28 fevereiro 2015

Spock parte para sua fronteira final


O ator Leonard Nimoy morreu aos 83 anos de uma doença pulmonar obstrutiva crônica, provocada pelo cigarro (Fotos: Divulgação)


Maristela Bretas


Ele fez parte da minha juventude de séries de TV e cinema. Com cara de mau, um alienígena que quase nunca esboçava emoções, mas um fiel amigo de toda a tripulação, o sr. Spock era o braço direito do Capitão Kirk (William Shatner) e do Dr. McCoy (DeForest Kelley). E um dos destaques na franquia que marcou, não só a minha, mas a vida de muitos fãs da série "Star Trek" ("Jornada nas Estrelas").

Leonard Nimoy partiu para um lugar onde nenhum homem jamais esteve. Leva consigo parte de uma geração que acompanhou por anos as incríveis histórias da tripulação da USS Enterprise. 

Mas Spock deixa um legado que só quem curtiu sabe que poucos vão superar. Outras tripulações ocuparam os lugares da antiga equipe (a série foi ao ar de 1966 a 1969), mas nenhuma conseguiu superar a original.

Em seu último trabalho - "Star Trek - Além da Escuridão", Leonardo Nimoy voltou ao papel que lhe deu destaque e milhares de seguidores. Atuou ao lado de Zachary Quinto, sua versão jovem da nova geração de atores e mesmo já doente, mostrou a força de seu personagem.

"Vida longa e próspera" era sua saudação. E foi com essas palavras que ele se despediu dos fãs nas redes sociais. "A vida é como um jardim. Momentos perfeitos podem existir, mas só são presentes na memória". Que ele siga agora rumo ao espaço, a fronteira final. Para sempre será lembrado.




Tags: Leonard Nimoy; Spock; Star Trek; Jornada nas Estrelas; USS Enterprise; Cinema no Escurinho

23 fevereiro 2015

Biografia sobre maior atirador de elite dos EUA fica com apenas um Oscar

Bradley Cooper interpreta o atirador Chris Kyle, que se tornou herói pelas mortes no Iraque (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Candidato a cinco estatuetas do Oscar 2015, entre elas, as de Melhor Filme e Melhor Ator (o que não se justificava), "Sniper Americano" teve que se contentar apenas com a premiação - a de Melhor Edição de Som, entregue a Alan Robert Murray e Bub Asman. O filme não é ruim e tem agradado aqueles que acompanharam a ocupação dos Estados Unidos no Iraque após o 11 de setembro. Mas não era razão para estar no mesmo nível de disputa de "O Jogo da Imitação", "Birdman" ou "O Grande Hotel Budapeste".


Com grande direção do premiado Clint Eastwood, o filme traz Bradley Cooper no papel de Chris Kyle, a maior atirador de elite do país, com uma contagem de mais de 160 mortes nas costas durante o conflito. Virou o maior alvo dos inimigos e no final, quando volta para sua família e tenta ajudar na reabilitação de ex-combatentes, acaba morto por um deles.


O filme explora a vida pessoal e militar do atirador que não consegue se adaptar ao mundo fora da guerra, o que atrapalha seu relacionamento com a mulher e os filhos. Cooper segurou bem o papel, mostrando que está mais maduro como ator. Os efeitos especiais são bons e o roteiro adaptado, apesar de não ter sido premiado, segue bem o livro "American Sniper: The Autobiography of the Lethal Sniper in U.S.Militar History" ("Atirador Americano: A autobiografia do atirador mais letal na história dos Estados Unidos). 




"Sniper Americano" está em exibição em seis salas dos shoppings Boulevard, Ponteio, Estação BH, Belas Artes, BH Shopping, Diamond Mall e Pátio Savassi. Classificação: 16 anos

Tags: Sniper Americano; Bradley Cooper; Clint Eastwood; Warner Bros Pictures; biografia; drama; guerra; Cinema no Escurinho

"Birdman" vence o Oscar com a loucura do show business

"Birdman" mostra os bastidores de uma peça teatral na Broadway, onde não há glamour (Foto: Fox Film/Divilgação)

Maristela Bretas


"Birdman" levou o Oscar de Melhor Filme na 87ª edição de 2015.  A cerimônia aconteceu na noite deste domingo e madrugada de segunda-feira, no Dolby Theatre de Los Angeles. O anúncio foi feito pelo ator Sean Penn. "Birdman", do diretor Alejandro Gonzáles Iñárritu, concorria em nove categorias e venceu em quatro - Filme, Diretor, Roteiro Original e Fotografia. Já havia sido premiado no Spirit Awards e Melhor Ator Comédia ou musical e Melhor Roteiro no Globo de Ouro. O segundo vitorioso foi "O Grande Hotel Budapeste" com o mesmo número de prêmios, seguido por "Whiplash" com três estatuetas.

J.K. Simmons em Whiplash (Sony Pictures/Divulgação)
Com piadinhas sem graça, seguida de um musical e uma golada rápida de Benedict Cumberbatch, o ator Neil Patrick Harris (do seriado "How I met your mother") comandou a solenidade. Ele substituiu Ellen DeGeneres, que inovou a cerimônia e conquistou público e convidados ao fazer vários selfs durante a premiação do ano passado. Mas o  rapaz ainda tem que comer muito feijão para comandar um evento deste porte, como fez DeGeneres, que esnobou criatividade.

