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03 junho 2025

“A Lenda de Ochi” uma fábula de pertencimento de espécies distintas

Helena Zengel é uma jovem que enfrenta todos para ajudar uma criatura mística bebê a reencontrar sua
família (Fotos: A24)
 
 

Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Dirigido e roteirizado por Isaiah Saxon, está em cartaz no cinema o filme "A Lenda de Ochi" ("The Legend of Ochi"), produzido pelo estúdio A24, que conta com um elenco formado por Helena Zengel, Willem Dafoe, Emily Watson e Finn Wolfhard.

Conhecemos Yuri (Helena Zengel), uma jovem que desafia os medos de sua vila ao ajudar o filhote de um Ochi, uma criatura mística que aterroriza a região. Ao atravessar a floresta, ela descobre um mundo mágico e aprende sobre coragem, empatia e conexão com a natureza.


O ponto mais forte do filme está na rivalidade entre humanos e os Ochi. Segundo a lenda, eles são criaturas demoníacas, caçadoras, piores que lobos. Tudo muda quando Yuri, a única menina da vila, encontra um Ochi bebê e assume o risco de cuidar dele e levá-lo para casa. 

É interessante como a protagonista e a criaturinha aprendem a se comunicar e desenvolvem uma linguagem própria. Ambos precisam dessa noção de pertencimento: mesmo morando com o pai, Yuri não se sente parte da família e sofre com a ausência da mãe, enquanto o pequeno Ochi sente falta da sua família como um todo.


O antagonismo surge em Maxim (Dafoe), o pai, que, vestido com roupas de soldados antigos — armadura, escudo e faca —, faz de tudo para manter vivo dentro de casa o ódio pela criatura. Ele escolhe sempre a intolerância e impõe sua autoridade quase como um militar. A violência e o silêncio são suas formas de controle, e fica evidente que Yuri é maltratada por ele.

Tecnicamente, o longa é um deleite visual. A fotografia de Evan Prosofsky valoriza as paisagens, as criaturas, o universo fantástico e um ar meio vintage que ajuda a contar a história. A trilha sonora de David Longstreth reforça o tom intimista e sombrio do lugar, mas com uma camada emocional afetiva. 


A montagem de Paul Rogers é lenta, gradual, sem pressa e eficaz em seu ritmo. Aos poucos, ele revela quem são os personagens e, principalmente, mostra suas transformações. A evolução deles acontece por meio das ações. 

Aqui, o diretor está mais interessado em fazer um cinema independente e experimental do que em aprofundar a história tradicional.

É impossível assistir ao filme sem lembrar de criaturas encantadoras que sempre aparecem para ensinar algo, como os Gremlins, os Goonies, Stitch e, especialmente, E.T. (há cenas que chegam quase a ser uma cópia do sucesso de Steven Spielberg). 

Há também um forte conflito geracional, e essas figuras mágicas ajudam os personagens humanos a enxergar novos caminhos.


Talvez o maior ponto fraco do filme seja a falta de aprofundamento no passado de Maxim. O que o transformou nesse homem autoritário? Como era sua vida familiar antes de se tornar essa figura armada e amargurada? São perguntas que ficam em aberto.

A "Lenda de Ochi" é uma fábula sobre ligação entre espécies distintas, contada de forma contundente, direta ao ponto. O filme diverte e faz pensar sobre quem escolhemos como família e qual lugar ocupamos no mundo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Isaiah Saxon
Produção: Estúdio A24
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: Cinemark Diamond Mall
Duração: 1h36
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, fantasia

26 maio 2025

"Lilo & Stitch", a animação que encantou o público em 2002 e ganhou um live-action

O charme do filme está na simplicidade ao mostrar que mesmo sendo de mundos diferentes, um precisa
do outro (Foto: Walt Disney Pictures)
 
 

Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


No dia 22 de maio de 2002, chegava aos cinemas brasileiros uma das animações mais adoráveis e anárquicas da Disney: "Lilo & Stitch". Um sucesso que garantiu uma bilheteria de US$ 273 milhões e a indicação ao Oscar na categoria naquele ano.

