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25 agosto 2025

"Os Roses – Até que a Morte os Separe": quando o amor vira guerra doméstica

Olivia Colman e Benedict Cumberbatch formam o casal perfeito que passa da paixão a uma relação
decadente e cruel (Fotos: Searchlight Pictures)


Maristela Bretas


Uma bomba-relógio prestes a explodir. Não há mais filtro, nem paciência. As agressões verbais em público tomam o lugar da imagem de casal perfeito. É nesse terreno que “Os Roses – Até que a Morte os Separe” ("The Roses") constrói sua narrativa, fazendo um retrato ácido e, muitas vezes, dolorosamente real de como casamentos longos, aparentemente felizes e ideais, podem ruir.

O longa estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas e traz a direção de Jay Roach, a partir de um roteiro afiado de Tony McNamara ("A Favorita" - 2019, produção estrelada por Olivia Colman, e "Pobres Criaturas" - 2024). A obra é mais um remake do clássico romance de 1981, “A Guerra dos Roses”, de Warren Adler, já adaptado em 1989 por Danny DeVito.


Aqui, o “casal perfeito” é vivido com intensidade por Olivia Colman (Ivy) e Benedict Cumberbatch (Theo). E que dupla! Colman entrega uma Ivy multifacetada, uma chef de cozinha brilhante que vê sua carreira disparar, enquanto Cumberbatch dá corpo a um Theo cada vez mais frustrado e ressentido após perder o emprego de arquiteto renomado.

No início, tudo parece um comercial de margarina: amor, carinho, filhos encantadores e estabilidade. Mas basta um contratempo para o castelo de cartas ruir. A partir daí, os ressentimentos acumulados se transformam em combustível para uma competição tóxica, recheada de implicâncias, disputas públicas e ataques verbais que corroem qualquer traço de afeto.

Humor com desconforto

O humor ácido é a engrenagem que move a trama. Roach não poupa o espectador: ele entrega uma comédia que ri do desconforto, expondo a crueldade que pode se esconder por trás da fachada de família perfeita. Não há espaço para idealizações românticas, mas sim para a amarga constatação de que o amor também pode ser palco de guerra.


“Os Roses – Até que a Morte os Separe” funciona como um espelho distorcido e incômodo. Quem assiste, ri, mas também se reconhece em algum detalhe da vida conjugal. E é justamente aí que o filme acerta: no desconforto que provoca, na tensão crescente que transforma a relação de Ivy e Theo numa batalha sem vencedores.

O elenco conta ainda com os humoristas norte-americanos Kate McKinnon (de "Barbie" - 2023) e Andy Samberg (da série "Brooklyn Nine-Nine"), interpretando o casal de amigos Amy e Barry, que vivem um "casamento moderno", mas que também está desmoronando. São eles os primeiros a chamarem a atenção de Theo e Ivy sobre o desgaste no casamento deles. 


Além da dupla temos outro casal tóxico, vivido por Jamie Demetriou (Rory) e Zoë Chao (Sally) e a rápida, mas marcante aparição de Allisson Janney, como a advogada Eleanor. 

De normais mesmo somente Sunita Mani e Ncuti Gatwa, nos papéis de Jane e Jeffrey, assistentes de Ivy, que tudo vêem e nada comentam.

“Os Roses – Até que a Morte os Separe” é uma comédia, sim. Mas daquelas que deixam gosto amargo, com humor britânico sarcástico e até repreensível em alguns momentos para tratar de amor, ambição e fraquezas. 

Todos esses elementos, sustentados pela brilhante atuação e a química de Colman e Cumberbatch, amigos de longa data, deverão agradar ao público.


Ficha técnica:
Direção:
Jay Roach
Produção: Searchlight Pictures, SunnyMarch, Delirious Media
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, drama

21 agosto 2025

De férias com a família, Bob Odenkirk está mais violento e desequilibrado em "Anônimo 2"

Sequência do longa de 2021 é dirigida por Timo Tjahjanto e, como no primeiro, mantém semelhanças
com a franquia "John Wick" (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Para Hutch Mansell (Bob Odenkirk) tirar férias tranquilas com a família é algo praticamente impossível Ele continua um sujeito explosivo, que precisa de muito pouco para perder o controle, especialmente se sua família está em perigo. 

Não poderia ser diferente em "Anônimo 2" ("Nobody 2"), sequência que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas, trazendo de volta o elenco principal de "Anônimo", lançado em 2021.

Mais violento e sangrento, recheado de lutas e bons efeitos visuais, sem perder o humor irônico que marcou o personagem, "Anônimo 2" entrega uma boa continuação e deve agradar aos fãs. 


