A câmara fica parada , apenas os personagens se movem (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Com direção de Michael Wahrmann, "Avanti popolo" não é exatamente fácil de se ver. É filme para poucos, causa estranheza desde o início, incomoda, é diferente. É lento e sujo como convém a uma história que trata de perdas e de solidão.
Separado da mulher, o jovem André, vivido por André Gatti, volta para a casa do pai (Carlos Reichenbach) mas a comunicação entre eles é quase inexistente. São praticamente apenas os dois na tela, em diálogos obscuros e, muitas vezes, de perguntas sem respostas. Lacônico, o pai teima em esperar a volta do outro filho, desaparecido na ditadura militar há mais de 30 anos.
Quase toda a história se passa na sala da casa decrépita do pai. Como a câmara permanece parada num mesmo ponto, quem se move são os personagens que, muitas vezes, não se enquadram no ângulo e o que se vê são pessoas sem cabeça, pernas sem tronco, pedaços do corpo, como se fosse uma filmagem caseira.
Aliás, as cenas domésticas gravadas em Super 8mm pelo irmão desaparecido são encontradas por André na velha casa e se transformam numa tentativa de comunicação. Durante todo o filme, são entremeadas com a história, que se arrasta em tomadas diferentes e conversas nem sempre compreensíveis. Embora colecione prêmios, "Avanti popolo" é um filme para cinéfilos e iniciados.
A estreia acontece nesta quinta-feira (12), no Cineart Belas Artes Liberdade.