Passados 23 anos, "Lilo & Stitch" ganhou um remake, que estreou nos cinemas em live-action (confira a crítica aqui) e está atraindo milhares de fãs, de todas as idades, especialmente famílias. Para quem não assistiu a animação original, ela pode ser conferida no canal por assinatura Disney+.


Trazendo uma aventura em solo havaiano, o filme nos apresenta a Experiência 626 — um alienígena violento, mas irresistivelmente fofo — e a pequena e rebelde Lilo, duas figuras deslocadas que vão precisar uma da outra para entender o verdadeiro significado da palavra "ohana".

Lilo é uma menina solitária, criativa e com um coração enorme. Ela recolhe lixo nas praias para proteger os animais marinhos, enquanto tenta lidar com a ausência dos pais e o convívio com a irmã mais velha, Nani, que luta para sustentar as duas e manter a guarda da caçula. 


A rotina muda drasticamente quando Lilo adota Stitch, um “cachorro” estranho e destruidor que, na verdade, é uma criatura alienígena foragida. Juntos, a dupla constrói uma amizade improvável, cheia de caos, mas também de descobertas emocionais.

O charme de “Lilo & Stitch” está na sua simplicidade. Mesmo sendo de mundos completamente diferentes, Stitch precisa de Lilo tanto quanto ela precisa dele. Ela o ensina o que é amor, cuidado e pertencimento. 

Se há algo que a menina aprende e ensina com toda essa jornada é que "ohana' significa família, e família nunca abandona ou esquece.


Apesar de sua origem destrutiva, Stitch vai sendo moldado pelo afeto — e sua convivência com Lilo, Nani e até com o cientista maluco Jumba (seu criador). Mostra que, às vezes, só é preciso alguém que enxergue além das aparências para despertar o melhor em nós.

Outro ponto que encanta é o cenário: o Havaí, com sua energia solar, vibrante e cultural, casa perfeitamente com o caos fofo de Stitch. Os diretores Chris Sanders e Dean DeBlois acertaram ao incorporar elementos como o surf, a espiritualidade havaiana, e a trilha sonora com toques de Elvis Presley. 

É uma mistura que traz frescor e originalidade à animação. Confira aqui uma das músicas.


Visualmente, o longa é um presente. Com fundos pintados em aquarela e um estilo que remete à animação 2D clássica, “Lilo & Stitch” tem um toque artesanal, quase nostálgico, que contrasta com sua trama moderna e subversiva.

Vale lembrar que, no material de divulgação, tanto da animação quanto do live-action, Stitch invade pôsteres de outros filmes da Disney, assustando princesas, príncipes e personagens do estúdio — um sinal claro de que esse "monstrinho azul" não estava aqui para seguir as regras.


Já Lilo é uma das representações mais autênticas da infância no cinema: cheia de imaginação, imprevisível, birrenta, afetuosa. Ela não é a menina idealizada — e justamente por isso, é real e inesquecível. 

Stitch, por sua vez, é a metáfora perfeita para o "monstro" que existe em cada um de nós, e que pode ser transformado pelo amor e pela convivência.


Se há uma pequena falha, talvez seja o espaço dado à história de Nani. A animação não aprofunda muito o contexto das dificuldades que ela enfrentou para criar Lilo sozinha, mas, mesmo assim, é impossível não admirar sua força, coragem e dedicação. O live-action repara isso e dá mais espaço a Nani.

“Lilo & Stitch” é uma animação que merece ser (re) vista com carinho. É um filme sobre pertencimento, laços improváveis que viram amor — e como, mesmo sendo diferentes, todos temos valor. Ohana nunca abandona. E esse filme também não.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Chris Sanders e Dean DeBois
Produção e distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: Canal Disney+
Duração: 1h25
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia

15 abril 2025

"Nas Terras Perdidas" se perde em roteiro confuso e protagonistas sem química

Milla Jovovich e Dave Bautista são os protagonistas deste novo filme pós-apocalíptico dirigido por Paul W. S. Anderson (Fotos: Diamond Filmes)
 
 
Maristela Bretas
   
O diretor Paul W.S. Anderson claramente tentou fundir a ação frenética de "Resident Evil" com o cenário pós-apocalíptico de "Mad Max" para criar "Nas Terras Perdidas" ("In The Lost Lands"). Infelizmente, o resultado é um filme confuso, sustentado por um roteiro fraco, com diálogos superficiais, quase esquecível. 