Além dos nomes da primeira produção, o elenco ganha reforços de peso: Sharon Stone e Colin Hanks chegam para colocar fim ao sossego da família Mansell.

Há quatro anos, Hutch deixou de ser o homem tão comum que era quase um "ninguém" e retornou à ativa de agente secreto e assassino, agora com o conhecimento da família. Se antes era o marasmo que atrapalhava o casamento, agora é a rotina de "trabalho" para a agência é que o afasta das pessoas que ama. 

Para mudar isso, ele e a esposa Becca (a sempre bela Connie Nielsen) resolvem tirar férias com os filhos Brady (Gage Munroe) e Sammy (Paisley Cadorath). E claro, com a presença do vovô David, papel de Christopher Lloyd, que também retorna na sequência.


Hutch decide levar todos para um parque temático em Plummerville, cidade onde o pai o levava com o irmão na infância. Era para ser uma viagem de boas memórias, mas Hutch não consegue ficar longe de confusões e da violência. 

Uma vilã sádica

Dessa vez o confronto é contra Lendina, a cruel e desequilibrada chefe de uma quadrilha do crime organizado, interpretada pela excelente Sharon Stone. Esbanjando sensualidade, a atriz entrega uma vilã implacável. Ao seu lado está o capanga Abel, xerife corrupto e ganancioso vivido com competência por Colin Hanks. 


Assim como no primeiro filme, o roteiro foi assinado por Derek Kolstad, responsável também pela franquia "John Wick" e "Duro de Matar". Não faltam, portanto, ação, lutas memoráveis e doses generosas de sangue e violência.

Bob Odenkirk, aos 62 anos, dedicou dois anos de sua vida em treinamento físico intenso para atingir uma boa forma física que permitisse a ele encarar cenas de lutas e acrobacias com maior intensidade. O esforço compensou: as sequências de ação ficaram ótimas.

Connie Nielsen também ganha mais destaque. Becca deixa de ser apenas uma mãe e corretora de imóveis para mostrar novas "habilidades" e entrar na briga. Ela se mostra ainda mais apaixonada pelo marido. A química entre os dois atores funciona muito bem em cena.


O elenco conta ainda com John Ortiz, como Wyatt Martin, dono do resort em que a família Mansell se hospeda e RZA, que retorna como Harry Mansell, irmão de Hutch.

"Anônimo 2" esclarece alguns pontos deixados em aberto no primeiro filme e ainda planta dúvidas e segredos que indicam um terceiro longa. Resta esperar para ver. 

Dica: vale à pena assistir ao primeiro longa para compreender melhor a trajetória de Hutch e sua família. Ele está disponível para aluguel na Amazon Prime Video, Google Play Filmes e Apple TV.


Ficha técnica:
Direção: Timo Tjahjanto
Roteiro: Derek Kolstad
Produção: 87North, Eighty Two Films e OPE Partners
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia

18 agosto 2025

“Uma Mulher Sem Filtro” tenta ser comédia nacional, mas não acerta o alvo

Longa dirigido por Arthur Fontes é protagonizado por Fabiula Nascimento e ainda oferece uma experiência interativa (Fotos: Laura Campanella)
  

Eduardo Jr.


Já pensou como seria sua vida se você falasse tudo o que pensa? Este é o mote do filme “Uma Mulher Sem Filtro”, que estreia nos cinemas brasileiros dia 21 de agosto. 

Com roteiro adaptado por Tati Bernard e direção de Arthur Fontes, o longa distribuído pela H2O Filmes se propõe uma comédia - embora sem fôlego - e vai oferecer até uma experiência interativa. 

Na trama, Fabiula Nascimento vive sua primeira protagonista, Bia. Uma publicitária rodeada de problemas que se sente desvalorizada. O marido Antônio (Emílio Dantas) não assume responsabilidades em casa. A melhor amiga Roberta (Patrícia Ramos) não a escuta. A irmã Bárbara (Julia Rabello) é infantilizada e só pede favores. 


Gabriel (Samuel de Assis), colega de trabalho, é machista. O chefe Pedro Paulo (Caito Mainier) é incompetente, e o trabalho, que já era desmotivador, fica ameaçado com a chegada da influencer Paloma (Camila Queiroz) para ser a nova CEO da revista feminina onde Bia trabalha. 

A cada sapo que precisa engolir, a protagonista sente no corpo a insatisfação. No entanto, os efeitos passam a impressão de que algo sobrenatural vai acontecer com Bia, como se ela fosse se transformar em outra criatura. Mas ela não faz nada sozinha. 


