12 maio 2017

"Alien: Covenant" é a continuação de "Prometheus" com muitos clichês e pouco terror

Novo filme de Ridley Scott tem bons efeitos especiais e traz Michael Fassbender em papel duplo (Fotos: Fox Film do Brasil / Divulgação)

Maristela Bretas


Muitos espectadores que assistiram "Prometheus" (2012) podem entender "Alien: Covenant" como uma continuação que era necessária. E funcionou, esclarecendo alguns pontos que ficaram pendentes na produção anterior do mesmo diretor  Ridley Scott, que agora escalou Michael Fassbender como o protagonista da nova produção, oferecendo bons efeitos especiais. Mas o filme não assusta e nem causa o impacto do primeiro filme da saga, "Alien - O Oitavo Passageiro" (1979).

Talvez porque o espectador já tenha se acostumado com o famoso alienígena e a forma como ele surge e invade os humanos. Chegam a ser clichê algumas cenas, de tão previsíveis. O roteiro é bem semelhante de seu anterior, trocando apenas a trajetória da nave Covenant, que agora leva milhares de colonos para um planeta distante, ao contrário da Nostromo, que estava retornando para a Terra no filme de 1979 e da Prometheus, . Mas as tripulações de ambas espaçonaves desviam do caminho para atender a um chamado misterioso.

"Alien: Covenant" recria muitas situações do original, além de contar com um elenco de suporte fraco e desconhecido (que saudade de Sigourney Weaver e sua Ellen Ripley!). O enredo discute vários assuntos paralelos que ajudam a desviar ainda mais a atenção, colocando o suspense em segundo plano. Muita conversa, ação moderada ("Vida" é bem mais dinâmico) e um monte de erros da tripulação que subestima a inteligência do espectador. Fica a dúvida sobre a intenção do diretor: "Alien: Covenant" seria como a franquia "Star Wars", começando do final? Ou apenas uma continuação de Prometheus?

E onde foi parar o suspense e o terror que marcou o início da franquia? Com cenas e diálogos arrastados que abordam a origem da vida, o famoso xenomorfo alienígena feito em computação gráfica aparece pouco e em situações bem previsíveis. E cabe a Fassbender a responsabilidade de salvar o filme com uma ótima atuação dupla dos androides sintéticos David e Walter. Mesmo ele cai na armadilha das cenas excessivamente longas. São seus personagens que questionam a origem de tudo, a imortalidade, a natureza humana e seu criador, a ponto de quererem criar sua própria raça.

Na história, a Covenant está transportando mais de duas mil pessoas para colonizar o planeta Origae-6, numa galáxia distante. Uma pane no sistema da nave obriga o androide Walter (Fassbender) a acordar a tripulação antes da hora. No caminho, a equipe descobre um  planeta mais perto e em condições semelhantes às da Terra e o comandante Oram (Billy Crudup) decide ir para lá.

Ao desembarcar com um grupo descobre que o local foi o mesmo encontrado pela pesquisadora Elizabeth Shaw que integrava a equipe da nave Prometheus (do filme passado). E que o androide David (Fassbender) ainda vive lá. Mas o planeta não é tão hospitaleiro quanto pensava o capitão. Caberá aos dois sintéticos e à suboficial Daniels (Katherine Waterston) salvarem a Covenant e seus ocupantes.

Se boa parte da produção não era bem o que se esperava para a volta triunfal de Scott, o final não desagrada. Toda a ação acontece de uma vez, com boas sequências e deixando uma janela para um próximo filme do universo alien e mais algumas explicações de como tudo começou. Apesar dos pontos duvidosos, vale a pena conferir.



Ficha técnica:
Direção: Ridley Scott
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h02
Gêneros: Ficção científica / Terror / Ação
Países: EUA / Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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11 maio 2017

Com roteiro ágil e bem articulado, "O Dia do Atentado" surpreende e emociona

Mark Wahlberg é o policial que ajuda na caçada aos terroristas que explodiram duas bombas na Maratona de Boston em 2013 (Fotos: Karen Ballard / Divulgação)

Tom Sales


Baseado em fatos reais e nas histórias de pessoas que presenciaram o ataque com bombas na maratona de Boston, o filme "O Dia do Atentado" ("Patriots Day"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, tem roteiro ágil e bem articulado, surpreendendo e emocionando até quem conhece a história e acompanhou a cobertura por jornais e TVs à época. Claro que sem deixar de enaltecer os valores e símbolos do povo norte-americano. Contado a partir de histórias da véspera do ataque mostra dois pontos altos: o drama do resgate às vítimas e a perseguição aos irmãos terroristas, regada com doses certas e surpreendentes de ação.

O longa explora o horror do atentado que matou três pessoas e feriu mais de 260, em 15 de abril de 2013. Usando imagens e relatos reais, o diretor e roteirista Peter Berg mostra como a população se uniu para capturar os terroristas e superar os traumas do atentado. E conta com relatos e excelente material fotográfico e em vídeo das agências de notícias e dos órgãos oficiais de segurança dos EUA para dar maior veracidade aos fatos que duraram mais de 100 dias.

A história mostra o momento dos ataques na maratona e os posteriores, a operação de resgate e ajuda aos sobreviventes, o trabalho de especialistas para identificação e captura dos responsáveis pelas explosões e a perseguição por várias cidades do Estado de Massachusetts para evitar que eles continuassem a provocar mais mortes.

O protagonista é o ator Mark Wahlberg (também um dos produtores), no papel de Tommy Saunders, um policial que enfrenta uma fase difícil na carreira, mas que tem atuação de destaque na caça aos terroristas. Personagem fictício, ele representa os muitos agentes da Polícia de Boston que trabalharam na operação.

Já os coadjuvantes Kevin Bacon (agente especial do FBI Richard Deslauriers) e John Goodman (comissário de polícia Ed Davis) interpretaram personagens reais, assim como J.K. Simmons, vivendo o chefe de polícia Jeffrey Pugliese, e até Melissa Benoist, que deixa o papel da doce e carismática "Supergirl" para se tornar uma fria terrorista muçulmana.

"O Dia do Atentado" não é nenhum filme para disputar o Oscar e foi feito para enaltecer o heroísmo e o patriotismo norte-americano, assim como a produção "As Torres Gêmeas" (2005), com Nicolas Cage. Mas vale a ida ao cinema, até pelo fato histórico, de ser o segundo que mais chocou a história dos EUA depois do 11 de setembro.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Peter Berg
Produção: CBS Films / Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gêneros: Drama / Suspense
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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