Nem mesmo os efeitos visuais, que deveriam ser um dos pilares de uma produção de ação e fantasia, que em muitos momentos lembra um faroeste, conseguem salvar a obra. Mais uma vez Anderson coloca sua esposa Milla Jovovich como protagonista, dividindo a tela com Dave Bautista, mas a química entre eles é zero.


Jovovich permanece presa ao estilo que a consagrou na franquia "Resident Evil", entregando uma atuação sem profundidade, focada em combates contra ameaças sobrenaturais.

Sua personagem, assim como em trabalhos anteriores, comunica-se predominantemente através da ação, carecendo de desenvolvimento verbal - usa no máximo dez palavras em cada frase.

Bautista não fica longe. Embora seu físico seja imponente para o papel de caçador, ele é melhor como lutador do que numa interpretação dramática, seguindo a trajetória de outros atletas que tentam a carreira no cinema. 

Alguns conseguiram encontrar seu nicho, o que ainda não aconteceu com Bautista. Ele acertou um pouco na comicidade na franquia "Guardiões da Galáxia".


Na história, a bruxa Gray Alys, interpretada por Milla, viaja para as Terras Perdidas em busca de um poder mágico que deverá passar para a rainha (Amara Okereke) que permitirá que ela se transforme em um lobisomem. Gray encontra em seu caminho o caçador Boyce (Bautista) que vai guiá-la até o reino das criaturas sombrias.

O problema maior da história é que ela é toda fragmentada. O filme falha em estabelecer adequadamente seus personagens e o contexto em que se inserem. 

A origem da bruxa, o passado do caçador e a natureza do lobisomem permanecem envoltos em mistério, deixando o espectador desorientado quanto às motivações e ao significado da jornada. 


Adaptado de um conto de 1992 de George R.R. Martin, autor da aclamada série "Game of Thrones", o longa pode até fazer sentido para os fãs do escritor, mas para o público geral, a condução da trama é pouco convidativa.

As sequências de lutas, apesar de cumprirem minimamente seu propósito, sofrem com efeitos visuais que ficam aquém das expectativas, mesmo com alguns bons cenários.

"Nas Terras Perdidas" se revela uma experiência cinematográfica difícil de ser assistida até o final, que também é bem insatisfatório. Mas poderá agradar aos admiradores do conto original e fãs dos atores. Eu não recomendo.


Ficha técnica:
Direção: Paul W.S. Anderson
Produção: Constantin Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, fantasia

20 dezembro 2024

"Mufasa: O Rei Leão" - uma emocionante história de legado e pertencimento

Live-action supera a produção anterior e entrega uma narrativa original e bem estruturada, com elementos inéditos (Fotos: Walt Disney Pictures)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Com direção de Barry Jenkins, estreou nos cinemas "Mufasa: O Rei Leão" ("Mufasa: The Lion King"), o live-action da Disney tão esperado para este ano. Explorando a história de origem do icônico pai de Simba, o filme se propõe a aprofundar a mitologia por trás do universo iniciado com "O Rei Leão" em 2019. 

A narrativa acompanha Mufasa em sua juventude, superando uma infância difícil para se tornar o lendário líder da Pedra do Reino. Órfão e sem rumo, ele forma uma amizade improvável com Taka, um carismático herdeiro real. 


Juntos, eles enfrentam desafios que moldam suas personalidades e definem seus futuros. Essa relação, além de revelar as semelhanças e diferenças entre os dois, dá origem a eventos que culminam no conflito central da franquia.

O diretor acerta ao trazer novidades para a franquia, corrigindo os erros do remake de 2019, com uma narrativa original e bem estruturada. O filme apresenta elementos inéditos, como a criação da Pedra do Reino, a transformação de Taka em Scar e o início do relacionamento de Mufasa com Sarabi. Esses detalhes são trabalhados de forma orgânica, enriquecendo a história e oferecendo novas camadas ao universo já conhecido.


