica difícil de ser assistida até o final, que também é bem insatisfatório. Mas poderá agradar aos admiradores do conto original e fãs dos atores. Eu não recomendo.


Ficha técnica:
Direção: Paul W.S. Anderson
Produção: Constantin Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, fantasia

12 abril 2025

"Força Bruta: Punição" é pancadaria com toques de humor e denúncia contra os jogos online ilegais

Quarto filme da franquia traz de volta o detetive Ma Seok-do vivido pelo famoso ator sul-coreano Don Lee (Fotos: Sato Company)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog
Jornalista de Cinema


"Força Bruta: Punição" ("Beomjoidosi 4") chegou ao cinema oferecendo uma explosão de ação de primeira linha e se consolidando como uma excelente porta de entrada para quem deseja conhecer o cinema sul-coreano. 

Dirigido por Heo Myeong-haeng, o quarto capítulo da famosa franquia traz de volta o detetive Ma Seok-do vivido por Don Lee, agora envolvido em uma nova investigação ligada ao submundo digital.


A trama começa com Ma Seok-do rastreando um aplicativo ligado ao tráfico de drogas, o que o leva a descobrir uma teia de crimes que se estende até as Filipinas, onde um desenvolvedor foi assassinado. 

A investigação coloca o detetive frente a frente com uma organização internacional de apostas ilegais, liderada pelo impiedoso Baek Chang-gi (Kim Mu-yeol). Ele é um ex-soldado de elite que domina o mundo dos jogos online com uma combinação de sequestros, chantagens e assassinatos.


Confesso que não conhecia a franquia antes, mas esse capítulo despertou em mim um interesse imediato em assistir os filmes anteriores. A narrativa é amarrada de forma envolvente e vai ganhando intensidade a cada revelação.

"Força Bruta: Punição" consegue equilibrar muito bem o ritmo de ação com momentos de crítica social, apontando para um submundo ainda pouco retratado no cinema: o das apostas ilegais digitais.


Heo Myeong-haeng, em sua estreia na direção da franquia, traz consigo anos de experiência como coordenador de cenas de luta e dublês. Isso se reflete nas coreografias precisas e brutais, com destaque especial para o duelo entre Ma Seok-do e Baek Chang-gi — uma pancadaria visceral, com pegada realista e forte influência do boxe.

Don Lee mais uma vez se impõe como protagonista. Seu personagem é uma força da natureza - e o ator entrega cenas que vão da tensão ao alívio cômico com habilidade. Do outro lado, Kim Mu-yeol constrói um vilão frio, calculista e profundamente irritante, o tipo de antagonista que provoca ódio desde a primeira aparição.


O grande mérito do filme é não se contentar apenas com a ação frenética. Ele mergulha de cabeça no universo das apostas online, escancarando como esse sistema opera em diversas camadas da sociedade: dentro de presídios, envolvendo menores de idade e manipulando figuras de alto escalão. 

A narrativa não hesita em denunciar a lógica perversa do dinheiro fácil, evidenciando práticas como as dos jogos “bets” e do famoso “tigrinho”, que se tornaram populares no Brasil.


"Força Bruta: Punição" funciona como uma denúncia embalada em entretenimento. É uma história que prende a atenção pela violência estilizada e ao mesmo tempo faz pensar sobre os bastidores sombrios do crime organizado digital. É pancadaria com propósito: crítica social embalada em golpes precisos.

Vale cada minuto, cada pipoca e, quem sabe, a curiosidade para maratonar os filmes anteriores. Os três primeiros filmes - "Cidade do Crime" (2017); "Força Bruta" (2022) e "Força Bruta: Sem Saída (2023) - este a maior bilheteria da história do K-Action na Coreia do Sul - estão disponíveis no Prime Video. Uma verdadeira aula de ação com a assinatura única do cinema sul-coreano.


Ficha técnica:
Direção:
Heo Myeong-haeng
Distribuição: Sato Company
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 16 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: ação, policial, suspense

10 abril 2025

"Operação Vingança": a dor da perda em meio a um suspense arrastado de espionagem

Rami Malek é o protagonista do longa que resolve fazer justiça com as próprias mãos contra quadrilhas internacionais (Fotos: 20th Century Studios)


Maristela Bretas


Em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (10), "Operação Vingança" ("The Amateur") mergulha na jornada sombria de Charles Heller (Rami Malek, de "Bohemian Rhapsody" - 2018), um criptógrafo da CIA devastado pela perda da esposa Sarah (Rachel Brosnahan) em um atentado terrorista em Londres. 

Diante da inércia da agência e da corrupção interna, Heller toma uma atitude desesperada: chantageia seus superiores para ser treinado como agente de campo e buscar vingança por conta própria.

A premissa, adaptada do romance homônimo de 1981 de Robert Littell, carrega um potencial dramático inegável, explorando a fragilidade de um homem comum lançado ao brutal mundo da espionagem. 


Contudo, a execução de James Hawes, embora construa uma atmosfera de tensão e suspense, peca pelo ritmo arrastado em diversos momentos. O filme parece mais interessado em detalhar o sofrimento de Heller do que em impulsionar a narrativa com sequências de ação mais dinâmicas.