Anna Kendrick participou da apresentação inicial, que ainda contou com Jack Black, que subiu ao palco. Os três relembraram grandes produções e os candidatos ao Oscar deste ano, bem ao estilo da Broadway. Lupita Nyongó anunciou a primeira premiação, de Melhor Ator Coadjuvante, conquistada por J.K. Simmons ("Whiplash"). Ele já havia levado as estatuetas na mesma categoria do Globo de Ouro, do Spirit Awards e do Sindicato dos Atores dos EUA.

"O Grande Hotel Budapeste" (Fox Film/Divulgação)
Dakota Johnson (de "Cinquenta Tons de Cinza") anunciou Adam Levine que, assim como no filme, cantou "Lost Stars", de Gregg Alexander e Danielle Brisebois ("Mesmo se nada der certo"), uma das candidatas a Melhor Canção. Jennifer Lopez e Chris Pine anunciaram Melhor Figurino, que saiu para Milena Canonero, por "O Grande Hotel Budapeste".

Reese Whiterspoon anunciou o vencedor do prêmio de Melhor Maquiagem e Cabelo, conquistado por "O Grande Hotel Budapeste". O polonês "Ida" conquistou a segunda estatueta de Melhor Filme Internacional - a primeira foi no Spirit Awards, no sábado. O longa, que venceu mais de 70 prêmios pelo mundo, trata dos efeitos do nazismo e do comunismo na Polônia.

Marion Cotillard anunciou "Everything Is Awesome", de "Uma Aventura Lego", interpretada por Tegan and Sara e Lonely Island. E os bailarinos distribuíram estatuetas do Oscar feitas de blocos da Lego. Anunciado por Gwyneth Paltrow, Tim McGraw de smoking e chapéu de cowboy, sentado num banquinho, interpretou "I'm not gonna miss you", de Glen Campbell e Julian Raymond ("Glen Campbell… I'll be me").

Neil Patrick Harris interpretou a cena de "Birdman" em que Michael Keaton sai pelas ruas de Nova York de cuecas e ainda deu uma "palinha" de "Whiplash". E foi de cuecas que o ator retornou ao palco.



Jared Leto anunciou a vencedora do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante que, sem surpresa alguma, foi conquistado por Patricia Arquette, por seu papel da mãe em "Boyhood". Com uma experiência de 30 anos de carreira, ela subiu ao palco para levar sua quarta premiação neste ano - ficou com o Globo de Ouro, o Spirit Awards e o prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA. E no discurso ainda pediu melhores salários para as mulheres na América.

Patricia Arquete, em "Boyhood" (Universal Pictures/Divulgação)
Rita Ora interpretou "Grateful", de Diane Warren, do filme "Além das Luzes", mais uma concorrente a Melhor Canção.

"Feast", dos Estúdios Disney, foi escolhido o Melhor Animação em Curta-Metragem, que conta a história de um cãozinho que promove a união de seus donos para não ficar sem carinho e comida.

Zoe Saldana e Dwayne Johnson anunciaram "Operação Big Hero" como o vencedor de Melhor Animação. O filme dos Estúdios Disney, tinha como forte concorrente "Como Treinar seu Dragão 2", que já havia levado um Globo de Ouro na categoria. O prêmio de Melhor Design de Produção foi entregue pelos atores Chris Pratt e Felicity Jones aos responsáveis pelo filme "O Grande Hotel Budapeste".

Meryl Streep abriu a homenagem a antigos amigos e colegas de profissão - atores e atrizes (como Mickey Rooney, Robin Williams, Lauren Bacall e Anita Ekberg), diretores, figurinistas, produtores, documentaristas, fotógrafos, editores, maquiadores, que morreram em 2014.

Naomi Watts e Benedict Cumberbatch entregaram a Tom Cross o prêmio de Melhor Edição pelo filme "Whiplash". O de Melhor Documentário saiu para "Citizenfour", de Laura Poitras, sobre Edward Snowden que vazou documentos denunciando ações dos EUA. Novamente o Brasil saiu de mãos vazias. A coprodução entre Brasil, França e Itália, "O Sal da Terra", sobre Sebastião Salgado, dirigida por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho do famoso fotógrafo brasileiro) perdeu para o favorito. Mas deixou sua marca no sábado, com a conquista de um Cesar, uma das maiores premiações do cinema francês. "O Sal da Terra" já havia levado o prêmio especial do júri da seção "Um Certo Olhar" do Festival de Cannes.

"Selma" (Disney /Buena Vista/Divulgação)
"Glory", de John Stephens e Lonnie Lynn, do filme "Selma", quarta canção na disputa, foi apresentada por John Legend e Common. Ao final, o público emocionado (alguns chorando, como Chris Pine) aplaudiu a interpretação de pé. E na sequência foi anunciada como Melhor Canção, ganhando seu segundo prêmio depois do Globo de Ouro.

Scarlett Johansson fez mais uma homenagem aos 50 anos do filme "A Noviça Rebelde", do diretor Robert Wise. A surpresa foi Lady Gaga cantando "The Sound of Music", acompanhada de um coral, e arrasando na voz, apesar de deixar a impressão de playback. Ao final, Julie Andrews emocionada abraçou a cantora, agradeceu a todos e anunciou o vencedor por Melhor Trilha Sonora - Alexandre Desplat, de "O Grande Hotel Budapeste". Ele também estava na disputa por "O Jogo da Imitação".