As vozes do elenco da versão original são um dos destaques, incluindo Aaron Pierre, como Mufasa; Beyoncé (Nala); Mads Mikkelsen, como o vilão Kiros; Tiffany Boone (Sarabi), além da dupla Seth Rogen (Pumba) e Billy Eichner (Timão); Blue Ivy Carter, a filha de Beyoncé (dando voz a Kiara); Kelvin Harrison Jr. (Taka/Scar); John Kani (Rafiki) e Donald Glover, como o jovem Simba.

O roteiro de Jeff Nathanson utiliza paralelos com a obra original para desenvolver seus personagens. A amizade entre Mufasa e Taka, por exemplo, remete à relação de Simba e Nala, mas com um tom mais maduro e dramático. 

Essa construção cuidadosa destaca como desafios e escolhas moldaram não apenas os protagonistas, mas todo o cenário político e emocional da Pedra do Reino.


A fotografia de James Laxton é um dos pontos altos do filme, com paisagens exuberantes e detalhes impressionantes dos felinos, enquanto a direção de arte de Dan Webster presta uma bela homenagem ao clássico. Os cenários e a ambientação são ricos em detalhes e ajudam a transportar o público para o coração da savana.

Barry Jenkins explora temas importantes como legado e pertencimento, centrando a narrativa na busca de Mufasa por propósito e unidade em um mundo cheio de desafios. O vilão Kiros, também se destaca ao trazer complexidade e ambição à trama.

Mesmo seguindo a fórmula clássica de vingança da franquia, ele se apresenta como um adversário formidável para Mufasa, com uma história bem construída que sustenta suas motivações.


No entanto, o filme apresenta algumas falhas. As músicas adicionais interpretadas por Lin-Manuel Miranda, embora agradáveis, não têm o mesmo impacto memorável das trilhas sonoras das produções anteriores. 

Além disso, as intervenções cômicas de Timão e Pumba, embora divertidas, muitas vezes quebram o ritmo emocional da história com o personagem título.

Outro ponto fraco é a relação de Simba com Kiara, que deixa lacunas no roteiro, especialmente nos momentos envolvendo a leoa e sua família.


Apesar desses problemas, "Mufasa: O Rei Leão" entrega uma experiência criativa e emocionante, expandindo a mitologia da franquia de forma ousada. É um presente para os fãs e um exemplo de inovação, diferente de sequências como "Divertida Mente 2" e "Moana 2" que seguiram fórmulas previsíveis.

Ao explorar as origens de Mufasa, a Disney demonstra que ainda  há espaço para surpresas e histórias envolventes nesse universo tão amado.


Ficha técnica:
Direção: Barry Jenkins
Roteiro: Jeff Nathanson
Produção: Walt Disney Pictures, Fairviem Entertainment
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gêneros: live-action, aventura, musical, família

03 dezembro 2024

“O Conde de Monte Cristo": uma história bela, mas com falhas no enredo

Pierre Niney interpreta o protagonista Edmond Dantès nesta adaptação da obra de Alexandre Dumas
(Fotos: Pathe Films)


Filipe Matheus
Colaborador do blog Maravilha de Cinema


Imagine ser vítima de uma conspiração e acabar preso no dia do próprio casamento. Essa é a história de Edmond Dantès que, após 14 anos encarcerado, retorna em busca de justiça em “O Conde de Monte Cristo”. O filme estreia nos cinemas brasileiros dia 5 de dezembro, com direção de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte. 

O longa agora é estrelado por Pierre Niney como o icônico Conde de Monte Cristo. Na trama, ele é Edmond Dantès, um jovem marinheiro falsamente acusado de traição. 

Ele é aprisionado no sombrio Castelo de If, uma prisão localizada na ilha de Marselha, na Espanha. Após 14 anos de sofrimento, ele consegue escapar, assume uma nova identidade e parte em busca da liberdade perdida.


Esta nova adaptação mistura gêneros como aventura, thriller e uma história de amor. A jornada do “super-herói francês”, que demonstra força ao assumir uma nova identidade, é apresentada com intensidade. Contudo, o filme também reflete sobre como nossas ações não justificam os meios.