O ponto de virada (que, por sinal, demora a ser apresentado) vem em uma experiência esotérica com Deusa Xana (Polly Marinho). A partir daí, Bia perde o filtro e começa a dizer tudo o que sente vontade. 

O público pode gostar do novo comportamento da protagonista, mas nada que atinja o ponto de gargalhadas sem freio. 

A verdade é que, apesar de apostar na ligação com pautas como machismo, silenciamento das mulheres e sororidade ligadas a situações do dia-a-dia, nem a comédia e nem o drama têm força. 


Se há pontos positivos a mencionar, talvez sejam a atuação de Fabiula e a música. A escolha por um repertório exclusivamente nacional se mostra acertada em alguns momentos do filme pelas canções escolhidas e por valorizar nomes femininos no setlist como Iza, Gloria Groove, Gaby Amarantos, Pocah e Letrux, além da pernambucana Duda Beat, com o hit "Que Prazer".
  
Deusa Xana no Whatsapp 

O público também terá a oportunidade de consultar Deusa Xana, a esotérica interpretada por Polly Marinho. Por meio do número (16) 99712-2024 no Whatsapp, integrado à Inteligência Artificial, ela estará disponível 24 horas por dia, dando conselhos sarcásticos, divertidos e empoderadores.


Ficha técnica:
Direção: Arthur Fontes
Roteiro adaptado: Tati Bernardi
Produção: Conspiração, coprodução Star Productions
Distribuição: H2O Films, codistribuição RioFilme
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

06 agosto 2025

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” prova que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan estrelam a sequência desta divertida comédia, perfeita para assistir
com uma pipoca no colo (Fotos: Walt Disney)
 
 

Maristela Bretas

 
De volta ao corpo errado — e ao coração do público. Quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Em “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” (Freakier Friday), Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan provam que sim e voltam como Tess e Anna Coleman, mãe e filha que já enfrentaram uma troca de corpos no sucesso de 2003, “Sexta-Feira Muito Louca”. 

Agora, 22 anos depois, a confusão vem em dose dupla! A sequência estreia nos cinemas nesta quinta-feira (7) e promete encantar não só aos fãs como também uma nova geração.


Desta vez, além de Tess e Anna, duas novas personagens também terão suas identidades trocadas: Harper (Julia Butters), filha de Anna, e Lily (Sophia Hammons), filha do noivo de Anna.

O motivo da nova troca? Nada de biscoito da sorte chinês. Quem causa a bagunça é uma vidente trambiqueira durante uma festa — e o resultado é hilário.

Novas trocas, novos dilemas

A história gira em torno do novo relacionamento de Anna com Eric Davies (Manny Jacinto). O problema é que as filhas Harper e Lily — inimigas declaradas na escola — não aceitam bem a ideia de estarem na mesma família e a possível mudança de Los Angeles para Londres.

Apesar de se odiarem, Harper e Lily, presas nos corpos de duas adultas, acabam se unindo para tentar impedir o casamento dos pais e a mudança da família de Los Angeles para Londres. 


Mas a troca traz também responsabilidades de trabalho, criação dos filhos e até mesmo a troca por um guarda-roupa, completamente diferente do que estavam acostumadas a usar. 

O mesmo acontece com Tess e Anna, nos corpos de adolescentes, vivendo os problemas na escola, os colegas, as aulas e atividades físicas. Com uma vantagem: com a disposição de um corpo jovem.

Nostalgia com toque moderno

A química entre Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan continua intacta — e isso dá o tom cativante do filme. Ambas estão também envolvidas como produtoras executivas, o que mostra o carinho que têm pelo projeto e por seus personagens.

Curtis, aos 66 anos, comentou que este era o momento perfeito para retomar a história, já que Lohan, agora com 39, pode interpretar uma mãe com propriedade, enquanto ela assume o papel da avó.


Além das protagonistas, o filme traz de volta rostos conhecidos do primeiro longa, como Chad Michael Murray (Jake, o crush de Anna), Mark Harmon (Ryan, marido de Tess), Stephen Tobolowsky (Sr. Bates). Até a banda fictícia Pink Slip com o hit “Take Me Away” está volta.

Uma comédia leve e divertida

Sob a direção de Nisha Ganatra, “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” aposta em um tom leve, com momentos quase uma comédia pastelão — o tipo de humor que agrada crianças, adolescentes e adultos com saudade dos anos 2000.

A história entrega exatamente o que promete: diversão, boas atuações, e claro, um final feliz no melhor estilo Disney — com direito a erros de gravação nos créditos finais para fechar com chave de ouro.