A estatueta de Melhor Roteiro Original foi para Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo por "Birdman", que já havia conquistado o Globo de Ouro. E o merecido prêmio de Melhor Roteiro Adaptado ficou para Graham Moore, por "O Jogo da Imitação", que já havia levado a premiação na categoria do Sindicato de Roteiristas dos Estados Unidos (WGA). O filme foi adaptado do livro "Alan Turing: The Enigma".

Eddie Redmayne, de "A Teoria de Tudo" (Universal/Divulgação)
Anunciado por Ben Affleck, o vencedor ao prêmio de Melhor Diretor ficou para Alejandro Gonzáles Iñárritu, por "Birdman". Cate Blanchett chamou o ator britânico Eddie Redmayne, que interpretou Stephen Hawking, para receber a estatueta de Melhor Ator por "A Teoria de Tudo". Ele também havia conquistado a estatueta da categoria no Bafta.

E na sequência, Matthew McConaughey apresentou Julianne Moore, como Melhor Atriz pelo filme "Para Sempre Alice". Ela era a favorita e já tinha ganhado o Spirit Awards, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA. Ela dedicou o prêmio às pessoas com Alzheimer, lembrando o papel que interpretou.

A solenidade foi encerrada com a escolha de "Birdman" como Melhor Filme. O diretor Alejandro Gonzáles Iñárritu agradeceu a seus compatriotas mexicanos.

Veja abaixo os vencedores do Oscar 2015

Melhor Filme
"Birdman"

Melhor Diretor
Alejandro Gonzáles Iñárritu ("Birdman")

Melhor Ator
Eddie Redmayne ("A Teoria de Tudo")

Melhor Ator Coadjuvante
J.K. Simmons ("Whiplash")

Melhor Atriz
Julianne Moore ("Para Sempre Alice")

Melhor Atriz Coadjuvante
Patricia Arquette ("Boyhood")

Melhor Filme em Língua Estrangeira
"Ida" (Polônia)

Melhor Documentário
"CitizenFour", de Laura Poitras

Melhor Documentário em curta-metragem 
"Crisis Hotline: Veterans Press 1"

Melhor Animação
"Operação Big Hero"

Melhor Animação em Curta-Metragem
"Feast"

Melhor Curta-Metragem em 'Live-Action'
"The Phone Call"

Melhor Roteiro Original
Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo ("Birdman")

Melhor Roteiro Adaptado
Graham Moore ("O Jogo da Imitação")

Melhor Fotografia
Emmanuel Lubezki ("Birdman")

Melhor Edição
Tom Cross ("Whiplash")

Melhor Design de Produção
"O Grande Hotel Budapeste"

Melhores Efeitos Visuais
Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher ("Interestelar")

Melhor Figurino
Milena Canonero ("O Grande Hotel Budapeste")

Melhor Maquiagem e Cabelo
Frances Hannon e Mark Coulier ("O Grande Hotel Budapeste")

Melhor Trilha Sonora
Alexandre Desplat ("O Grande Hotel Budapeste")

Melhor Canção
"Glory", de John Stephens e Lonnie Lynn ("Selma")

Melhor Edição de Som
Alan Robert Murray e Bub Asman ("Sniper Americano")

Melhor Mixagem de Som
Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley ("Whiplash")


Tags: Birdman; O Grande Hotel Budapeste; O Jogo da Imitação; Whiplash; Selma; A Teoria de Tudo; Oscar 2015; Julianne Moore, Alejandro Gonzáles Iñárritu; Eddie Redmayne; Cinema no Escurinho

21 fevereiro 2015

Martin Luther King Jr. chega pra brigar pelo Oscar com o filme “Selma”

Filme é divulgado como uma cinebiografia do pastor e ativista político e sua luta pelos afro-americanos (Fotos Disney-Buena Vista/Divulgação)

Jean Piter


O título resume bem o filme: “Selma – Uma Luta pela Igualdade”. A história se passa no ano de 1965, na cidade de Selma, no Alabama, Estados Unidos. O pastor protestante e ativista social Martin Luther King Jr. (David Oyelowo) lidera um movimento que pede o direito de voto aos negros. Para isso, ele organiza uma marcha pacífica de Selma até a capital do estado, Montgomery.

O longa é divulgado como uma cinebiografia de Luther King. Não deixa de ser. Mas é apenas de parte de sua vida. Ou melhor, de um dos períodos mais importantes de sua trajetória. Quem for ao cinema esperando ouvir um enfático “I have a dream” sairá frustrado.

“Selma” é um filme burocrático. Se passa, em grande parte, em ambientes fechados; salas, igrejas e escritórios. As discussões são políticas e ideológicas. Boa parte delas entre Luther King e o presidente Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson). É também um longa cheio de sermões, forçados e com pouca capacidade de despertar emoções. Religiosos e políticos que, na maioria das vezes, se misturam. Os diálogos são cansativos, cheios de frases feitas, previsíveis, quase de autoajuda.

David Oyelowo faz um Luther King menos romantizado, mais humano e menos herói. Em vez do líder enérgico movido por emoções, ele encarna o ativista centrado, pragmático e com grandes habilidades políticas. Há vários bons coadjuvantes, como Oprah Winfrey, Cuba Gooding Jr., Tim Roth e Martin Sheen. 

Eles têm papéis importantes que mostram que a luta era coletiva, que tinha mais gente engajada, inclusive com ideias e posicionamentos divergentes, embora todos tivessem o objetivo de conquistar direitos para os afro-americanos.

