04 janeiro 2017

"Animais Noturnos" é cruel, violento, vingativo e excelente

Suspense surpreende na narração, direção e atuações de Jake Gyllenhaal  Amy Adams, Michael Shannon e Aaron Taylor-Johnson (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor, roteirista e produtor Tom Ford conseguiu transformar uma história que poderia ser apenas mais um drama com três histórias entrelaçadas em uma grande obra, envolvente e surpreendente - "Animais Noturnos" ("Nocturnal Animals"). E ainda contou com dois excelentes atores como protagonistas - os premiados Amy Adams e Jake Gyllenhaal.

O suspense retrata a história de um casal separado há 20 anos. Susan Morrow (Adams) é uma negociante de arte de Los Angeles que vive uma vida privilegiada, mas incompleta, ao lado de seu marido Hutton Morrow (Armie Hammer). Em um final de semana em que ele deve partir para uma de suas frequentes viagens de negócios, ela recebe um pacote inesperado: um livro escrito por seu ex-marido, Edward Sheffield (Gyllenhaal), e dedicado a ela - "Nocturnal Animals".

A medida que avança na leitura da obra, Susan vai se envolvendo cada vez mais com o suspense e passa a questionar as escolhas que fez na vida. A publicação, violenta e desoladora, conta a história de Tony (também interpretado por Gyllenhaal) que sai em viagem com a mulher e a filha. Eles são atacados na estrada por uma gangue, chefiada pelo psicopata Ray Marcus (ótima atuação de Aaron Taylor-Johnson). Tony conta apenas com a ajuda de um detetive doente (Michael Shannon, também muito bem no papel) para desvendar o paradeiro de sua família.

Com um desfecho surpreendente, imagens e figurino esteticamente bem trabalhado e trilha sonora impecável, "Animais Noturnos" é uma das boas produções deste ano, principalmente pela atuação de Jake Gyllenhaal, digna de uma indicação ao Oscar. Premiado com o Grande Prêmio do Júri durante o Festival de Veneza, o filme é baseado no livro “Tony & Susan”, de Austin Wright.

Uma pena que esteja com exibição restrita a apenas três, podendo sair de cartaz ainda nesta semana: Belas 2 (14h, 16h30, 18h50 e 21h20), Pátio Savassi 8 (13h30, 16h10, 18h50 e 21h30) e Net Cineart Ponteio 2 (14h10, 16h30, 18h50 e 21h10). Merece ser conferido.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Tom Ford
Produção: Universal Pictures / Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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31 dezembro 2016

Dona Hermínia lidera bilheterias e consagra Paulo Gustavo

"Minha Mãe é Uma Peça 2" é uma das boas comédias nacionais de 2016 (Fotos: Divulgação)


Maristela Bretas


Quem ainda não assistiu deve conferir. E se não viu o primeiro, mais um motivo para ver os dois. "Minha Mãe é Uma Peça" é uma comédia muito divertida (com toques de drama), que tem no ator Paulo Gustavo seu maior trunfo. Na verdade, ele é tudo (além de um dos roteiristas) e dá conta do recado como Dona Hermínia, a mãe neurótica, escandalosa, que enlouquece filhos, vizinhos e ex-marido.

O personagem domina todas as cenas, mas conta com um bom elenco de apoio - Rodrigo Pandolfo (o filho gay Juliano), Mariana Xavier (a filha Marcelina que tem uns quilinhos a mais), Alexandra Richter (a irmã Iesa, com quem que vive às turras), Samantha Schmütz (a faxineira Waldéia) e Herson Capri (o ex-marido Carlos Alberto). A parte tranquila da família fica por conta de Suely Franco, que interpreta tia Zélia. De novidade, a presença da irmã louca Lúcia Helena que chega de Nova York, papel de Patricya Travassos, sem muita importância. 

Se no primeiro filme Dona Hermínia fazia seus filhos morrerem de vergonha com seus escândalos, não seria diferente na sequência. Só que antes ela era uma suburbana pobre. Agora é uma apresentadora de um programa de sucesso na TV que fala de filhos, maridos, raivas e alegrias do cotidiano de toda mãe. 

Se pensa que isso acalmou a fera de coração mole, engana-se. Está mais histérica do que nunca. O que ela não esperava era que iria viver tão rápido a "síndrome do ninho vazio". Os filhos cresceram e agora querem ganhar o mundo, mas para Dona Hermínia é como se nunca mais fosse vê-los. Enquanto o mais velho, Garib (Bruno Bebiano), é pai de um lindo garoto, Juliano e Marcelina se mudam para São Paulo com o apoio do pai, para desespero da mãe.

Paulo Gustavo esbanja talento, impossível desvincular o personagem do ator. Principalmente porque sua inspiração vem de uma pessoa que conhece bem, sua mãe Déa Lúcia, que aparece nas cenas finais das duas produções, inclusive cantando. Esta é uma das razões do sucesso de "Minha Mãe é Uma Peça", que tem levado milhares de pessoas ao cinema. No primeiro, de 2013, foram mais de 4,6 milhões de espectadores. Este agora ultrapassou 2 milhões de ingressos vendidos em uma semana desde o seu lançamento em cerca de mil salas pelo país.

"Minha Mãe é Uma Peça 2" foi a segunda melhor estréia nacional do ano, ficando atrás apenas de “Os Dez Mandamentos – O Filme”. O filme chegou a desbancar "Rogue One: Uma História Star Wars", liderando as bilheterias. E pode continuar dando trabalho, ameaçando inclusive seu antecessor. 

A culpa disso tudo tem um nome: Paulo Gustavo, que deixou o humor ácido da série de TV "Vai que Cola" para incorporar um personagem que tem um pouco da mãe de cada um de nós - amorosa, superprotetora e louca destemperada. Essa é a identificação que tanto tem atraído as pessoas para o filme.



Ficha técnica:
Direção: César Rodrigues
Produção: Globo Filmes / Universal Pictures / Migdal Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Duração: 1h36
Gênero: Comédia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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