"Entre Abelhas" traz o comediante Fábio Porchat em ótima e surpreendente atuação dramática (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
Se é comédia de muitas risadas o que você procura, não vá ao cinema para ver Fábio Porchat em "Entre Abelhas". Identificado - para alguns, até exageradamente - como tragicomédia, o filme, apesar de momentos hilários, é, digamos, mais profundo. E traz o comediante em ótima e surpreendente atuação dramática.
Ao contar a história de Bruno (Porchat), que ao se separar de Regina (Giovana Lancellotti), vai paulatinamente deixando de enxergar as pessoas à sua volta, talvez o filme queira esbarrar em assuntos mais sérios, como por exemplo a solidão das grandes cidades, o egocentrismo que impera nos tempos atuais ou ainda a superexposição das celebridades, que fazem malabarismos para serem vistas.
O elenco, quase todo formado por figurinhas carimbadas do Porta dos Fundos, pode, a princípio, levar o espectador para o lado óbvio do riso. Estão lá, além do diretor Ian SBF, Marcos Veras como o amigo Davi com quem Bruno divide seu drama; Luis Lobianco como o entregador de pizzas que serve de cobaia para que a mãe do protagonista faça testes da visão do filho e outros.
Mas não se engane: não se trata de comédia. O público até ri, mas não é comédia. E o grande diferencial é: Irene Ravache, atriz dramática que faz a mãe, está impagável e, acredite, é responsável pelos momentos mais engraçados do filme. Mais um paradoxo. Houve quem não gostasse do final. Raso? Nem tanto. Melhor dizer "reticente", o que contribui para que "Entre Abelhas" mereça ser visto. Interessante e atrevido. O filme está em exibição na sessão de 20h30 da sala 8 do Cineart Shopping Contagem. Classificação: 14 anos
Tags: Entre Abelhas; Fabio Porchat; Porta dos Fundos; Irene Ravache; drama; comédia; Imagem Filmes; Cinema no Escurinho
Os atores Daniel de Oliveira, Thogun Teixeira e Julio Andrade, em cena de "A Estrada 47"(Fotos: Europa Filmes/Divulgação)
Maristela Bretas
Poderia ser apenas mais um filme sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas neste, os brasileiros fizeram a diferença e foram os verdadeiros heróis. Apesar de ser uma ficção, "A Estrada 47", que estreou nesta quinta-feira em BH, se propõe a mostrar um pouco do que foi a ação de mais de 25 mil brasileiros convocados para lutar na 2º Guerra Mundial, a partir de 1944.
Não se trata de um filme de muitos combates e tiros, mas de uma história dentro de um grande fato histórico, esquecido por muitos e até desconhecido pelos mais jovens. E o resultado é uma surpreendente e bem elaborada produção conjunta entre Brasil, Itália e Portugal, que já conquistou diversos prêmios no país, entre eles o Kikito do Festival de Gramado como melhor longa-metragem, - e no exterior. O filme está em exibição na sala 1 do Boulevard Shopping Cineart, nas sessões legendadas de 15 horas e 19h10.
O filme "A Estrada 47", dirigido por Vicente Ferraz (do premiado "Soy Cuba, o Mamute Siberiano") conta a história de um grupo de soldados caçadores de minas terrestres, integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB). O frio, a fome, o desconhecido e o medo da guerra provocam um ataque de pânico no grupo, que acaba se separando e se perdendo nas montanhas geladas do Norte da Itália. E as opções para o grupo dos quatro militares restantes são mínimas: desertar ou enfrentar o inimigo, completando seu trabalho de localizar e desativar todas as minas da Estrada 47 por onde a tropa aliada deverá passar.
Pelo caminho, eles vão se tornando cada vez mais unidos e conhecem desertores como um italiano fascista arrependido e um oficial alemão cansado da guerra. Toda a trama tem ainda a narração da carta que Guima (Daniel) escreve ao pai, culpando-o por seu sofrimento e por estar num conflito que não é dele.