A sequência é linear, marcada por textos digitados na tela, para mostrar que as ações dos ativistas estavam sendo monitoradas pelas autoridades. Há o casamento de cenas reais, em preto e branco, com as imagens do filme e o uso da câmera lenta para dramatizar as cenas de violência. Esses recursos não são novidades, mas usados de forma acertada, sem exageros. A fotografia é bela. Casa bem com a época e o ambiente dramático. E a trilha sonora é comum, sem nada de especial.

Corrida do Oscar

O filme é dirigido por Ava DuVernay e tem Oprah e Brad Pitt entre os produtores. Concorre ao Oscar de Melhor Filme, mas é o mais fraco entre os concorrentes. A indicação vem, certamente, do patriotismo dos americanos, que gostam de ver suas histórias na telona. E pelos temas racismo e segregação, que sempre atraem atenção. Entretanto, Selma não é um longa pra ser lembrado. É no máximo bom. Se vencer, será a zebra da premiação.




Ficha técnica:
Direção: Ava DuVernay
Produção: Celador Films / Harpo Films / Pathé / Plan B Entertainment / Cloud Eight Films
Distribuição: Disney / Buena Vista
Duração: 2h08
Gênero: Drama, Histórico, Biografia
País: EUA, Reino Unido
Classificação: 14 anos
Nota: 3,0 (0 a 5)

Tags: Selma; Oprah Winfrey; Martin Luther King Jr; David Oyelowo; Disney; Buena Vista; drama; biografia; Cinema no Escurinho




19 fevereiro 2015

Bradley Cooper é o maior franco-atirador da história dos EUA em "American Sniper"

Bradley Cooper foi indicado ao Oscar 2015 de Melhor Ator pelo papel do atirador Chis Kyle (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Jean Piter


"American Sniper" conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Ele foi responsável pela morte de mais de 150 pessoas em operações de guerra no Iraque. Com isso, recebeu várias condecorações e ficou conhecido como a “Lenda” das forças armadas dos EUA.

A direção é de Clint Eastwood, que já fez os filmes de guerra “Cartas de Iwo Jima” e “A Conquista da Honra” (ambos de 2006). Diferente dessas produções que abordavam a guerra como um todo, “American Sniper” foca na vida de Kyle, passando rapidamente por sua infância até o momento em que decidiu ser voluntário do serviço militar.

Bradley Cooper encarna bem o papel de atirador, alternando disciplina, paranoia, senso de justiça e vontade de proteger seu pelotão. Ele ainda tem que lidar com os problemas do casamento e a criação dos filhos. Sem falar que seu único irmão também está na guerra, em outra missão, em outra cidade. Em meio a tudo isso, ele vai construindo, involuntariamente, uma fama de herói.

A história é contada de forma linear. Os momentos em que os soldados estão encurralados lembram “Falcão Negro em Perigo” (2001). O vício em guerra dos militares e a loucura pós-campo de batalha lembram “Guerra ao Terror” (2008). 

Os eventos de 11 de setembro são o combustível para o patriotismo acrítico dos americanos. Em “A Conquista da Honra”, Clint faz críticas aos EUA pela manipulação da opinião pública, por meio da mídia, com show e com informações distorcidas. “American Sniper” passa longe da política. É apenas a vida de Kyle, que por sinal, é uma história incrível.




O filme é bem feito. Tem mais de duas horas de duração, mas nem parece. Tem drama e ação com potencial pra segurar os expectadores na cadeira e provocar ansiedade pelo final.

Aposta acertada

O filme é baseado no livro "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History". Em tradução literal é algo com “Atirador Americano: A autobiografia do atirador mais letal na história militar dos Estados Unidos”.

Bradley Cooper comprou os direitos da obra e começou a produzir o longa, já pensando em ser o protagonista. Com o papel, ele foi indicado ao Oscar 2015 de Melhor Ator.

A direção seria de Steven Spielberg, mas acabou indo parar nas mãos de Clint Eastwood. Spielberg ficou como um dos produtores.

Ficha técnica:
Direção: Clint Eastwood
Produção: Warner Bros. Pictures / Mad Chance / Malpaso Productions / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h12
Gênero: Biografia, Drama, Guerra
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Sniper Americano; American Sniper; Clint Eastwood; Bradley Cooper; guerra; biografia; drama; Iraque; Warner Bros Pictures; Cinema no Escurinho

16 fevereiro 2015

Cinquenta formas de ganhar dinheiro fácil com um filme ruim

"Cinquenta Tons de Cinza" é biscoito de polvilho que não vale quanto pesa (Montagem sobre fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ainda não sei se classifico este filme como romance água com açúcar com pinceladas de nudez ou se ele é um erótico que não convence, principalmente pela atuação ruim dos atores principais. Difícil não ver: "Cinquenta Tons de Cinza" ("Fifty Shades of Grey") é um filme ruim. Mas, graças a uma forte estratégia de divulgação, deverá atrair uma legião de mulheres.

Muitas delas passaram um tempo enorme lendo o livro que serviu de base para o filme e agora querem conferir no cinema o romance sado masoquista do casal Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan). O filme pode ser conferido em 34 salas de 17 shoppings de BH, Contagem e Betim.

Não recomendo para quem espera ver um bom filme. Tenho certeza que muitas "fãs da obra literária", que acabou virando trilogia e vendeu mais de 100 milhões de exemplares, não vão gostar das duras críticas sobre o filme. Mas ele é ruim mesmo, todo feito de clichês, com cenas e falas mais que previsíveis e uma atuação sofrível de Jamie Dornan. Nem o "tanquinho" do jovem atrai tanto - Hollywood tem atores muito mais bem "trabalhados".