Apesar de manter a essência da história original, a narrativa peca pela pressa. Tantos sentimentos são tratados de forma superficial, o que enfraquece a dor de Edmond e acelera sua transição para os momentos de glória.


A rivalidade entre Fernand e Dantès é outro ponto subaproveitado. No filme de 2002, dirigido por Kevin Reynolds, essa relação ganha mais profundidade. Nesta versão, o antagonista tem pouca relevância.

A história de amor entre Edmond e Mercedes (Anaïs Demoustier) também é breve. A personagem aparece pouco, e sua relação com o Conde não tem espaço suficiente para ser desenvolvida, mostrando que nem o amor é capaz de salvar a conexão entre eles.


Por outro lado, o elenco traz versatilidade e força à obra. Além de Pierre Niney e Anaïs Demoustier, nomes como Anamaria Vartolomei, Vassili Schneider, Laurent Lafitte, Julien de Saint Jean e Julie de Bona enriquecem a produção.

Embora não explore todo o potencial da narrativa, “O Conde de Monte Cristo” apresenta uma obra marcante e repleta de reviravoltas. Destaque para a fotografia e a trilha sonora que intensificam cada cena e emocionam o público, além do belo e perfeito figurino de época.


Curiosidades:

- O longa é baseado no clássico da literatura homônimo de 1844 escrita por Alexandre Dumas, mesmo autor de “Os Três Mosqueteiros”.

- O ator Pierre Niney teve que praticar esgrima e treinar com o campeão do mundo de mergulho em apneia, Stéphane Mifsud, para fazer a sequência, sem dublê, em que Edmond Dantès foge da prisão. 

- As filmagens ocorreram na França, Bélgica, na ilha de Malta e em Chipre.


Ficha técnica
Direção:
Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière
Produção: Pathé Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h56
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, aventura

07 novembro 2024

"Operação Natal" se distancia do sentimentalismo e coloca agito na telona

Produção conta com elenco de peso para resgatar o Papai Noel, sequestrado pouco antes do período festivo (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Eduardo Jr.


O sequestro do Papai Noel é o ponto de partida de “Operação Natal” (“Red One”). O filme, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, tem direção de Jake Kasdan, responsável por conduzir “Jumanji - Bem-vindo à Selva”, em 2018 e “Jumanji: Próxima Fase”, no ano de 2019. O longa tem distribuição da Warner Bros. Pictures.

O longa está mais para aventura do que comédia. J.K. Simmons ("Whiplash: Em Busca da Perfeição" - 2014) dá vida ao Papai Noel bombado. 

Quando o bom velhinho desaparece, o comandante da segurança do Polo Norte, Callum Drift, vivido por Dwayne “The Rock” Johnson (que trabalhou com Jake Kasdan nos dois filmes de "Jumanji" e também protagonizou "Adão Negro", 2022) vai atrás dos sequestradores.


Mesmo sendo Natal, uma data em que a figura principal é o vovô de roupa vermelha, o longa inicia exaltando a dedicação e competência do comandante Drift. E é claro que o público vai torcer por ele na operação para resgatar “Das Neves”, codinome do bom velhinho. 

Nesta versão modernizada, o Papai Noel também é carinhosamente chamado de Nick em alguns momentos (coerente para quem tem sua figura inspirada em São Nicolau).


A missão de resgate do comandante Drift não será solitária. A chefe do departamento de proteção de criaturas mitológicas Zoe (Lucy Liu, de "Shazam! Fúria dos Deuses" - 2023) obtém pistas de quem invadiu o sistema para localizar Papai Noel. 

O responsável foi o golpista Jack O'Malley, interpretado por Chris Evans (o Capitão América de toda a franquia "Vingadores", incluindo "Guerra Ciivil" - 2011 a 2019), um caçador de recompensas. Como só ele pode rastrear quem o contratou para hackear a localização, acaba se tornando parceiro de Drift.

Juntos eles descobrem que quem está por trás do sequestro é a vilã Gryla, vivida por Kiernan Shipka (Longlegs: Vínculo Mortal- 2024). Mas infelizmente, a atriz tem pouco tempo de tela (um dos deslizes deste filme). 