O elenco contra com Daniel de Oliveira, Julio Andrade (que faz o papel do tenente), Francisco Gaspar, Thogun Teixeira, o alemão Richard Sammel (coronel Mayer), o italiano Sérgio Rubini (Roberto) e português Ivo Canelas (o fotógrafo Rui). Todo o filme foi rodado na Itália, onde aconteceram as batalhas há 70 anos. Destaque para as interpretações de Francisco Gaspar (soldado Piauí) e Thogun Teixeira (sargento Laurindo), que deram a medida certa de seriedade e de comicidade quando a cena exigia. Dispensável o excesso de palavrões atuais, reforçando uma marca de filme brasileiro, já que muitos dos termos usados pelos atores não eram da época. Mas isso não desmerece o filme que, como o próprio Ferraz explicou mostra apenas uma pequena parte do que foi a importante participação da FEB na guerra. Conflito real A ideia de fazer "A Estrada 47", que inicialmente iria se chamar "A Montanha" começou em 2011. O diretor Vicente Ferraz conta que durante as filmagens a produção precisou explicar às forças da OTAN que se tratava de um filme, uma vez que estavam sendo realizadas operações militares na região devido ao conflito na Líbia:
De pacifista e devoto de Nossa Senhora Aparecida, cada um do elenco tem sua própria história de participação no filme, o que pensam sobre a 2ª Guerra, a importância dos ex-combatentes brasileiros para a história e a necessidade de preservar a memória.
O ator Daniel Oliveira, que interpreta Guima, um engenheiro especializado em desarmar minas terrestres, fala sobre seu personagem e como foi a preparação para o filme.
Ficha técnica: Direção: Vicente Ferraz Produção: Primo Filmes/Três Mundos Produções/ Verdeoro Distribuição: Europa Filmes Duração: 1h46 Gêneros: Drama/História/Guerra Países: Brasil, Itália e Portugal Classificação: 12 anos Nota: 4 (0 a 5) Exposição E se o filme por si só faz jus aos prêmios que recebeu, melhor ainda quando ele vem associado a uma exposição sobre a época. Até o dia 24 de maio, o Boulevard Shopping, em BH, vira um "campo de guerra", com uma exposição que celebra os "70 Anos do Fim da 2ª Guerra Mundial".
A mostra é inédita em shoppings centers e reúne um dos maiores acervos do país. Pelos corredores estão espalhados dez carros militares, fotos, arsenal bélico, uniformes, publicações, documentos, condecorações e utensílios usados por combatentes - aliados e inimigos - durante este conflito que abalou o mundo e levou mais de 25 mil militares brasileiros para lutarem em outro continente. Todo o acervo foi disponibilizado pelo Museu da FEB, de BH, e por colecionadores. Dois ex-veteranos que lutaram pela Força Expedicionária Brasileira em 1944, na Itália, participaram a abertura da exposição e do lançamento do filme. O soldado Rafael Braz se emocionou ao contar fatos do combate e deu seu recado ao cantar o Hino da FEB, acompanhado de militares presentes.
Já o cabo João Batista Moreira pediu mais filmes do gênero, para mostrar a importância da atuação da FEB nos campos de batalha.
SERVIÇO: Exposição "70 Anos do Fim da 2ª Guerra Mundial" Período: Até 24 de maio Local: Corredores do Boulevard Shopping - Av. dos Andradas, 3000 - Santa Efigênia Horário: De segunda a sábado, das 10 às 22 horas e domingo, das 14 às 20 horas Visitação: Gratuita
Museu da FEB Local: Avenida Francisco Sales, 199 - bairro Floresta
Tags: A Estrada 47; 2ª Guerra Mundial; FEB; pracinhas; Daniel de Oliveira; Júlio César; Thogun Teixeira; Francisco Gaspar; Vicente Ferraz; drama; Europa Filmes; Cinema no Escurinho