Se o público, principalmente o feminino, quiser ver cenas tórridas, sairá decepcionado. São poucas, apesar de bem cuidadas, mas nada muito diferente que o cinema não tenha mostrado em romances mais comuns. Já dizia minha avó, "biscoito de polvilho", não dá nem para suar frio ou ficar incomodada na cadeira.

"Cinquenta Tons de Cinza" é a história boba do bilionário bonitinho com tarado que só quer a garota para ser sua escrava sexual, com direito a contrato de propriedade e regras para praticar sexo (onde já se viu isso!). Se era para fazer um filme erótico que ficasse marcado, como aconteceu com "9/2 Semanas de Amor" (esse sim foi de tirar o fôlego!), então Sam Taylor-Johnson não poderia ter feito uma direção tão "cinza".



A relação é insossa, apagada, com poucos momentos "calientes". Até mesmo as cenas na sala vermelha exploram pouco o prazer e a tortura. Sem contar que se trata de uma produção machista, onde apenas a mocinha se mostra nua por inteiro (como nos pornôs baratos), enquanto o jovem dominador ou está de jeans ou nu de costas.

Dakota Johnson (Anastasia) salva um pouco porque interpretou o papel de uma jovem "inocente e virgem", raridade no mundo de hoje. Se o roteiro exigisse mais intensidade na atuação, ela naufragava com seu par.

Ficha técnica:
Direção: Sam Taylor-Johnson
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gênero: Erótico; romance
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: Cinquenta Tons de Cinza; erótico; romance; clichês; Sam Taylor-Johnson; Universal Pictures; Cinema no Escurinho

“Laggies”: um drama sobre as imaturidades

Chloë Grace Moretz e Keira Knightley funcionam muito bem como uma dupla (Fotos: Divulgação)

Jean Pitter


Megan (Keira Knightley) é uma jovem que está mais perto dos 30 que dos 20. É irresponsável com seus compromissos de adulta e até mesmo um tanto imatura. Ela recebe um pedido de casamento e entra em crise. Inventa uma viagem e foge por uns dias. O apoio para passar por essa fase vem de alguém improvável, uma nova amiga, Annika (Chloë Grace Moretz), adolescente e não menos problemática. 

Esse é o novo filme da diretora Lynn Shelton, que recebeu um nome curioso: “Laggies”. Como ela mesma explicou em entrevistas, trata-se de uma expressão incomum da região de Seattle (EUA), usada para nomear pessoas que estão sempre atrasadas, não só nos horários, mas na vida. No Brasil, o título, até o momento, será “Encalhados”, que nada tem a ver com a história. 

É um drama leve, que aborda problemas comuns na vida das pessoas. De comédia há pouco. E só um pouquinho de romance. Keira, pra variar, continua mantendo suas atuações em algo nível. Ela consegue se passar por uma amiga sem noção, que faz piadas pouco convenientes e que, na maioria das vezes, só ela entende e acha graça. Chloë não fica pra trás. As duas, por sinal, funcionam muito bem como uma dupla. No filme, elas se ajudam para enfrentar seus problemas. 

Keira é a mulher que não sabe o que fazer da vida, com o que vai trabalhar e se vai aceitar o pedido de casamento. É mimada pelo pai e pressionada pela mãe e pelas amigas. 

Chloë é a adolescente filha de pais separados, esperta, inteligente, madura pra sua faixa etária, e que se dá ao luxo de curtir irresponsabilidades com seus amigos. Keira é a amiga mais velha que toda adolescente quer ter. Chloë é a amiga adolescente que toda adulta quer ter como admiradora. Os papeis se completam. As atuações têm sintonia. 

Lynn Shelton coloca drama na medida certa. Ela cria situações possíveis, que podem parecer clichês. Seus personagens são complexos na medida certa. Até os coadjuvantes. 

Há quem possa dizer que se trata de um filme fraco por não ter momentos elevados de emoção, por não ter acontecimentos fantásticos. Ou que seja lento. Mas não é. Tem Sam Rockwell mandando muito bem. E Mark Webber marcando presença. Vale muito o ingresso. Não há previsão de lançamento no Brasil. 

Ficha técnica:
Direção: Lynn Shelton
Produção: PalmStar Entertainment / The Solution Entertainment Group
Distribuição: indefinida
Duração: 1h40
Gênero: Drama, Comédia, Romance 
País: EUA 
Classificação: indefinida
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Laggies; Encalhadas; Keira Knightley; Chloë Grace Moretz; Lynn Shelton; Sam Rockwell; comédia; drama; Cinema no Escurinho

14 fevereiro 2015

Cinquenta tons de clichês e uma sucessão de equívocos e boas intenções


 "Cinquenta Tons de Cinza" um filme xarope e careta com atuação limitada dos dois jovens atores (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Uma estudante de literatura pobre, virgem, inocente e, claro, romântica, se encanta por um jovem bonito e bilionário disposto a lhe proporcionar gentilezas, surpresas e presentes e a lhe impressionar pilotando perigosamente helicópteros e aviões. Só que, para tristeza dessa Cinderela, ele, o príncipe, é do tipo sadomasoquista, que só gosta de transar usando chicotes, algemas, vendas e toda a parafernália do gênero. 