Um dos maiores tropeços do roteiro de Ken Nolan e Gary Spinelli reside na inverossímil transformação de Heller. A ideia de um burocrata brilhante em códigos e mensagens criptografadas se transformar em um agente de campo altamente capacitado com pouquíssimo treinamento chega a ofender a inteligência do espectador. 


A comparação nostálgica com os cursos rápidos online ilustra bem a incredulidade que essa transição pode gerar. Até mesmo o treinador de Heller afirma que ele nunca será capaz de matar uma pessoa. É muito difícil aceitar essa situação de virar um 007de um dia para outro, criada pelo escritor e reproduzida no roteiro. 

Apesar das ressalvas, a presença magnética de Rami Malek confere intensidade ao protagonista, transmitindo a angústia e a obsessão de Heller. No entanto, nem mesmo seu talento consegue suprir as falhas de um roteiro que força a barra em sua improvável metamorfose.


Um ponto positivo é a participação de Laurence Fishburne ("John Wick - Um Novo Dia Para Matar" - 2017) como o Coronel Henderson, o agente da CIA encarregado do treinamento de Heller. Sua presença em tela injeta uma dose de experiência e pragmatismo à narrativa, oferecendo um contraponto interessante ao idealismo ferido do protagonista.

Outro ponto que agrada são as locações em Londres, em junho de 2023, no sudeste da Inglaterra, França e Turquia. No elenco, outros nomes conhecidos como Jon Bernthal ("O Contador" - 2016), Caitriona Balfe, Juliane Nicholson, Holt McCallany, entre outros.


"Operação Vingança" se esforça para ser um thriller de espionagem "eletricamente carregado", como sugere o material de divulgação. No entanto, a lentidão da narrativa e a forçada conversão do protagonista em super agente diluem a tensão e comprometem a imersão. 

O filme levanta questões sobre lealdade e a tênue linha entre justiça e vingança, mas a execução vacilante impede que essas reflexões alcancem seu potencial máximo. 

Em suma, "Operação Vingança" entrega uma proposta interessante, um ator talentoso no papel principal, mas esbarra em um ritmo irregular e em soluções de roteiro pouco convincentes, com um final de impacto menor que a história merecia. Mesmo assim, o filme vale ser conferido no cinema.


Ficha técnica:
Direção: James Hawes
Roteiro: Ken Nolan e Gary Spinelli
Produção: Hutch Parker Entertainment, 20th Century Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, suspense

27 março 2025

Jason Statham e Sylvester Stallone se unem novamente para um "Resgate Implacável"

Longa de muita ação reúne novamente o ator e diretor David Ayer, em nova produção no estilo "não
mexa com a minha família" (Fotos: Amazon MGM Studios)


Maristela Bretas


Muitos tiros, a porrada comendo solta e bombas pra fazerem inveja a muita guerra real, com sequências de explosões impressionantes (haja granada!). Não poderia ser diferente no novo filme estrelado por Jason Statham e produzido por ele e Sylvester Stallone, que também assina o roteiro. 

"Resgate Implacável" ("A Working Man") é um longa de muita ação dirigido por David Ayer, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas para os fãs da dupla.

Seguindo a linha de outros filmes de ação do ator, como "Beekeeper: Rede de Vingança" (2024), também dirigido por Ayer, o longa conta a história de Levon Cade (Statham), um ex-militar das forças especiais do Exército britânico. 


Depois de muitos anos lutando em guerras e contra terroristas, ele larga tudo, se muda para Chicago e vai trabalhar para a construtora de Joe Garcia (Michael Peña), que o trata como membro da família. 

Mas o sequestro de Jenny (Arianna Rivas), a filha adolescente de Joe, por traficantes de mulheres faz com que Levon retome sua antiga vida e use suas habilidades e, até mesmo, alguns métodos de persuasão bem violentos para recuperar a jovem. 

Além dos traficantes, o ex-militar ainda enfrentará policiais corruptos, gangues de motoqueiros e a ameaça da máfia russa a sua filha e amigos. E vai mostrar que nunca deveriam ter mexido com sua família.


O filme é bom e pode agradar aos fãs do ator. O estilo de roteiro permanece o mesmo e até os rostos dos traficantes são familiares, alguns já tendo interpretado papéis semelhantes em outras produções do gênero, como Jason Flemyng, Maximillian Osinski e Cokey Falkow. 

Falha ao aproveitar pouco David Harbour, no papel de um dos amigos de Levon dos tempos de guerra que ficou cego. O ator já mostrou que sabe usar bem uma marreta até mesmo como Papai Noel ("Noite Infeliz" - 2022), e seria muito bem aproveitado na caçada aos traficantes. 


"Resgate Implacável" tem várias cenas aéreas noturnas, explora muito locais escuros como becos, boates, bares, casas de jogos, que ajudam a caracterizar os esconderijos e locais de atuação dos criminosos e onde serão caçados por Levon. 

Já as cenas durante o dia são do ex-militar em seu trabalho, com a família e os amigos, apresentando um comportamento relativamente mais tranquilo.