Até chegar ao paradeiro do Papai Noel, diversas cenas de luta e perseguição, com muitos efeitos visuais, preenchem a tela. Sem falar nas músicas, no estilo ''cenas de ação da Marvel". 

Em alguns momentos é nítido que a qualidade do CGI poderia ser melhor. Contudo, no geral, o filme diverte. Não deixa o espectador ansioso pelo fim nos seus 133 minutos de duração. 

Talvez o estranhamento para alguém mais crítico resida no fato de que os ajudantes do Papai Noel pareçam criaturas alienígenas. E que, embora este seja um filme natalino, a emoção, as mensagens sobre união e o sentimentalismo só marcam presença no final. Mais uma obra para figurar entre os títulos da Sessão da Tarde.


Ficha técnica
Direção: Jake Kasdan
Roteiro: Chris Morgan
Produção: Amazon MGM Studios e Seven Bucks Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, comédia, família

22 agosto 2024

Com estética vibrante, "Os Inseparáveis" discute mudança de rumo e o valor do companheirismo

Don, o palhaço marionete, e o cachorro DJ, Doggie Dog, vivem uma aventura com mensagem positiva e momentos de humor
(Fotos: nWave Pictures - Contracorriente Films)


Silvana Monteiro


Quando o público vai embora e a encenação termina é hora de os personagens viverem as próprias aventuras e terem ate mesmo uma crise de identidade. É neste mundo de fantasia que se passa "Os Inseparáveis" ("The Inseparables"), animação em cartaz nos cinemas que nos transporta para um local onde brinquedos e objetos de cena ganham uma nova vida após o fechamento das cortinas de um antigo teatro no Central Park, em Nova York. 


Produzido pelos mesmos roteiristas de "Toy Story" (1995), Joel Cohen e Alec Sokolow, o filme nos remete às mudanças de rumo, ao valor da amizade e à superação dos desafios e limites ao lado de quem confiamos. Don (voz de Éric Judor) é um palhaço, um tipo de bobo da corte. 

Embora sua função seja bem desempenhada, ele não quer se limitar a isso e decide sair para viver "sua própria vida". Fora do teatro, ele encontra outro grande sonhador, Doggie Dog (voz do DJ Jean-Pascal Zadi), o cachorro que quer ser rapper e DJ. 

O ponto alto são as cenas nas ruas e parques. Entre árvores, arranha-céus e personagens típicos de uma metrópole, a estética da obra se faz sublime e impactante e os personagens vivem a vida, tão perigosa e desafiadora como ela é.


A qualidade da animação é impressionante. Os detalhes visuais são meticulosamente trabalhados, criando um ambiente vibrante e envolvente que captura a atenção do público. O grande diferencial é quando a cena se torna a extensão da imaginação de Don, dando vida até mesmo ao mais simples cenário da cidade. 

O filme apresenta humor que agrada tanto crianças quanto adultos, equilibrando piadas sutis com momentos de leveza. A trilha sonora complementa a narrativa, proporcionando uma sonoplastia que intensifica as emoções das cenas.


Embora a história seja envolvente, alguns arcos narrativos são previsíveis e seguem fórmulas conhecidas, sobretudo, aquelas que focam na resignificação de brinquedos e objetos. Quanto aos personagens (a maioria muito boa por sinal), alguns não recebem o desenvolvimento necessário, fazendo com que pareçam unidimensionais e menos impactantes.

Em certos momentos, o ritmo da narrativa oscila, com cenas que se arrastam e outras que parecem apressadas, prejudicando a fluidez da história. "Os Inseparáveis" é uma animação visualmente deslumbrante, com uma mensagem positiva e momentos de humor eficazes. É um filme que, vale a pena assistir, especialmente para aqueles que já apreciam o estilo dos criadores. Indicado para um público dos 8 aos 80 anos.