Vale a pena assistir? Claro! Se você é fã do original, vai se emocionar com as referências e reencontros. Se está conhecendo agora, vai dar boas risadas e, quem sabe, se apaixonar por essa dupla icônica. Prepare a pipoca: “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” é uma comédia que faz jus ao nome — e ao legado.


Ficha técnica:
Direção: Nisha Ganatra
Produção: Walt Disney Company
Distribuição: Walt Disney Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h51
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, família

31 julho 2025

Em tempos de Tinder, “Amores Materialistas” fala sobre as dificuldades de se encontrar alguém para amar

Longa é uma comédia com pé no chão sobre amor e relacionamentos, sem romantização (Fotos: Divulgação)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira. Ela trabalha em uma agência de encontros, onde os clientes procuram o “amor pra vida inteira”. Ela é uma espécie de “personal Tinder”. Em vez do aplicativo, quem paga pelo serviço tem a consultoria de uma pessoa especializada no assunto. 

Durante a festa de casamento de uma de suas clientes, Lucy conhece Harry (Pedro Pascal). Rico, bonito, charmoso, solteiro, gentil e interessado nela desde o primeiro olhar. Só que aí aparece o garçom John (Chris Evans), o ex-namorado dela. Bonitão, charmoso, porém, pobre. Duro, quebrado, liso. 

Com quem Lucy vai ficar? Esse poderia ser o título do filme, mas estamos falando de “Amores Materialistas”. O novo filme da diretora Celine Song, do ótimo “Vidas Passadas” (2024), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31).


Poderia ser uma comédia romântica. Até tem cenas engraçadas, romance, mas a pitada de drama adicionada à história muda tudo. É sobre amor e relacionamentos, sem romantização. Uma comédia com pé no chão e conversa séria, pra gente adulta, ideal para os dias atuais. 

Os clientes de Lucy são sempre muito exigentes. Altura, peso, profissão, renda, gostos musicais, idade, se tem pet ou não, fumante ou não, preferência política... Se o primeiro encontro der certo, Lucy marca o segundo, o terceiro... Ela vai intermediando até que o casal decida se casar. Aí é case de sucesso!


Em meio aos encontros que vai mediando, Lucy começa a engatar um namoro com Harry. O cara perfeito, nas palavras dela. Ele seria uma ótima opção para todas as mulheres que ela tem na cartela de clientes. Porém, o bonitão só quer a bonitona. 

Mas e o John? Além de garçom, ele é aspirante a ator, sem muita expectativa de dias melhores. Principalmente quando se trata de dinheiro. O encontro entre ele e Lucy mexeu com os dois. Por que eles não deram certo? Por que se separaram? Dá pra voltar ou ficarem juntos outra vez? Ainda se amam? Será que se amavam? São questões para ambos.


O rico bonitão perfeito ou o gato pobre que já não deu certo uma vez? Até onde o dinheiro interfere ou pode interferir nessa equação? Só o amor não basta? É possível encontrar amor e prosperidade financeira na mesma pessoa? E as outras muitas coisas da vida a dois? Essas questões vão surgindo ao longo do filme com reflexões que certamente vão mexer com quem assiste. 

Há também observações sobre os clientes de Lucy que vão interferindo no curso da história. Em tempos de customização de tudo, é possível achar a pessoa ideal, com todos os requisitos que enumeramos? Ou será que isso é um impedimento para se conhecer uma pessoa interessante? E se tirarmos as exigências, por sorte, pode aparecer a “pessoa certa”?


São questões muito atuais abordadas no filme. Em um mundo onde tudo é mercadoria, serviço e descartável, é justo que pessoas também sejam tratadas assim? Onde tudo é passageiro, inclusive os amores, é possível amar e ser amado? A gente tá procurando do jeito certo e no lugar certo?

Esses muitos questionamentos apresentados direcionam as decisões dos personagens e o desfecho do filme. Haverá aqueles que irão gostar e também os que não desgostarão do fim. 

A história é conduzida com sensibilidade e, acima de tudo, com sensatez. Sem malabarismos ou situações de contos de fadas. Não há a menor pretensão de dar receitas prontas ou oferecer respostas. Cada expectador vai levar um caminhão de reflexões pra casa. É isso. 

Gostando ou não do filme, estando solteiro ou à procura de alguém, casado ou separado, não importa. “Amores Materialistas” vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Celine Song
Produção: Stage 6 Films, A24
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance

01 abril 2025

“Câncer com Ascendente em Virgem”: uma obra sobre luta contra o câncer e amor à vida

Suzana Pires é Clara, uma professora diagnosticada com a doença que vai precisar contar com o apoio
da filha e da mãe (Fotos: Mariana Vianna)


Filipe Matheus
Blog Maravilha de Cinema


Dirigido por Rosane Svartman, “Câncer com Ascendente em Virgem”, estrelado por Suzana Pires, em cartaz nos cinemas, aborda a importância da prevenção contra o câncer de mama e de acreditar em si próprio.

