29 dezembro 2016

"Rogue One" e uma certa princesa Leia

Aventura faz a ligação entre os episódios 3 e 4 da saga "Star Wars", com grandes batalhas e ótimos personagens (Fotos: The Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


Darth Vader sempre foi meu ídolo - sua roupa preta e o capacete assustador e emblemáticos - fez muito adolescente tremer quando surgiu pela primeira vez em 1977. E apesar da excelente continuação e seus herdeiros, ele ainda continua imbatível, único e absoluto. Se Vader foi uma das razões de "Star Wars" ter atingido tanto sucesso, não menos foram seus companheiros de elenco.

Cada um dos personagens deixou sua marca, uns mais outros menos, mas todos tiveram papel importante para todas as gerações que vieram após. Han Solo, Chewbacca, Luke Skywalker, os androides R2D2 e C3PO e a aquela que até então se tornou primeira mulher da saga - princesa Leia. Interpretada pela atriz Carrie Fisher, a personagem se destacou nos três episódios da franquia (contando pela ordem de George Lucas) e retornou, sob aplausos, junto com Harrison Ford e Mark Hamill, em "Star Wars VII - O Despertar da Força".

E os fãs de Star Wars gostaram, mesmo com a morte de seu par romântico Han Solo na trama e o filho se tornando o novo vilão. Leia deixou o ar de princesa para se tornar a general Organa e lutar pelos rebeldes, como há quase 40 anos e já havia gravado toda a sua participação no episódio VIII. 

Mas não sem antes relembrar seu papel "daqueeeeeela" época e fazer a ligação entre "Star Wars - Uma Nova Esperança" e "O Império Contra-Ataca", com uma aparição relâmpago em "Rogue One - Uma História Star Wars", que está arrasando nos cinemas do mundo inteiro.

Quis o destino que o coração da princesa Leia, que atirava com armas laser, foi escrava de Jabba The Hutt e se apaixonou pelo galã aventureiro do espaço Han Solo parasse de bater aos 60 anos. "Star Wars" perdeu uma de suas importantes estrelas, que agora brilha "in a galaxy far, far, away".

Uma boa oportunidade para quem quer rever um dos últimos trabalhos da atriz na saga, antes do oitavo episódio, é assistir nos cinemas "Rogue One". Assim como "O Despertar da Força", o filme é uma aventura imperdível para todos aqueles que acompanham Star Wars durante estas quatro décadas.

Gareth Edwards deu uma ótima direção e todo o conjunto da obra ficou excelente, reunindo personagens cômicos e marcantes, com destaque novamente para a uma mulher - Jyn Erso, interpretada por Felicity Jones. Diego Luna, como o capitão rebelde Cassian Andor, também não deixou por menos, assim como o restante do elenco, que conta com Forest Whitaker, Mads Mikkelsen, Alan Tudyk, Ben Mendelsohn e James Earl Jones, a inconfundível voz de Darth Vader.

GALERIA DE FOTOS

"Rogue One" é imperdível, tão bom quanto "O Império Contra-Ataca". Enredo, atores, efeitos visuais, comicidade na medida certa e muita ação, garantindo a marca registrada da franquia - grandes batalhas estelares e em solo. Mais uma prova de que o filão "Guerra nas Estrelas" ainda tem muito fôlego a ser explorado.



Ficha técnica:
Direção: Gareth Edwards 
Produção:  Lucas Filme / Walt Disney Company
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h14
Gêneros: Aventura / Ação / Ficção Científica
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,8 (0 a 5)

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28 dezembro 2016

"Neruda" é deliciosamente delirante e sem nenhum compromisso com o real

O filme é pura ficção ao narrar a perseguição ao poeta sob o ângulo de um policial que tem certa obsessão pelo escritor (Fotos: Fabula - AZ Films - Funny Balloons - Setembro Cine)


Mirtes Helena Scalioni


Ao comentar sobre a possibilidade de o filme "Neruda" representar o Chile no próximo Oscar, o pouco simpático jornalista Diogo Mainardi disse, no programa Manhattan Connection, da GloboNews: "Ninguém se interessa por ele, que não passa de um poeta de ginasianos". Não é verdade. Pablo Neruda encantou mais de uma geração e não fez isso apenas por ser de esquerda. 

Poeta inspirado, foi um homem excêntrico e único, sedutor e encantador, ganhador do Nobel  de Literatura de 1971. Enfim, um grande personagem. Tão grande que, além de alguns documentários, já mereceu pelo menos três filmes: "O carteiro e o poeta", "Neruda - fugitivo" e 'Neruda", esse último lançado recentemente.

Diferentemente dos anteriores, "Neruda" não se prende à verdade. E isso talvez cause algum estranhamento em quem vai ao cinema em busca da história do senador e poeta chileno perseguido pela polícia política do então presidente González Videla na década de 1940. Há verdades no filme, claro, mas o roteirista Guillermo Calderón e o jovem diretor Pablo Larrain optaram pelo devaneio, pela ficção. Se já não eram claros, nem mesmo nas biografias, os detalhes da verdadeira fuga do escritor pelos Andes, as dúvidas podem agora se multiplicar.

No filme do chileno Pablo Larrain, que em 2012 dirigiu também o excelente "No", sobre o plebiscito que mudou a história do Chile em 1988, Neruda aparece às vezes como um homem vaidoso, quase arrogante, desafiando irresponsavelmente seus opositores. Detalhe: o filme é narrado sob a perspectiva de um policial, Oscar Peluchonneau, vivido pelo sempre correto Gael Garcia Bernal. E reside aí a graça do filme, que esbarra no gênero policial. O inspetor nutre certa obsessão pelo poeta e assim, ambos vão compondo uma nova história como se fossem personagens de uma ficção. A esposa de Neruda, Delia, interpretada por Mercedes Morán, também entra nessa espécie de jogo.

Embora o ator Luis Gnecco, que faz o papel de Neruda, tenha uma intrigante semelhança com o poeta, em momento algum o espectador se sente assistindo a uma cinebiografia real. Os personagens mudam de cenário num piscar de olhos como a nos lembrar que estamos diante de uma fantasia. O melhor é entrar na brincadeira e deixar-se levar pelo delírio do diretor. O filme está em cartaz no Belas Artes (13h50, 15h50 e 19h30) e no Ponteio (14h15). Classificação: 12 anos


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