Ficha técnica
Direção: Jerémie Degruson
Roteiro: Joel Cohen e Alec Sokolow 
Produção: nWave Pictures e Octopolis em associação com Contracorriente Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das rede Cineart e Cinemark
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: aventura, animação, comédia, família

01 julho 2024

Cine Theatro Brasil Vallourec exibe mostra especial de cinema em julho a preços populares

Seleção traz temáticas variadas, com duas sessões a cada segunda-feira (Fotos: Divulgação)


Da Redação


A edição de julho do projeto “Segunda no Cine” trará aos espectadores uma programação especial extensa de férias dentro da Mostra de Cinema Cine Theatro Brasil Vallourec. Serão exibidos dois filmes, todas as segundas-feiras, às 16h e às 19h30, com uma abordagem bem nostálgica. A produção é de Camila Lana e todas as exibições terão audiodescrição e estrutura para cadeirantes. 

A programação foi dividida em quatro temáticas: Diferentes modos de dizer “Era Uma Vez”; A Poética da Juventude; Pelo Olhar de John Hughes e Entender o Mundo Através dos Afetos. Entre os longas a serem apresentados estão clássicos como "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937), "Curtindo a Vida Adoidado" (1986), "Os Incompreendidos" (1959), "Sociedade dos Poetas Mortos" (1989), dentre outros. 

"Sociedade dos Poetas Mortos"

As exibições acontecem no Teatro Câmara, com ingressos populares a R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia. Ao final de cada exibição, um especialista ou cinéfilo convidado participa de uma sessão comentada e abre uma conversa com o público sobre aspectos temáticos e estilísticos referentes ao filme que acabaram de ver. 

De acordo com o curador do projeto "Segunda no Cine", Rodrigo Azevedo, são histórias que atravessam gerações. “São crônicas estéticas que nos conduzem a uma compreensão mais profunda das tensões e evoluções que moldam a percepção e os desafios do que é amadurecer no mundo que nos envolve”. 

"Conta Comigo"

Confira a programação completa:

01/07 - Sessão de abertura
19h - "Conta Comigo" ("Stand By Me") - 1986 (Rob Reiner)

08/07 - Temática: Diferentes modos de dizer “Era Uma Vez”
16h - "Branca de Neve e os Sete Anões" - ("Snow White and the Seven Dwarfs") - 1937 (William Cottrell, David Hand e Wilfred Jackson)
19h30 - "Moonrise Kingdom" - 2012 (Wes Anderson)

"Branca de Neve e os Sete Anões"

15/07 - Temática: A Poética da Juventude
16h - "Os Incompreendidos" - ("Les Quatre Cents Coups") - 1959 (François Truffaut)
19h30 - "As Vantagens de Ser Invisível" ("The Perks of Being a Wallflower") - 2012 (Stephen Chbosky)

22/07 - Temática: Pelo Olhar de John Hughes
16h - "Clube dos Cinco" ("The Breakfast Club") - 1985 (John Hughes)
19h30 - "Curtindo A Vida Adoidado" ("Ferris Bueller's Day Off") - 1986 (John Hughes)

29/07 - Temática: Entender o Mundo Através dos Afetos
16h - "Sociedade dos Poetas Mortos" ("Dead Poets Society") - 1989 (Peter Weir)
19h30 - "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" - 2014 (Daniel Ribeiro)


"Hoje eu Quero Voltar Sozinho"

Serviço:
Ingressos:
R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Bilheteria: Av. Amazonas, 315 – Centro
Funcionamento: Seg – Sáb: 12:00 – 21:00 e Dom e feriados: 15:00 – 20:00. Horário especial nos feriados
Telefones: (31) 3201.5211 ou (31) 3243.1964
Informações:
https://www.cinetheatrobrasil.com.br/

31 maio 2024

“Planeta dos Macacos: O Reinado” entrega personagens sem carisma e uma história arrastada

Macacos e humanos se unem contra um tirano símio que escraviza a própria espécie para manter seu poder (Fotos: 20th Century Studios)


Marcos Tadeu 


“Planeta dos Macacos: O Reinado” ("Kingdom of the Planet of the Apes"), em cartaz nos cinemas brasileiros, chegou com a proposta de tentar dar um novo respiro à famosa franquia. Mas após os bons resultados de bilheteria da trilogia, iniciada com "A Origem" (2011), seguida por "O Confronto" (2014) e finalizada com "A Guerra" (2017), o que se vê nesta versão é um filme arrastado, com personagens sem carisma.
 