Na trama, Clara (Suzana Pires) é professora de matemática e influenciadora educacional, acostumada a ter tudo sob controle. No entanto, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, ela precisa aprender a lidar com a incerteza da vida e aceitar que nem tudo pode ser planejado.

Um dos pontos altos do filme é como ele se conecta com as mulheres, promovendo a conscientização sobre a importância da detecção precoce e dos cuidados preventivos. A produção não apenas sensibiliza o público, mas também oferece um processo de cura e reflexão para aqueles que necessitam.


Além de Suzana Pires, o elenco conta com Marieta Severo, Natalia Costa, Carla Cristina Cardoso, Fabiana Carla, Maria Gal, Giovana Lima, Mariana Costa, Ângelo Paes Leme, Arêne Souza, Júlio Conrad, Heitor Martinez e Yuri Marçal. 

Cada um deles imprime grande profundidade a seu personagem, tocando o coração do espectador e reforçando a importância de discutir o tema.

O longa-metragem é inspirado na história da produtora de cinema Clélia Bessa. Durante o tratamento que a curou de um câncer de mama em 2008, ela criou o blog “Estou Com Câncer e Daí”, transformado em livro, publicado pela Editora Cobogó.


A produção também destaca a importância do apoio de familiares e amigos durante o tratamento, abordando a questão do abandono de mulheres com câncer por parte de seus parceiros. 

Esse é um tema delicado, que não poder ser ignorado, pois a solidão de quem enfrenta a doença pode agravar ainda mais a situação.

É imprescindível que todos os postos médicos ofereçam o tratamento adequado e os exames fundamentais. O filme também aborda sobre a importância de lutar pelos direitos e de não deixar para trás algo tão crucial como a saúde.


A música “Tudo Vai Passar”, de Preta Gil, faz parte da trilha sonora do filme. Em janeiro de 2023, a cantora foi diagnosticada com adenocarcinoma no intestino. Após um tratamento intensivo, que incluiu quimioterapia, radioterapia e cirurgia, ela compartilhou sua experiência e lançou a canção, que se tornou um símbolo de superação. 

Mart'Nália também deixa seu recado ma trilha sonora com o sucesso "Fullgás", de Marina Lima.

Vale a pena conferir “Câncer com Ascendente em Virgem” nos cinemas. O longa vai além de um tema popular. Ele explora a importância de cuidar da saúde, de buscar a felicidade e de estar ao lado de quem amamos. Mais do que um filme sobre a mulher, é uma obra emocionante, inspiradora e indispensável.


Ficha técnica:
Direção: Rosane Svartman
Roteiro: Suzana Pires, Martha Mendonça e Pedro Reinato
Produção: Raccord Produções, com coprodução da Globo Filmes e RioFilme
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, comédia

03 fevereiro 2025

"Emília Pérez" estreia nos cinemas brasileiros carregado de polêmicas

Considerado um dos favoritos ao Oscar 2025, filme recebeu 13 indicações e tem no elenco Karla Sofía 
Gascón e Zoe Sandaña  (Fotos: Paris Filmes)


Jean Piter Miranda


Nas últimas décadas, muitos criminosos ligados ao tráfico de drogas fizeram cirurgias plásticas para mudar de rosto e de identidade. São muitas histórias que ocorreram em diversos países. Tudo para poder driblar a polícia e a justiça. Sumir do mapa e começar uma nova vida em outro lugar. 

Parece roteiro de cinema e agora se torna a trama central de “Emília Pérez”, filme que recebeu 13 indicações ao Oscar 2025 e estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6). 

O traficante mexicano Manitas Del Monte (Karla Sofía Gascón) procura a ajuda da advogada Rita (Zoe Saldaña). Ele quer fazer uma cirurgia de mudança de sexo, trocar de identidade e abandonar o mundo do crime. 


Manitas, chefe do cartel Juan Del Monte, vira Emília Pérez. Mas há um preço a pagar por isso. Não apenas em dinheiro. Para começar uma nova vida, é preciso deixar tudo para trás. É preciso ter um bom plano e seguir tudo à risca. 

Rita, a advogada, vive frustrada com sua profissão. Por ganhar pouco e, principalmente, por sentir que não atua em favor da justiça. Ela então recebe a proposta para fazer todos os trâmites para que Manitas faça a troca de gênero. 

Pesquisar clínicas, preços, conversar com médicos, ver questões bancárias, entre outras coisas. Claro, para isso, vai receber uma boa grana. 