Quem pensou nos figurinos dos mafiosos russos queria ridicularizar a organização, com uma variedade extravagante de vestimentas. Os chefões usam ternos e sobretudos pretos, bem sisudos. Um deles carrega uma bengala adornada com caveira, e se porta como um Conde Drácula. 

Um dos “clientes de mulheres traficadas” é bem caricato e sua roupa e rosto lembram muito o nosso saudoso José Mojica Marins, o "Zé do Caixão", que era bem melhor. 


Já os membros mais jovens do grupo se destacam por trajes muito coloridos e ridículos, achando que estão abafando com sua coleção própria. Chegam a ser engraçados, verdadeiros palhaços menosprezados até mesmo pela poderosa "família" russa.

O filme é baseado no livro "Levon’s Trade", de Chuck Dixon, e, como de costume, apresenta uma narrativa focada na ação de um homem só. Um herói sem superpoderes, especialista em lutas e no manejo de diversas armas, com conhecimento em tecnologia, que lutará contra tudo e contra todos para cumprir sua missão, sem se importar com as consequências. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer e Sylvester Stallone
Produção: Amazon MGM Studios, Black Bear, Cedar Park, Punch Palace Productions, e Balboa Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h56
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

06 março 2025

Robert Pattinson é um trabalhador totalmente descartável em "Mickey 17"

Novo longa do diretor Bong Joon-ho aborda a exploração do trabalhador, clonagem e doutrinação religiosa (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Não me interpretem mal, a intenção foi justamente dizer o contrário. Robert Pattinson está excelente como Mickey Barnes, o trabalhador que assina um contrato para se tornar descartável no filme "Mickey 17". 

A produção estreia nesta quinta-feira (6), com distribuição da Warner Bros. e traz no elenco Mark Ruffalo, Toni Collette e Steven Yeun. Todos sobre a direção do premiado Bong Joon-ho, de "Parasita" (2019).

Ambientado num futuro não determinado, com a Terra sofrendo as consequências da degradação ambiental, pesquisadores buscam outras opções na galáxia para iniciar novas colonizações. 


Mickey é um homem que perdeu tudo, deve a um mafioso, está ameaçado de morte e vê no projeto de recolonização sua única saída. Para acelerar o processo, candidata-se a ser um trabalhador "descartável". Mas faltou ler as "letrinhas" do contrato. 

Começa aí sua jornada de tarefas perigosas e mortais na colônia espacial. E a cada exemplar perdido, um novo clone de Mickey é criado a partir do DNA e das memórias do anterior, permitindo que o trabalho continue sem atrasos e indenizações, para alegria e sucesso dos contratantes.


Robert Pattinson ("The Batman" - 2021) está brilhante no papel, especialmente quando o Mickey de número 17 se depara com sua réplica posterior. Apesar de terem o mesmo DNA e pensamentos, os comportamentos dos clones são opostos e é ai que o ator mostra seu potencial.

Não bastasse a atuação do protagonista, temos os indicados ao Oscar, Mark Ruffalo ("Pobres Criaturas" - 2023), como o explorador e visionário Kenneth Marshall, e Toni Collette ("Hereditário" - 2018), no papel de Yifa, sua fiel esposa. 


Eles dominam as cenas quando aparecem, com personagens bem caricatos representando os patrões que consideram todo e qualquer trabalhador substituível de imediato. 

Para Marshall e Yifa, são dignos de entrar na colônia que estão criando apenas os brancos, ricos e de famílias que possam fazer grandes doações e aceitem os dogmas que pregam. Isso mesmo, "Mickey 17" fala de exploração do trabalhador e de seguidores por meio da doutrinação religiosa. 


Quanto mais apanham ou perdem bens ou pessoas, mais os fanáticos seguidores do pastor/empresário Kenneth Marshall acreditam que serão dignos de chegar ao planeta Niflheim (quase um Reino dos Céus). Por trás do pregador está a esposa que controla suas falas e domina toda a operação.

O elenco conta ainda com as boas interpretações de Naomi Ackie (“Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker” - 2019), como a integrante da segurança da nave colonizadora e namorada de Mickey 17, e Steven Yeun ("Não! Não Olhe!" - 2022), no papel de Timo, único "amigo" de Mickey Barnes. Sem esquecer as criaturas alienígenas que habitam o novo planeta e que fazem toda a diferença na trama.


"Mickey 17" é uma produção intrigante, que reúne ficção científica, ação e comédia de humor ácido, adaptada do romance "Mickey7", de Edward Ashton. 

Além da doutrinação e da exploração do trabalho, a história também trata da questão moral da clonagem e dos perigos que a coexistência entre clones iguais pode representar para os planos dos criadores. 

Bons efeitos visuais, ótima direção e abordagem de temas bem atuais, mesmo sendo ambientado no futuro. E você, até onde iria para conseguir um emprego? Toparia ser "descartável" e morreria por ele? Confira "Mickey 17" nos cinemas e saiba onde sua escolha pode levar.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Bong Joon-ho
Produção: Warner Bros. Pictures, Plan B, Kate Street Picture Company
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, comédia