Com direção de Wes Ball e roteiro de Josh Friedman, Patrick Aison, Rick Jaffa e Amanda Silver, ambos criadores dos personagens originais, "Reinado" conta com um elenco de poucas estrelas. A nova geração de gorilas é formada por Owen Teague (Noa), Kevin Durand (Proximus César), Peter Macon (Raka), Travis Jeffery (Anaya) e Lydia Peckham (Soona), além de Freya Allan, como a humana Mae.


Após a era de César, os macacos se tornaram a espécie dominante, vivendo em harmonia enquanto os humanos se escondiam nas sombras. No entanto, a ascensão de um novo líder símio tirânico ameaça essa paz. Em meio a esse tumulto, um jovem chimpanzé, com espírito inquieto, embarca em uma jornada de autodescoberta. 

Confrontado com verdades ocultas sobre o passado, ele se vê forçado a fazer escolhas difíceis que determinarão o futuro de seu mundo e de seu povo. Sua busca não é apenas pela verdade, mas também pela esperança de um novo começo para todas as espécies.


O novo protagonista é Noa, um chimpanzé que vive no Clã da Águia e tem aparência física semelhante à de César, da famosa trilogia. Após sua tribo ser atacada e praticamente dizimada e escravizada por Proximus Cesar e seu exército, ele parte em busca de sua família e dos sobreviventes.

No trajeto, ele conhece Mae, uma das poucas humanas que mantiveram sua capacidade de falar e raciocinar após o vírus que dizimou a humanidade. E o orangotango Raka, que se torna quase que um mentor para Noa, apresentando o que Cesar foi e sua importância para a o reino e a sobrevivência dos macacos. 

O roteiro erra ao endeusar a figura de Cesar como o todo poderoso. Os macacos tiranos praticam o mal “por Cesar”, tudo vira motivo de reverenciar seus feitos, uma verdadeira muleta, deixando o filme sem personalidade.

O vilão Cesar Proximus se apossa da figura endeusada e usa isso para dominar e impor o terror e a escravidão às outras comunidades de macacos. Mesmo assim, faltam argumentos suficientes para que possa ser considerado um vilão marcante, com motivações realmente plausíveis.


A jornada de Noa, que tinha tudo para ser uma vingança sangrenta contra aqueles que tiraram seus entes, se torna cansativa. As quase 2h30 de exibição não foram suficientes para convencer que a vingança do protagonista seria atrativa,para no final ser oferecida uma solução tão boba. Os macacos nem tiveram que fazer muito esforço para reconquistarem seu espaço.

Mae, por sua vez, é a única humana que precisa aliar-se a um macaco para poder conseguir armas, tecnologia e sabedoria. Só que tudo isso parece ser vazio. A personagem também não é uma figura carismática, fazendo jogo duplo sobre a quem servir. Parece que faltam motivos para o longa se mostrar mais autoral.


Outro ponto negativo são as cenas extremamente escuras. Fica difícil para o espectador se conectar com os personagens e diferenciar um macaco do outro, além da própria narrativa que não é nem um pouco convidativa.

A parte positiva a ser destacada é a computação gráfica. Os movimentos em CGI dos rostos dos macacos são bem desenvolvidos e parecem reais, o que já havia ocorrido nas versões anteriores. As cenas de ação também são dinâmicas, com poucos cortes, garantindo boas sequências, como a do ataque à aldeia de Noa. 


“Planeta dos Macacos: O Reinado” não empolga, é um filme arrastado e o tempo todo quer ser o que a trilogia de 2011 a 2017 foi, mas falta personalidade. Poderia ter criado novos conceitos e expandido o tema, usando a trajetória de César apenas como gancho para colocar um sucessor mais expressivo em seu lugar, assim como um vilão mais poderoso.

O filme termina mostrando que ainda existe a disputa entre humanos e macacos e que uma nova guerra poderá ocorrer. Mas esta fórmula, usada tantas vezes, não ficaria repetitiva e cansativa em novas continuações? Ainda haverá fôlego suficiente para uma sequência desse longa? É aguardar para ver. (Com a colaboração de Maristela Bretas)


Ficha técnica:
Direção: Wes Ball
Produção: 20th Century Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h25
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, ficção