15 junho 2017

"Colossal" nos monstros e nas bebedeiras, mas pecou no roteiro

Anne Hathaway e seu monstro são as estrelas desta cômica ficção científica (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Paula Milagres e Maristela Bretas


O diretor Nacho Vigalondo abraçou "Colossal" do início ao fim, sendo o criador da ideia original, roteirista e produtor executivo. Mas conseguiu apenas fazer um filme que ironiza monstros do tipo "Godzilla" e robôs gigantescos como os de filmes japoneses que destroem cidades inteiras, no estilo "Power Rangers". E só se a intenção era explorar os medos e as raivas do ser humano que o transformam em algo incontrolável, a ideia passou só de raspão no roteiro. E pior, não soube aproveitar o talento de uma grande atriz.

Anne Hathaway e Jason Sudeikis conseguem salvar parcialmente o filme com suas atuações como Glória, a jovem sem rumo que adora um álcool e ele como seu amigo de infância. Mas ela se apavora quando percebe que suas bebedeiras libertam seu monstro interno, o mesmo acontecendo com o personagem dele, Oscar.


Glória é uma jovem que está sem emprego. Passa a maior parte do tempo ocupando sua cabeça com bebidas e noitadas, o que atrapalha também em seu relacionamento com Tim (Dan Stevens), que acaba se separando dela. Sem dinheiro, namorado e procurando mudanças, ela volta a sua terra natal, onde reencontra Oscar. E logo no primeiro dia instalada na cidade, fica sabendo do ataque de um monstro a Seul, na Coreia do Sul.

O ataque acontece às 8h05 da manhã. Ela se assusta com o fenômeno, semelhante ao ocorrido há 25 anos quando era criança. Vendo o telejornal, ela percebe que o monstro repete certas manias suas, como por exemplo, coçar a cabeça. Oscar e seus amigos Garth (Tim Blake Nelson) e Joel (Austin Stowell) se surpreendem com o fato e começam a ajudar a desvendar o mistério.


Ela tenta, de todas as formas, deter o ser gigantesco que continua atacando todos os dias a cidade sul-coreana, sempre no mesmo horário, coincidentemente quando ela está em uma pracinha de sua pacata cidade. Para piorar um robô nas mesmas proporções entra na história, porém sem controle, trazendo sérias consequências.

Se a intenção era discutir o monstro que cada um de nós carrega, o diretor perdeu o fio da meada apesar da originalidade da forma como tentou explorar o tema. Há momentos que o filme está mais para uma comédia, de final previsto mas interessante. Na trilha musical uma curiosidade: o tema de abertura da série de TV "The Flash", do canal Warner.



Ficha técnica:
Direção: Nacho Vigalondo
Produção: Brightlight Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Ficção científica / Ação /Comédia
Países: Espanha / Canadá
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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10 junho 2017

"Neve Negra" reúne ótimo elenco em suspense interessante mas previsível

Drama está sendo considerado o maior filme argentino do ano (Fotos: Paris Filmes / Divulgação)


Maristela Bretas


Ricardo Darín retorna às telas no papel de um homem amargo, quase eremita, dividindo desta vez as atenções com outros dois ótimos atores argentinos - Leonardo Sbaraglia e Federido Luppi. A produção "Neve Negra" ("Nieve Negra") é um suspense bem interessante e está sendo considerado o maior filme argentino do ano. Não sei se é chega a tanto - seu roteiro é bem previsível em várias cenas, inclusive no final, a partir do momento que se descobre o motivo que levou dois irmãos a se afastarem um do outro por anos.

Darín interpreta Salvador, o mais velho dos filhos de um caçador e que vive isolado na cabana da família nas montanhas. Marcos (papel de Sbaraglia) é seu irmão do meio e ambos eram maltratados pelo pai que tinha atenção apenas para a filha e o caçula. E foi neste ambiente hostil e de tratamentos diferenciados que os quatro filhos foram criados até uma tragédia fazer com que a família se separasse.


O enterro do pai e a possibilidade de vender por uma fortuna o terreno na montanha onde está a antiga cabana da família faz Marcos retornar à terra natal, acompanhado de Laura (a atriz espanhola Laia Costa) sua namorada grávida. Ele terá de se reaproximar de Salvador para tentar convencê-lo a aceitar a venda da área e deixar o lugar. O reencontro dos irmãos irá reviver traumas antigos do passado.

A condução de "Neve Negra" pelo diretor Martin Hodara é muito boa, com o drama familiar relembrado em flashbacks. Além de uma ambientação sombria e pesada, predominando o branco da neve e o cinza, o que ajuda a tornar a história mais tensa e ao mesmo tempo cansativa. 

Darín como sempre está muito bem, um rosto marcado por traumas e uma vida solitária, como se vivesse de culpas e rancores. Também Sbaraglia e Luppi (como Sépia, amigo da família) se destacam em suas atuações. Este último, juntamente com Laia Costa, são responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme. Se os atores fizeram bem sua parte, o mesmo não se aplica ao roteiro, que deixa a desejar ao apresentar um suspense previsível.

"Neve Negra" é um filme que vale a pena ser conferido, principalmente pelo trio masculino. Mantém um bom grau de suspense e drama até que um simples diálogo entre os irmãos praticamente conta o final. Mesmo assim este pode surpreender pela forma como é conduzido.



Ficha técnica:
Direção: Martin Hodara
Produção: Gloriamundi Produccuiones / A Contracorriente Films / Bowfinger Inti Pictures / Pampa Films
Distribuição: Paris Filmes 
Duração: 1h30
Gêneros: Drama / Suspense
Países: Argentina / Espanha
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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