Até que "Cinquenta Tons de Cinza" ("Fifty Shades of Grey"), baseado no best seller de E. L. James poderia ser um bom filme, se a gente pensar que a história é, digamos, inusitada. Mas não foi isso que quis a diretora Sam Taylor-Johnson. E sua intenção fica clara desde o início, que parece preparar o espectador para a sequência de clichês que estão por vir. 

A partir do momento em que Anastasia Steele (Dakota Johnson) conhece Christian Grey (Jamie Dornan), tudo é previsível, muito pela atuação sofrível dos dois jovens atores. 

Mais do que ela, Dornan é limitado. Não passa nada de virilidade, é zero em sensualidade e seu porte e gestos estão mais para seminarista do que para dominador numa relação sadomasoquista. 

Para completar, a direção decidiu enfeitar a história com pequenas doses de psicologia de almanaque, talvez numa tentativa de justificar o comportamento do mauricinho. Como se as opções e necessidades individuais da busca do prazer precisassem de motivo, de perdão. 

Uma lástima e um desserviço contra a diversidade e as idiossincrasias. Quem espera algum conflito entre a mocinha e o "tarado" também vai sair decepcionado do cinema. Não há. 

Quem leu o livro costuma classificá-lo como "pornô para mulheres". Nem isso o filme traz. As cenas de sexo são tão coreografadas e tão minuciosamente limpas que a ideia clássica de dominação e submissão desses casos se perde. É tudo muito clean, inclusive a chamada "sala de jogos", onde, supõe-se, o rapazinho rico abate suas presas. É sadomasoquismo papai-mamãe. Classificação: 16 anos




Tags: Cinquenta Tons de Cinza; erótico; romance; clichês; Sam Taylor-Johnson; Universal Pictures; Cinema no Escurinho

"Cássia Eller" desnuda particularidades da vida e da carreira da cantora de poucas palavras e muita atitude

O filme "Cássia Eller" é uma homenagem à cantora, ao mesmo tempo tímida e transgressora (Fotos: H20 Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Documentários sobre personalidades e cinebiografias são sempre perigosos. Na maioria das vezes, tendem a ser chapa branca, exaltando qualidades e minimizando problemas e excentricidades dos biografados. Pois esse não é o caso de "Cássia Eller", onde Paulo Henrique Fontenelle foi além da homenagem à cantora, ao mesmo tempo tímida e transgressora, que morreu prematuramente em 2001 de uma maneira que, a princípio, parecia nebulosa. Prato cheio para a imprensa ávida por capas escandalosas.



Fontenelle tem experiência. É dele o elogiado "Loki", sobre Arnaldo Batista, que revelou curiosidades, segredos e idiossincrasias impensáveis do ex-mutante. E, quando muitos imaginavam que não havia nada de novo sobre Cássia Eller, ele vem mostrar que sim, que a cantora era dona de uma timidez quase doentia e que o furacão em que ela se transformava no palco não passava de arma, de defesa. 

A música era seu jeito de se relacionar com o outro. Imagens inéditas do inicinho da carreira e depoimentos de figuras impensáveis como Oswaldo Montenegro revelam particularidades que fizeram - e fazem - a força da artista.

Fans e admiradores vão, certamente, se emocionar com apresentações históricas de Cássia Eller e rever suas entrevistas lacônicas, quase enigmáticas. E os apenas curiosos vão se deliciar com depoimentos preciosos de Nando Reis, Lan lan, Zélia Duncan e até uma engraçadíssima e debochada Ângela Rô Rô falando sobre a canção "Malandragem". 

A companheira de Cássia, Maria Eugênia, os músicos que acompanhavam a cantora e empresários do show business não se negaram a falar. E não escondem assuntos como drogas, indisciplina, traições e a concepção e o nascimento de Chicão, filho de Cássia que comparece discretamente no filme. Classificação: 12 anos

Tags: Cássia Eller; H2O Film; cantora; biografia; Cinema no Escurinho

10 fevereiro 2015

Só mais um desenho do famoso personagem da calça quadrada


Bob Esponja e seus amigos deixam seu pacato mundo aquático para se transformarem em heróis entre os humanos (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Para a criançada que adora o famoso personagem amarelo de calça quadrada está em cartaz nos cinemas a animação "Bob Esponja - Um Herói Fora D'Água" ("The Spongebob Movie: Sponge Out Of Water"). Bob Esponja se arrisca pela segunda vez na telona (a primeira produção - "Bob Esponja - o Filme" é de 2005).

O destaque desta nova versão é o ator Antonio Banderas, que nos últimos tempos tem se envolvido em constantes produções infantis. Desta vez ele é um pirata que vive cercado de gaivotas cantantes e que gosta de fazer hambúrgueres - o Barba Burguer.


Das telas da TV a cabo, onde faz sucesso no canal Nickelodeon, Bob Esponja deixa seu pacato mundo aquático para viver uma grande aventura no mundo dos humanos. Tudo isso para recuperar a fórmula secreta do hambúrguer de siri da lanchonete do Sr. Sirigueijo, que desapareceu misteriosamente.





O principal suspeito é Plankyon, dono da lanchonete Balde de Lixo, que não consegue alcançar o sucesso de seu vizinho. O sumiço da fórmula provoca o caos na vila Fenda do Biquíni e faz Bob e seus fiéis amigos Patrick, Lula Molusco, Sandy e Sr. Sirigueijo deixarem as profundezas do oceano para encontrar o verdadeiro ladrão e trazer a paz de volta ao reino.