Os procedimentos são feitos. Rita segue sua nova vida. Emília também. Mas elas se cruzam novamente. Não por acaso. Mais uma vez, Emília quer a ajuda de Rita. Agora para recuperar parte do que era importante para ela, de quando ainda era Manitas. Aí as coisas começam a se complicar. 

A trama é bem envolvente. Emília tem que lidar com um novo mundo a sua volta, com a nova aparência, sua sexualidade, seus afetos, amores, paixões. E isso traz muitos conflitos, muitos dilemas. Inclusive para Rita.

Vale destacar que "Emília Pérez" é um musical. Ou talvez seja um “meio musical”. Diferente de obras em que são feitas quase totalmente em canções e coreografias, o longa tem apenas algumas poucas cenas cantadas. Com o desenrolar da história, a gente até esquece que se trata de um musical. 


Além dos conflitos pessoais e familiares dos personagens, o filme também aborda brevemente questões que são caras para os mexicanos. A busca pelas milhares de pessoas desaparecidas por conta do tráfico de drogas e o drama das famílias que sofrem sem saber se um dia serão encontradas ou se foram mortas. 

O filme teve ótima aceitação pelos festivais e recebeu boas críticas por onde passou. Exceto no México. Por lá, os espectadores e a imprensa especializada vêm detonando o longa. Eles alegam que o filme é superficial e carregado de clichês e estereótipos que não retratam a cultura mexicana. 

Também reclamam do fato de o elenco ser composto por estrangeiros. Karla é espanhola, Zoe e Selena são estadunidenses. Edgar Ramirez é venezuelano e apenas Adriana Paz é mexicana. Isso sem falar que o diretor, Jacques Audiard, é francês. 


Selena Gomez, embora tenha ascendência mexicana, vem recebido muitas críticas por não falar o espanhol fluente e por ter um sotaque “americanizado”. Algo que só é perceptivo para os mexicanos. É como se pegássemos a maravilhosa argentina Eva de Dominici para interpretar uma brasileira. Certamente, faria sucesso mundo afora, mas, o público brasileiro nunca iria engolir. 

Karla Sofía é a primeira mulher trans a ser nomeada para o Oscar. Ela e Zoe Saldaña estão ótimas. Não por menos, foram indicadas aos prêmios de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Edgar Ramirez e Adriana Paz também têm atuações muito boas. 


O longa também concorre nas principais categorias do Oscar: Melhor Filme, Filme Internacional e Direção. Além disso, está na disputa de Melhor Roteiro Adaptado, Canção Original ("Mi Camino" e "El Mal"), Trilha Sonora Original, Edição, Som, Fotografia e Cabelo e Maquiagem. 

São 13 indicações ao Oscar! Isso faz de Emília Pérez o filme de língua não-inglesa a conseguir o maior número de indicações na premiação. O recorde anterior era de “O Tigre e o Dragão” (2000) e “Roma” (2018), ambos com 10. 

Em meio a polêmicas, "Emília Pérez" já faz história e chega como favorito ao Oscar 2025. Uma narrativa diferente, quase um gênero novo, que conta bem a história que propõe. Vale a pena ver na telona. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jacques Audiard
Produção: Pathé Films, France 2 Cinéma, Saind Laurent Productions, Page 114, Why Not Productions, Pimenta Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: musical, comédia, drama

07 novembro 2024

"Operação Natal" se distancia do sentimentalismo e coloca agito na telona

Produção conta com elenco de peso para resgatar o Papai Noel, sequestrado pouco antes do período festivo (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Eduardo Jr.


O sequestro do Papai Noel é o ponto de partida de “Operação Natal” (“Red One”). O filme, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, tem direção de Jake Kasdan, responsável por conduzir “Jumanji - Bem-vindo à Selva”, em 2018 e “Jumanji: Próxima Fase”, no ano de 2019. O longa tem distribuição da Warner Bros. Pictures.

O longa está mais para aventura do que comédia. J.K. Simmons ("Whiplash: Em Busca da Perfeição" - 2014) dá vida ao Papai Noel bombado. 

Quando o bom velhinho desaparece, o comandante da segurança do Polo Norte, Callum Drift, vivido por Dwayne “The Rock” Johnson (que trabalhou com Jake Kasdan nos dois filmes de "Jumanji" e também protagonizou "Adão Negro", 2022) vai atrás dos sequestradores.


Mesmo sendo Natal, uma data em que a figura principal é o vovô de roupa vermelha, o longa inicia exaltando a dedicação e competência do comandante Drift. E é claro que o público vai torcer por ele na operação para resgatar “Das Neves”, codinome do bom velhinho. 

