11 maio 2017

Com roteiro ágil e bem articulado, "O Dia do Atentado" surpreende e emociona

Mark Wahlberg é o policial que ajuda na caçada aos terroristas que explodiram duas bombas na Maratona de Boston em 2013 (Fotos: Karen Ballard / Divulgação)

Tom Sales


Baseado em fatos reais e nas histórias de pessoas que presenciaram o ataque com bombas na maratona de Boston, o filme "O Dia do Atentado" ("Patriots Day"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, tem roteiro ágil e bem articulado, surpreendendo e emocionando até quem conhece a história e acompanhou a cobertura por jornais e TVs à época. Claro que sem deixar de enaltecer os valores e símbolos do povo norte-americano. Contado a partir de histórias da véspera do ataque mostra dois pontos altos: o drama do resgate às vítimas e a perseguição aos irmãos terroristas, regada com doses certas e surpreendentes de ação.

O longa explora o horror do atentado que matou três pessoas e feriu mais de 260, em 15 de abril de 2013. Usando imagens e relatos reais, o diretor e roteirista Peter Berg mostra como a população se uniu para capturar os terroristas e superar os traumas do atentado. E conta com relatos e excelente material fotográfico e em vídeo das agências de notícias e dos órgãos oficiais de segurança dos EUA para dar maior veracidade aos fatos que duraram mais de 100 dias.

A história mostra o momento dos ataques na maratona e os posteriores, a operação de resgate e ajuda aos sobreviventes, o trabalho de especialistas para identificação e captura dos responsáveis pelas explosões e a perseguição por várias cidades do Estado de Massachusetts para evitar que eles continuassem a provocar mais mortes.

O protagonista é o ator Mark Wahlberg (também um dos produtores), no papel de Tommy Saunders, um policial que enfrenta uma fase difícil na carreira, mas que tem atuação de destaque na caça aos terroristas. Personagem fictício, ele representa os muitos agentes da Polícia de Boston que trabalharam na operação.

Já os coadjuvantes Kevin Bacon (agente especial do FBI Richard Deslauriers) e John Goodman (comissário de polícia Ed Davis) interpretaram personagens reais, assim como J.K. Simmons, vivendo o chefe de polícia Jeffrey Pugliese, e até Melissa Benoist, que deixa o papel da doce e carismática "Supergirl" para se tornar uma fria terrorista muçulmana.

"O Dia do Atentado" não é nenhum filme para disputar o Oscar e foi feito para enaltecer o heroísmo e o patriotismo norte-americano, assim como a produção "As Torres Gêmeas" (2005), com Nicolas Cage. Mas vale a ida ao cinema, até pelo fato histórico, de ser o segundo que mais chocou a história dos EUA depois do 11 de setembro.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Peter Berg
Produção: CBS Films / Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gêneros: Drama / Suspense
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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09 maio 2017

"O Cidadão Ilustre" e a hipocrisia provinciana em xeque

Produção mostra a evolução e o desgaste na relação entre um escritor famoso e a população de sua cidade natal (Fotos: A Contracorriente Films/Divulgação)

Maristela Bretas


Retornar à terra natal como uma figura de destaque mundial pode não ser a melhor decisão a se tomar. Principalmente quando se deixa para trás velhos rancores. Esta é a base do filme "O Cidadão Ilustre" ("El ciudadano ilustre"), que estreia nesta quinta-feira. Pela produção, o protagonista Oscar Martínez foi premiado como melhor ator no Festival de Cinema de Veneza.


Esta comédia dramática começa na Europa, onde Daniel Mantovani (Martínez), um escritor argentino e vencedor do Prêmio Nobel, vive há 40 anos. Até que recebe um convite inesperado para voltar a Salas, povoado argentino onde nasceu e que inspirou a maioria de seus livros, onde irá receber o título de Cidadão Ilustre da cidade. O que Mantovani não esperava era que sua ilustre visita fosse trazer velhos rancores, novos inimigos e a certeza de que nunca deveria ter retornado ao lugar.



Na produção, os diretores Mariano Cohn e Gastón Duprat (de "O Homem ao Lado") expõem a questão nacionalista dos argentinos, que lutam para preservar seus costumes e desprezam aqueles que são de fora, principalmente os que de lá saíram. Maior ainda é o rancor quando aos poucos a população vai entendendo que toda a obra do ilustre escritor, baseada em histórias de moradores, foi usada de forma crítica, menosprezando a maneira provinciana que vivem.



Mantovani, que inicialmente se sente honrado com a comenda, durante longos passeios pela cidade, vai confirmando o que sempre pensou e escreveu: o mundo parou em Salas, nada mudou, as pessoas apenas seguiram o que seus ancestrais sempre fizeram, mantendo um mundinho provinciano. Para eles, um ideal de vida "pacífica" e ideal. Para o escritor, uma negação da sociedade de qualquer tipo de progresso. Exceto pelo celular que alguns usam.


O visitante famoso passa a ser tratado como "persona non grata", desperta velhos amores e rixas, inveja naqueles que nunca conseguiram deixar o lugar por falta de coragem ou competência e ódio de quem achava que ser personagem em seus livros era uma honra e não uma forma de o autor criticar a cidade e seus habitantes. Um dos pontos altos é a relação tensa de amizade e ciúmes entre Mantovani, seu amigo de infância Antonio (Dady Brieva) e Irene (Andrea Frigerio), mulher de Antônio e ex-namorada do escritor.


"O Cidadão Ilustre" tem uma fotografia envolvente, com a câmera percorrendo espaços e detalhes para compor o ambiente da cidade, como numa narrativa literária. O roteiro é correto e conduzido com clareza, levando o espectador a simpatizar também ficar incomodado com o protagonista e suas ideias, que podem inclusive colocar a vida dele em risco. Um filme que vale a pena ser conferido.



Ficha técnica:
Direção e coprodução: Mariano Cohn e Gastón Duprat
Produção: Aleph Producciones SA / Magma Cine /Television Abierta SA / A Contracorriente Films
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Comédia
País: Argentina / Espanha
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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