Aventura, muita trapalhada, e diversão garantida para os pequenos que vão se sentir como se estivessem na poltrona de casa com pipoca no colo. A produtora ainda disponibilizou o site do filme com jogos - basta acessar www.bobesponjaofilme.com.br. Os adultos nessa história vão apenas como companhia e terão de aguentar 1h33 de uma animação bem infantil. A produção também está em versão 3D.

Ficha técnica:
Direção: Paul Tibbit e Mike Mitchell
Produção: Nickelodeon Movies/ Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h33
Gêneros: Animação; aventura; comédia
Países: EUA, Coreia do Sul
Classificação: Livre
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: Bob Esponja Um Herói Fora D'Água; Nickelodeon Movies; Paramount Pictures; Antonio Banderas; comédia; animação; aventura; Cinema no Escurinho


08 fevereiro 2015

Esqueça o casal morno e curta os efeitos especiais de "O Destino de Júpiter"

Falta química entre Mila Kunis e Channing Tatum no filme dirigido pelos irmãos Wachowski- Fotos: Warner Bros, Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Sob a direção dos irmãos Andy e Lana Wachowski, responsáveis pela trilogia "Matrix", está em cartaz mais uma produção cheia de ótimos efeitos especiais e dois rostos bonitos - "O Destino de Júpiter" ("Jupiter Ascending").  O filme chegou a ser anunciado para julho de 2014, mas a produtora resolver adiar seu lançamento para "fazer uns ajustes" nos efeitos especiais. E valeu a pena: os recursos empregados são de última geração.

Contando em seu elenco principal com Mila Kunis (de "Oz, Mágico e Poderoso") e Channing Tatum (de "Foxcatcher") o filme traz batalhas galácticas, disparos de laser, explosões, mutantes, exércitos de lagartos, robôs e extraterrestres do mal e uma disputa inescrupulosa entre irmãos pelo domínio do universo. 


E claro, não podiam faltar cenas constantes de resgate da bela mocinha pelo gato sarado. Com direito a romance entre o casal de rostinho bonito mas sem expressão.

O filme conta a história de Jupiter Jones (Mila Kunis), uma moça comum que ganha a vida fazendo faxina, sem saber que é descendente de uma linhagem que e próxima ocupante do posto de Rainha do Universo. Ameaçada por extraterrestres, ela á salva por Caine (Tatum), um ex-caçador militar geneticamente modificado que tem por missão protegê-la a todo custo e levá-la para assumir seu lugar no trono e salvar a população da Terra. Sai do cinema sem saber como ela se tornou uma herdeira tendo nascido na Terra e filha de pais terráqueos.




Dando um suporte ao elenco estão Sean Bean (da trilogia "O Senhor dos Anéis"), Eddie Redmayne (que arrasou no papel de Stephen Hawking, em "Teoria de Tudo", também em cartaz nos cinemas), Tuppence Middleton (que trabalhou com Sean Bean em "Cleanskin: Jogo de Interesses") e Douglas Booth ("Noé").


A ficção vale como distração em uma sessão da tarde, recheada de muita ação, efeitos especiais de primeira que garantem boas cenas de batalhas no espaço e sobre a cidade de Chicago, principalmente se a versão for em 3D.

Para quem gosta do gênero, o filme pode ser conferido nas salas Cineart dos shoppings Cidade (2D e 3D), Paragem, Itaú Power (2D e 3D), Via Shopping, Minas Shopping (2D e 3D), Shopping Contagem e Monte Carmo (Betim), além do Pampulha Mall e Big Shopping. A versão 3D pode ser conferida ainda nas salas Cineart dos shoppings Boulevard e Del Rey e nas salas Cinépolis 2,3 e 4 do Estação BH.


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Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Andy e Lana Wachowski
Produção: Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures 
Duração: 2h07
Gênero: Ficção/ Ação/ Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: O Destino de Júpiter; Mila Kunis; Channing Tatum; Eddie Redmayne; Andy Wachowski; Lana Wachowski; ficção; aventura; ação; Warner Bros. Pictures; Cinema no Escurinho

“Corações de Ferro” é bem mais que um filme sobre a Segunda Guerra


Brad Pitt é o sargento durão que lidera um grupo de soldados nos ataques aos alemães (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Jean Piter


Quantos filmes você já viu sobre a Segunda Guerra Mundial? Em quantos deles os americanos são heróis? Por mais que as histórias se repitam, o tema parece inesgotável. E é fato: o gênero agrada, e muito, em todos os cantos do mundo. “Corações de Ferro” ("Fury" – 2014) não foge à regra. Não traz muita novidade, mas vale a pena ser visto.

O longa conta a história de cinco soldados do exército dos EUA que recebem a missão de atacar os nazistas em território alemão, no ano de 1945. O grupo é liderado pelo veterano de guerra, sargento Don "Wardaddy" Collier (Brad Pitt). Em seu grupo está o jovem recém-chegado Norman "Machine" Ellison (Logan Lerman). Mesmo em desvantagem numérica, e com poucas armas, eles não fogem das batalhas. E mandam bem!

Brad Pitt é um líder um tanto clichê; durão, mas de bom coração. Sábio e corajoso. Seu leal e obediente grupo também tem seus clichês. Chega a ser um tanto caricato. Michael Peña, como sempre, interpreta um norte-americano de ascendência latina, Trini "Gordo" Garcia. Jon Bernthal vive o truculento e ao mesmo tempo sentimental Grady "Coon-Ass" Travis.


