10 fevereiro 2017

A brilhante interpretação de Natalie Portman é o que se salva em "Jackie"

Produção é mais uma manjada história para satisfazer os eternos voyeurs da família Kennedy (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pode ser que as pessoas que admiram muito Jacqueline Kennedy gostem do filme "Jackie", que está em cartaz em cinemas por todo o Brasil e disputa o Oscar 2017 em três categorias - Melhor Atriz, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. A reconstituição de época é perfeita, os figurinos são primorosos e a protagonista é a atriz Natalie Portman que, com inquestionável competência, oferece ao público uma primeira-dama irrepreensivelmente elegante, mesmo diante da dor. Os eternos voyeurs da icônica família Kennedy vão gostar.

Diferentemente do que se espera, "Jackie" não é dirigido por um norte-americano. Quem assina a direção do longa é o jovem chileno Pablo Larrain, que já criou pérolas como "No", sobre histórico plebiscito contra a ditadura no Chile, e o recente "Neruda", sobre a perseguição e fuga do poeta ganhador do Nobel. Houve quem encontrasse, no distanciamento do diretor, o ponto positivo para criar uma história diferente de outras tantas já contadas sobre a viúva de John Kennedy.

Como está se usando nestes tempos, "Jackie" não narra a vida toda de Jacqueline Kennedy. Larrain optou por um recorte na vida da primeira-dama dos EUA, contando exatamente os dias imediatamente após o assassinado do presidente em Dallas, em 1963, durante um desfile do casal em carro aberto. Mas, para que o espectador menos informado tenha mais algum conhecimento da história e da personalidade do personagem, o diretor optou por outro recurso que também anda em moda: os flashbacks.

Assim, revezam-se na tela cenas dos preparativos dos funerais do presidente, o assassinato propriamente dito, as lembranças de Jacqueline, uma histórica apresentação da Casa Branca que ela fez à TV norte-americana, sua conversa com um padre (John Hurt), a amizade com Bobby Kennedy (Peter Sarsgaard) e uma entrevista que ela deu ao repórter Theodore White (interpretado por Billy Crudup).

Não dá pra negar que esse revezamento proporciona certo ritmo ao filme. Mas não há nada de novo em "Jackie". A mulher - e depois viúva - de John F. Kennedy sempre soube o que queria, detestava comunistas, sabia como se portar em frente às câmeras, importava-se com a opinião pública e, mesmo diante da dor, não deixou de ser o que a América e o mundo esperavam dela. Classificação: 14 anos



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08 fevereiro 2017

Jessica Chastain, uma lobista sem medo de colocar suas "Armas na Mesa"


Filme conta a história de lobista que muda de lado para defender o controle de armas nos EUA (Fotos: Europacorp/Divulgação)

 Maristela Bretas

Ela tinha poder, era respeitada por aliados e inimigos e seguida por fieis assistentes no respeitado escritório de advocacia onde trabalhava. Mas a vida da lobista Elizabeth Sloane deu uma guinada quando ela resolveu apoiar o projeto para tornar mais rígidas as leis de porte de armas. A personagem é muito bem interpretada e incorporada por Jessica Chastain, o que lhe valeu a merecida indicação ao Globo de Ouro 2017 como Melhor Atriz.

Essa é a história de "Armas na Mesa" ("Miss Sloane"), um drama sobre os bastidores do mundo da venda de armas, o poder da indústria armamentista sobre a mídia e membros do Congresso norte-americano.   Sempre um passo a frente de seus inimigos, Elizabeth Sloane é uma das lobistas mais poderosas dos Estados Unidos.

Mulher sem tempo para amores, Sloane vive no luxo que sua profissão lhe proporciona, mas sente a solidão da falta de um relacionamento e de nunca poder confiar em outras pessoas. Um retrato de muitas grandes executivas atuais que abriram mão de uma vida comum em troca do poder. De poucos escrúpulos a lobista usa todo tipo de estratégia, legais ou não, para atingir seus objetivos.

Contrária à política armamentista, ela recusa o convite para apoiar a bancada pró-armas, deixa seu conforto e um polpudo salário para se ligar a defensores contrários à proposta, liderados por Rodolfo Schimidt (o charmoso Mark Strong). Isso provoca a ira de ex-colegas e de seu antigo chefe, George Dupond (Sam Waterston), que passam a persegui-la e ameaçá-la pessoal e profissionalmente.

Mas Sloane tem sempre uma carta na manga e não vai medir consequências para usá-las, mesmo que isso magoe aqueles que estão próximos a ela. Ao mesmo tempo, a lobista passa a questionar seus limites dentro de sua profissão e até onde compensa levar a vida que escolheu.

Além de Chastain, Strong e Waterston, "Armas na Mesa" conta com ótimas interpretações de John Lithgow, Alison Pill e Gugu Mbatha-Raw, nesta trama de final surpreendente, muito bem amarrado pelo diretor John Madden. Merece ser visto.



Ficha técnica:
Direção: John Madden
Produção: Europa  Films /  Filmnation Entertainment /
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gênero: Drama
Países: EUA / França
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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