Nesta versão modernizada, o Papai Noel também é carinhosamente chamado de Nick em alguns momentos (coerente para quem tem sua figura inspirada em São Nicolau).


A missão de resgate do comandante Drift não será solitária. A chefe do departamento de proteção de criaturas mitológicas Zoe (Lucy Liu, de "Shazam! Fúria dos Deuses" - 2023) obtém pistas de quem invadiu o sistema para localizar Papai Noel. 

O responsável foi o golpista Jack O'Malley, interpretado por Chris Evans (o Capitão América de toda a franquia "Vingadores", incluindo "Guerra Ciivil" - 2011 a 2019), um caçador de recompensas. Como só ele pode rastrear quem o contratou para hackear a localização, acaba se tornando parceiro de Drift.

Juntos eles descobrem que quem está por trás do sequestro é a vilã Gryla, vivida por Kiernan Shipka (Longlegs: Vínculo Mortal- 2024). Mas infelizmente, a atriz tem pouco tempo de tela (um dos deslizes deste filme). 


Até chegar ao paradeiro do Papai Noel, diversas cenas de luta e perseguição, com muitos efeitos visuais, preenchem a tela. Sem falar nas músicas, no estilo ''cenas de ação da Marvel". 

Em alguns momentos é nítido que a qualidade do CGI poderia ser melhor. Contudo, no geral, o filme diverte. Não deixa o espectador ansioso pelo fim nos seus 133 minutos de duração. 

Talvez o estranhamento para alguém mais crítico resida no fato de que os ajudantes do Papai Noel pareçam criaturas alienígenas. E que, embora este seja um filme natalino, a emoção, as mensagens sobre união e o sentimentalismo só marcam presença no final. Mais uma obra para figurar entre os títulos da Sessão da Tarde.


Ficha técnica
Direção: Jake Kasdan
Roteiro: Chris Morgan
Produção: Amazon MGM Studios e Seven Bucks Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, comédia, família

05 setembro 2024

Michael Keaton volta com a corda toda em "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice"

Efeitos visuais, maquiagem e trilha sonora garantem boa diversão na nova produção de Tim Burton
(Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Um filme repleto de referências ao antecessor, inclusive no elenco, novos rostos famosos e ótimos efeitos visuais. Este é "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" que estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas. 

Para quem curtiu o primeiro filme, "Os Fantasmas Se Divertem" (1988), o diretor Tim Burton provoca uma sensação boa de nostalgia ao trazer de volta a seus papéis originais os atores Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara, além de usar parte da antiga trilha sonora.


Beetlejuice não poderia ser interpretado por outro ator e Keaton retorna ao papel de estrela do longa, mantendo as mesmas caras, bocas, bizarrices e sacanagens com mortos e vivos para conseguir o que quer. E ainda tentar se casar com Lydia (Winona), mesmo depois de ter sido "despachado" por ela, de volta para a maquete, há 36 anos. 

Também Winona Ryder está muito bem no papel da ainda gótica Lydia, agora uma viúva, com um programa de TV sobre aparições de fantasmas e mãe de Astrid (Jenna Ortega, de “Pânico VI” - 2023), uma adolescente rebelde que tenta evitar a mãe de todas as formas. Papel muito parecido com o interpretado por Winona no primeiro filme há 36 anos. E pior, atormentada novamente pelo fantasma listrado. 


Jenna Ortega já havia trabalhado com o diretor em "Wandinha" (2023), da Netflix. Da série, Tim Burton também chamou para "Os Fantasmas Ainda se Divertem" o roteirista Alfred Gough e Miles Millar, o designer de produção Mark Scruton e o montador Jay Prychidny. O resultado foi uma produção com ótimos efeitos visuais, especialmente no uso de maquete no início, maquiagem e um bem aplicado stop-motion.


Neste retorno, uma tragédia inesperada na família Deetz reúne Lydia, sua madrasta Delia (Catherine O'Hara, de "Argylle - O Superespião" - 2024) e a filha Astrid na antiga casa em Winter River, ainda assombrada por Beetlejuice. 

Lydia, agora namorando Rory (Justin Theroux, de “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi”- 2017), produtor de seu programa de TV, tem sua vida virada ao avesso. A situação piora quando Astrid descobre no sótão da mansão a antiga maquete da cidade feita por seu avô, que mantém preso o fantasma listrado, e o portal pós-vida é aberto. 


Um descuido pode trazer Beetlejuice de volta, junto com vários habitantes do outro mundo. Como os "Cabeças Pequenas, o ator Jackson (interpretado por Willem Dafoe, de “Pobres Criaturas” - 2023), que se acha um policial, ou uma noiva vingativa de nome Delores (Monica Bellucci, de “007 Contra Spectre” - 2015). 