Brad Pitt nem de longe lembra o tenente Aldo Raine que viveu em “Bastardos Inglórios” (2009). Ele consegue criar um personagem novo, firme e convincente. Méritos de um ator maduro e bom de serviço. Shia LaBeouf dá um loucura bem medida ao soldado religioso Boyd "Bible" Swan. Ele rouba a cena em muitos momentos.

Logan Lerman é certamente o grande destaque do filme na pele de Norman "Machine" Ellison. Um soldado que ingressou no exército para ser datilógrafo e acabou indo para o campo de batalha. Ele interpreta muito bem o militar medroso e inseguro que, aos poucos, vai encarnando o espírito da guerra.

Uma grata surpresa!

Um dos méritos de “Corações de Ferro” é apresentar ao mundo a bela e talentosa Alicia von Rittberg. Ela tem um papel pequeno, com poucas falas, mas com expressões que beiram a perfeição. A moça é bem mais que um rosto bonito.

Efeitos visuais

Diferente de outros filmes de guerra, “Corações de Ferro” traz explosões e tiros que parecem bem mais realistas. As balas cortando o ar com raios de luz lembram as cenas das guerras do Iraque e da Síria, vistas recentemente na TV.

Nem heróis, nem vilões

Os americanos matam ou são mortos. Os alemães pensam da mesma forma. No filme isso é quase visível. Está nas entrelinhas. Não há aquele velho antagonismo extremo do bem contra o mal, como nas outras produções. Há momentos de nobreza e de crueldade dos dois lados. Uma escolha acertada do diretor e dos produtores. Afinal, em uma guerra não há heróis nem vilões. Há apenas mortos e sobreviventes pra contar a história.




Ficha técnica:
Direção: David Ayer
Produção: Le Grisbi Productions / QED International / LStar Capital / Crave Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 2h14
Gênero: Guerra, Drama, Ação
País: EUA, Reino Unido, China
Classificação: 16 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Corações de Ferro; Fury; Brad Pitt; Shia LaBeouf; Columbia Pictures; Sony Pictures; Segunda Guerra Mundial; drama; ação; Cinema no Escurinho


06 fevereiro 2015

Matemática é arma de guerra em “O Jogo da Imitação”

Benedict Cumberbatch dá a carga de dramaticidade na medida certa em cada cena (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Jean Piter



As histórias da Segunda Guerra Mundial parecem ser mesmo inesgotáveis. E isso não é algo ruim. Não para o cinema, que todos os anos lança filmes sobre o tema. “O Jogo da Imitação” é mais uma dessas obras que chega ao Brasil. Ou melhor, não é só mais um, é um dos grandes lançamentos do ano.

O filme é baseado na biografia do matemático britânico Alan Turing (Benedict Cumberbatch). Durante a Segunda Guerra Mundial, ele se candidata a ajudar o serviço de inteligência da Inglaterra a decifrar o código indecifrável de mensagens dos nazistas: o Enigma. A máquina alemã transmitia mensagens criptografadas em uma época em que ainda não existiam os computadores.

Turing era um gênio no que fazia. Por outro lado, era um completo antissocial. Tinha dificuldades em se relacionar com outras pessoas e de conviver com sua homossexualidade reprimida, já que, na época, esse comportamento era considerado crime na Inglaterra.

Atuação notável

Benedict Cumberbatch interpreta Alan Turing de uma forma que impressiona e merece todos os elogios. Ele coloca a carga dramática na medida certa em cada cena. Em outros momentos, sua atuação é irritante de tão realista. Frases grosseiras e expressões frias o transformam em uma pessoa realmente problemática. Por vezes, lembra Russell Crowe em “Uma Mente Brilhante” (2002).



Montagem

A edição é outro ponto alto de “O Jogo da Imitação”. O filme intercala passado e presente com cenas reais da Segunda Guerra. Algumas partes mostram a adolescência de Alan Turing, nos tempos de escola, quando já se mostrava uma pessoa nada popular. Ele contava apenas com a amizade de um colega de classe enquanto todos os outros o submetiam a humilhações.

A linha principal do filme mostra o trabalho de pesquisa e as inúmeras tentativas de decifrar as mensagens nazistas. A fase conclusiva, pós-guerra, é sobre a investigação da polícia inglesa em relação à homossexualidade de Turing. A forma como essas fases são intercaladas, ao som da música de Alexandre Desplat, dão um ar dramático bem dosado à obra.

Keira Knightley interpreta Joan Clarke, uma colega de trabalho de Turing. Ela é mais que uma coadjuvante. É uma personagem que sustenta a bela atuação de Cumberbatch. Matthew Goode também chama a atenção como Hugh Alexander, membro da equipe que tenta decifrar o Enigma. E Mark Strong atua bem como o agente secreto Stewart Menzies.

Como acontece em quase todas as histórias heroicas do cinema, os diálogos são preenchidos por frases feitas e sermões motivacionais. Não são muitos, mas são desnecessários. Um ponto a menos que não tira a grandeza do filme, nem mesmo depõe contra o brilhantismo da interpretação de Cumberbatch.

Ficha técnica:
Direção: Morten Tyldum
Produção: Black Bear Pictures / Bristol Automotive
Distribuição: Diamond Films Brasil
Duração: 1h55
Gênero: Biografia, Drama, Guerra
País: EUA, Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: O Jogo da Imitação; Benedict Cumberbatch; Keira Knightley; Alan Turing; Enigma; Segunda Guerra Mundial; Diamond Films; biografia; drama; Cinema no Escurinho