Mônica Bellucci, que é noiva do diretor Tim Burton, poderia ter seu talento melhor explorado. Mas mesmo com pouquíssimas falas, tem uma presença marcante, graças também à sua beleza. Outro que fez uma rápida participação, mas sempre especial, foi Danny DeVito. O filme ainda contou com a participação do estreante no cinema Arthur Conti. 


Além das boas atuações do antigo elenco e dos efeitos visuais, chama atenção a trilha sonora, com músicas do longa de 1988 como "Banana Boat" ("Day-O"), com Harry Belafonte, tocada na cena do jantar, uma das melhores de "Os Fantasmas se Divertem". 

Tem também o hit dançante dos anos 80, "MacArthur Park", com Donna Summer, e vários outros sucessos. "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é um filme para matar saudade dos fãs e uma boa distração, bem no estilo fantasioso e multicolorido de Tim Burton.


Ficha técnica
Direção: Tim Burton
Produção: Warner Bros. Pictures, Geffen Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, comédia, fantasia

04 setembro 2024

Pioneirismo, revelações e histórias de racismo fazem de “Othelo, o Grande” um documentário imprescindível

Longa dirigido por Lucas Rossi levou dez anos para ficar pronto e procura intercalar a vida pessoal e a
carreira do ator (Fotos: Davi G. Goulart)


Mirtes Helena Scalioni


Pode parecer, a princípio, que o grande mérito do documentário de Lucas Rossi seja mostrar às novas gerações o tamanho da importância do comediante Grande Otelo (1915-1993). Mas não é só isso. 

Quem teve oportunidade de acompanhar a carreira do ator, vai ficar sabendo um pouco mais sobre a vida desse homem múltiplo, nascido em Uberlândia, chamado Sebastião Bernardes de Souza Prata. “Othelo, O Grande” estreia nos cinemas em Belo Horizonte no dia 5 de setembro.


Narrado pelo próprio artista em primeira pessoa, o documentário que, segundo o diretor, levou dez anos para ficar pronto, procura intercalar fatos da vida pessoal atribulada de Sebastião com sucessos de sua carreira. Principalmente quando ele era contratado da Atlântida e lotava os cinemas do país com suas saborosas chanchadas. 

O lado ruim desse jeito de contar a história é que o espectador não fica conhecendo casos e características de Grande Otelo vividos e percebidos pelas pessoas que conviveram com ele.


Embora misture vida pessoal e trabalho, o filme peca também por não localizar a época dos fatos. Num momento o homem está chorando por causa de suas tragédias familiares e, no próximo minuto, o artista está em cena rindo e fazendo rir. Faltam referências, datas. 

O longa tem a participação especial da atriz Zezé Motta como narradora e traz imagens raras de arquivo, feitas em pesquisas na Cinemateca Brasileira.


Uma curiosidade revelada no filme, e que talvez a maioria do público não saiba, é o motivo pelo qual o pequeno Sebastião Prata passou a ser conhecido – até internacionalmente – como Grande Otelo. 

Homem de muitos talentos, ia fácil do drama à comédia, o artista foi também exímio compositor de sambas, alguns deles presentes no documentário, com destaque especial ao histórico e nostálgico “Praça Onze”, parceria com Herivelto Martins.


Produzido pela Franco Filmes, “Othelo, o Grande” tem parceiros poderosos na produção como Globo Filmes, RioFilme, Canal Brasil e Globonews. A princípio, isso facilitaria a divulgação e exibição do trabalho, que já foi vencedor do Prêmio Redentor de Melhor Documentário no Festival do Rio.

Careteiro e de humor mais escrachado, o comediante faz questão de salientar, em suas falas, as participações em filmes fora do circuito da chanchada. Trabalhou com diretores ditos sérios como Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Nelson Pereira dos Santos e até o norte-americano Orson Welles. Afinal, foram mais de 100 filmes.


Neto de escravos e órfão, Sebastião comeu o pão que o diabo amassou, desde que se mudou para o Rio de Janeiro acompanhando uma companhia teatral que passou por Uberlândia. 

Não por acaso, o documentário é todo permeado por questões raciais, evidenciando as humilhações que o ator viveu até ser o primeiro protagonista negro do cinema brasileiro. Em muitos deles, quando chegava para trabalhar, Grande Otelo tinha que entrar pela porta dos fundos por causa de sua cor.


Ficha técnica:
Direção: Lucas H. Rossi
Produção: Franco Filmes, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil e RioFilme
Distribuição: Livres Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 1h22
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário